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Capítulo II – Estágio curricular em Farmácia Hospitalar

3. Distribuição

3.5. Distribuição de medicamentos a doentes em regime de ambulatório e

3.5.2. Distribuição de medicamentos a doentes em regime de

Os SF do CHCB, efetuam a dispensa gratuita de medicamentos aos doentes em regime de ambulatório, provenientes das consultas externas, do Hospital de dia, do internamento no momento da alta e ainda, em casos excecionais, a doentes atendidos no serviço de urgência do CHCB. Essa dispensa compreende medicamentos cujo fornecimento se encontra abrangido pela legislação (Anexo I) ou autorizado pelo CA. Em todas estas situações, o acompanhamento do doente e a respetiva prescrição médica tem de ser efetuada por um médico especialista do hospital. Porém, o CHCB não dispõe de todas especialidades médicas envolvidas na prescrição da totalidade dos medicamentos legislados, dispensando assim aos doentes o tratamento para as seguintes patologias: artrite Reumatoide, espondilite anquilosante, artrite psoriática, artrite idiopática juvenil poliarticular, psoríase em placas; doentes insuficientes renais crónicos; indivíduos afetados pelo VIH (cedidos no hospital do Fundão, sendo conservado um pequeno stock no armazém 20 para casos de emergência); esclerose lateral amiotrófica; doentes com hepatite C; esclerose múltipla; doença de Crohn e planeamento familiar [6]. Como exceção a esta situação podem ser referidos os medicamentos biológicos, para o tratamento da artrite reumatóide, por exemplo, cuja prescrição, segundo o Despacho n.º 18419/2010, pode ser efetuada em consultas especializadas, noutros hospitais ou em consultórios particulares, sendo a dispensa realizada ainda assim pelos serviços de ambulatório do CHCB (e todos os hospitais do SNS) [7].

Além dos medicamentos legislados podem ser dispensados outros medicamentos para patologias crónicas e comparticipados a 100%, desde de que prescritos na consulta externa do CHCB e previamente autorizados pelo CA, nomeadamente para: hipertensão pulmonar, hepatite B, osteoporose grave, VIH/ SIDA (outros anti-infeciosos), entre outros (Xaropes, papéis, colírios fortificados, AUE) [4].

Existem certos medicamentos que, mesmo legislados, se encontram sujeitos a autorização interna de cedência pela CFT, nomeadamente os medicamentos cujo elevado preço ou risco de utilização justifique uma análise para determinar se tal terapia deve ser ou não instituída, sendo cada caso analisado individualmente [4].

Relativamente ao ato da dispensa, esta realiza-se mediante prescrição médica a qual pode ser manuscrita (para médicos ainda inadaptados ao sistema informático) ou informatizada (em papel ou online). É de realçar que é preferível a prescrição informatizada pois evita a necessidade de interpretação por parte do farmacêutico, diminuindo assim a probabilidade de ocorrência de erros. Além disso, a prescrição online garante a adesão ao formulário ou a linhas orientadoras da prescrição, uma vez que o sistema informático disponibiliza toda esta informação [2]. Estas prescrições ficam imediatamente disponíveis

para consulta nos SFH, contrariamente às prescrições em formato de papel que necessitam ser transcritas para o sistema informático. Esta prescrição deve conter: a identificação do doente e do médico prescritor, DCI do medicamento, a dose e via de administração, posologia, forma farmacêutica, data de emissão e identificação do local de prescrição. Também deve indicar a duração do tratamento e a data da próxima consulta, informando assim sobre o número total de unidades a dispensar [3]. É importante que o farmacêutico assuma medidas de maneira a evitar o desperdício da medicação disponibilizada aos utentes, nomeadamente exercendo um controlo apertado sobre a medicação fornecida.

Na dispensa em ambulatório, os medicamentos apenas são dispensados para um mês, exceto para os contracetivos (orais, vaginais), que podem ser dispensados para 3 meses. A finalidade destas quantidades definidas de medicação aquando da dispensa é para assegurar

stocks a nível de armazém e minimizar o impacto económico, mesmo quando as prescrições

são para períodos de tempo superiores. Sempre que a duração do tratamento seja superior a um mês, são efetuadas dispensas parcelares, correspondendo cada dispensa a um mês de tratamento.

Os SFH facultam o envio de medicamentos pelo correio a doentes de ambulatório que vivam a mais de 25Km do hospital, quando se trata de medicamentos de baixo valor económico (inferior a cinquenta euros) que não necessitem de condições especiais de armazenamento (conservação no frio) [4]. Nestes casos a medicação é enviada para 2 meses de terapia [4].

