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3.1 Introdução

Neste capítulo são apresentadas inicialmente a introdução e a forma como o capítulo está estruturado. Na segunda seção, faz-se a caracterização do estudo. A seguir, na terceira seção, explicita-se o critério que norteou a escolha das situações de trabalho contempladas pela pesquisa.

Na quarta seção, define-se o modelo de análise, sua modalidade de construção com os conceitos, dimensões e indicadores, as técnicas para a coleta de dados e informações e a modalidade de tratamento e análise dos dados. Na quinta seção, apresenta-se a aplicação do modelo de análise em uma situação de trabalho localizada no Brasil e outra situada na França. Na sexta seção, apresentam-se as conclusões relacionadas ao capítulo.

Na Figura 7 apresenta-se a representação gráfica da estrutura do capítulo.

Figura 7 - Representação gráfica da estrutura do capítulo três

Caracterização do estudo

Critérios de escolha das situações de trabalho

Modelo de Análise

Técn.para a coleta de dados e informações. Mapas cognitivos.

Tratamento e análise de dados

Aplicação do Modelo de Análise C ap ítu lo 3 D es cr iç ão d a pe sq ui sa

3.2 Caracterização do Estudo

O estudo caracteriza-se como uma pesquisa qualitativa. Alguns pressupostos orientam tal decisão (MINAYO, 1993, p. 245; GODOY, 1995a, BOGDAN e BIKLEN, 2003):

• o fenômeno é estudado no contexto onde ocorre, entendendo-se as pessoas, processos de trabalho e ambiente como um todo que interage dinamicamente; • a palavra é tomada como instrumento de revelação de condições históricas,

socioeconômicas e culturais específicas;

• a compreensão gradativa do fenômeno estudado possibilita redefinir questões inicialmente formuladas;

• as descrições pormenorizadas de como o fenômeno se manifesta nas atividades, procedimentos e nas interações cotidianas é essencial para a compreensão do problema em estudo.

Para levantar os conhecimentos utilizados pelos ostreicultores no cultivo de ostras em duas situações específicas, Brasil e França, optou-se pelo estudo de caso, que consiste segundo Gil (2002), à análise exaustiva e aprofundada de um ou poucos objetos, de forma a possibilitar seu amplo e detalhado conhecimento. Ou, com base em Yin (2005), a uma “pesquisa empírica que investiga um fenômeno contemporâneo dentro do seu contexto na vida real, especialmente quando os limites entre o fenômeno e o contexto não estão claramente definidos”. Godoy (1995b, p. 25) refere-se a estudo de caso comparativo quando possibilita verificar similaridades e diferenças entre situações previamente escolhidas.

Sintetizando, trata-se de uma pesquisa qualitativa com enfoque descritivo utilizando estudo de caso comparativo para a análise do fenômeno abordado.

3.3 Critérios de escolha das situações de trabalho

De acordo com Minayo (1997, p. 43), a representatividade na pesquisa qualitativa baseia-se na vinculação significativa com a problemática estudada. Quivy e Campenhoudt (1992, p. 164) indicam que a amostra pode ser formada por

componentes característicos da população, embora não estritamente representativos.

A tese objetiva a explicitação de conhecimentos utilizados no cultivo de ostras tendo como população ostreicultores que trabalham em duas situações de trabalho distintas, uma localizada no Brasil, no estado de Santa Catarina, em Florianópolis, e outra na França, no departamento de Charente Maritime, em Marennes-Oléron, região conchilícola com maior produção de ostras da França.

A situação brasileira, localizada no Ribeirão da Ilha, é uma empresa familiar, onde as atividades de cultivo de ostras iniciaram no ano 2000. A ostreicultora participa ativamente de associações e cooperativa que reúne maricultores e utiliza processos artesanais de trabalho. A produção é comercializada localmente na forma in natura ou processada e também entregue à cooperativa dos maricultores quando há demanda do produto.

A situação francesa é uma empresa familiar, instalada em Bourcefranc em 1930. A empresa produz e expede o produto para todo o território francês durante o ano e mais intensivamente no final de ano. As atividades dos ostreicultores são apoiadas por um conjunto estruturado de tecnologias materiais, de operações e de conhecimento, o que determinou a sua escolha como situação de referência na França.

Anterior à definição da situação de trabalho para a pesquisa, realizaram-se estudos no Liceu do Mar e do Litoral e na Empresa Stevens Portier, situados em Bourcefranc. O contato com as pessoas e situações possibilitou a familiarização com o vocabulário técnico utilizado localmente no manejo e com as tecnologias empregadas nas diversas etapas do cultivo, da produção de larvas de ostras em laboratório à comercialização. Foram acompanhadas atividades nos parques aqüícolas, claires e degorgeoires, como por exemplo, captação de larvas, limpeza de parques, colocação, retirada e transporte de mesas e de sacos de malha plástica contendo ostras, operações envolvendo virar e transferir os sacos contendo ostras para outros parques, operações de manutenção dos sacos de malha plástica, entre outras.

Nas duas situações, registrou-se a relevância dos conhecimentos utilizados em situação, a diversidade de instrumentos e equipamentos empregados, o grande número de operações realizadas, a especificidade dos manejos devido à interferência das marés e particularidades de localização dos parques aqüícolas.

A escolha da amostra para o desenvolvimento do estudo foi intencional. Optou-se por considerar, para a realização dele, as atividades executadas na unidade de manejo, pela maior similaridade com aquelas realizadas na situação brasileira.

3.4 Modelo de análise

O modelo de análise constitui a lógica que interliga os dados a serem coletados às conclusões a que eles encaminham e à pergunta inicial do estudo (YIN, 2005).

Para Quivy e Campenhoudt (1992, p. 115, 119, 151), o modelo de análise corresponde a uma extensão natural da pergunta de pesquisa onde estão articuladas operacionalmente as pistas para orientar o trabalho de observação e análise. A construção do modelo é feita a partir de conceitos, aqui denominados variáveis, de dimensões e de indicadores.

Os conceitos ou variáveis representam aspectos do recorte da realidade que é motivo de análise do pesquisador. Construir um conceito implica em determinar as dimensões e os indicadores que o constituem, por meio dos quais a realidade é apreendida. As dimensões possibilitam aproximações com a realidade que constitui os conceitos. Os indicadores correspondem às manifestações observáveis, ao que possa fornecer informação acerca das dimensões do conceito (QUIVY e CAMPENHOUDT, 1992, p. 112, 122 e 123).

A definição das variáveis/conceitos foi estabelecida buscando responder a pergunta de partida e para atender os pressupostos da abordagem teórica e metodológica selecionada para suporte do estudo. As variáveis referem-se ao ambiente externo e interno das situações de trabalho no Brasil e na França.

A.Variáveis relativas ao ambiente externo

O conjunto de dimensões e indicadores selecionado para compor a análise do ambiente externo da situação no Brasil e na França é apresentado nos Quadros 3 a 5 e retrata aspectos ambientais, tecnológicos sociais e antropológicos.