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3. Procedimentos de recolha dos dados

3.1. As entrevistas

3.1.1. Construção e validade do guião da entrevista

Numa primeira fase, definimos um conjunto de dimensões de análise que achámos essenciais abordar na entrevista:

A. Caracterização pessoal e profissional

B. Representações do processo de supervisão da prática pedagógica

C. Representações do impacto da experiência de supervisão no desenvolvimento pessoal e profissional

A primeira dimensão pretendeu recolher dados de índole pessoal e profissional, úteis não só para a caracterização da nossa amostra, mas também para nos ajudar a compreender os dados, pois, numa abordagem qualitativa “tudo tem potencial para constituir uma pista que nos permita estabelecer uma compreensão mais esclarecedora do nosso objecto de estudo” (Bogdan & Biklen, 1994, p. 49). Nesta dimensão, formulámos 10 questões (ver Quadro I).

Com as primeiras 4 questões pretendíamos analisar as potenciais relações entre as variáveis idade, sexo, habilitações académicas, situação profissional e tempo de serviço e as representações dos entrevistados acerca da sua prática supervisiva e desenvolvimento profissional. As 3 questões seguintes permitir-nos-iam aceder à motivação pessoal dos entrevistados para a escolha da sua profissão, bem como traçar os seus percursos profissionais. Partindo do princípio que as diferentes situações supervisivas vividas permitirão aos docentes acumular experiências, importantes para o seu crescimento profissional, bem como para um exercício mais seguro das suas funções, buscámos averiguar o número de vezes que cada professor foi cooperante. Para

82 finalizar, questionámos acerca do exercício de outros cargos ao longo da carreira e da importância dos mesmos para a acção dos entrevistados enquanto docentes e enquanto supervisores, “considerando a importância desse exercício para a qualidade da formação a dar aos estagiários, pelo conhecimento que este dá do funcionamento da escola nas suas múltiplas vertentes e da comunidade educativa que lhe dá corpo” (Leal, 2003, p. 13).

Quadro I – Guião da entrevista

Grosso modo, com esta dimensão pretendíamos perceber a relação entre as características pessoais e profissionais dos professores e o seu processo de desenvolvimento profissional, ou relações com as suas experiências supervisivas.

Para garantir que todos os objectivos do nosso estudo fossem concretizados, definimos para as outras duas dimensões de análise um conjunto de objectivos específicos (ver Quadro II), que corresponderam a uma ou mais questões-guia da nossa entrevista.

Dimensão Questões-guia

A. Caracterização pessoal e profissional

1. Idade e Sexo.

2. Quais as suas habilitações académicas? 3. Qual a sua situação profissional?

4. Há quantos anos lecciona neste nível de ensino? 5. Por que escolheu esta profissão?

6. Na sua opinião, o que é que é fundamental para se ser professor do 1.º Ciclo? 7. E o que lhe parece fundamental para ser professor cooperante?

8. Quantas vezes foi professora cooperante? 8.1. Em que escola(s)?

8.2. Quando foi a 1.ª vez? 8.3. E a última?

9. Exerceu outros cargos ou funções antes ou enquanto foi professor(a) cooperante? 9.1. Se sim, quais?

10.O exercício desses cargos ajudou-a na prática supervisiva? 10.1.Se sim, em que medida?

10.2.O exercício desses cargos ajudou-a na docência? 10.3.Se sim, como?

83 Assim, a nossa entrevista contemplou 19 questões, menos 1 para os entrevistados aposentados (25.ª questão).

Procedemos, de seguida, à validação do guião da entrevista, consultando três juízes independentes, três professores com formação em 1.º Ciclo e experiência de supervisão pedagógica na formação inicial de professores, que desempenham funções na Universidade dos Açores. Pretendíamos, nesta fase, analisar as questões e verificar se estas seriam interpretadas de igual forma pelos entrevistados. Decorrente desta validação, o guião foi alvo de alguns ajustes, ao nível da estruturação, substituindo-se algumas questões e reordenando outras, de forma a não suscitar dúvidas e a facilitar a comprensão, pelo que foi, posteriormente, considerado adequado para ser testado.

