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4. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS

4.1 BALANÇO PATRIMONIAL

4.1.1 Ativo

4.1.1.2 Contas a receber – clientes e outros créditos

No Balanço Patrimonial apresentado pela empresa haviam clientes a receber, no contas a receber do ativo circulante, bem como créditos de tributos a recuperar, como demonstrado no quadro 2.

Quadro 2: BP da empresa Alfa (2016): contas a receber e créditos de tributos a recuperar.

Clientes 52.093,60 Cliente A 4.500,00 Cliente B 47.593,60 Outros créditos 4.998,60 IRRF a recuperar 1.500,00 INSS a recuperar 3.498,60

Fonte: Dados da pesquisa.

Em conversa com a sócia proprietária e administradora da empresa, a mesma foi questionada sobre os valores a receber. A resposta foi que este valor é referente a duas obras já encerradas no ano de 2016, mas que possuíam valores a receber, ou seja, a obra foi encerrada no exercício do demonstrativo, mas o cliente não pagou todo o valor restante do contratado. Ela complementa relatando que “este valor ficou a receber para após a safra de soja de 2017, mas que as Notas Fiscais de Prestação de Serviços já foram emitidas com os referidos valores de tributos,

retidos nas mesmas, e apresentados pelas contas de outros créditos.” (SÓCIA PROPRIETÁRIA, 2017).

Conforme o item 42 da NBC TG 17 (R4) (2012), “a entidade deve apresentar como ativo o valor bruto devido pelo contratante, relativo a trabalhos do contrato executados e não cobrados ou recebidos”. Portanto, está correto o fato do lançamento no contas a receber dos saldos a receber de fato, de obras já encerradas.

Constata-se, porém, na conta de outros créditos, a conta IRRF a recuperar. Como a empresa é optante pelo Simples Nacional, esta retenção não poderia ter ocorrido, visto que a entidade não declara imposto de renda. A retenção poderia ocorrer em caso de pessoa jurídica, com PIS/COFINS/IR/CSLL. Mas para optantes por esta forma de tributação, tal retenção é indevida e ficou alocada na conta a recuperar em 31 de dezembro de 2016.

A sócia foi então questionada sobre o valor do IRRF a recuperar. Com o auxílio de seu contador, ressaltou que é um valor que foi retido indevidamente em uma Nota fiscal de Prestação de Serviços, por solicitação de seu cliente, e que está com processo de pedido por restituição deste valor à Receita Federal.

A mesma determinação da NBC TG 17 (R4) (2012), vale para as obras que estão iniciando ou que estão ocorrendo. Para estes casos, abre-se na conta clientes, subcontas que referenciam a obra e o valor correspondente ao que a empresa possui a receber de clientes, onde os trabalhos estão sendo executados ou foram já contratados para serem executados. O quadro 3 demonstra como ficariam apresentadas as contas a receber, para os casos onde haveriam valores a receber de obras sendo executadas ou acordadas e a executar.

Quadro 3: Como deveria estar apresentada a conta clientes e outros créditos no BP da empresa Alfa de 2016. Clientes 2.825.593,60 Obras encerradas 52.093,60 Obra A 4.500,00 Obra B 47.593,60 Obras a executar 2.773.500,00 Obra C 673.500,00 Obra D 2.100.000,00 Outros créditos 4.998,60 IRRF a recuperar 1.500,00 INSS a recuperar 3.498,60

Durante a entrevista com a proprietária da empresa, ela referenciou que havia uma obra em andamento e outra com contrato firmado à iniciar a execução, na data de 31 dezembro de 2016. Da obra que estava ocorrendo, havia sido executada 40% (quarenta por cento) e faltava realizar 60% (sessenta por cento) do trabalho, sendo que a mesma foi contratada pelo valor total de R$ 1.122.500,00 (um milhão, cento e vinte e dois mil e quinhentos reais). Portanto, na conta clientes a receber da empresa Alfa, no BP de 2016, deveria estar constando o valor correspondente aos 60% (sessenta por cento) da obra que estava acontecendo na data. Quanto à obra a ser iniciada, esta deveria constar no conta a receber 100% (cem por cento) de seu valor contratado, no caso R$ 2.100.000,00 (dois milhões e cem mil reais). Estes valores serão considerados na reestruturação do BP, o qual faz parte do objetivo deste estudo.

A proprietária completa informando “que os valores a receber correspondentes às receitas dos serviços prestados são estimados conforme o andamento da obra, a etapa já concluída e o que falta realizar, bem como pela necessidade de valor que a empresa tem no período” (SÓCIA PROPRIETÁRIA, 2017).

Por exemplo, se a empresa precisa de dinheiro no dia vinte do mês, ela verifica em que grau está o trabalho realizado e que valor corresponde, faz Nota Fiscal de Prestação de Serviço com as devidas retenções e envia para o cliente efetuar o pagamento.

Ou seja, a empresa não possui contrato de construção com o cliente. Possui somente orçamentos e datas estimadas para realização do trabalho embasado no projeto realizado pelo Engenheiro Civil, também sócio da empresa. Mesmo assim, há estimativa de quanto ainda há a receber de cada obra em determinado momento. Por isto, neste estudo, em conjunto com a proprietária, estabeleceu-se critérios de percentagem a executar de cada obra, para incluir cada valor mensurado no BP na data de apuração e evidenciação das informações.

Os valores correspondentes serão recalculados e reestruturados em um novo BP, o qual faz parte dos objetivos deste estudo, e que estarão estruturados a seguir neste relatório, com base nos itens 43 e 44 da NBC TG 17 (R4) (2012):

43. O valor bruto devido pelo contratante (cliente), relativo aos trabalhos do contrato é o montante líquido dos:

(a) custos incorridos mais lucros reconhecidos; menos

para todos os contratos em andamento, para os quais os custos incorridos acrescidos dos lucros reconhecidos (menos perdas reconhecidas) excedam os faturamentos em andamento.

44. O valor bruto devido ao contratante (cliente), relativo aos trabalhos sob execução é o montante líquido dos:

(a) custos incorridos mais lucros reconhecidos; menos

(b) a soma das perdas reconhecidas e dos faturamentos em andamento; para todos os contratos em andamento, para os quais os faturamentos em andamento excedam os custos incorridos acrescidos dos lucros reconhecidos (menos perdas reconhecidas).

Como a empresa não faz contratos com seus clientes, as percentagens definidas se referem somente ao que foi executado e ao que falta executar da obra, não considerando os custos, nem os lucros do período.