Antes do ato da dispensa, todas as prescrições são validadas pelo farmacêutico e no caso de alguma dúvida ou não conformidade, contacta-se o médico prescritor para esclarecimento. De seguida, o farmacêutico procede à dispensa do medicamento, a qual pode ser feita ao próprio utente (acompanhado de um documento identificativo) ou a familiares ou conhecidos do mesmo, desde que se façam acompanhar de um documento identificativo próprio e do utente [8].

No ato da dispensa ocorre uma segunda validação onde é essencial conferir: nome do doente, data de nascimento, número do processo, nome do médico prescritor, medicamento dispensado, dose e posologia. De seguida, antes de entregar o medicamento ao utente, também se confirma a quantidade e integridade do medicamento e efetua-se o registo do lote e validade, permitindo assim a rastreabilidade do mesmo. Caso seja a primeira vez que o utente se dirige aos serviços de ambulatório é-lhe fornecida toda a informação necessária à correta utilização do medicamento, como a posologia, possíveis efeitos adversos ou cuidados a ter para os evitar (como no caso de medicamentos que causem fotossensibilidade, aconselhar o utente a evitar exposições solares e aplicar proteção solar com fator de proteção elevado) e condições de conservação. Esta informação é transmitida verbalmente e por escrito, através de um folheto informativo ao utente e/ou através de pictogramas [4].

Além disso, o respetivo folheto informativo possui o contato dos SFH, que em caso de dúvida permite aos doentes contactar com um farmacêutico. Uma outra forma para consciencializar os doentes, nos SFH do CHCB, e promover a sua adesão à terapêutica consiste

em emitir um documento com o custo do fármaco (para terapêuticas com custo superior a 200 euros). Durante o estágio, tive a oportunidade de contactar com estes métodos informativos, bem como cedê-los juntamente com a medicação. Pude constatar que, além do aconselhamento verbal, este material informativo em suporte papel possui um carater educativo, permitindo ao doente relembrar fatores determinantes aquando do uso do medicamento. O utente tem ainda de assinar um termo de responsabilidade (Anexo II) no qual se responsabiliza pela boa utilização e correta conservação do medicamento, bem como por qualquer extravio ou dano causado à medicação enquanto esta se encontrar ao seu cuidado [8].

Após a dispensa, o farmacêutico procede ao registo informático da medicação no processo do doente, realizando-se a imputação por unidade de medicamento, sendo associado, no final, um número de imputação correspondente a cada cedência. As cedências são sempre conferidas pelo farmacêutico no dia seguinte [4]. Para cada especialidade existe um dossier correspondente, no qual são arquivadas as receitas em papel, com exceção dos medicamentos incluídos nas ‘autorizações caso a caso’ cujo arquivo é feito num dossier à parte.

No setor do ambulatório é realizado o seguimento farmacoterapêutico de todos os doentes, consultando o histórico das cedências anteriores. Também é feito um seguimento farmacoterapêutico em “Excel” de doentes com determinadas patologias, como a esclerose múltipla ou hepatites B e C devido às próprias caraterísticas da patologia ou pelo próprio valor económico do fármaco, como é o caso dos biológicos. Este seguimento visa proporcionar um maior controlo de patologias crónicas e de fármacos com elevado valor económico e avaliar não só a adesão à terapêutica mas também garantir a disponibilidade e continuidade do tratamento e o controlo de stocks. Assim, neste sistema, é muito mais fácil e rápido detetar doentes que deixaram de levantar a medicação.

Outra responsabilidade do farmacêutico de ambulatório é o envio para a faturação de todo o receituário faturável, isto é, de todo o receituário em que a responsabilidade pelos encargos couber legal ou contratualmente a qualquer subsistema de saúde, empresa seguradora ou outra entidade pública ou privada. Além disso, este setor, relativamente à gestão de qualidade, possui como indicadores: o aumento do número de folhetos informativos disponíveis para fornecer aos utentes aquando da dispensa, a monitorização do número de erros na dispensa (no medicamento ou na dosagem) e da correta imputação aos centros de custo. Ainda possui como objetivo a diminuição do número de regularizações efetuadas no armazém 20, aquando das contagens de stock.

Durante a minha passagem pelo setor de ambulatório tive a oportunidade de colaborar na dispensa de medicação a doentes provenientes de diferentes consultas externas do Hospital bem como participar no aconselhamento farmacêutico. Este aconselhamento revelou-se, muitas vezes, crucial para a compliance do doente. Também tive a possibilidade de cooperar na validação diária das receitas; na conferência e armazenamento do stock pertencente ao armazém 20 e ainda na preparação da medicação a ser enviada por correio.

Além disso, realizei a revisão de folhetos informativos e elaborei um novo folheto informativo (dexametasona 8mg - Anexo III).

3.5.3. Distribuição de medicamentos sujeitos a controlo especial: Hemoderivados e