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Capítulo III – Estágio curricular em Farmácia Comunitária

11. Contabilidade e gestão

11.1. Processamento do receituário e faturação

Todos os meses, o receituário dos diversos organismos sofre um processo de faturação para que a farmácia seja reembolsada do valor das comparticipações aplicadas por cada um dos respetivos organismos.

No ato da dispensa, o SIFARMA 2000 atribui um lote e um número à receita, que vai ser impresso no verso da receita, bem como a seguinte informação: identificação da Farmácia e respetivo DT, código do operador, data da dispensa, número de receita e de lote, códigos do organismo comparticipante e dos medicamentos dispensados (bem como a designação nominal, forma farmacêutica, dosagem, tamanho da embalagem e código de barras), valor da comparticipação do organismo de comparticipação e custo para o utente de cada medicamento, bem como o total de custo para o doente e para o organismo de comparticipação. De seguida, as receitas são conferidas e separadas conforme o organismo de comparticipação em que o utente está inserido e agrupadas de acordo com o lote atribuído, sendo a numeração dos lotes individual para cada organismo. Cada lote é composto por 30 receitas, sendo que quando o lote se encontra completo é emitido o verbete de identificação (Anexo XVIII) desse lote, através do SIFARMA 2000, no qual constam as seguintes informações: nome e código ANF da Farmácia, organismo de comparticipação e lote em causa, mês e ano da faturação, quantidade de receitas e produtos, PVP total do lote, custo total para os utentes e valor comparticipado pelo organismo. Este documento é carimbado e assinado, e anexam-se neste as 30 receitas do lote correspondente [60].

No final de cada mês, aquando da faturação mensal, e depois de fechados os lotes, é emitido uma relação resumo dos lotes (Anexo XIX) para cada organismo de comparticipação e a fatura (Anexo XX) (impressa em quadruplicado). Na relação resumo dos lotes estão contidos

os mesmos dados do verbete de identificação de cada lote, mas relativamente à totalidade dos lotes constituintes de cada organismo. A fatura deve conter a identificação da entidade adquirente (que terá de corresponder à Administração Regional de Saúde (ARS) da área da farmácia); nome e código da farmácia; número e data da fatura, correspondente ao último dia do mês da dispensa dos medicamentos; indicação de fatura “Original” (uma vez que é obrigatório o envio de uma fatura em triplicado); número de identificação fiscal da farmácia; número de lotes, por tipo e código e o total de lotes; a importância, tanto por tipo e código de lote, como a total, paga pelos utentes, a pagar pelo Estado e correspondente ao PVP e a assinatura do responsável da farmácia [60).

Todas as receitas faturadas a organismos do estado são remetidas para o Centro de Conferência de Faturas – Administração Central do Sistema de Saúde (CCF-ACSS), que realiza a conferência das faturas e identificação do valor a pagar às farmácias. Relativamente à faturação de receitas com comparticipação por outros organismos, a documentação anterior é enviada à ANF que procederá ao reembolso imediato e ao encaminhamento da documentação às entidades em causa, sendo que estas últimas reembolsam a ANF. Desta forma, a ANF atua como intermediário neste processo. A documentação relativa à faturação é conferida no Centro de Conferência de Faturas que as afere ou rejeita consoante existam ou não erros de aviamento, faturação ou comparticipação. Caso se detete algum erro ou falha, procede-se à correção do valor a pagar à farmácia ou devolução à farmácia mediante clara justificação do motivo.

Durante o estágio na FR, tive a possibilidade de colaborar, aquando da faturação mensal, no fecho dos lotes e na organização de todos os documentos inerentes ao processo. Também constatei, posteriormente, alguns dos motivos que levam as receitas a serem devolvidas, entre os quais, “a validade”, “a entidade responsável não válida”, “a receita com acerto é devolvida devido a erro de valor superior a 0,50”, “o local de prescrição do produto dietético não lhe confere a comparticipação de 100% ”, “o medicamento dispensado não coincide com o prescrito”, “o medicamento dispensado possui preço acima do 5º preço mais baixo e não foi exercido direito de opção”, entre outros.

Por último, também pude contactar com vários tipos de documentos, os quais fazem parte do dia-a-dia da farmácia e têm uma aplicação prática importante que deve ser bem entendida. Estes documentos estão descritos no anexo XXI.

12. Conclusão

Este estágio curricular em farmácia comunitária foi uma experiência muito enriquecedora para a minha formação académica, tanto a nível profissional como pessoal. Isto foi possível através da ótima integração na equipa técnica que proporcionou um bom ambiente de trabalho, no qual pude aplicar vários conhecimentos adquiridos ao longo do curso. Na FR, tive a oportunidade de acompanhar e assumir uma posição ativa em diversas atividades, entre as quais: todo o circuito do medicamento dentro de uma farmácia, desde a

encomenda, receção, armazenamento até à sua dispensa e respetivo aconselhamento; a medição de parâmetros fisiológicos e bioquímicos; realizar a reconstituição de preparações extemporâneas bem como o processamento de faturação e gestão da farmácia.

Além disso, pude constatar que a farmácia é uma área em constante evolução e inovação tanto no aspeto científico como burocrático. Desta forma, exige aos profissionais de saúde uma atualização contínua dos conhecimentos sempre com o intuito de promover a saúde e prevenir a doença. Outro aspeto importante a ter em conta é a comunicação com o utente, na qual o farmacêutico deve demonstrar respeito, disponibilidade e preocupação para com os problemas do utente, e mostrar que a sua saúde é importante, fazendo-o sentir-se valorizado e acompanhado. Assim, o poder da comunicação e o saber ouvir assume um papel de extrema importância, no qual o farmacêutico promove o uso seguro e racional dos medicamentos.

Em suma, todas estas atividades desenvolvidas no estágio, o contato direto com o meio profissional bem como todos os novos conhecimentos adquiridos nesta prática são, sem dúvida, uma mais-valia para poder exercer a atividade farmacêutica com qualidade, segurança e rigor que esta nobre profissão exige.