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PARTE II DA TEORIA À PRÁXIS: CONTEXTOS DA PRÁTICA

Capítulo 4 – Prática em Contexto de Creche/EI

4.1 Enquadramento: O Ambiente Pedagógico

4.1.2. Organização do espaço e do tempo da sala das Bolinhas de Sabão

A qualidade de um ambiente pedagógico de sala depende essencialmente da sua organização, quer a nível do espaço, dos materiais, do tempo e do clima relacional, ou seja, das relações entre os agentes educativos (Marchão, 2012; Portugal, Carvalho & Bento, 2015). Neste sentido, a organização de um bom ambiente de sala deve ser sustentada por intencionalidades pedagógicas, com o intuito de contribuir para o bem- estar, desenvolvimento e aprendizagem de todas as crianças, atentando às suas individualidades, interesses e necessidades (Parente, 2012). Como tal, a equipa pedagógica tem o dever de assegurar este ambiente positivo e facilitador de aprendizagens, através da garantia da higiene, segurança e conforto, da qualidade e da quantidade dos espaços e materiais, da criação de tempos de qualidade, evidenciados nas

Figura 10. Vista panorâmica do interior da Sala das Bolinhas de Sabão.

rotinas, objetivando o estabelecimento de relações de confiança (Oliveira-Formosinho & Araújo, 2013; Portugal, Carvalho & Bento, 2015).

A Sala das Bolinhas de Sabão (Sala de Transição A) foi assim denominada, a partir de 2017, em colaboração com os pais de cada criança e com a equipa da sala. Através das várias sugestões dadas por todos, ficou assim escolhida esta designação em homenagem aos elementos decorativos presentes no interior da sala.

Figura 9. Corredor de entrada para a Sala das Bolinhas

de Sabão.

Situava-se no 2.º andar do

ao seu nível, facilitando a sua acessibilidade.

edifício “O Girassol” e era a última sala do corredor. Dispunha de um espaço acolhedor, embora não muito amplo, contemplado por duas mesas de atividades, vários armários de arrumação e materiais lúdicos, sendo que todos os elementos de mobiliário essenciais às crianças se encontravam

O espaço da sala encontrava-se bem organizado, dividido por seis áreas, como pode ser observado na figura 10, começando da direita para a esquerda: a do tapete de reunião de grande grupo, a da casinha; a das construções; a da garagem; a da biblioteca e a dos jogos de encaixe (estas duas não são visíveis na figura). Esta organização permitia uma constante flexibilidade, visto que algumas áreas são polivalentes, o que induz a compreender que foi baseada nos referenciais da Pedagogia-em- Participação, essencialmente do modelo curricular High-Scope. Assim, é possível afirmar que este espaço pedagógico era organizado segundo “a criação de áreas diferenciadas (…) com materiais próprios”, permitindo “uma organização do espaço que facilita a coconstrução de aprendizagens diferenciadas” (Oliveira-Formosinho & Formosinho, 2012, p. 44).

Relatório de Estágio de Mestrado Parte II – Da Teoria à Práxis: Contextos da Prática Pedagógica A área da biblioteca contemplava, não só o espaço do chão com almofadas, mas

também uma das mesas de atividades e as respetivas cadeiras. A área dos jogos de encaixe era materializada na outra mesa disponível também para as atividades orientadas, tendo ao lado uma prateleira com o material lúdico. Esta prateleira tinha, também, do outro lado, os livros da área da biblioteca.

Figura 11. Área dos jogos de encaixe (esquerda) e Área da Biblioteca (direita).

A área da casinha continha muitos materiais diversificados e vários armários para os arrumar e estava posicionada num canto aconchegado, com iluminação própria. Mesmo em frente a esta área, encontrávamos a área das construções, concretizada numa das extremidades do tapete, onde estava posicionado o armário com o material específico para as brincadeiras.

Figura 13. Área das construções.

A área da garagem era, talvez, a mais carenciada a nível de material lúdico e de espaço, visto que poderia ter mais meios de transporte para brincar e porque o espaço reduzido ficava junto ao "armário de arrumar os sapatos".

Figura 14. Área da garagem.

Por fim, temos a área do tapete que servia para reunir e organizar o grupo todo nos momentos de dar os "Bons-dias" e das atividades orientadas. Era constituído por dois tapetes amplos e vermelhos, encostados à parede, onde as crianças se sentavam de frente para o centro da sala. Ainda, para o repouso, era utilizado todo o espaço em frente e em cima do tapete, onde seriam colocados os 15 colchões, um para cada criança.

Relatório de Estágio de Mestrado Parte II – Da Teoria à Práxis: Contextos da Prática Pedagógica Na área da higiene encontrávamos equipamentos e materiais imprescindíveis à

mudança de fraldas, ao controlo dos esfíncteres, para as crianças que já o haviam iniciado, e à realização de pinturas, tais como as tintas, os pincéis e os recipientes destinados a esse fim. Esta zona estava interdita à restante sala por um pequeno portão que limitava a entrada das crianças.

Figura 16. Área da higiene.

No geral, a sala era dotada de uma boa iluminação, espelhada pela grande fachada de janelas de face para a porta de entrada. Ao lado das janelas estava uma porta que dava acesso ao espaço exterior, local onde era realizado o momento de recreio, quando as condições climáticas assim o permitiam. Concluindo, a organização espacial e material da Sala das Bolinhas de Sabão seguia uma perspetiva construtivista, na medida em que “permite-se à criança experienciar o Mundo de diversos ângulos, fazer dessa experiência uma aprendizagem ativa (ela escolhe, ela usa, ela manipula), e permite-se ao educador (…) uma coerência entre o currículo explícito e implícito” (Oliveira- Formosinho, 2012c) adequando o espaço e os materiais ao desenvolvimento das atividades.

A equipa pedagógica da Sala das Bolinhas de Sabão era constituída por duas educadoras de infância, que dividiam o horário por turnos rotativos (manhã/tarde), semanalmente, e duas assistentes operacionais (ajudantes da ação educativa). De realçar que os turnos em que foram realizados a minha prática pedagógica pertenciam apenas a uma das educadoras, a educadora Liliana, pois era esta que assumia a responsabilidade de educadora cooperante, no entanto a troca de informações na mudança de turnos era feita com a educadora Carolina no sentido de continuidade. A equipa desta sala contava também com a colaboração de outras assistentes operacionais dos serviços gerais, que estavam responsáveis pela limpeza e arrumação da sala.

Quanto à organização dos tempos de qualidade, é essencial considerar que “os cuidados de rotina são momentos importantes oferecendo oportunidades únicas para interacções diádicas, e para aprendizagens sensoriais, comunicacionais e atitudinais” (Portugal, 2012, p. 9). Assim sendo, implica considerar a rotina7, que se centra na atenção às necessidades básicas, criada pela equipa pedagógica, presente no seguinte quadro que segue na próxima página:

7 Para Rotina Diária da Sala das Bolinhas de Sabão, mais completa, ver Pasta 2 – APÊNDICES DA

Relatório de Estágio de Mestrado Parte II – Da Teoria à Práxis: Contextos da Prática Pedagógica ; ; ; ; ; ; ; ; ; ; ;

Quadro 2. Rotina diária da Sala das Bolinhas de Sabão.

Esta organização do tempo pedagógico e do espaço concretizou-se em função das necessidades e interesses das crianças e foi intencionalmente planeada pelas educadoras.