• Nenhum resultado encontrado

A. Situação brasileira – análise do ambiente externo

A.1 Contexto geográfico-demográfico

Nesta variável são apresentadas as dimensões geográfica e demográfica e os indicadores a elas relacionados.

• Dimensão geográfica

2,

Localização geográfica. O Brasil está localizado a leste da América do Sul, tem 7.367 quilômetros de costa leste banhados pelo Oceano Atlântico e está dividido politicamente em cinco regiões, distintas em características fisiográficas, demográficas, culturais e econômicas. As regiões agrupam os estados e estes os municípios. A região Sul é formada pelo estado do Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina.

2 FIESC (2007)

O estado de Santa Catarina, considerado o maior pólo de maricultura do país (MACHADO, 2002), tem 561 quilômetros de costa atlântica, faz parte da região sul e sua capital é Florianópolis (RIBAS JÚNIOR, 2005). A fazenda marinha de referência situa-se no sul da ilha, no distrito administrativo denominado Ribeirão da Ilha.

Florianópolis (Figura 8) ocupa uma porção insular de cerca de 424 km² e outra continental de cerca de 12 km² (IBGE, 2006a). A ilha de Santa Catarina, onde se localiza, tem aproximadamente 54 quilômetros no sentido norte/sul e nos setores Sul, na Caieira da Barra do Sul e Norte, Santinho-Daniela, larguras mínimas de 2,3 km e 16,5km, respectivamente (HORN FILHO et al., 1998b, p. 284). Em suas maiores extensões, tem 18 quilômetros de largura. O perímetro de sua costa é de aproximadamente 172 quilômetros (HORN FILHO et al, 1998a, p. 279).

Figura 8 - Localização geográfica no Estado de SC do município de Florianópolis

Fonte: Imagem da Internet

Infra-estrutura disponível. As principais rodovias de acesso, em Florianópolis, são a BR-101 e a BR-282. No município há uma rede de rodovias estaduais e municipais ligando as diferentes regiões e a ligação entre a parte insular e a continental é feita através das pontes Colombo Salles, Pedro Ivo Campos e Hercílio Luz, embora esta última esteja fechada para manutenção. A rodovia estadual SC 405 Baldicero Filomeno interliga o distrito de Ribeirão da Ilha a Florianópolis. Pela rodovia têm acesso os equipamentos e matéria prima adquiridos e é escoado o produto final dos cultivos.

Com relação à matriz energética, em Santa Catarina ela é composta pela energia proveniente de hidroelétricas, termoelétricas, geração eólica e pela utilização

de gás natural proveniente da Bolívia. O sistema sul, operado pelo complexo Eletrosul-Tractebel, promove o abastecimento ao Estado (RIBAS JÚNIOR, 2005, p. 132-134).

No saneamento básico, em Santa Catarina, os principais órgãos estatais são a Fundação do Meio Ambiente - FATMA, a Companhia Catarinense de Águas e Saneamento – CASAN e serviços federais e municipais de abastecimento de água e esgotos. Compete à FATMA realizar estudos e pesquisas sobre a balneabilidade das águas e para a preservação de mananciais destinados ao abastecimento de água potável. Cabe-lhe também fiscalizar o destino dos esgotos e o tratamento dispensado a eles. A CASAN constitui-se na principal empresa estatal na área de abastecimento de água e no saneamento básico (RIBAS JÚNIOR, 2005, p. 73).

A coleta de resíduos sólidos, em Florianópolis, está sob a responsabilidade da Companhia de Melhoramentos da Capital – COMCAP (COMCAP, 2007). Segundo o recenseamento de 2000, cerca de noventa e três por cento da população utilizam a rede geral, pluvial ou fossas sépticas para escoamento dos esgotos, embora seja significativo o índice de 1,22% que direcionam seus esgotos em rios, mar ou lagos. No aglomerado urbano, 46,6% dos domicílios são atendidos com sistema completo de esgotamento sanitário, incluindo coleta, tratamento e destino final. No Estado de Santa Catarina, este índice é de 11,3% (IPUF, 2004). No Sul da Ilha, os domicílios são atendidos três vezes na semana para a coleta de resíduos sólidos urbanos (LOGULLO, 2005).

