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5 BPMG UM MODELO CONCEITUAL PARA GOVERNANÇA EM BPM

5.1 CONSTRUINDO O MODELO BPMG

5.1.1 Elicitando os Construtos Teóricos da Governança em BPM

Conforme visto no Capítulo 2, que há várias definições que envolvem dois construtos básicos que não apresentam diferenciação clara: Governança de BPM e Governança de Processos de Negócio. A Tabela 2.2 (ver Capítulo 2 Seção 2.3) apresentou um conjunto de definições encontradas na literatura com respectivos construtos teóricos componentes de cada definição.

Analisando a Tabela 2.2, constatou-se uma lacuna teórica importante na governança em BPM, conforme discutida a seguir. Ambos os construtos de alto mais alto nível (“Governança de Processos” e “Governança de BPM”) são derivações de outro mais amplo: a governança corporativa. Especializações da ideia original de governança corporativa foram

criadas para tratar aspectos específicos como: governança de TI, governança de projetos e governança de processos de negócio (ou de BPM). No entanto, nessas especializações, construtos importantes da ideia original de governança corporativa foram perdidos, ou, pelo menos, não enfatizados explicitamente. Assim, por exemplo, princípios gerais de governança importantes como transparência, prestação de contas, proteção e equidade aos interesses dos stakeholders (ver Tabela 2.1, Capítulo 2) que são geralmente associados à governança corporativa, na maioria das vezes não são explicitamente encontrados nas definições de governança em BPM ou de Processos de Negócio. Como consequência, podem surgir mal- entendidos para profissionais e pesquisadores quando buscam vincular a ideia original de governança para a sua aplicação em novos campos específicos.

Na busca para reduzir este tipo de equívoco e seguindo a ideia de que as preocupações centrais da governança corporativa devem ser preservadas em qualquer forma específica de governança, buscou-se acrescentar o construto nomeado “princípios gerais de governança” ao conjunto de construtos apresentados na Tabela 2.2. Em seguida, aqueles mesmos construtos foram agrupados por análise temática conforme Tabela 5.1 a 5.3.

Tabela 5.1 Análise dos Construtos Teóricos de Governança em BPM encontrados na Literatura Agrupamento de

Construtos Construto Autor

Alinhamento Estratégico

Alinhamento Estratégico de Ações de Melhoria Spanyi (2010) Alinhamento Estratégico de BPM ABPMP (2013b) Arquitetura de

Processos

Arquitetura de Processos Jeston e Nelis (2008) Modelo dos Processos-Chave (arquitetura de processos) da

Organização Kirchmer (2010,2011) Padronização de Processos no Nível Global (Arquitetura de

Processos) Tregear (2010) Atividades / Tarefas / Processos de BPM ou Governança de BPM

Ações de definição, difusão e controle de BPM Paim e Flexa (2011) Atividades de BPM Kirchmer (2010,2011) controle do gerenciamento de processos Paim e Flexa (2011) Desempenho de Processos Rosemann Et Al. (2010, 2008) Mecanismos de Avaliação Barros (2009)

Mecanismos de Controle Barros (2009) Medir / Gerenciar o Desempenho de Processos Spanyi (2010) Monitoração de Desempenho de Processos Kirchmer (2010,2011) Plano de Comunicação Spanyi (2010) Processos de BPM Kirchmer (2010,2011) Tarefas Barros (2009) Estrutura Organizacional para BPM Centro de Excelência em BPM Rosemann Et Al. (2010, 2008) Spanyi (2010)

equipes e unidades organizacionais voltadas para BPM Markus & Jacobson (2015) Estrutura Organizacional

Barros (2009) Paim e Flexa (2011) Estrutura para o gerenciamento de Processos Kirchmer (2010,2011) Estruturas (organizacionais) Spanyi (2010)

Tabela 5.2 Análise dos Construtos Teóricos de Governança em BPM encontrados na Literatura (Continuação)

Agrupamento de Construtos Construto Autor Indicadores / Métricas

Indicadores Métricas Kirchmer (2010, 2011) Spanyi (2010) Iniciativas / Ações de BPM / Melhoria

de Processos Ações de BPM ABPMP (2013b) Iniciativas de BPM Kirchmer (2010, 2011) Prioridades para melhoria de Processos Kirchmer (2010, 2011) Priorização de Ações de Melhoria de

Processos Spanyi (2010)

Projetos de BPM Rosemann Et Al. (2010, 2008) Maturidade da Governança em BPM Modelo de Maturidade para BPM Rosemann Et Al. (2010, 2008) Objetivos de BPM / Organizacionais Metas Kirchmer (2010, 2011) Objetivos Barros (2009) Paim e Flexa (2011) Padrões / Guias de BPM

