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2. A Prática Pedagógica na formação inicial em Ensino Básico – 1.º Ciclo

2.4. Funções da equipa docente

Entendendo o supervisor como um facilitador de aprendizagens que contribui para o desenvolvimento profissional e pessoal dos formandos (Alarcão & Tavares, 2003), tanto o professor orientador responsável pela disciplina, como o professor cooperante têm como missão apoiar o formando “a passar de aluno das disciplinas curriculares a futuro professor, criando uma responsabilização docente progressiva que contribua para o seu processo de crescimento profissional” (Neves, 2007, p. 94).

Ambos têm como função a observação e avaliação do desempenho pedagógico dos formandos. No entanto, são-lhes reconhecidos alguns papéis e funções específicos.

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2.4.1. Funções do docente da disciplina Prática Pedagógica ou Prática Educativa Supervisionada

Ao professro orientador da universidade, que não está diariamente na escola cooperante, mas a vai visitando, semanalmente, para observar práticas e interagir com os formandos e respectivos professores cooperantes, cabe a tarefa de fazer a ponte entre a instituição de formação e os cooperantes.

Assim, compete-lhe alertar o formando para a importância de um clima favorável ao bom relacionamento sócio-afectivo das crianças, assegurar o apoio científico no âmbito das Ciências da Educação, orientar os formandos na planificação de projectos e sequências didácticas, apoiá-los na elaboração de material pedagógico- didáctico, observar a prática educativa e, ainda, avaliar e reflectir com eles, em colaboração com os restantes intervenientes no processo supervisivo, sobre as acções desenvolvidas por aqueles no âmbito da prática educativa (Programa da disciplina de Prática Educativa Supervisionada I, 2009/2010, do curso de Mestrado em Educação Pré-escolar e Ensino do 1º Ciclo do Ensino Básico).

2.4.2. Funções do professor cooperante

De acordo com o estabelecido no Decreto Legislativo Regional n.º 11/2009/A, de 21 de Junho, o professor cooperante é designado pelo presidente do Conselho Executivo de entre os docentes que prestem serviço na unidade orgânica com nomeação definitiva, no grupo de recrutamento no qual o aluno vai estagiar (art. 198.º, Capítulo XX). O processo decorre da auscultação aos departamentos ou grupos disciplinares, tendo em consideração o perfil definido pela instituição de ensino superior.

Assim sendo, no início do ano lectivo, é feito um primeiro contacto oficial com os órgãos do Conselho Executivo das escolas cooperantes, a fim de se fazer um levantamento dos professores do 1.º Ciclo e Educadores de Infância ao serviço. Para efeitos de designação dos referidos professores, é dada preferência aos professores titulares de turma a leccionar 1.º e 3.º anos de escolaridade, que mostrem vontade de desempenhar tais funções.

28 De acordo com o Decreto Legislativo Regional n.º 11/2009/A, ao professor cooperante compete:

a) participar na elaboração do projecto formativo dos formandos e acompanhar a sua aprovação pelo Conselho Pedagógico; b) participar nas acções de formação destinadas a professores cooperantes que sejam promovidas pela instituição de ensino superior responsável pela licenciatura; c) acompanhar e orientar o aluno estagiário nas vertentes de formação e acção pedagógica realizadas na escola; d) manter um acompanhamento constante da actividade do aluno estagiário, informando o Conselho Executivo, o Conselho Pedagógico, a Comissão Especializada de Formação, quando constituída, bem como a instituição de ensino superior, de todas as matérias que respeitem a essa actividade; e) elaborar e remeter à instituição de ensino superior responsável pela formação os relatórios, nos termos fixados por ela, contendo uma apreciação fundamentada do desempenho dos formandos, nomeadamente nos domínios pedagógico e didáctico (art. 199.º, Capítulo XX).