Quanto à coleta e tratamento de efluentes domésticos, pelo CENSO de 2000, não existe ainda no Ribeirão da Ilha um sistema coletivo implantado. Pesquisa por amostragem constata a utilização de fossas sépticas por 97,8% dos domicílios, ligação indevida de esgoto a galerias de água pluvial por 1,73% e 0,5% dos domicílios não têm destinação das águas servidas. Dados semelhantes foram obtidos em estudo com maricultores. Noventa e um por cento deles adotam em seus domicílios o uso de fossas sépticas, 7% informaram que o destino do esgoto é a rede geral e 2% afirmam dar outro encaminhamento (MACHADO, 2002, p. 120).

Alguns fatores, como por exemplo, o alto nível do lençol freático, a proximidade dos domicílios da orla marítima, a falta de manutenção e tratamento do sistema e o transbordamento, quando de intensas precipitações pluviométricas, mostram a ineficácia das soluções adotadas individualmente com a utilização de fossas sépticas e sumidouros. Quando ocorrem intensas precipitações, além da

possibilidade de contaminação das águas dos rios, estes transportam os poluentes de origem terrestre para o ambiente marinho, interferindo no ecossistema (LOGULLO, 2005, p. 51).

Com relação ao abastecimento de água, em 2000, em Florianópolis, 89,7% dos domicílios estão ligados à rede de abastecimento de água. No Ribeirão da Ilha, 91,1% da população utiliza água distribuída pela CASAN e 8,8% fazem uso doméstico exclusivo de águas provenientes de fontes e nascentes (CEZA, 2003).

Com o crescente processo de urbanização do município de Florianópolis e o fluxo turístico do período de alta temporada, quando a população do município praticamente duplica, ocorre o desabastecimento de água em algumas regiões, especialmente ao norte da ilha (IPUF, 2004, p. 31).

Clima. Se analisada a situação brasileira, a variação climática é considerável. A maior parte do território brasileiro encontra-se em uma zona denominada intertropical, predominando baixas altitudes com variedades climáticas quentes e médias superiores a 20º. Em pontos isolados das regiões sul e sudeste, no inverno, ocorrem precipitações de geadas e neve, mas nas demais regiões e períodos do ano, a temperatura é elevada. No Brasil, as estações ocorrem em períodos opostos aos observados na Europa e Estados Unidos.

Em Florianópolis, inverno e verão são estações bem definidas enquanto primavera e outono têm características semelhantes. HERMANN et al (1987) assinalam que invernos relativamente frios e verões quentes refletem dados típicos de latitudes subtropicais, característicos do litoral brasileiro. O clima de Florianópolis é classificado como mesotérmico úmido, com temperaturas médias variando entre 20ºC e 24ºC. A média das temperaturas máximas nos meses mais quentes é de 28°C a 31°C e a média das mínimas no mês mais frio é de 7,5°C a 12°C (PMF, 2003).

Os sistemas atmosféricos atuantes são representados pelas massas de ar quentes e úmidas provenientes da massa de ar Tropical Atlântica e pelas massas frias e secas provenientes da massa Polar Atlântica (HORN FILHO et al., 1998b, p. 285).

O número de horas de insolação anual varia entre 2200 e 2400 horas. A média de chuva gira em torno de 140 dias por ano. Variações são registradas entre o norte e o sul da ilha: 1600 mm e 1400 mm respectivamente (GAPLAN, 1986). As precipitações são determinadas pelo avanço da Frente Polar Atlântica e, em

períodos em que o fenômeno El Niño está atuante, podem alcançar valores superiores e anômalos (HORN FILHO et al., 1998b, p. 285).

