• Nenhum resultado encontrado

Download/Open

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Download/Open"

Copied!
305
0
0

Texto

(1)UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO – UMESP DIRETORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA RELIGIÃO. SAMUEL PEREIRA VALÉRIO. PENTECOSTALISMO BRASILEIRO DE IMIGRAÇÃO: CONTEXTO, COTIDIANO E INSTITUCIONALIZAÇÃO DA CONVENÇÃO DAS. IGREJAS BATISTAS INDEPENDENTES. SÃO BERNARDO DO CAMPO 2019.

(2) SAMUEL PEREIRA VALÉRIO. PENTECOSTALISMO BRASILEIRO DE IMIGRAÇÃO: CONTEXTO, COTIDIANO E INSTITUCIONALIZAÇÃO DA CONVENÇÃO DAS. IGREJAS BATISTAS INDEPENDENTES. Tese de doutorado apresentada ao Programa de PósGraduação da Universidade Metodista de São Paulo, Diretoria de Pós-Graduação e Pesquisa, para obtenção do grau de doutor. Área de Concentração: Religião, Sociedade e Cultura Linha de Pesquisa: Socioculturais. Religião. e. Orientador: Prof. Dr. Lauri Emilio Wirth. SÃO BERNARDO DO CAMPO 2019. Dinâmicas.

(3) FICHA CATALOGRÁFICA V237p. Valério, Samuel Pereira Pentecostalismo brasileiro de imigração: contexto, cotidiano e institucionalização da Convenção das Igrejas Batistas Independentes / Samuel Pereira Valério -- São Bernardo do Campo, 2019. 304 p. Tese (Doutorado em Ciências da Religião) --Diretoria de PósGraduação e Pesquisa, Programa de Pós-Graduação em Ciências da Religião da Universidade Metodista de São Paulo, São Bernardo do Campo, 2019. Bibliografia Orientação de: Lauri Emílio Wirth. 1. Pentecostalismo – Brasil 2. Igreja Batista Sueca 3. Missionários 4. Pastores 5. CIBI – Convenção das Igrejas Batistas Independentes I. Título CDD 286.181.

(4) A tese de doutorado intitulada: PENTECOSTALISMO BRASILEIRO DE IMIGRAÇÃO: CONTEXTO, COTIDIANO E INSTITUCIONALIZAÇÃO DA CONVENÇÃO DAS IGREJAS BATISTAS INDEPENDENTES, elaborada por SAMUEL PEREIRA VALÉRIO, apresentada e aprovada em 22 de abril de 2019, perante banca examinadora composta por Prof. Dr. Lauri Emilio Wirth (Presidente/UMESP); Prof. Dr. Marcel Mendes (Titular/ Universidade Presbiteriana Mackenzie); Profª. Drª. Valéria Cristina Vilhena (Titular/UMESP); Prof. Dr. Edin Sued Abumanssur (Titular/Pontifícia Universidade Católica-SP); Prof. Dr. Dario Paulo Barrera Rivera (Titular/UMESP).. _____________________________________________ Prof. Dr. Lauri Emilio Wirth Orientador e Presidente da Banca Examinadora. _____________________________________________ Prof. Dr. Helmut Henders Coordenador do Programa de Pós-Graduação. Programa: Ciências da Religião Área de Concentração: Religião, Sociedade e Cultura Linha de Pesquisa: Religião e Dinâmicas Socioculturais.

(5) AGRADECIMENTOS. Agradeço a Deus pela vida e todo bem que me tem feito. Agradeço à minha esposa, Maria, minha gata, que nos momentos de alegria e de situações complicadas esteve ao meu lado e me fortaleceu nas angústias que vivi no decorrer da pesquisa, incentivando-me e ajudando-me a chegar até o final. Você é minha inspiração. Te amarei para sempre! Agradeço ao meus pais, Zeonirio Valério e Adir Pereira Valério, que me ensinaram o caminho do Senhor Jesus, no qual tenho trilhado a minha vida. À minha mãe, Adir, em especial, pois após perdermos o nosso pai, não nos deixou esmorecer, mostrando-nos que havia um futuro preparado por Deus para nós. Te amo, mãe! Agradeço a minhas irmãs, irmãos, cunhados, cunhadas, sobrinhos e sobrinhas pela força e pelos elogios. Agradeço, em especial, ao Silas, que me ajudou sobremaneira com a tradução de cartas, atas e recortes de jornais para que esta pesquisa tivesse maior profundidade documental. Serei eternamente grato a você. Agradeço à Igreja Batista Filadélfia em Lauzane, São Paulo, igreja onde nasci, cresci, fui batizado, casei, fui ordenado ao ministério pastoral e hoje faço parte do colegiado de pastores. Agradeço ao Pr. Ademir Pereira Nunes, nosso pastor sênior, que sempre me incentivou nas pesquisas, trocando ideias que nos ajudam na caminhada. Ao Pr. José Heleno Barbosa da Silva, pelo companheirismo e amizade. Ao Pr. Orfeu Campos Jr., sempre com uma palavra amiga e otimista. Ao Pr. Daniel Viana, que sempre se atentou em perguntar sobre as etapas desta pesquisa. Ao Pr. Marcelo Suita, amigo de momentos especiais de oração. À Pra. Silvia Nicolai, que sempre deseja aprofundar-se em conhecimentos. Aos irmãos e irmãs do ministério Eu Posso, aos quais dedico parte da minha vida ministerial. Aos irmãos e irmãs da igreja, pessoas comprometidas com o Reino de Deus. Agradeço a meu orientador, professor Dr. Lauri Emilio Wirth, que pacientemente me orientou durante o processo de pesquisa, enriquecendo a composição desta ao tecer comentários e críticas, ensinando-me a ponderar em alguns momentos e abrindo-me a visão para que enxergasse elementos incorporados à pesquisa sem os quais ela ficaria empobrecida. Agradeço aos demais professores do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Religião da Universidade Metodista de São Paulo (UMESP), com os quais pude aprender muito nesses quatros anos. Quero agradecer a Regiane Vitalino da Silva, secretária do.

(6) programa, que com toda a simpatia nos acolhe e nos esclarece quanto aos procedimentos do programa de Ciências da Religião. Agradeço à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), cuja bolsa integral de estudos foi primordial para que esta pesquisa fosse realizada. Agradeço ao Instituto Ecumênico de Pós-Graduação (IEPG), que em momentos de dificuldade foi um importante auxílio. Agradeço à minha amiga Marina Aparecida Oliveira dos Santos Correa, que me auxiliou desde a composição do projeto para o ingresso no doutorado e, durante o período de estudos, nunca hesitou em ajudar; antes, sempre esteve presente nos principais momentos. Tenho uma dívida acadêmica impagável contigo, Marina. Obrigado! Agradeço aos amigos de pesquisa, sobretudo ao Grupo de Pesquisa do Protestantismo e Pentecostalismo da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), onde nossa pesquisa inicial foi desenvolvida. Aos amigos do Grupo de Pesquisa Religião e Vida Cotidiana da UMESP, que ajudam sobremaneira com os feedbacks..

(7) Mas a vereda dos justos é como a luz da aurora, que vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito. Provérbios 4:18.

(8) VALÉRIO, Samuel Pereira. Pentecostalismo brasileiro de imigração: contexto, cotidiano e institucionalização da Convenção das Igrejas Batistas Independentes. 304f. 2019. Tese (Doutorado em Ciências da Religião) – Diretoria de Pós-Graduação e Pesquisa. Programa de Pós-Graduação em Ciências da Religião da Universidade Metodista de São Paulo, São Bernardo do Campo. 2019. RESUMO A presente pesquisa investiga o Pentecostalismo brasileiro de imigração, que fundou no Brasil a Igreja Batista Sueca (IBS) e, posteriomente, a Convenção das Igrejas Batistas Independentes (CIBI). Dentre as principais especificidades dessa igreja estão a transformação do carisma, sua etnicidade, a preservação cultural como forma de coesão do grupo, sendo uma igreja burocrática e racional, traço herdado da Örebromissionen (ÖM), ou seja, Missão de Örebro. Partindo da investigação de documentos históricos e levantamento de dados empíricos – fontes primárias – , além de estudos sobre a origem e fundação da IBS, a presente pesquisa expõe as origens, a história dessa denominação, analisando as disputas por poder entre os missionários suecos e os pastores nativos, bem como sua lógica de funcionamento. A busca pela ascensão denominacional dos pastores autóctones é um traço determinante na construção identitária do que veio a ser a nacionalização da IBS, através do nascimento da CIBI. Articulações e jogos de poder foram se desenvolvendo durante os primeiros quarenta anos de missão no Brasil. As características mais recentes da denominação, bem como as suas atuais estruturas, também foram analisadas nesta pesquisa, a fim de compreendermos como foi possível, no decorrer dos anos, uma ambiguidade doutrinária e uma teologia fragmentada, fruto do recebimento de ministros oriundos de outras denominações evangélicas, sobretudo pentecostais. A CIBI representa um pentecostalismo centenário que correu à margem das demais denominações pentecostais fundadoras do movimento no país, tendo uma forma de atuação muito específica e singular. As tipologias de poder de Max Weber, a estrutura no desenvolvimento do poder de Foucault e o conceito de campo de Pierre Bourdieu compuseram o arsenal teórico para a análise da história e da prática religiosa da IBS e, posteriormente da CIBI. Cabe ressaltar ainda que a CIBI é uma convenção pentecostal centenária não catalogada pelos pesquisadores do fenômeno religioso pentecostal. Palavras-chave: Pentecostalismo. Igreja Batista Sueca. Missionários. Pastores nativos. Convenção das Igrejas Batistas Independentes..

