• Nenhum resultado encontrado

Capítulo III – Estágio curricular em Farmácia Comunitária

8. Aconselhamento e dispensa de outros produtos de saúde

8.2. Produtos dietéticos para alimentação especial

Os produtos destinados a uma alimentação especial distinguem-se dos produtos de alimentação corrente devido à sua composição especial ou a processos especiais de fabrico, mostrando-se adequados às necessidades específicas de determinadas categorias de pessoas. O Decreto-Lei n.º 74/2010 estabelece o regime geral aplicável aos géneros alimentícios destinados a uma alimentação especial, regulando a composição e aplicando novas exigências na rotulagem, apresentação e publicidade [37].

Este tipo de alimentação especial corresponde às necessidades nutricionais de: indivíduos cujo processo de assimilação ou cujo metabolismo se encontrem perturbados (por exemplo, os géneros alimentícios adaptados a pessoas diabéticas, com intolerância ao glúten); indivíduos que se encontram em condições fisiológicas especiais e que, por esse fato, podem retirar benefícios especiais de uma ingestão controlada de determinadas substâncias contidas nos alimentos (por exemplo os alimentos com valor energético baixo ou reduzido destinados ao controlo de peso, os alimentos adaptados a esforços musculares intensos) e lactentes (crianças até aos 12 meses de idade) ou crianças de pouca idade (dos 12 aos 36 meses) em bom estado de saúde [37].

Alguns destes produtos são comercializados nas grandes superfícies comerciais, contudo, o aconselhamento correto acerca da sua utilização apenas pode ser feito na farmácia junto do farmacêutico. O Despacho nº4326/2008 define as comparticipações dos produtos dietéticos destinados aos doentes afetados de erros congénitos do metabolismo, sendo que estes são dispensados com a comparticipação de 100% desde que sejam prescritos pelos estabelecimentos de saúde identificados no referido despacho [38].

Na Farmácia Rosmaninho, embora não exista uma vasta gama destes produtos, estão disponíveis os produtos dietéticos para alimentação especial suficientes para suprir as necessidades dos respetivos utentes como, por exemplo, o Fortimel® - suplemento hiperproteico, o Fantomalt® - suplemento glucídico e Miltina Electrolit® especial para reposição de líquidos em crianças com vómitos e diarreia.

8.2.1. Produtos dietéticos infantis

Os produtos dietéticos infantis incluem, não só os leites e farinhas, mas também outros produtos, como por exemplo boiões de frutas. Apesar, desta diversidade de produtos dietéticos infantis, especificamente, formulados para lactentes e crianças até aos 3 anos, o aleitamento materno traz sempre mais benefícios, exceto em determinados casos.

O leite materno é um alimento vivo, completo e natural, adequado para quase todos os recém-nascidos (salvo raras exceções) e constitui o método mais barato e seguro de alimentar os bebés. Deste modo, o colostro, isto é, o leite materno produzido no fim da gravidez é recomendado como alimentação de excelência para o recém-nascido, devendo a amamentação ser iniciada dentro de uma hora após o parto. Existe um consenso mundial de que a prática de aleitamento materno exclusiva é a melhor forma de alimentar as crianças até aos 6 meses de idade [39, 40].

As vantagens do aleitamento materno são múltiplas, quer a curto ou a longo prazo e apresenta tanto benefícios para a mãe como para o bebé. Assim sendo, o leite materno previne infeções gastrointestinais, respiratórias e urinárias no bebé, proporcionando também um efeito protetor sobre as alergias, nomeadamente, as específicas para as proteínas do leite de vaca. Além disso, ainda faz com que os bebés tenham uma melhor adaptação a outros alimentos e, a longo prazo, poderá ajudar na prevenção da diabetes e linfomas. Relativamente à mãe, o aleitamento materno facilita uma involução uterina (processo de o

útero voltar ao tamanho normal) mais precoce, e associa-se a uma menor probabilidade de ter cancro da mama [39].

No entanto, por vezes, o aleitamento materno poderá não ser suficiente para não satisfazer as necessidades dos lactentes (ex: produção insuficiente de leite) ou existirem contra-indicações (ex: mães com doenças graves, crónicas ou debilitantes, mães infetadas pelo vírus da imunodeficiência humana (VIH), mães que precisem de tomar medicamentos que são nocivos para os bebés e, ainda bebés com doenças metabólicas raras como a fenilcetonúria e galactosemia), tendo de recorrer-se aos leites para alimentação infantil de forma a suprir as necessidades do lactente.

O Decreto-Lei nº217/2008, de 11 de novembro estabelece o regime jurídico às fórmulas para lactentes e às fórmulas de transição destinadas a lactentes saudáveis [41]. Estas fórmulas encontram-se divididas pela idade ou estado de desenvolvimento a que se destinam: leites para lactentes, leites de transição e leites de crescimento. Além dessas, ainda podem ser divididas pela categoria de tratamento a que pertencem (corrigir disfunções existentes), nomeadamente as fórmulas: hipoalergénicas (HA), anti–regurgitantes (AR), anti– cólicas (AC), antidiarreicas (AD) e anti obstipação (AO) e as fórmulas especiais (incluem os leites em pó sem lactose e as fórmulas hidrolisadas). Para além dos leites, a farmácia disponibiliza ainda diversas papas que se dividem em farinhas lácteas e não lácteas, conforme necessitem de água ou leite para a sua preparação, sem glúten, com glúten e líquidas.

Na farmácia Rosmaninho existem diversos produtos deste tipo, com os quais tive a possibilidade de lidar com variadas gamas de marcas como Nestlé®, Aptamil®, Nutribén®, Novalac® e Miltina®. É de realçar, o papel do farmacêutico enquanto profissional de saúde dotado de conhecimentos adequados para a prestação de informação, aconselhamento e seguimento da alimentação do lactente ao longo das suas várias etapas. É importante saber aconselhar para que o consumo destes produtos seja feito de forma correta e equilibrada bem como informar acerca dos cuidados a ter, nomeadamente: lavar sempre as mãos e esterilizar os utensílios; verificar a temperatura do leite no pulso; agitar bem o biberão para homogeneizar; consultar as tabelas de alimentação com informação relativa ao número de refeições diárias, o número de medidas e a quantidade de água, entre outras.