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4. Procedimentos de análise dos dado

4.3. O sistema de categorias de análise

Os dados recolhidos através das entrevistas foram analisados tendo em conta um sistema de categorias previamente delimitado (ver Quadro V). Vala (1986) afirma que uma categoria, grosso modo, é “composta por um termo-chave que indica a significação central do conceito que se quer apreender, e de outros indicadores que descrevem o campo semântico do conceito” (p. 111).

96 O nosso sistema de categorias é constituído por 6 categorias, tendo por base os tópicos abordados nas entrevistas, nomeadamente as representações dos docentes relativamente ao processo de supervisão da prática pedagógica e ao impacto da experiência de supervisão no desenvolvimento profissional.

Quadro V – Sistema de categorias

De seguida, explicitamos o âmbito de cada categoria, contribuindo para a definição clara do que se pretende com cada uma.

Dimensões Categorias Subcategorias

B. Representações do processo de supervisão da prática pedagógica 1. Representações de supervisão pedagógica

1.1. Concepção do papel/funções dos professores cooperantes

1.2. Concepção do papel dos estagiários 2. Representações das práticas

supervisivas desenvolvidas

2.1. Ciclo de supervisão/observação 2.2. Avaliação dos estagiários

2.3. Estratégias supervisivas 3. Representações das

dificuldades sentidas no exercício da supervisão

3.1. Ao nível das relações interpessoais 3.2. Ao nível da gestão do tempo 3.3. Ao nível da avaliação

3.4. Ao nível da apropriação do seu papel/funções

3.5. Ao nível da qualidade do desempenho dos estagiários

3.6. Ao nível da articulação interinstitucional 4. Representações dos factores

facilitadores do exercício da supervisão

4.1. Ao nível das experiências profissionais prévias

4.2. Ao nível da formação 4.3. Ao nível da colaboração

interinstitucional

4.4. Ao nível da interacção com outros professores supervisores

4.5. Ao nível das relações interpessoais 4.6. Ao nível da qualidade do desempenho

dos estagiários

4.7. Ao nível da motivação intrínseca

C. Representações do impacto da experiência de supervisão no desenvolvimento pessoal e profissional 5. Representações do impacto do exercício da supervisão nas práticas e concepções profissionais

5.1. Ao nível da concepção de ensino 5.2. Ao nível da concepção de supervisão 5.3. Ao nível das práticas pedagógicas 5.4. Ao nível das práticas supervisivas 5.5. Ao nível dos conhecimentos 6. Representações do impacto

do exercício da supervisão no desenvolvimento de

competências pessoais

6.1. Ao nível das capacidades 6.2. Ao nível das atitudes

97 Categoria 1. Representações de supervisão pedagógica

Esta categoria, através das subcategorias concepção do papel/funções dos

professores cooperantes e concepção do papel dos estagiários, dá-nos a possibilidade

de aceder às percepções que cada entrevistada tem do que é a supervisão e dos papéis reservados aos principais intervenientes no processo. Cremos que são informações úteis à compreensão das representações das entrevistadas acerca das implicações da supervisão no seu desenvolvimento profissional.

Categoria 2. Representações das práticas supervisivas desenvolvidas

Através da análise desta categoria, ficamos a conhecer o modo como as entrevistadas, do seu ponto de vista, desenvolveram o processo supervisivo. Neste sentido, as subcategorias ciclo de supervisão/observação, que engloba os momentos de pré-observação, observação e pós-observação, avaliação dos estagiários e estratégias

supervisivas, pretendem contribuir para o conhecimento da temporalidade, frequência e

natureza das actividades desenvolvidas entre os diferentes intervenientes no processo. A partir daqui, pretendemos obter dados que nos permita relacionar o desenvolvimento profissional dos professores cooperantes com o exercício de práticas de supervisão.

Categoria 3. Representações das dificuldades sentidas no exercício da supervisão Aqui procuramos compreender as dificuldades experimentadas pelos professores cooperantes no exercício de funções supervisivas e em que medida essas dificuldades contribuíram para as representações positivas e/ou negativas que estes professores têm do exercício dessas funções. Interessa-nos, também, aferir até que ponto a forma como geriram e procuraram enfrentar essas mesmas dificuldades terá contribuído para o desenvolvimento de conhecimentos e competências.