(9) VALÉRIO, Samuel Pereira. Brazilian Pentecostalism of immigration: context, daily life and institutionalization of the Convention of Independent Baptist Churches. 304p. 2019. Thesis (Doctorate in Sciences of the Religion) – Directory of Post-Graduation and Research. PostGraduation Program in Religion Sciences of the Methodist University of São Paulo, São Bernardo do Campo. 2019. ABSTRACT The present research investigates the Brazilian Pentecostalism of immigration that arrived at Brazil founding the Baptist Church Swedish (IBS) and, later, the Convention of the Independent Baptist Churches (CIBI). Among at the main specificities of that church are the transformation of the charism, its ethnicity, cultural preservation as a form of cohesion of the group, being a bureaucratic and rational church, a trait inherited from Örebromissionen (ÖM), that is, Örebro Mission. Starting from the investigation of historical documents and empirical data collection – primary sources –, in addition to studies on the origin and foundation of the IBS, the present research exposes the origins, the history of this denomination, analyzing disputes for power among the Swedish missionaries and the native shepherds, as well as their logical form of functioning. The search for the denominational rise of indigenous pastors is a determining factor in the identity construction of what became the nationalization of IBS through the birth of CIBI. Joints and power games were developed during the first forty years of mission in Brazil. The most recent features of the denomination as well as its present structures were also analyzed in this research, in order to understand how, over the years, a doctrinal ambiguity and a fragmented theology was possible, as a result of the reception of ministers from other evangelical denominations, especially Pentecostals. The CIBI is a centenarian Pentecostalism that ran to the margin of the other Pentecostal denominations founders of the movement in the country, having a very specific and unique way of acting. Max Weber's typologies of power, Foucault's power-building structure and Pierre Bourdieu's field concept provide the theoretical arsenal for the analysis of the history and religious practice of IBS and subsequently CIBI. It should be noted that CIBI is a centennial Pentecostal convention not cataloged by researchers of the Pentecostal religious phenomenon. Keywords: Pentecostalism. Swedish Baptist Church. Missionaries. Native Shepherds. Convention of Independent Baptist Churches..

(10) VALÉRIO, Samuel Pereira. Pentecostalismo brasileño de inmigración: contexto, cotidiano e institucionalización de la Convención de las Iglesias Bautistas Independientes. 304p. 2019. Tesis (Doctorado en Ciencias de la Religión) – Dirección de Postgrado e Investigación. Programa de Postgrado en Ciencias de la Religión de la Universidad Metodista de São Paulo, São Bernardo do Campo. 2019. RESUMEN La presente investigación investiga el Pentecostalismo brasileño de inmigración, que fundó en Brasil la Iglesia Bautista Sueca (IBS), y, posteriormente, la Convención de las Iglesias Bautistas Independientes (CIBI). En las principales especificidades de esta iglesia están la transformación del carisma, su etnicidad, la preservación cultural como forma de cohesión del grupo, siendo una iglesia burocrática y racional, rasgo heredado de la Örebromissionen (ÖM), o sea, Misión de Örebro. A partir de la investigación de documentos históricos y el levantamiento de datos empíricos – fuentes primarias – además de estudios sobre el origen y fundación de la IBS, la presente investigación expone los orígenes, la historia de esa denominación, analizando las disputas por poder entre los misioneros suecos y los pastores nativos, así como su forma lógica de funcionamiento. La búsqueda por la ascensión denominacional de los pastores autóctonos es un rasgo determinante en la construcción identitaria de lo que vino a ser la nacionalización de la IBS a través del nacimiento de la CIBI. Articulaciones y juegos de poder se fueron desarrollando durante los primeros cuarenta años de misión en Brasil. Las características más recientes de la denominación, así como sus actuales estructuras, también fueron analizadas en esta investigación, a fin de comprender cómo fue posible, a lo largo de los años, una ambigüedad doctrinal y una teología fragmentada, fruto de la recepción de ministros oriundos de otras denominaciones evangélicas, sobre todo pentecostales. La CIBI es un pentecostalismo centenario que corrió al margen de las demás denominaciones pentecostales fundadoras del movimiento en el país, teniendo una forma de actuación muy específica y singular. Las tipologías de poder de Max Weber, la estructura en el desarrollo del poder de Foucault y el concepto de campo de Pierre Bourdieu ofrecen el arsenal teórico para el análisis de la historia y de la práctica religiosa de la IBS y posteriormente de la CIBI. Se hace necesario resaltar aún que la CIBI es una convención pentecostal centenaria no catalogada por los investigadores del fenómeno religioso pentecostal. Palabras clave: Pentecostalismo. Iglesia Bautista Sueca. Misioneros. Pastores nativos. Convención de las Iglesias Bautistas Independientes..

(11) LISTA DE ILUSTRAÇÕES. Figura 1 – Relação Hierárquica da IBS no Brasil............................................................... 118 Figura 2 – Crescimento da renda per capta na Suécia...................................................... 122 Quadro 1 – Estrutura de organização da CEIBIB............................................................. 189 Quadro 2 – Nova estrutura de organização da CEIBIB..................................................... 190.

(12) LISTA DE SIGLAS. AD - Assembleia de Deus CCB - Congregação Cristã no Brasil CEIBSR - Convenção Evangélica das Igrejas Batistas Sul-Rio-Grandense CESNT - Comunidade Evangélica Sara a Nossa Terra CIBI - Convenção das Igrejas Batistas Independentes CIEBIB - Convenção das Igrejas Evangélicas Batistas Independentes do Brasil CIBIERGS - Convenção das Igrejas Batistas Independentes do Estado do Rio Grande do Sul CIBIESC - Convenção das Igrejas Batistas Independentes do Estado de Santa Catarina CIBIPAR - Convenção das Igrejas Batistas Independentes do Estado do Paraná CIBILA - Convenção das Igrejas Batistas Independentes de Língua Alemã CIBIESP - Convenção das Igrejas Batistas Independentes do Estado de São Paulo CIBIERJ - Convenção das Igrejas Batistas Independentes do Estado do Rio de Janeiro CIBIMINAS - Convenção das Igrejas Batistas Independentes do Estado de Minas Gerais CIBIES - Convenção das Igrejas Batistas Independentes do Estado do Espírito Santo CIBIMAT - Convenção das Igrejas Batistas Independentes do Estado do Mato Grosso e Rondônia CRIBI - BC - Convenção das Igrejas Batistas Independentes do Brasil Central CIBIEG - Convenção das Igrejas Batistas Independentes do Estado de Goiás CIBIPB - Convenção das Igrejas Batistas Independentes do Estado da Paraíba CIBISBA - Convenção das Igrejas Batistas Independentes do Sudoeste da Bahia CIBIBA - Convenção das Igrejas Batistas Independentes Norte da Bahia CIBISA - Convenção das Igrejas Batistas Independentes de Sergipe e Alagoas CIBICE - Convenção das Igrejas Batistas Independentes dos Estados de Ceará, Piauí e Maranhão CIBIPE - Convenção das Igrejas Batistas Independentes do Estado de Pernambuco CIBIRN - Convenção das Igrejas Batistas Independentes do Estado do Rio Grande do Norte CIBIAR - Convenção das Igrejas Batistas Independentes do Estado do Amazonas e Roraima CG - Comunidade da Graça EFK - Evangeliska Frikyrkan - Igreja Evangélica Livre EBI - Editora Batista Independente EBD - Escola Bíblica Dominical.

