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Contextualizando os Participantes da Pesquisa

METODOLOGIA JUNTO AOS SUJEITOS PESQUISADOS

3.2. Contextualizando os Participantes da Pesquisa

Escolhemos uma classe de oitava série, por acreditar na importância em trabalhar de maneira diferenciada o conceito de Função ainda no Ensino Fundamental, ressaltando as principais idéias matemáticas desse conceito.

Essa classe era composta por 27 alunos, sendo 17 meninos e 10 meninas. Apresentamos no Anexo I, as fotos dos oito grupos formados pelos alunos, juntamente com suas características. A escolha dessa classe ocorreu porque já conhecíamos o contexto sócio- cultural desses alunos.

O contato com os alunos dessa turma começou na quinta série e este fator também pode ter influenciado para a colaboração dos alunos nos episódios de ensino. Esse contato, nos episódios de ensino, começou no início do terceiro bimestre do ano letivo de 2005. Desta maneira, estabeleceu-se uma nova relação de proximidade entre pesquisador e alunos, pois, para os alunos, o pesquisador não estava ali com essa função. Para os alunos, a presença do professor passou a ser encarada pelos alunos como se tratasse de mais um de seus professores.

A professora da turma (Solange Teixeira Ramos) é outra personagem fundamental, pois, desde o início dos episódios de ensino, sempre colaborou com o trabalho.

Foto 1: Professora da Turma - Solange Teixeira Ramos

Realizamos com a professora da turma uma entrevista e um questionário, com o intuito de conhecer mais a respeito da pessoa e da professora Solange e, também, de perceber suas concepções a respeito da Matemática, da profissão e da relação com o pesquisador.

Em relação à Matemática, a professora declarou que sempre gostou dessa ciência enquanto aluna no Ensino Fundamental e Médio. No entanto, nunca pensava que seria uma professora de Matemática. Segundo Solange, “o mundo dá muitas voltas e em uma dessas

voltas, resolvi prestar o vestibular para o curso de Licenciatura Plena em Matemática na UNEMAT16, e minha vida tomou um novo rumo a partir do meu ingresso na universidade.”

Durante sua Graduação, teve muitos sucessos, apesar das enormes dificuldades enfrentadas no decorrer do curso. De acordo com a professora, essas dificuldades são provenientes do fato de o Ensino Superior ser caracterizado de uma maneira tecnicista por parte de alguns professores. Ela concluiu sua licenciatura no ano de 2004 e, no ano de 2005, trabalhou em três escolas, sendo que no período matutino lecionou no Colégio Adventista.

Solange é uma professora que se preocupa com sua qualificação profissional e sua formação continuada, pois concluiu, em 2005, uma especialização voltada à área da Educação. Enquanto professora, se preocupa bastante com a aprendizagem dos seus alunos e declara que “muitos dos nossos jovens não querem se dar o trabalho de pensar, mas mesmo

assim procuro fazer o possível para propiciar a eles um contexto de aprendizagem.”

A professora demonstra interesse pela Resolução de Problemas, pois a Resolução de Problemas é uma abordagem diferenciada para se ensinar Matemática, e que considera em suas aulas, os conteúdos a lecionar, a turma e a evolução dos alunos em termos de aquisição de conhecimentos e competências.

Antes de começar os episódios de ensino, apresentamos a professora as nossas intenções. A primeira impressão que obtivemos da professora foi que haveria grandes problemas, pois aqueles alunos não estavam acostumados a aprender da maneira pela qual estaríamos desenvolvendo a experiência. Nesse encontro, a professora perguntou, “você vai

investigar o quê?” Nesse momento, refletimos um pouco, mas logo afirmamos que

estaríamos apresentando aos alunos tarefas de natureza exploratório-investigativas, envolvendo o conceito de Função e que, através dessas, procuraríamos investigar as narrativas dos alunos. Nesse momento, a professora concordou plenamente em colaborar e contribuir com a pesquisa.

Na tabela a seguir, apresentamos aspectos que contribuíram para aceitação da professora no trabalho de colaboração nos episódios de ensino.

Primeiro Aspecto

A professora e o pesquisador ingressaram e concluíram a Licenciatura em Matemática ao mesmo tempo. Isso demonstra certa aproximação durante o período de Graduação, período em que trabalhos colaborativos são constantes.

Segundo Aspecto

A professora e o pesquisador já tinham uma experiência anterior de trabalho em equipe, pois durante a Graduação, diversos trabalhos foram desenvolvidos entre os dois e todos os trabalhos foram considerados como experiências positivas.

Terceiro Aspecto

Por terem sido formados recentemente, ambos partilhavam de uma visão e de um desejo de desenvolverem um ensino de Matemática de maneira diferenciada e significativa.

Quarto Aspecto

Quando o pesquisador saiu para pleitear uma vaga no mestrado em 2004, convidou a professora, sua amiga, para assumir a sua cadeira no colégio Adventista.

Tabela 2: Aspectos do relacionamento entre o pesquisador e a professora da classe

O trabalho colaborativo entre professora da tumra e professor/pesquisador pode ser analisado, relacionando-o com o processo de tomada de decisões, pois, nos episódios de ensino, houve alguns aspectos que consideramos relevante como, cooperação no trabalho entre a professora e o pesquisador, a professora e o pesquisador tomaram em conjunto todas as decisões a respeito do processo de ensino e aprendizagem, incluindo as discussões de todas as tarefas propostas nos episódios de ensino, discussão sobre o modo como as tarefas exploratório-investigativas seriam apresentadas e trabalhadas em sala e discussão das características mais importantes do ambiente existente nos episódios de ensino.

A professora da turma esteve presente em todos os quarenta episódios de ensino realizados para a coleta de dados. Os alunos encararam a presença da professora Solange como uma outra professora que os ajudavam e que contribuía para o desenvolvimento das suas tarefas.

As tarefas exploratório-investigativas foram discutidas pelo pesquisador e a professora, em momentos anteriores à sua apresentação e também nos reuníamos com a professora da turma sempre depois dos episódios de ensino, com o intuito de procurar verificar, analisar e discutir sobre o desenvolvimento das tarefas exploratório-investigativas. Essas reflexões aconteciam em três momentos distintos: primeiro antes da ação com a preparação dos episódios de ensino e das tarefas exploratório-investigativas, na ação com a reflexão em conjunto, enquanto os alunos trabalhavam em seus respectivos grupos e, depois da ação, nos encontros que aconteciam, geralmente, nos domingos.