Assim, agrupamos as dificuldades em 6 subcategorias: ao nível das relações

interpessoais, da gestão do tempo, da avaliação, da apropriação do seu papel/funções, da qualidade do desempenho dos estagiários, e da articulação interinstitucional. Esta

última subcategoria foi também considerada, porque, como Alarcão e Roldão (2008) registam, verificou-se, por vezes, alguns constrangimentos e problemas de incomunicabilidade entre as escolas e as instituições de formação, com culturas de

98 formação igualmente diversas, cujas contradições se poderão revelar ao nível do discurso dos professores cooperantes e do discurso dos orientadores, assim como ao nível da orientação dos programas de formação inicial e das orientações e imperativos dos contextos de estágio.

Também Cardoso (1999, 2005) concluiu, num estudo desenvolvido na RAA, que a relação entre os professores cooperantes (designados no estudo como orientadores de escola) e os orientadores da universidade apontava para um mútuo acordo acerca de aspectos da formação dos estagiários e não para uma “relação de colaboração, pois não se verificava a existência de uma formação discutida, planificada, implementada e avaliada em conjunto” (Cardoso, 2005, p. 65).

Categoria 4. Representações dos factores facilitadores do exercício da supervisão

No seguimento da categoria anterior, procuramos saber que factores as entrevistadas percepcionam como facilitadores durante o exercício de funções supervisivas, bem como aqueles que, do seu ponto de vista, poderiam ter ajudado mais, tais como ao nível das experiências profissionais prévias (que engloba desde as suas experiências anteriores de estágio, de leccionação, de supervisão, ou de exercício de outros cargos de natureza pedagógica ou de gestão), ao nível da formação prévia (quer seja em supervisão, em avaliação, em desenvolvimento pessoal e social, em metodologia ou quer seja ao nível da didáctica), ao nível da colaboração

interinstitucional (mais especificamente o contacto e partilha de opiniões com as

orientadoras da universidade), ao nível das relações interpessoais (entre professores cooperantes e estagiários, ou ainda entre professores cooperantes e outros professores com experiência em supervisão), ao nível da qualidade do desempenho dos estagiários (contactar com estagiários empenhados e com um bom nível de desempenho, que são capazes de manter o ritmo de aprendizagem dos alunos e a discpilina na sala de aula) e

ao nível da motivação intrínseca (por exemplo, a própria maneira de ser da pessoa e o

99 Categoria 5. Representações do impacto do exercício da supervisão nas práticas e concepções profissionais

Com esta categoria pretendemos compreender o impacto da supervisão no desenvolvimento de competências profissionais de quem a exerce, conhecendo a que níveis profissionais são esses contributos, pelo que definimos as seguintes subcategorias: ao nível da concepção de ensino, ao nível da concepção de supervisão,

ao nível das práticas pedagógicas (de novos materiais e estratégias adquiridos) e das práticas supervisivas e ao nível dos conhecimentos, que inclui a actualização/aquisição

de conhecimentos ao nível das dimensões referidas por Sá-Chaves (2000). Estas são ao nível do conhecimento do conteúdo, do curriculum, do conhecimento pedagógico geral, do conhecimento pedagógico do conteúdo, do conhecimento dos aprendentes e do conhecimento dos objectivos, fins e valores educacionais, do conhecimento de si próprio. Acrescentamos a estas dimensões o conhecimentos ao nível dos objectivos e processos da formação de professores, englobando os saberes relativos ao processo de supervisão, mencionados por Vieira (1993).

Categoria 6. Representações do impacto do exercício da supervisão no desenvolvimento de competências pessoais

Dada a forte componente afectivo-relacional das situações supervisivas, pretendemos analisar o impacto do exercício de funções supervisivas no desenvolvimento de competências pessoais do professor cooperante, nomeadamente ao

nível das capacidades (mais especificamente, das capacidades de descrição,

interpretação, comunicação, negociação e reflexão) e ao nível das atitudes (que desdobramos em abertura, disponibilidade, flexibilidade e sentido crítico), de acordo com as competências definidas por Vieira (1993).

Dada a extensão deste instrumento, optámos por não inserir no corpo do presente trabalho a operacionalização do sistema de análise com os respectivos excertos das entrevistas, encontrando-se um exemplo de categorização anexado ao mesmo (Anexo 2).

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