(13) FEPAS - Federação das Entidades e Projetos Assistenciais da CIBI IAB - Igreja do Avivamento Bíblico IAP - Igreja Adventista da Promessa IARC - Igreja Apostólica Renascer em Cristo IBS - Igreja Batista Sueca IC - Igreja de Cristo ICV - Igreja Cristo Vive ICPB - Igreja de Cristo Pentecostal no Brasil ICPI - Igreja de Cristo Pentecostal Internacional IEQ - Igreja do Evangelho Quadrangular IIGD - Igreja Internacional da Graça de Deus INSJC - Igreja Nacional do Senhor Jesus Cristo IPOBPC - Igreja Pentecostal O Brasil Para Cristo IPCC - International Pentecostal Church of Christ IPDA - Igreja Pentecostal Deus é Amor IURD - Igreja Universal do Reino de Deus JEeP - Junta de Educação e Publicações JET - Junta de Educação Teológica JFN - Junta Feminina Nacional MOBI - Mocidade Batista Independente MOBICON - Congresso da Mocidade Batista Independente ÖM - Örebromissionen - Missão de Örebro RED - Revista da Escola Dominical REJ - Revista de Estudo do Jovem SM - Secretaria de Missões SMSR - Sociedade Missionária Sul-Riograndense STBI - Seminário Teológico Batista Independente TERFUND - The Evangelical Alliance Reflief Fund TMI - Teologia da Missão Integral UMBI - União de Ministros Batistas Independentes.

(14) SUMÁRIO INTRODUÇÃO. 17. CAPÍTULO 1 – ESPECIFICIDADES DA IGREJA BATISTA SUECA EM GUARANI - RIO GRANDE DO SUL 23 Questões introdutórias. 23. 1.1. O contexto social sueco no final do século XIX. 26. 1.2. O contexto social brasileiro no final do século XIX. 29. 1.3. Protopentecostalismo sueco. 30. 1.4. A primeira tentativa do envio de um missionário ao Brasil − Adolf Larsson. 34. 1.5. A imigração sueca para o Brasil. 35. 1.5.1. A chegada ao Brasil. 36. 1.5.2. A instalação dos imigrantes suecos em Ijuí e Guarani - RS. 37. 1.5.3. A adaptação dos colonos suecos ao sul do Brasil. 37. 1.6. Anos mais tarde. 38. 1.6.1. Erik Jansson: sua vocação e envio ao Brasil. 39. 1.6.2. Espiritualidade dos colonos suecos. 47. 1.6.3. O surgimento da Igreja Batista Sueca em Guarani. 49. 1.6.4. A colônia e a Igreja em Ijuí. 52. 1.7. Panorama dos Batistas na Suécia e no Brasil no final do século XIX. 53. 1.7.1. Os colonos suecos de Guarani. 55. 1.7.2. O caso dos alemães em Guarani. 57. 1.7.3. Igreja Filadélfia de Örebro e sua relação com a cura divina. 58. 1.7.4. Igreja Batista Sueca e a questão étnica. 59. 1.7.5. Igreja Batista Sueca e a cura divina. 61. 1.8. Surgimento de novas igrejas e a Convenção Evangélica das Igrejas Batistas Sul-RioGrandense 62 1.9. Especificidades do Pentecostalismo brasileiro de imigração: Agricultura de subsistência e religiosidade dos colonos suecos em Guarani (RS) 63 1.9.1. Dominação Carismática na Igreja Batista Sueca. 65. 1.9.2. As transformações do Carisma. 66. 1.9.3. A pertinência à “raça”. 70. 1.9.4. Nascimento da ideia de coletividade étnica. Comunidade linguística e de culto. 70.

(15) 1.9.5. Igreja Batista Sueca: burocrática e racional. 73. CAPÍTULO 2 – IGREJA BATISTA SUECA: DISPUTA DE PODER RELIGIOSO ENTRE MISSIONÁRIOS SUECOS DA ÖM E PASTORES NATIVOS 76 Questões introdutórias. 76. 2.1. Mudanças socioeconômicas no Brasil − 1890 a 1930. 79. 2.2. Pentecostalismo étnico de subsistência. 80. 2.3. Igreja Batista Sueca e a centralidade do poder sobre Erik Jansson. 82. 2.3.1. A solução: “um problema” – tensão entre Jansson e Svensson. 84. 2.3.2. Poder para decidir na IBS. 85. 2.3.2. Carta de Erik Jansson a John Ongman. 87. 2.3.3. Conflito na Igreja Batista Alemã. 89. 2.3.4. Erik Jansson delata Carl Svensson a John Ongman. 92. 2.3.5. Carta de Carl Svensson a John Ongman. 94. 2.3.6. Carta de Carl Svensson à Igreja Filadélfia em Örebro. 95. 2.3.7. Carta de Carl Svensson à Örebromissionen sobre o pedido de demissão de Jansson 95 2.3.8. Carta de demissão de Erik Jansson a John Ongman e à Igreja Filadélfia em Örebro 98 2.3.9. Carta de demissão de Carl Svensson à Örebromissionen. 99. 2.4. Hierarquia na IBS. 101. 2.5. Surgimento dos pastores autóctones. 102. 2.6. A IBS no contexto do emergente nacionalismo brasileiro. 106. 2.7. Sociedade Missionária Sul-Riograndense – SMSR. 107. 2.8. Conflito interno na Convenção de 1939. 108. 2.9. Poder religioso e econômico na IBS. 110. 2.10. Estrutura de funcionamento da IBS no Brasil. 118. CAPÍTULO 3 – CRIAÇÃO DA CONVENÇÃO DAS IGREJAS EVANGÉLICAS BATISTAS INDEPENDENTES DO BRASIL – CIEBIB 119 Questões introdutórias. 119. 3.1. Contexto sueco pós-Segunda Guerra Mundial. 120. 3.1.1. A religião. 123. 3.1.2. A família. 123. 3.2. O contexto brasileiro na década de 1950. 123. 3.3. Colonialismo-teológico-missionário na Igreja Batista Sueca. 126. 3.4. Dinâmica do campo religioso da IBS e CEIBSR. 128.

(16) 3.4.1. Dinâmica do campo religioso: habitus, acumulação de capital simbólico e religioso129 3.5. Antecedentes históricos das igrejas organizadas pela ÖM que levaram ao surgimento da Convenção das Igrejas Evangélicas Batistas Independentes do Brasil – CIEBIB 138 3.5.1. O surgimento da Convenção das Igrejas Evangélicas Batistas Independentes do Brasil – CIEBIB 143 3.5.2. Ata final da criação da Convenção das Igrejas Evangélicas Batista Independentes do Brasil (CIEBIB) em 1952 147 3.6. Volta de Erik e Anna Jansson à Suécia. 151. 3.7. Igrejas fundadas durante e após a organização da CIEBIB. 152. 3.8. Fundação do Seminário Teológico Batista Independente – STBI. 154. 3.9. “Princípios da nossa fé”. 156. 3.10. Criação da União de Ministros Batistas Independentes (UMBI). 159. CAPÍTULO 4 – CONVENÇÃO DAS IGREJAS BATISTAS INDEPENDENTES: CARACTERIZAÇÃO DE UM PENTECOSTALISMO MARGINAL 161 Questões introdutórias. 161. 4.1. Estereótipo pentecostal pós-1960. 162. 4.2. Manifestações espirituais como força social. 167. 4.3. Independência dependente. 172. 4.3.1. Teologicamente fragmentada. 172. 4.3.2. Hierarquia atual da CIBI. 176. 4.3.3. Doutrinariamente ambígua. 177. 4.4. Novos pastores, velhos problemas. 187. 4.5. Processo de reestruturação da CIBI. 189. 4.7. Os missionários noruegueses. 191. 4.8. Metamorfose da CIBI. 192. 4.9. A ameaça neopentecostal. 193. 4.10. Proeminência da política pentecostal. 196. 4.11. Convenções regionais da CIBI. 198. 4.11.1. Juntas e Departamentos. 200. 4.12. Harmonia e Aliança: convenção do Centenário. 202. 4.13. Censo interno Convenção das Igrejas Batistas Independentes. 203. 4.14. Realinhamento denominacional. 205. 4.15. Pentecostalismo Marginal. 208.

(17) CONSIDERAÇÕES FINAIS. 218. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS. 224. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS - FONTES PRIMÁRIAS. 231. FONTES PRIMÁRIAS − JORNAIS, CARTAS, ATAS E RED. 232. Anexo 1 – Närkesbladet, 1 de fevereiro de 1907. 234. Anexo 2 – Carta de Carl Svensson a John Ongman, escrita em Guarani, dia 9 de setembro de 1914, contendo parte da ata de fundação da IBS em Guarani 235 Anexo 3 – Carta de de Erik Jansson a John Ongman, em Ijuí dia 20 de junho de 1914. 238. Anexo 4 – Carta de Erik Jansson a John Ongman, em Guarani 5 de agosto de 1914. 240. Anexo 5 – Carta de Erik Jansson a John Ongman, em Guarani 2 de novembro de 1914. 243. Anexo 6 – Carta de Carl Svensson a John Ongman em Ijuí 11 de junho de 1915. 246. Anexo 7 – Carta de Carl Svensson a John Ongman em 17 de junho de 1918. 248. Anexo 8 – Carta de Carl Svensson a John Ongman, em Ijuí, 3 de julho de 1918. 249. Anexo 9 – Carta de Erik Jansson a John Ongman, em Ijuí, 3 de julho de 1918. 250. Anexo 10 – Carta de Carl Svensson a John Ongman, em Ijuí, em 12 de março 1921. 251. Anexo 11 – Ata da CEBSR, Porto Alegre, 18 a 21 de fevereiro de 1939. 252. Anexo 12 – Ata de criação da CIBI, em Ijuí, de 21 a 24 de fevereiro de 1952. 255. Anexo 13 – Ata da CIBI, em Esteio - RS, na Igreja Batista Betel, de 12 de janeiro de 1961264 Anexo 14 – Atas das reuniões da Comissão da Convenção das Igrejas Batistas Independentes, realizadas no salão nobre do “Lar Bom Pastor, em Esteio - RS, entre os dias 16-18 e 3 julho de 1976 278 Anexo 15 – Atas das Deliberações da Comissão Executiva da CIBI, reunida entre os dias 2627 de junho de 1980 286 Anexo 16 – Código de ética e disciplina da UMBI. 294. Anexo 17 – Formulário de ordenação e admissão na UMBI. 301. Anexo 18 – Foto da formatura da Örebromissiosskola 1908-1911. 304.

