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Contexto sueco pós-Segunda Guerra Mundial

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CAPÍTULO 3 – CRIAÇÃO DA CONVENÇÃO DAS IGREJAS EVANGÉLICAS BATISTAS INDEPENDENTES DO BRASIL – CIEBIB

3.1. Contexto sueco pós-Segunda Guerra Mundial

O ano de 1945 foi marcado pelo fim da Segunda Guerra Mundial, quando Hitler e seus seguidores foram finalmente derrotados pelas tropas russas em Berlim. Oito anos de uma intensa guerra legou à humanidade um saldo de cerca de seis milhões de judeus mortos nos campos de concentração nazistas, sem falarmos nos soldados e pessoas de diversas nacionalidades e etnias. O início da década de 1950 representava, portanto, um recomeço para muitas nações no mundo.

Como uma forma de caracterizar o contexto sueco pós-Segunda Guerra Mundial, recorremos aos trabalhos de Ahrne, Roman e Franzén.250 Conforme os autores, entre os anos 1950 e 1970, a política sueca possuía uma forte ênfase no bem-estar social de todos os cidadãos. Após a Segunda Guerra Mundial, a indústria sueca estava gozando de um período de grande crescimento, tendo muitos cidadãos empregados na indústria, setor estatal mais apoiado. Nesse contexto, muitos cidadãos mudaram-se do campo para as cidades, gerando um processo de urbanização. Há que se notar que a Suécia não participou diretamente da Segunda Guerra Mundial; não foi invadida e nem bombardeada por nenhum país, por isso as suas fábricas estavam bem preparadas em termos de estrutura física, bem como dispunha de um grande número de trabalhadores.

249 ANGELIN, Nils. Princípios de nossa fé. 2ª edição - Convenção Batista Independente, Campinas: 1953. 250 AHRNE, Göran; ROMAN, Christine; FRANZÉN, Mats. Det sociala landskapet: en sociologisk beskrivning av Sverige från 1950-talet till början av 2000-talet. Göteborg, Korpen Bokförlaget, 2008, p. 13-48.

A ideologia social democrata era fortíssima, sendo que os governantes daquele país eram oriundos dessa linhagem política. Iniciou-se, assim, a construção de uma sociedade igualitária, onde todos os cidadãos possuíam acesso às políticas públicas promovidas pelo Estado. Todos os pais, independentemente de sua condição social, receberam ajuda financeira do Estado para investir na educação de seus filhos. O pensamento coletivo ganhou força, resultando na promoção de direitos iguais a todos os membros da sociedade.

O contexto familiar também foi alterado após a Segunda Guerra Mundial com o nascimento recorde de crianças, o que é descrito como baby boom, expressão que descreve o que ocorreu entre os anos de 1946 a 1948, quando do retorno dos soldados suecos da guerra – mesmo que o país não tivesse participado da guerra, precisavam estar preparados para ela, de modo que muitos soldados suecos permaneceram longe de seus lares. Quando os soldados retornaram e encontraram suas esposas, essas engravidaram, de modo que ocorreru o tal fenômeno social. Essa geração é conhecida hoje como baby boomers.

A política sueca das décadas de 1950 e 1960 era dominada pelos sociais democratas. Esses desejavam construir o chamado Folkhemmet, isto é, a casa do povo, expressão que descreve um Estado forte apoiado por altos impostos, que financiava o bem-estar social promovendo muitas formas de auxílio à população – por exemplo, a já mencionada ajuda aos filhos, bem como auxílio para moradia, creches, escolas, acesso a saúde pública para todos os cidadãos e desemprego quase zero. A taxa de desemprego era tão baixa nesse período que chegou a faltar trabalhadores para a indústria, fazendo com que a Suécia passasse a buscar trabalhadores de outros países. Esse progresso refletiu economicamente na vida dos cidadãos promovendo um grande crescimento na renda per capita.

Figura 2 – Crescimento da renda per capta na Suécia

Fonte: AHRNE,; ROMAN; FRANZÉN, 2008.

Na década de 1960, houve uma grande demanda de novas moradias para as crianças que haviam nascido após a Segunda Guerra Mundial. O Estado sueco prometeu construir um milhão de novas moradias – entre apartamentos e casas –, financiando o projeto para a população. Essa ação do governo sueco foi chamada de Miljonprogrammet, ou o programa milhão. Esta promessa foi cumprida entre os anos de 1965 a 1974.

Em 1973, iniciou-se um período de crise e racionamento, com a chamada crise do petróleo. Os países exportadores não estavam repassando para a Europa, o que acabou estrangulando o acesso ao petróleo e ocasionando, portanto, um grande racionamento de combustíveis no país. Em 1976, os democratas sociais perderam o poder para uma aliança entre o partido moderador, partido do povo e o partido central.

Nos anos de 1980, o país prosseguiu em desenvolvimento, porém o pensamento coletivo começou a ser substituído por um pensamento mais individualista, cujo o slogan era Satsa på

dig själv, ou “invista em você mesmo”. Ainda nos anos de 1980, surgiu um grupo chamado

Yuppien, pessoas que ganhavam dinheiro na bolsa de valores através da especulação financeira. O desemprego, nesse período, continuava extremamente baixo e os juros eram quase inexistentes. Por isso, muitas pessoas pegaram empréstimos nos bancos, gerando uma bolha no sistema financeiro, tendo como consequência a crise econômica da década de 1990. Durante um pequeno período na década de 1990, os juros chegaram a quinhentos por cento ao ano e o desemprego chegou a dez por cento da população. No ano de 1995, a Suécia adere à União Europeia, porém, não adotou o Euro como moeda oficial.

105.000,00SEK 120.000,00SEK 140.000,00SEK 170.000,00SEK 200.000,00SEK 225.000,00SEK238.000,00SEK ano 1950 1955 1960 1965 1970 1975 1980

3.1.1. A religião

Na esfera religiosa, a Suécia era considerada tradicionalmente como um país cristão, pertencente à tradição protestante Luterana. Contudo, atualmente, é preferível descrever a Suécia como um país secular e laico, onde poucas pessoas são engajadas religiosamente ou praticam uma vida religiosa. Entre os anos de 1593 até o ano 2000, a igreja sueca, isto é, a Igreja Luterana, era a Igreja Estatal. Em 26 de outubro 1951, foi promulgada a Lei nº 1951/680 sobre a liberdade religiosa na Suécia251, dando a cada cidadão a escolha de pertencer ou não a

uma instituição religiosa. Anteriormente a essa lei, era obrigatória a adesão a uma nova confissão religiosa para deixar a pertença religiosa anterior. Com a promulgação desta lei ainda foi possível o não pertencimento a uma confissão religiosa se assim fosse o desejo do cidadão.

3.1.2. A família

No início da década de 1950, o modelo de família tradicional (pai, mãe e filhos) começou a ser alterado, na Suécia, para um modelo de “família moderna”, caracterizada por diferentes formas de família: família tradicional ainda existe; viver como sambu (união estável); uma família de apenas um adulto; famílias com adultos do mesmo sexo; uma família com filhos de pais diferentes. Isto é resultado, em parte, da política de liberdade e individualismo e, em parte, do desenvolvimento econômico252.

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