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Capítulo 3 Unidade de Ensino

3.1. Contexto escolar

3.1.1. Caracterização da escola

A Escola Secundária de Caneças pertence ao Agrupamento de Escolas de Caneças, concelho de Odivelas, e é sede de agrupamento. O agrupamento é constituído por seis estabelecimentos de ensino, sendo quatro do ensino pré-escolar e do 1.º ciclo, uma de 2.º ciclo, incluindo ainda o 7.º ano de escolaridade e a sede de agrupamento que corresponde a uma escola de 3.º ciclo do ensino básico, ensino secundário, cursos vocacionais e ensino noturno.

O agrupamento contempla, assim, todos os anos de escolaridade sendo que na Escola Secundária de Caneças também oferece o ensino recorrente e a formação escolar de adultos, salientando também o ensino noturno que para muitos adultos, foi fundamental visto conseguirem frequentar a escola para melhorarem as suas qualificações.

Segundo o seu Projeto Educativo, com período de vigência de 2014 a 2018, o Agrupamento de Escolas de Caneças recebe alunos de meios diversificados, tais como, Casal de Cambra e Casal Novo, Caneças, D. Maria, Almargem do Bispo, Camarões, entre outros.

A maioria dos alunos deste agrupamento provem de um meio socioeconómico desfavorecido, visto que 40% beneficiam de auxílios económicos (ASE). A escolaridade da população é, em geral baixa, havendo um grande número de famílias desestruturadas, com baixos rendimentos e um grande número de desempregados.

Neste concelho de Odivelas existe uma taxa de, aproximadamente, 2,86% de analfabetismo (Censos 2011), sendo que em Caneças a taxa é de 4,07% e em Almargem do Bispo é de 5,07%, o que é considerado bastante significativo, no panorama nacional.

Muitos dos alunos do agrupamento, como é salientado no projeto educativo (2014/2018), provêm de famílias em que os pais têm poucas habilitações, na sua maioria ao nível do ensino básico, e, muitas vezes, não valorizando o investimento na educação dos filhos e manifestando pouco interesse pela vida escolar dos mesmos. Este facto torna- se preocupante, pois o insucesso dos alunos é visto por parte das famílias como algo natural.

3.1.2. Caracterização da turma

A turma do 8.º ano de escolaridade onde realizei o estudo é constituída por 30 alunos, dos quais 17 rapazes (57%) e 13 raparigas (43%). Este grupo manteve-se muito semelhante ao do ano letivo anterior, tendo apenas sido integrados nesta turma dois alunos que estão a repetir o 8.º ano de escolaridade e uma outra aluna que veio de Angola este ano. A média de idades da turma é 13,2 anos, estando estas compreendidas entre os 12 e os 15 anos. Apenas um aluno tem necessidades educativas especiais (NEE). Em geral, é uma turma com dificuldades a todas as disciplinas mas, em particular, na disciplina de Matemática.

Os alunos, apesar das suas dificuldades e da sua baixa autoestima em relação às suas capacidades e possibilidades de sucesso na disciplina de Matemática, são bastante participativos embora um pouco desorganizados nas suas intervenções nas aulas. Uma das principais dificuldades de lecionação nesta turma é manter os alunos concentrados e focados durante todo o período de duração da aula de 90 minutos, mas também de os incentivar ao estudo fora da sala de aula, motivando-os a adquirirem hábitos de trabalho. No ano letivo anterior, 13 alunos (43%) obtiveram nível 2 na disciplina de Matemática e não mantiveram a mesma professora de Matemática, o que pode ter obrigado a um período de habituação aos métodos implementados pela professora deste ano letivo. Mais de metade da turma, no inquérito realizado no início do presente ano

letivo, considerou que o desinteresse pela disciplina é o que mais contribui para o seu insucesso escolar.

A turma, na sua maioria, provem de uma classe socioeconómica media-baixa e, como tal, 10 alunos (30%) têm ASE (ação social escolar). Estes alunos são provenientes de famílias em que 27% dos pais e 23% das mães tem apenas o ensino secundário, enquanto que 3% dos pais e 17% das mães tem um curso superior. Estas baixas taxas de escolaridade são preocupantes, pois muitos dos alunos não são motivados pelos pais ao sucesso escolar e à importância da continuação dos seus estudos. Apenas uma das alunas não vive com nenhum dos progenitores, tendo vindo para Portugal neste corrente ano letivo para viver com um familiar.