O Programa da disciplina de Prática Educativa Supervisionada I (2009/2010), do curso de Mestrado em Educação Pré-escolar e Ensino do 1.º Ciclo do Ensino Básico, também facultado aos professores e educadores cooperantes, acresce a estas funções a de promover a integração do formando na dinâmica da escola de acolhimento. Para tal, o professor cooperante dá a conhecer o projecto Educativo de Escola e o respectivo Plano Anual de Actividades, reflecte com os formandos sobre os mesmos e elabora, em colaboração com aqueles, o Projecto Curricular de Turma. Em termos didácticos, o professor cooperante tem de acompanhar a avaliação que os formandos fazem da aprendizagem da criança, bem como analisar, semanalmene, em conjunto com o docente da disciplina e os formandos, as acções desenvolvidas por aqueles, no âmbito da prática pedagógica. O professor cooperante é, ainda, o responsável pela turma, quer em situações de visitas de estudo ou actividades extra-curriculares, e o responsável pela docência em caso de impossibilidade por parte do formando em leccionar nos dias a ele destinados.

Entende-se, assim, professor orientador e professor cooperante como dois elementos fulcrais no processo formativo dos formandos, sublinhando-se a importância da cooperação entre todos os intervenientes no processo supervisivo.

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Síntese

Com o intuito de enquadrar o nosso estudo, reconstituímos, ao longo deste capítulo, o percurso formativo dos professores do 1.º Ciclo do Ensino Básico na RAA, desde as Escolas Normais e do Magistério Primário até ao Mestrado profissionalizante resultante da aplicação das novas regras nacionais e internacionais para a formação de professores. Verificámos que, ao longo dos anos, os esforços feitos apontam para a elevação do nível de qualificação do corpo docente e reforço da qualidade da sua preparação.

Procurámos, ainda, perceber o funcionamento e organização da iniciação à prática profissional, no contexto da Licenciatura em Ensino Básico – 1.º Ciclo e já no âmbito do curso de Mestrado em Educação Pré-Escolar e Ensino do 1º Ciclo do Ensino Básico, para uma melhor contextualização do presente estudo. A importância dessa componente na formação inicial dos professores levou a que se redigisse o Regulamento de Prática Pedagógicas (2004), respeitando o enquadramento legal então em vigor, resultando num reforço da necessidade de desenvolvimento de capacidades de análise e reflexão, advenientes das crescentes exigências formativas.

Finalizámos o capítulo, registando as funções dos diferentes intervenientes no processo de supervisão, de modo a que se concretizem os objectivos da supervisão pedagógica, que passam pelo desenvolvimento e aprendizagem do formando e supervisor, tal como procuraremos desenvolver no capítulo que se segue.

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CAPÍTULO

II

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Introdução

Como vimos no capítulo anterior, compete às entidades formadoras, nomeadamente às instituições de ensino superior e às escolas, suas parceiras, preparar os futuros professores para o exercício competente da sua acção educativa, em geral, e pedagógica, em particular, bem como prepará-los para uma prática alicerçada em princípios de autonomia e colaboração, de acção e reflexão sobre a acção. Para tal, aquelas propõem-se garantir que os candidatos a professores adquirem um conjunto de conhecimentos e desenvolvem um conjunto de competências, atitudes e valores, essenciais ao exercício da prática educativa.

Neste processo, é de destacar a figura do supervisor, enquanto interveniente chave, e a supervisão, como processo de promoção e facilitação do desenvolvimento e aprendizagem do formando, dos alunos e dos próprios supervisores. É este o enquadramento conceptual que o presente capítulo desenvolve.

Começamos por reflectir sobre a evolução dos conceitos de supervisão e supervisor, até às concepções mais correntes actualmente, apresentando os diferentes modelos de supervisão, com particular destaque para o modelo reflexivo. Abordamos o ciclo supervisivo sob diferentes perspectivas, realçando a importância dos momentos de reflexão na formação de professores. Por fim, destacamos algumas estratégias supervisivas promotoras de reflexão por parte do professor em formação como do(s) próprio(s) supervisor(es).