Guias Padrões Kirchmer (2010, 2011) Barros (2009) Papéis / Responsabilidades / Autoridade em BPM Autoridade em BPM ABPMP (2013b) Limites de Decisão Paim e Flexa (2011) Limites de Decisão de Papéis Rosemann Et Al. (2010, 2008) Papéis e Responsabilidades Barros (2009)

Spanyi (2010)

Papéis e Responsabilidades de BPM Rosemann Et Al. (2010, 2008) Responsabilidades em BPM ABPMP (2013b)

Pessoas / Agentes Gestão (direção, coordenação, controle) de pessoas, Markus & Jacobson (2015) Prestação de Contas

Estruturas para Prestação de Contas

Rosemann Et Al. (2010, 2008)

Tabela 5.3 Análise dos Construtos Teóricos de Governança em BPM encontrados na Literatura (Continnuação)

Agrupamento de Construtos Construto Autor Princípios e Requisitos Direcionadores de BPM / Governança

Diretrizes e Regras para BPM ABPMP (2013b) Orientações (Diretrizes) Paim e Flexa (2011) Políticas Tregear (2010) Princípios Paim e Flexa (2011) Princípios Convenções Tregear (2010)

Princípios gerais de Governança (IBGC, 2013), (OECD, 2004) e (Hoogervorst ,2009) Princípios-guia de BPM Rosemann Et Al. (2010, 2008) Processo

Processos Variabilidade de Processos Kirchmer (2010, 2011) Tregear (2010) Reconhecimento e Recompensa Sistemas de Reconhecimento e Recompensa Kirchmer (2010, 2011) Regulamentação Leis, Regulamentos e Normas como direcionadores da Governança Markus & Jacobson (2015) Serviços/Produtos Portfólio de Serviços de BPM Rosemann Et Al. (2010, 2008)

5.1.2 Realizando a Modelagem Conceitual

Entende-se aqui por modelo conceitual a mesma definição que consta no DAMA5 Dictionary

of Data Management (DAMA, 2008): um modelo de qualquer tipo que seja independente da implementação e do contexto de uso. Um modelo conceitual normalmente é representado por modelo conceitual de dados, que por sua vez, pode ser definido como:

Um modelo de dados de alto nível, identificando as principais entidades e relacionamentos, contendo não necessariamente todos os atributos e, portanto, não necessariamente normalizado. Alguns modelos de dados conceituais incluem apenas os atributos-chave. Modelos de dados conceituais incluem relacionamentos muitos-para-muitos não-normalizados entre entidades de negócios. (DAMA, 2008 – tradução livre)

Neste trabalho o modelo conceitual para governança em BPM foi expresso na forma de um modelo conceitual de dados através de diagramas de classe na notação UML (Unified Modelig Language) (OMG, 2011b). Os elementos notacionais de UML aqui usados estão descritos no Apêndice A. Esta notação foi utilizada por ser de amplo conhecimento, por ser

5 DAMA é um acrônimo para Data Management Association, uma associação internacional de profissionais de

suficiente para expressar os construtos básicos de um modelo conceitual de dados: as entidades do domínio em questão, seus atributos e relacionamentos (incluindo relacionamentos de “supertipo/subtipo” e “todo-parte”). Além disso, são encontradas diversas ferramentas de uso livre que a implementam.

Com base no conjunto de construtos das Tabelas 5.1 a 5.3 foram elicitados os componentes conceituais principais que foram usados na construção da versão inicial do Modelo BPMG. Desta forma, no processo de construção do Modelo BPMG não foi levada em consideração uma definição específica de Governança em BPM, mas buscou-se contemplar tanto quanto possível a maior parte dos construtos teóricos identificados nas diversas definições levantadas na literatura. Foram levados em conta também outras fontes teóricas não necessariamente da literatura de BPM, mas de outras vertentes de Governança, conforme será citado ao longo deste Capítulo. Esta etapa consistiu de inúmeros ciclos de modelagem conceitual e análise dos construtos da literatura. Vale ressaltar que certamente a construção do modelo sofreu forte influência da experiência pessoal do pesquisador, autor deste trabalho, adquirida na participação em diversas iniciativas de BPM em sua atuação profissional. A construção do Modelo BPMG correspondeu à Iteração 1 da pesquisa-design referida na Tabela 3-3. Nas próximas seções, o Modelo BPMG é apresentado em sua visão geral e depois por perspectivas temáticas da governança em BPM.