(18) PENTECOSTALISMO BRASILEIRO DE IMIGRAÇÃO: CONTEXTO, COTIDIANO E INSTITUCIONALIZAÇÃO DA CONVENÇÃO DAS IGREJAS BATISTAS INDEPENDENTES. INTRODUÇÃO. O tema desta tese nasceu a partir da dissertação de mestrado, na ocasião de seu término, em 2013, sob o tema: Pentecostalismo de Migração: terceira entrada do pentecostalismo no Brasil. Após encerrar a pesquisa, surgiram-nos os inúmeros dados sobre a história centenária da Convenção das Igrejas Batistas Independentes (CIBI), seu funcionamento e os discursos de seus missionários e pastores, bem como a construção da nacionalização da convenção, em 1952. Trabalhamos com cartas e atas que nos apontaram como ocorreu o desenvolvimento denominacional da Igreja Batista Sueca (IBS) e da Convenção Evangélica das Igrejas Batistas Sul-Rio-Grandense. (CEIBSR), posteriormente CIBI, demonstrando haver uma dinâmica. similar a outras igrejas pentecostais contemporâneas a ela. A CIBI, como um modelo de igrejas congregacionais, não tem autonomia para interferir em questões das igrejas locais, o que compromete uma coesão doutrinária e litúrgica, algo que foi explorado em nossa pesquisa, contudo, as igrejas que a compõem estão unidas por laços fraternos e por serem herdeiras da história centenária desse singular pentecostalismo. Nossa pesquisa tem como título: Pentecostalismo brasileiro de imigração: contexto, cotidiano e institucionalização da Convenção das Igrejas Batistas Independentes. A realidade eclesial contida na historiografia oficial da denominação, ainda pouco explorada, é parte desta pesquisa. O marco inicial da história institucional constitui-se com o envio do missionário Erik Jansson ao Brasil, em 1912, para a implantação da primeira igreja da Missão de Örebro (ÖM) na colônia de Guarani - RS e, posteriormente, em Ijuí, outra colônia sueca da região das Missões naquele estado. Após a chegada do segundo missionário, Carl Svensson, surgiram as dinâmicas de busca pelo poder através dos embates entre os missionários Jansson e Svensson, iniciados ainda em 1914, após o surgimento das primeiras discordâncias. A CIBI, diferentemente da Congregação Cristã no Brasil (CCB) e da Assembleia de Deus (AD), nasceu institucionalizada, racional e burocrática, oriunda da estrutura recebida da ÖM, a qual apoiou o movimento pentecostal quando se instalou na Suécia, em 1907. A Örebromissionsskola – Escola Missionária de Örebro – possivelmente foi o primeiro seminário teológico pentecostal do mundo, que formou os missionários Jansson e Svensson. O presente estudo partirá da descrição e análise das especificidades da IBS no Rio Grande do Sul, apresentando o contexto social sueco e brasileiro do final do século XIX, defendendo a existência de um protopentecostalismo sueco. Para isso, buscamos fazer uma descrição do envio e ministério do primeiro missionário, Adolf Larsson; a história da imigração dos colonos – 17 –.

(19) PENTECOSTALISMO BRASILEIRO DE IMIGRAÇÃO: CONTEXTO, COTIDIANO E INSTITUCIONALIZAÇÃO DA CONVENÇÃO DAS IGREJAS BATISTAS INDEPENDENTES. suecos para os Estados Unidos da América e o Brasil; sua instalação no extremo sul de nossa nação, os desafios de viver em uma nova terra; as expectativas de um futuro promissor e como a IBS inseriu-se nesse contexto, a fim de despertar as questões de cunho espiritual que estavam adormecidas, ou sem assistência espiritual, algo reativado pelos missionários da ÖM; a vocação e envio do missionário Erik Jansson ao Brasil; o surgimento da IBS em Guarani e Ijuí - RS; o panorama batista na Suécia, no final do século XIX; as relações da Igreja Filadélfia em Örebro com a cura divina; a questão étnica na IBS; a cura divina dentro do contexto da IBS; o surgimento de novas igrejas e o surgimento da CEIBSR; a dominação carismática dentro da IBS; as transformações do carisma na IBS; a valorização da pertinência à raça; a coletividade étnica e a comunidade linguística e de culto. O limite da pesquisa está em esclarecer determinados levantamentos, pois não há na historiografia denominacional uma exposição mais profunda dos atores históricos envolvidos em sua história centenária. O acesso recente a alguns materiais, como atas e Revista da Escola Dominical (RED) diretamente do centro de Identidade e Memória da CIBI, que, na época desse levantamento, não dispunha de um funcionário, o que dificultou o acesso, tornando-o mais lento. Contudo, há de se ressaltar a disposição daqueles que contribuíram para o nosso acesso ao material necessário, inclusive a documentos que ainda não estavam digitalizados. A análise centrar-se-á, primeiramente, em um levantamento básico nos aspectos histórico e empírico da IBS e da CEIBSR. Tendo em vista as especificidades desse tipo de pentecostalismo,. trabalhamos. com. o. levantamento. histórico. através. dos. dados. denominacionais, bem como de atas, traduzidas do sueco para o português, tornando possível a captação de importantes dados para a pesquisa. Portanto, o estudo estrutura-se sob dois aspectos: levantamento e descrição da história da IBS e CEIBSR; e análise dos dados, a partir de teóricos da história documental e sociologia da religião. No segundo momento, trabalharemos a IBS apontando o poder religioso entre missionários suecos da ÖM e pastores nativos. Assim, apresentaremos as alterações no contexto socioeconômico brasileiro; abordaremos a IBS como um pentecostalismo praticado por agricultores de subsistência e de pouca locomoção; argumentaremos que Erik Jansson centralizava o poder sobre si; exporemos que a chegada de Svensson tornou-se um problema; explanaremos sobre a existência de uma luta pelo poder centralizador da recém fundada CEIBSR, através de seus dois primeiros missionários, Jansson e Svensson, e, para isso, recorreremos à teoria da Microfísica do Poder, de Michel Foucault, a fim de compreender como se processaram esses embates no período denominacional, bem como a lógica de como esse processo foi sendo construído, com os embates e as denúncias feitas por ambos os missionários – 18 –.