Ramos (2007, p. 60) cita que, em Florianópolis, chuvas mais intensas ocorrem nos meses de primavera e verão. Apresentando dados pluviométricos do período entre março de 2006 a março de 2007, fornecidos pela estação da EPAGRI, localizada em São José, verifica o menor acumulado mensal em junho de 2006 (35,2 mm³) e o maior em novembro do mesmo ano (242,6 mm³).

Com relação ao vento, em Florianópolis, a direção norte dos ventos é a mais freqüente, predominando em todos os meses do ano, enquanto os ventos da direção sul são menos constantes, porém mais intensos (GOULART, 1993) e têm suas direções alteradas pela abundância de acidentes geográficos, que apesar de apresentarem formas simples, funcionam muitas vezes como corredores (ANDRADE, 1996).

Nos meses de janeiro, maio e agosto os ventos têm velocidades mais baixas, sendo o mês de maio o de menor intensidade e o de outubro o de intensidade mais elevada, tanto média como máxima (GOULART, 1993). Tanto os ventos da direção norte como sul influenciam na formação de chuvas.

Oceano no local do cultivo. O oceano que banha a costa brasileira e Santa Catarina é o Oceano Atlântico. O litoral de Santa Catarina apresenta muitas áreas protegidas associadas a uma elevada concentração de nutrientes e fitoplâncton (WINCKLER et al., 1998), favorável aos cultivos marinhos.

Valores de salinidade entre 29,6‰ e 35,0‰ foram registrados durante abril e outubro de 1999 e 2000, no Ribeirão da Ilha (CURTIUS et al, 2003). Ramos (2007) estudou seis regiões de cultivo da Baía Sul da Ilha de Santa Catarina e encontrou uma salinidade média de 33,5‰, com mínima de 24‰ e máxima de 37‰, não tendo observado variação estatística entre as médias de salinidade das diferentes regiões durante as quinze coletas realizadas entre março de 2006 e março de 2007. Os menores índices de salinidade, registrados em algumas regiões em novembro de 2006, foram associados aos maiores índices pluviométricos, tanto no acumulado mensal como na semana anterior à coleta e também ao volume de água das enxurradas, que deságuam na Baía Sul nas regiões situadas mais internamente.

Duas correntes marinhas têm influência na região, a Corrente das Malvinas, com temperaturas mais frias e a Corrente do Brasil, com temperaturas mais quentes

entre 18 e 28°C. Raramente essa corrente ultrapassa a velocidade de 0,6 m/s (MARTINS, 1984).

A análise estatística de dados batimétricos da Baía Sul indica uma profundidade média de aproximadamente 5 metros, à exceção dos locais onde ocorre o estreitamento do corpo d’água, tanto ao norte como ao Sul, onde a profundidade é de 28 e 30 metros, respectivamente (MOLLERI e BONETTI, 2005).

A temperatura média das águas em seis regiões de cultivo da Baía Sul, registrada entre 2006 e 2007, foi de 23°C. A temperatura mínima assinalada foi de 18°C e a máxima de 29°C (RAMOS, 2007, p. 49).

Em Florianópolis, as marés são classificadas como micro-marés por apresentarem amplitude média abaixo de 2 metros. Caracterizam-se como semi- diurnas, com ciclos de enchente, preamar, vazante e baixa-mar completados em aproximadamente 12 horas (CRUZ, 1998).

• Dimensão demográfica

Demografia. Florianópolis, a capital do Estado, contava em 2005, com uma população estimada de 406.5 mil habitantes (IBGE, 2006b). Cerca de 97% reside em centros urbanos (IBGE, 2003). Com relação ao Ribeirão da Ilha, dados do Censo 2000 do IBGE, apontam 1.273 habitantes.

Em municípios da faixa litorânea do Estado de Santa Catarina concentram-se 767 maricultores dedicados ao cultivo de mexilhões e 171 dedicados à produção de ostras. Florianópolis possui atualmente 130 produtores, distribuídos num parque aqüícola de 176,7 hectares. Desse total, 93 maricultores atuam na baía sul (OLIVEIRA NETO, 2006).