Também no inquérito, foi possível verificar que 53% dos alunos respondeu que não fala com os pais sobre a escola nem sobre o seu estudo e 33% não pensa em prosseguir os seus estudos para o ensino superior. Apesar de 66% dos alunos no inquérito ter respondido que estuda diariamente, o mesmo não foi verificado durante este período, pelo menos na disciplina de Matemática, sendo que os outros 33% afirmam que raramente estudam ou só o fazem na véspera de testes. A maioria dos alunos não realiza o trabalho de casa proposto nem apresenta dúvidas nas aulas de esclarecimento antes das fichas de avaliação.

No final do 1.º período deste ano letivo (2015/16), 28 alunos tiveram nível 2 e apenas 2 alunos obtiveram nível 3, obtendo assim um total 93% de classificações negativas, tornando a Matemática a disciplina com maior percentagem de insucesso da turma (Figura 1). Estas classificações, como já foi referido, são, maioritariamente, consequência da falta de hábitos de trabalho e estudo fora da sala de aula. Além deste facto, a maioria dos alunos revela bastantes dificuldades nos conteúdos de anos letivos anteriores, manifestando falta de bases na disciplina de Matemática.

Figura 1- Classificações do 1.º Período

No 2.º período, os alunos subiram, na sua globalidade, as classificações (Figura 2), apesar de continuarem a ser uma turma sem classificações de nível superior a 4, salientando-se, contudo, que o aluno que teve nível 1 na disciplina de Francês passou para nível 2. Esta evolução global mais positiva justifica-se porque a maioria da turma durante o 2.º período empenhou-se mais no trabalho dentro da sala de aula e isso foi refletido nas suas aprendizagens.

Figura 2 - Classificações do 2.º Período

No 2.º período, das três disciplinas com uma taxa de insucesso superior a 50%, apenas duas mantiveram essa taxa, nomeadamente as disciplinas de Inglês e de

0 5 10 15 20 25 30

Classificações do 1.º Período

Nível 1 Nível 2 Nível 3 Nível 4

0 5 10 15 20 25 30

Classificações do 2.º Período

Matemática. Salientando-se também que, dos 21 alunos que apresentaram três ou mais classificações negativas, cinco desses conseguiram recuperar, e, dos 11 alunos que tinham classificação negativa cumulativamente nas disciplinas de Português e de Matemática, quatro desses alunos recuperaram.

Também no 2.º período já três disciplinas apresentam uma média positiva - História, Educação Física e Educação Visual - tendo uma média de 3.13, 3.3 e de 3.3, respetivamente. A média na disciplina de Matemática passou de 2,07 para 2,4, devido a doze dos alunos da turma terem nível 3 ao invés dos dois alunos que tiveram essa classificação no período anterior, mantendo-se contudo, e apesar deste importante aumento, a disciplina com a média mais baixa.

A recuperação, o esforço e o trabalho nesta turma são evidentes, apesar de as classificações continuarem abaixo do desejável, no final do 2.º período foi a turma do 8.º ano de escolaridade da escola em que se registou a maior diminuição na taxa de insucesso em Matemática.

No 3.º Período, as classificações a Matemática mantiveram-se muito equiparadas às classificações obtidas no período anterior: apenas um dos alunos que teve nível 2 passou a ter nível 3, e um dos alunos que teve nível 3 passou para nível 4. Desta forma, os restantes vinte e oito alunos da turma mantiveram as classificações e, portanto, a média da turma aumentou de 2,4 para 2,47 na disciplina de Matemática, continuando a ser a disciplina com a média mais baixa. Apesar de as classificações não se terem alterado significativamente foi notório a continuação do esforço e empenho de alguns alunos.

Figura 3 - Classificações do 3.º período

0 5 10 15 20 25 30

Classificações do 3.º Período

Além das três disciplinas que tiveram média positiva no 2.º período, a disciplina de Geografia aumentou a sua média para 3 neste período. A disciplina de História manteve a média de 3,13, a disciplina de Educação Visual desceu para 3,27 mas a disciplina de Educação Física aumentou para 3,43. Este aumento na disciplina de Educação Física foi maioritariamente conseguido devido a um dos alunos da turma ter obtido nível 5 nesta disciplina. Desta forma, este foi o primeiro período onde existiu uma classificação de nível superior a 4.