(20) PENTECOSTALISMO BRASILEIRO DE IMIGRAÇÃO: CONTEXTO, COTIDIANO E INSTITUCIONALIZAÇÃO DA CONVENÇÃO DAS IGREJAS BATISTAS INDEPENDENTES. ao presidente da ÖM, John Ongman. Ainda abordaremos os primeiros embates entre os missionários suecos e os pastores nativos, algo que se tornou característico dentro da convenção; descreveremos a IBS dentro do contexto nacionalista brasileiro; como se deu o surgimento da SMSR; como se processou o conflito da convenção de 1939; como o poder religioso e econômico foi tomando corpo dentro da IBS e como se constituía a estrutura operacional da CEIBSR até o final da década de 1940. Também é nosso intuito mostrar que a IBS e a CEIBSR nasceram com seu eixo já dividido, algo que norteia a denominação até os dias atuais. Em um terceiro momento, analisaremos como foi o processo de criação da CIBI, apontando o contexto sueco e brasileiro pós-Segunda Guerra Mundial; apresentaremos o colonialismo-teológico-missionário como algo empregado pelos missionários suecos e assimilado pelos pastores nativos; abordaremos sobre a dinâmica do campo religioso da IBS e CEBSR e, a partir da elaboração teórica de Pierre Bourdieu sobre a dinâmica do campo religioso, abordaremos o habitus, a acumulação do capital simbólico e religioso; apontaremos os antecedentes históricos que culminaram com o surgimento da CIBI; analisaremos excertos da ata de organização ou nacionalização da convenção; argumentaremos sobre os possíveis motivos da volta de Jansson e sua família para a Suécia; exploraremos o surgimento de novas igrejas fundadas pela CIBI após a nacionalização; o surgimento do Seminário Teológico Batista Independente (STBI) como uma tentativa de padronização doutrinária; o surgimento do livreto Princípios de Nossa Fé, elaborado pelo missionário sueco Nils Angelin e o surgimento da União de Ministros Batistas Independentes (UMBI), como uma tentativa de coesão doutrinária denominacional. Em um quarto momento, enfocaremos a CIBI como um pentecostalismo marginal, demostrando suas características atuais. Para tanto, discutiremos acerca da formação de um estereótipo pentecostal pós-1960; defenderemos que: houve uma independência dos missionários brasileiros em relação aos suecos, mas, economicamente, aqueles eram dependentes desses; a CIBI é teologicamente fragmentada e doutrinariamente ambígua; a CIBI, como um tipo de pentecostalismo marginal, porque surgiu e está à margem do movimento pentecostal brasileiro, possui uma dinâmica singular. Apresentaremos a hierarquia atual da CIBI; exporemos que o recebimento de novos pastores ressaltaram velhos problemas de coesão no pensamento denominacional e que houve a necessidade de uma reestruturação da CIBI, onze anos após o seu surgimento. Abordaremos, de forma sucinta, sobre a chegada e atuação social dos missionários noruegueses; pontuaremos uma metamorfose ocorrida dentro das igrejas da CIBI, tendo o neopentecostalismo como uma ameaça; mostraremos que os pentecostais – 19 –.

(21) PENTECOSTALISMO BRASILEIRO DE IMIGRAÇÃO: CONTEXTO, COTIDIANO E INSTITUCIONALIZAÇÃO DA CONVENÇÃO DAS IGREJAS BATISTAS INDEPENDENTES. reverberam o modelo de política brasileira e, nesse contexto, citaremos o pastor e médico Tomas Söderberg, pertencente à convenção, e que se tornou mais conhecido por seu envolvimento com política; abordaremos sobre o processo de descentralização da CIBI através de convenções regionais, juntas e departamentos para atender melhor às necessidades das igrejas locais; apresentaremos, de forma breve, a convenção do centenário, que teve como tema: Harmonia e Aliança; também focalizaremos a recente tentativa de um realinhamento denominacional, na tentativa de buscar coesão doutrinária e maior contribuição financeira das igrejas. Em síntese, o objetivo do presente estudo é uma análise do desenvolvimento histórico da CIBI, para identificar suas características que permitem identificá-la como uma variável específica do pentecostalismo no Brasil. Analisaremos, portanto, os seguintes pontos: a) as especificidades do pentecostalismo brasileiro de imigração; b) o processo de luta interna de poder entre os missionários suecos e, posteriormente, entre os suecos e os pastores nativos; c) os motivos para o surgimento da CIBI, a resistência sueca e o surgimento de novas igrejas; d) a atual conjuntura da CIBI como um pentecostalismo marginal, tendo em vista suas características atuais e como se foi constituindo como uma denominação teologicamente plural e doutrinariamente ambígua, porém estando unida por laços históricos e fraternos à sua origem, de modo que a falta de hegemonia teológica e doutrinária não se constitui um problema, antes algo que caracteriza a CIBI. A partir da problemática e do objeto exposto, as hipóteses deste trabalho giram em torno da ideia de que as igrejas dessa convenção, no processo de implantação no Brasil, foram constituídas no contexto imigratório sueco, e que o “carisma herdado” por Erik Jansson foi responsável por legitimar suas atuações como missionário da ÖM, contudo, a IBS nasceu burocrática e racional, diferenciando-se de outros pentecostalismos contemporâneos a ela, estando pautada em um cunho étnico que a permeou em seus primeiros quarenta anos no Brasil. Caracterizou-se pela luta de poder entre seus primeiros missionários e, posteriormente, entre ambos e os pastores brasileiros, evidenciada através de embates entre os grupos. Assim, a CIBI surgiu como um pentecostalismo marginal, caracterizada pela fragmentação teológica e ambiguidade doutrinária, como uma característica imanente ao pentecostalismo e presente na CIBI. Assim, a hipótese específica é a de que as igrejas da CIBI conservaram e alteraram suas características organizacionais em função dos valores e das práticas socioculturais que giram em torno: a) das especificidades desse grupo pentecostal, que através do missionário Erik Jansson e sua legitimidade carismática implanta a IBS no Brasil; b) da insatisfação dos – 20 –.

(22) PENTECOSTALISMO BRASILEIRO DE IMIGRAÇÃO: CONTEXTO, COTIDIANO E INSTITUCIONALIZAÇÃO DA CONVENÇÃO DAS IGREJAS BATISTAS INDEPENDENTES. missionários suecos e dos pastores brasileiros quanto ao domínio da estrutura denominacional da CEIBSR, seus conflitos e sua estrutura de poder; c) da dinâmica do campo religioso da IBS e CEIBSR e, posteriormente, do surgimento da CIBI. Desse modo, defendemos que a CIBI é um pentecostalismo marginal, que foi correndo paralelamente, tendo em sua fragmentação teológica e a ambiguidade doutrinaria como uma atual característica implícita a CIBI, algo presente no multifacetado pentecostalismo brasileiro. O percurso metodológico desta pesquisa está divido em quatro passos: Primeiro passo: Exposição do contexto histórico do fiel pentecostal do século XIX e do início do século XX, com enfoque na implantação da IBS no Brasil. Nessa etapa recorremos à literatura denominacional, a fim de identificar as especificidades desse tipo de pentecostalismo brasileiro. Segundo passo: A construção de um quadro compreensivo das tensões entre os primeiros missionários e, posteriormente, entre ambos e os pastores brasileiros, fazendo um apontamento do campo religioso da IBS e CIEBSR, como foi sendo desenvolvida com seu eixo central dividido entre tais tensões, diante do quadro político de nacionalização que impulsionou os pastores nativos a se colocarem, algumas vezes, como opositores aos suecos. Terceiro passo: Por se tratar de uma pesquisa de natureza histórica e sociológica, buscamos estabelecer relações entre os movimentos histórico-sociais-religiosos. Sendo assim, realizamos uma análise dos dados denominacionais que apresentam razões para o surgimento da CIBI, em 1952, e o seu desenvolvimento após a nacionalização. Tal análise respaldou-se na sociologia de Max Weber e Pierre Bourdieu, observando os constantes embates entre os dois grupos, suecos e brasileiros, propondo uma forma incomum de ser pentecostal. Quarto passo: Após o surgimento da CIBI e a expansão dos trabalhos em várias outras cidades e estados, houve ainda a descentralização da convenção com a criação dos departamentos, juntas, seminários e as convenções regionais. A partir da exposição dessa conjuntura, buscaremos demonstrar como a CIBI tornou-se um pentecostalismo marginal, que é fragmentado teologicamente e doutrinariamente ambíguo, sendo um traço identitário oriundo do pentecostalismo brasileiro. Foram utilizadas pesquisas nas fontes primárias, consideradas fundamentais. Examinamos a historiografia oficial da denominação, como livros denominacionais; um vasto material em sueco, como jornais, cartas, atas, documentos esses traduzidos por Silas Pereira Valério, acessados no ArkivCentrum Örebro län, em 2012, ainda durante a pesquisa do mestrado, e outros em 2017, sendo o acesso burocrático, mas possível. Utilizamos ainda atas da convenção, com acesso limitado, mas que possibilitou levantar aspectos que trouxeram – 21 –.

(23) PENTECOSTALISMO BRASILEIRO DE IMIGRAÇÃO: CONTEXTO, COTIDIANO E INSTITUCIONALIZAÇÃO DA CONVENÇÃO DAS IGREJAS BATISTAS INDEPENDENTES. maior profundidade de informações; consultamos a RED, que foi acessada de forma digitalizada, algo fornecido pela CIBI e através da coleção particular do pastor José Carlos da Penha, nosso amigo. As informações obtidas no material denominacional apontam para importantes direções, mas, em diversos casos, não explicita a realidade da denominação, antes, expressa de forma sucinta aspectos que poderiam ser melhor trabalhados nos documentos da CIBI. Dos motivos que determinam essas dinâmicas e a construção das igrejas filiadas à CIBI, podemos citar, como principais, motivos políticos e administrativos. Por exemplo, existem igrejas localizadas em regiões extremas do país, onde mesmo assumindo obrigações e responsabilidades determinadas pela convenção, são perfeitamente dissociadas desta em algumas estratégias de ação local, tendo plena autonomia para se posicionarem. Dentro desse cenário, a direção da CIBI não pode tomar nenhuma medida contra tais igrejas, pois não se consegue exercer controle sobre elas, algumas das quais funcionam por anos sem que se saiba, ao certo, o tipo de atuação. Assim, consideramos que a CIBI, conhecida tradicionalmente por características étnicas em sua formação – instruindo seus membros ao ascetismo e ao distanciamento do mundo –, perpetuou os modos suecos de disputa de poder.. Posto isso, qual seria o processo organizacional atual dessa denominação considerada, no ramo pentecostal, como um tipo de pentecostalismo marginal? Será que essas igrejas têm a responsabilidade de encontrar uma nova fórmula para unir mais seus adeptos, conservando os valores estabelecidos pela convenção nos dias atuais? Haveria lutas internas de lideranças nativas em busca do poder em seu meio? Ou, tais disputas seriam uma característica herdada pela história da convenção até a atualidade?. – 22 –.