Quadro II – Objectivos da entrevista

Dimensões Objectivos específicos

B. Representações do processo de supervisão da prática

pedagógica

o Apreender as representações dos professores cooperantes acerca do seu papel (is)/funções e dos estagiários

o Caracterizar as práticas supervisivas dos professores cooperantes

o Identificar factores facilitadores do processo supervisivo

o Conhecer as dificuldades sentidas pelos professores cooperantes no processo supervisivo

o Identificar as estratégias usadas pelos professores cooperantes para fazer face às dificuldades sentidas ao longo do processo supervisivo

C. Representações do impacto da experiência de supervisão no desenvolvimento pessoal e profissional

o Conhecer as experiências que contribuíram para o desenvolvimento profissional dos professores cooperantes

o Identificar a supervisão pedagógica como um dos factores do desenvolvimento profissional dos professores cooperantes

o Relacionar os estilos supervisivos perfilhados pelos professores cooperantes com o grau de desenvolvimento profissional de formandos e cooperantes

o Determinar a influência dos factores pessoais e relacionais no processo de desenvolvimento profissional dos professores cooperantes

o Analisar o impacto das dinâmicas institucionais e de trabalho, desenvolvidas no âmbito supervisivo, no crescimento profissional dos professores cooperantes

O pré-teste, com vista à elaboração da versão definitiva do guião da entrevista, foi realizado a uma professora do 1.º Ciclo do Ensino Básico, com experiência em supervisão de professores na formação inicial, posteriormente excluída da investigação. Com este procedimento, intentámos certificar-nos da clareza da linguagem usada, da compreensão das questões colocadas, de forma a detectar possíveis ambiguidades, para que no futuro não houvesse dificuldades, por parte das nossas entrevistadas, em responder às questões colocadas, assegurando-nos da qualidade e relevância da

84 entrevista para a consecução dos nossos objectivos investigativos. A realização da referida entrevista serviu, também, para ganharmos confiança no nosso papel de entrevistadora, facilitando uma postura mais flexível, aberta e atenta no decurso das futuras entrevistas.

Depois de pequenas alterações, ao nível da clarificação da linguagem em algumas questões, reformulando e desdobrando outras, chegámos à versão definitiva do respectivo guião de entrevista, que apresentamos no Quadro III, reorganizada de acordo com as nossas dimensões de análise. O guião da entrevista encontra-se em anexo (Anexo 1).

Quadro III – Guião da entrevista

Dimensões Questões-guia

B. Representações do processo de supervisão da prática

pedagógica

11. Na sua opinião, ser professor(a) cooperante é... O que o(a) levou a ser professor(a) cooperante?

12. Tinha experiências nesta área? 12.1. Se sim, quais?

12.2. De que modo (o)a ajudaram no exercício destas funções? 13. Fale-me das suas funções enquanto professora cooperante.

13.1. O que fazia?

13.2. Com quem se reunia?

13.3. Quais eram as suas principais preocupações? 14.Fale-me um pouco do que fazia com os estagiários.

14.1. Quando se reunia com eles? 14.2. De que falavam?

14.3. O que faziam em comum?

15. Como caracterizaria a sua relação com os seus estagiários? 16. Que recordações tem de cada um deles?

19. Que contactos (formais ou informais) tinha com os supervisores da Universidade?

19.1. Quando se encontravam? 19.2. Quem tomava a iniciativa? 19.3. O que faziam?

19.4. Tinha outro tipo de contactos com a Universidade? 19.5. Se sim, quais?

20. Sentiu alguma dificuldade no exercício dessas funções? 20.1. Se sim, em que aspectos?

20.2. Na sua opinião, a que se deveram essas dificuldades? 20.3. Conseguiu ultrapassá-las?

20.4. Se sim, como?

21. O que a ajudou no exercício da supervisão? 21.1. O que a poderia ter ajudado mais?

27. Se repetisse a experiência de supervisão, mudaria alguma coisa? 27.1. Se sim, o quê?

28. Se tivesse de aconselhar um colega que fosse agora exercer a supervisão, que conselhos lhe daria?

C. Representações do impacto da experiência de

17. Trabalhar com eles foi importante para si? 17.1. Se sim, em que medida? 17.2. Ilustre.

19.6. Qual a importância desses contactos para o exercício da sua acção supervisiva?

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supervisão no desenvolvimento pessoal e profissional

19.7. Qual a importância desses contactos para a sua acção como professora?

20. Que balanço faz da sua experiência enquanto professor(a) cooperante? 23. O que acha que foi mais importante nessa experiência?

24. Essa experiência contribuiu para crescer profissionalmente? 24.1. Se sim, em que medida?

24.2. Dê exemplos.

24.3. Que outros experiências têm contribuído para o seu desenvolvimento profissional?

25. Sente que ainda tem de crescer profissionalmente? 25.1. Se sim, em que domínios?

25.2. O que pensa fazer a esse respeito? 26. O que relembra com mais saudade?

26.1. O que procura esquecer?