(24) PENTECOSTALISMO BRASILEIRO DE IMIGRAÇÃO: CONTEXTO, COTIDIANO E INSTITUCIONALIZAÇÃO DA CONVENÇÃO DAS IGREJAS BATISTAS INDEPENDENTES. CAPÍTULO 1 – ESPECIFICIDADES DA IGREJA BATISTA SUECA EM GUARANI RIO GRANDE DO SUL. Questões introdutórias O início de uma nova expressão religiosa provém de situações específicas que podem introduzir elementos míticos para propor-se um entendimento do movimento que está tomando forma. Os adeptos, em muitos casos, não conhecem a fundo a história e as especificidades que construíram a base na qual estabeleceu-se a agremiação religiosa. Para se compreender melhor como se dá a construção dessa história inaugural, tão elementar para a vida e prática religiosa, faz-se necessário buscar elementos históricos que darão sustentação ao movimento recéminaugurado. Evidentemente, isso não é possível em um primeiro momento, mas quando essa religião se estrutura e é estudada mais profundamente, buscam-se nas bases históricas elementos que possam ser importantes para a construção dessas especificidades e, a partir do estabelecimento daquilo que foi proposto, pode-se observar como nasce uma nova religião ou um novo movimento religioso. Quando se pensa em Pentecostalismo, não é incomum encontrarmos histórias que se tornaram tradicionais e que atualmente norteiam a vida dos seguidores desse segmento religioso. Pensando ainda nas igrejas que fundam o Pentecostalismo no Brasil, podemos dizer que os Mitos Fundantes dessas igrejas são até hoje importantes na concepção da identidade desses grupos religiosos. A Congregação Cristã do Brasil (CCB) foi fundada em 1910, por Louis Francescon, imigrante italiano que residiu em Los Angeles e ali teria vivenciado a experiência pentecostal. A CCB traz a mensagem pentecostal estadunidense às terras brasileiras, constituindo-se, pois, a igreja que inaugura esse movimento em nosso país. Instalou-se em São Paulo, no bairro do Brás, onde a sede se localiza até os dias atuais. Naquele bairro, com predominância de italianos, a igreja iniciou seu trabalho de evangelização em meio a outros imigrantes. Logo sua mensagem atingiu outros moradores do bairro, sobretudo trabalhadores. A Missão da Fé Apostólica chegou ao Brasil depois de Daniel Berg e Gunnar Vingren desembarcarem em Belém - PA, em 1911, vindos de Chicago, Estados Unidos, onde teriam recebido o “batismo no Espírito Santo”.1 Ao chegarem em Belém, logo procuraram uma igreja Batista para tornarem-se membros. Após algumas reuniões de oração, durante as quais teria 1. Batismo no Espírito Santo é a expressão usada para manifestações dos dons espirituais no culto Pentecostal.. – 23 –.

(25) PENTECOSTALISMO BRASILEIRO DE IMIGRAÇÃO: CONTEXTO, COTIDIANO E INSTITUCIONALIZAÇÃO DA CONVENÇÃO DAS IGREJAS BATISTAS INDEPENDENTES. havido a manifestação dos dons espirituais, foram convidados a se retirar. Dessa maneira, acabaram fundando a Missão da Fé Apostólica, na capital paraense, em 1911. Em 1918, deram ao movimento um novo nome: Igreja Assembleia de Deus (AD). Durante os primeiros anos eram menores, numericamente, que a CCB, mas já em 1920 tornaram-se a maior denominação pentecostal brasileira e detêm essa posição até os dias de hoje. A AD expandiuse geograficamente nesse período como a igreja protestante nacional por excelência, sendo que, em alguns estados do Norte, o protestantismo praticamente reduz-se a ela. Única grande igreja protestante a implantar-se e a irradiar-se fora do eixo Rio-São Paulo, a AD consolidouse nas primeiras décadas do século XX com uma forte presença nos pontos de saída do futuro fluxo migratório. A Igreja Batista Sueca (IBS) não está contemplada no Mito Fundante do Pentecostalismo brasileiro, demonstrando especificidades próprias e diferenciando-se da Congregação Cristã no Brasil e da Assembleia de Deus. Está marcada por um ethos suecobrasileiro, sendo a preservação da etnicidade buscada durante quarenta anos de sua história, até que os pastores brasileiros, após muitas lutas internas, conseguem assumir a direção da denominação organizada pelos suecos em 1919 (Convenção Batista Sul-Rio-Grandense ), criando, em 1952, a Convenção das Igrejas Evangélicas Batistas Independentes do Brasil (CIEBIB), passando a se chamar Convenção das Igrejas Batistas Independentes (CIBI), em 1955, em Assembleia realizada em Ijuí - RS. A IBS chegou ao Brasil em 1912, proveniente da Örebromissionen (ÖM), ou seja, Missão de Örebro, que é ligada à Igreja Filadélfia de Örebro e à Convenção Batista na Suécia. Diferentemente dos dois casos anteriores, a IBS chegou ao Brasil através de uma estratégia de evangelização de colonos em Guarani - RS, no extremo sul do Brasil. O missionário Erik Jansson foi enviado à colônia e implantou o trabalho naquele lugar. Seu envolvimento com o Pentecostalismo ocorreu na Örebromissionsskola – Escola Missionária de Örebro –, quando foi encorajado por John Ongman, fundador da ÖM e pastor da Igreja Filadélfia naquela cidade. A Örebromissionsskola foi o lugar onde o pentecostalismo estadunidense encontrou apoio para sua implantação na Suécia. Em um primeiro momento, foi visto com muita desconfiança, porém, posteriormente, foi responsável por divisões doutrinárias dentro da Convenção Batista na Suécia. Em seguida, a Escola Bíblica de Estocolmo e a Igreja Filadélfia, pastoreada por Lewi Pethrus, tornaram-se, com Örebro, as duas igrejas responsáveis pela propagação da mensagem pentecostal em solo sueco. Örebro permaneceu fiel à Convenção. – 24 –.

(26) PENTECOSTALISMO BRASILEIRO DE IMIGRAÇÃO: CONTEXTO, COTIDIANO E INSTITUCIONALIZAÇÃO DA CONVENÇÃO DAS IGREJAS BATISTAS INDEPENDENTES. Batista, já Estocolmo foi excluída da Convenção Batista por praticar a Ceia aberta 2 . Vale lembrar que Daniel Berg e Gunnar Vingren haviam sido membros de Estocolmo quando residiam na Suécia, porém, não haviam sido pastoreados por Pethrus, pois este tornou-se pastor em Estocolmo a partir de 1910, quando Berg e Vingren já moravam nos Estados Unidos. O Pentecostalismo brasileiro nunca foi homogêneo e, desde o início, apresentou diferenças internas. Mesmo quando pensamos no início do Pentecostalismo no Brasil e olhamos para as igrejas fundadoras do movimento, podemos observar que já nasceram muito diversas. A verdade é que hoje podemos falar de Mitos Fundantes, sim, no plural, pois os dois primeiros movimentos fundadores do Pentecostalismo brasileiro contêm o próprio Mito Fundante, tendo a Igreja Batista Sueca semelhanças em alguns aspectos, mas diferenciando-se em outros. O Pentecostalismo multiplicou-se de tal forma que hoje é visto como um dos maiores fenômenos religiosos do século XX e XXI. Neste primeiro capítulo, apresentaremos primeiramente o contexto social sueco no final do século XIX, em que muitos imigrantes deixaram o país para tentar uma vida nova em outros lugares, entre eles, Estados Unidos da América e Brasil. Apresentaremos o contexto social brasileiro no mesmo período histórico, demonstrando que no Brasil do final do século XIX e início do século XX, a mão de obra escrava foi extinta e os imigrantes tornaram-se atraentes aos senhores de terras como uma forma de mão de obra barata. Nesse mesmo período o Brasil abriu suas portas aos imigrantes para colonizarem as terras ainda não exploradas, algo que ocorreu também no Rio Grande do Sul, região que nos propomos a focar neste capítulo. Apresentaremos, de forma sucinta que, na Suécia, havia um protopentecostalismo que precede o movimento pentecostal estadunidense que chegou à Suécia em 1907. Já em 1892, a ÖM enviou um primeiro missionário ao nosso país, Adolf Larsson. Após sua chegada a São Paulo, contraiu febre amarela, vindo a falecer quinze dias após sua chegada. Narraremos como o missionário Erik Jansson conta sua experiência e como ocorreu o nascimento da Igreja Batista Sueca e a implantação do pentecostalismo brasileiro de imigração que chegou ao Brasil através da Örebromissionen, em Guarani - RS , tendo como foco principal a evangelização dos colonos suecos naquela região.. 2. Ceia do Senhor, ritual que, entre os cristãos protestantes, pentecostais e neopentecostais, representa o corpo e o sangue de Cristo. Na maioria dos casos, é necessário ser membro e batizado para participar desse ritual. Ceia aberta é a celebração da Ceia do Senhor onde todas as pessoas podem participar. Hoje, no Brasil, muitas igrejas neopentecostais praticam a Ceia aberta.. – 25 –.

(27) PENTECOSTALISMO BRASILEIRO DE IMIGRAÇÃO: CONTEXTO, COTIDIANO E INSTITUCIONALIZAÇÃO DA CONVENÇÃO DAS IGREJAS BATISTAS INDEPENDENTES. 1.1. O contexto social sueco no final do século XIX Muitos foram os motivos que levaram milhões de europeus a deixar suas terras e a se aventurarem em uma nova experiência de vida no outro lado do mundo. Fome, pobreza e doenças foram causas determinantes para a decisão de romper os laços étnicos e familiares para encarar um novo momento na vida. Ljungmark 3 nos propõe três ondas de imigrantes para os Estados Unidos, que incluíram alemães, britânicos, italianos, austríacos, russos, irlandeses, ingleses, escoceses e escandinavos. A primeira ocorreu no final dos anos de 1840. Os intervalos das chegadas dos grupos de imigrantes aos EUA eram mais curtos no início do processo. A segunda grande onda de imigração transcorreu entre 1865 e 1873. Nesse período, um grande número de escandinavos ocupou os estados de Illinois, Wisconsin, Iowa e Minnesota. A terceira e maior onda irrompeu no cenário entre 1880 e 1893, quando o número de imigrantes passou de 7,3 milhões. Essa foi a última das “ondas de imigração”. As fronteiras do oeste americano estendiam-se até o Colorado, Nebraska, Kansas e Dakota, que se tornaram refúgios para um grande número de imigrantes. Pensando mais especificamente nos suecos, Ljungmark4 afirma que, de acordo com os dados oficiais de estatísticas suecas, 1.122.292 pessoas emigraram de seu país de origem para a América do Norte entre 1851 e 1930. Tais estatísticas nos parecem muito baixas, pois aparentemente existiu uma alta parcela de imigrantes não cadastrados. Com o auxílio de listas de passageiros registrados nos portos de embarque, os pesquisadores buscam atualmente determinar o número exato de imigrantes que partiram da Suécia. Isso não significa, no entanto, que a pesquisa possa apresentar uma situação correta, adicionando esses números aos dados oficiais. Os números da lista anual de emigração também são enganadores, visto que registram sueco-americanos como imigrantes. O desenho histórico sobre a imigração que se tem no presente momento através da pesquisa, estimou aproximadamente 100 mil pessoas não registradas no período de 1851 a 1930. Isso significa que até 1,25 milhão de suecos emigrou durante esse período. Conforme o dado registrado em 1910, o maior número de suecos nos EUA era de aproximadamente 665 mil adultos e 700 mil crianças residentes e nascidas. Os números somados totalizam cerca de 1,37 milhão e é dada maior atenção quando comparada. 3. LJUNGMARK, Lars. Swedish Exudus. Translate: Kermit B. Westerberg, Carbondale, Illinois: Southern Illinois University Press, 1979, p. 6-7. 4 Ibid., p. 10-11.. – 26 –.

(28) PENTECOSTALISMO BRASILEIRO DE IMIGRAÇÃO: CONTEXTO, COTIDIANO E INSTITUCIONALIZAÇÃO DA CONVENÇÃO DAS IGREJAS BATISTAS INDEPENDENTES. com a população de origem sueca por volta de 1910, que era algo como 5,5 milhões. Em outras palavras, cerca de um quinto da população sueca estava vivendo na América. De acordo com Ljungmark,5 493.000 suecos imigraram para os Estados Unidos entre 1879 e 1894. Quando a emigração em massa chegou ao fim, em 1930, as estatísticas indicam que cerca de quarenta por cento dos emigrantes deixaram a Suécia durante os anos de 1880. No auge da imigração, no final do século XIX, o movimento imigratório trouxe melhores condições de vida na Suécia. O pastor e jornalista Leif Arthur Ekström6 nos diz que a Suécia, no final do século XIX, era um pequeno país do norte da Europa, de clima inóspito, com temperaturas muito baixas no inverno, isolado geograficamente e de pequena importância histórica. Foi famoso no século XVII, quando se tornou uma potência militar. Seus generais guerreavam e conquistavam muitos territórios em todo o norte europeu. Já no século XIX o país empobreceu e perdeu sua influência. A maior parte da população vivia em pequenas vilas. Cada morador colhia de sua terra o próprio sustento. Os agricultores, na maioria das vezes, tinham que fazer tudo em comum e a convivência tornava-se necessária para a comunidade. No início do século XIX, o governo central sueco promoveu mudanças no trabalho, comenta Ekström7: realizou uma reforma agrária que alterou a partilha de terras entre os filhos (homens), o que gerou fazendas cada vez menores. A reforma proibiu a partilha das terras em pequenas propriedades, e os irmãos mais novos passavam a trabalhar para os mais velhos ou para outros fazendeiros. Por outro lado, a Reforma Protestante, que ensina que a salvação é individual e o relacionamento com Deus, pessoal, promoveu um individualismo na mente das pessoas e fez com que os donos das fazendas se preocupassem menos com a comunidade. Os proprietários passaram a não mais ajudar os camponeses pobres e a situação tornou-se desesperadora. Por conseguinte, muitos foram buscar nas cidades socorro para suas necessidades. Mais tarde, a Suécia passou por mudanças demográficas. Nasciam mais crianças, e a mortalidade infantil diminuiu. Ekström 8 destaca três motivos principais da diminuição da mortalidade infantil: a introdução da batata como base da alimentação, cujos nutrientes contidos no tubérculo aumentaram a resistência às doenças; a vacinação contra a varíola e a paz – há quase meio século a Suécia não se envolvia em guerras.. 5. Ibid., p. 12. EKSTRÖM, Leif Arthur. A Oração, a Roca e o Moedor de Café (Bön, Spinnrock & Kaffekvarn): os Vikings descobrem a América do Sul. Campinas: PUC Campinas, 2005, p. 27. 7 Ibid., p. 28. 8 Ibid., p. 29. 6. – 27 –.

(29) PENTECOSTALISMO BRASILEIRO DE IMIGRAÇÃO: CONTEXTO, COTIDIANO E INSTITUCIONALIZAÇÃO DA CONVENÇÃO DAS IGREJAS BATISTAS INDEPENDENTES. Na década de 1870, havia cerca de 2,7 milhões de pessoas trabalhando na agricultura. Entretanto, o povo necessitava de boas colheitas para não passar fome. Nos anos de 1867−1869, houve uma quebra na safra agrícola, o que culminou na fome e no sofrimento do povo. Os donos das propriedades não tinham interesse algum em dividir suas terras. O inverno rigoroso impossibilitou o plantio e as novas colheitas, milhares de crianças famintas mendigavam e roubavam, e muitas morreram de fome. Em Malmö, capital da região de Skåne, sul da Suécia, foi aberto um escritório do Brasil com o propósito de angariar mão de obra dos desempregados descontentes e dos que tiveram seus salários reduzidos. Em 1890, 172 pessoas partiram de Estocolmo para o Brasil, segundo Ekström9. O escritório foi chamado de “Brasilienmöten” (Reuniões sobre o Brasil). Tratava-se de algo formal, com presidente, secretário e tesoureiro, cujo objetivo era promover a emigração. As reuniões eram frequentes e utilizadas como forma de protesto dos sindicatos para haver uma agitação política contra o governo. Diziam que poderiam exercer no Brasil direitos políticos sem a opressão do patronado. Ch. M. Nielsen, que era líder sindical em Sundsvall, escreveu uma declaração em nome dos emigrantes:10 Como se trata de um fato indiscutível, uma consequência do sistema, que o desemprego aumenta diariamente, ao mesmo tempo que o governo e os poderosos, em vez de tentarem diminuir esta injustiça, a fomentam com impostos, leis de mordaça e ações opressivas que tentam calar qualquer desejo de mudança para melhor, entendemos, neste encontro, que os poderosos estão, com suas ações, nos obrigando a deixar nossa terra natal.11. Duas perguntas saltam-nos aos olhos: teria havido uma política de Estado de incentivo de envio de imigrantes a outros países?12 Os que emigraram foram os que estavam em melhores condições ou tratava-se realmente das camadas mais pobres da população?. 9. Ibid., p. 32. Ibid., p. 32. 11 FRIBORG, Göran. Brasieliensveskarna, [s.d], p. 25 apud EKSTRÖM, 2005, p. 33. 12 Até este momento na pesquisa, não pudemos avaliar esta situação, por questões de limites da pesquisa, entretanto, desejamos pesquisar a fim de chegarmos a uma conclusão sobre o assunto. 10. – 28 –.

(30) PENTECOSTALISMO BRASILEIRO DE IMIGRAÇÃO: CONTEXTO, COTIDIANO E INSTITUCIONALIZAÇÃO DA CONVENÇÃO DAS IGREJAS BATISTAS INDEPENDENTES. 1.2. O contexto social brasileiro no final do século XIX Um dos principais acontecimentos no cenário político brasileiro foi a Proclamação da República, em 15 de novembro de 1889, apontando grandes incertezas futuras. Menos de dois anos depois, surgiu a primeira Constituição Republicana, inspirada no modelo estadunidense e consagrando a forma de governo federativa liberal. Conforme a historiadora Emília Viotti da Costa13, sobretudo a partir da segunda metade do século XIX, chegaram ao Brasil imigrantes europeus, principalmente entre 1870 e 1900, antes, durante e após o período da abolição da escravidão. Foram mais de 700 mil colonos: italianos, portugueses, espanhóis e austríacos (não contando outras nacionalidades) só no Estado de São Paulo. Segundo Costa14, no Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina, o sistema de colonização forneceu lotes de terras que foram concedidas aos colonos. O processo contribuiu para que os núcleos urbanos se desenvolvessem e para que se proporcionasse uma relativa ampliação do mercado interno, estimulando as funções urbanas. Em 1824, iniciou-se a colonização alemã no Rio Grande do Sul, como afirma Tasca.15 Cerca de 5.300 alemães imigraram para a região dos rios que formam o estuário do Guaíba: Caí e dos Sinos. O governo provincial tentou povoar com os alemães as colônias de Conde D’Eu e Dona Isabel, hoje Garibaldi e Bento Gonçalves, mas a tentativa foi frustrada. Apenas vinte casais de alemães foram para essa região. Iniciou-se a colonização através de famílias italianas, que, apossando-se das terras, se dedicaram ao plantio de uvas e começaram a colher os frutos de seu trabalho. De acordo com novas interpretações, propõe Prado Jr.16: a Monarquia não era mais capaz de sanar os problemas nacionais a contento, com a abolição dos escravos, dos quais ela dependia para o desenvolvimento da nação, perdeu o prestígio e foi derrubada por uma passeata militar. Da mesma forma, conforme comenta Pesavento17, outra questão relevante é a Abolição da Escravatura, corrigindo a maior injustiça social brasileira. Para as nações que receberam o fluxo migratório do final do século XIX, como foi o caso do Brasil, a entrada de tais imigrantes tornou possível o processo de transição de mão de obra escrava para mão de obra livre. No final do século XIX, o Brasil abriu-se a novos tipos de religiosidade. O regime republicano aboliu. 13. COSTA, Emília Viotti da. Da Monarquia à República. 9. ed., São Paulo: UNESP, 2010, p. 252. Ibid., p. 253. 15 TASCA, Vilma Bohm. A terra onde corre leite e mel: memórias da imigração sueca na serra gaúcha. Porto Alegre: EST, 2005, p. 14. 16 PRADO JR., 1957 apud COSTA, 2010, p. 453. 17 PESAVENTO, Sandra Jatahy. História do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1992, p. 46. 14. – 29 –.

(31) PENTECOSTALISMO BRASILEIRO DE IMIGRAÇÃO: CONTEXTO, COTIDIANO E INSTITUCIONALIZAÇÃO DA CONVENÇÃO DAS IGREJAS BATISTAS INDEPENDENTES. os privilégios e a hegemonia da Igreja Católica, que a partir da nova Constituição perdeu, pelo menos no papel, sua exclusividade religiosa.. 1.3. Protopentecostalismo sueco O biógrafo de John Ongman18, Magnusson19, aponta que as igrejas livres na Suécia passavam por um avivamento, um movimento que precedeu o que conhecemos como avivamento pentecostal sueco. Em muitas partes da Suécia havia notícias de que as igrejas realizavam grandes reuniões com grande contingente de pessoas. Informações provenientes da Noruega referiam-se à ocorrência de avivamentos semelhantes. O Pentecostalismo encontrou na Suécia um campo religioso favorável para a sua instalação e propagação. Esse momento ficou caracterizado como um Protopentecostalismo sueco. Como em outras partes da Suécia e demais países escandinavos, em Örebro ocorreram manifestações semelhantes. Nas últimas décadas do século XIX, a Igreja Filadélfia esteve à frente desse movimento na cidade, e a Escola Missionária era um centro de reuniões e discussões sobre o tema. Magnusson20 narra a experiência de uma pessoa que supostamente estava “vivendo o mover do Espírito Santo” em Örebro: Nas últimas semanas nós temos vivido um tempo único na história dos batistas em Örebro. Seria impossível alguns anos atrás para qualquer um de nós crer que viveríamos este período. Isto é resposta de oração de muitos e fruto de muita preparação anterior. Os cultos têm ficado cheios de pessoas e o Espírito Santo tem estado presente poderosamente. O Senhor tem falado conosco como nunca antes – especialmente aos crentes. Os cultos tem ficado tão lotados que ficam cheios de gente todas as vezes e muitos têm que voltar para suas casas, pois não é possível até mesmo entrar nas igrejas. Não são pregadores estrangeiros que têm ministrado nos cultos. Por isso, cremos que é o Espírito Santo que tem trabalhado nos cultos – dependendo do amor fraternal que agora também está presente. Veja que em anos passados o Espírito Santo encontrava impedimento para trabalhar nas pessoas. O amor fraternal e união são agradáveis diante dos olhos do Senhor [...] os pecadores têm sido salvos.. 18. John Ongman (1844-1931) nasceu em uma família luterana e na adolescência aderiu à fé Batista. Embarcou para os Estados Unidos em 1868. Viveu vinte anos nos Estados Unidos, onde estudou teologia. Ali foi ordenado ao ministério pastoral; foi pastor na igreja Batista de Saint Paul, Minnesota. Ainda, foi presidente da Convenção Batista sueca nos Estados Unidos em três ocasiões distintas. Retornou à Suécia assumindo o pastorado da Igreja Filadélfia em Örebro em 1889, onde foi pastor por muitos anos. Desde a sua visão sobre a igreja até sua teologia, Ongman era bem diferente dos demais pastores batistas suecos e desenvolveu um grande trabalho naquele país, tendo sido responsável pela fundação da Örebromissionen (ÖM); fundou também a Örebro Missionsskola, ambos em 1892. Foi o primeiro incentivador do Pentecostalismo estadunidense na Suécia, em 1907, tendo carta branca da denominação para avaliar o movimento. Apoiou Andrew Johnsson, pioneiro do Pentecostalismo na Suécia e a Örebromissionsskola tornou-se o centro do movimento naquele primeiro momento. 19 MAGNUSSON, John. Jhon Ongman, en levnadsteckning, Örebro Missionsförenings Förlag, Örebro, 1932. 20 Ibid., p. 170-184.. – 30 –.

Referências

Documentos relacionados

Estaca de concreto moldada in loco, executada mediante a introdução no terreno, por rotação, de um trado helicoidal contínuo. A injeção de concreto é feita pela haste

Curvas de rarefação (Coleman) estimadas para amostragens de espécies de morcegos em três ambientes separadamente (A) e agrupados (B), no Parque Estadual da Ilha do Cardoso,

Os alunos que concluam com aproveitamento este curso, ficam habilitados com o 9.º ano de escolaridade e certificação profissional, podem prosseguir estudos em cursos vocacionais

Nesse sentido, com a realização deste trabalho, objetivou-se avaliar a influência do nível de suplementação no terço final de gestação e início de lactação

Não podem ser deduzidas dos nossos dados quaisquer informações sobre uma dada característica específica, nem sobre a aptidão para um determinado fim. Os dados fornecidos não eximem

(2019) Pretendemos continuar a estudar esses dados com a coordenação de área de matemática da Secretaria Municipal de Educação e, estender a pesquisa aos estudantes do Ensino Médio

Quando contratados, conforme valores dispostos no Anexo I, converter dados para uso pelos aplicativos, instalar os aplicativos objeto deste contrato, treinar os servidores

Dada a plausibilidade prima facie da Prioridade do Conhecimento Definicional, parece que não se poderia reconhecer instâncias de F- dade ou fatos essenciais acerca