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O controle da mídia: elites familiares, políticas e religiosas

CAPÍTULO I: A CENTRALIDADE DA MÍDIA NA POLÍTICA: MÚLTIPLOS

3.1 O controle da mídia no Brasil

3.1.4 O controle da mídia: elites familiares, políticas e religiosas

A mudança na legislação com a Constituição de 1988 não reverteu a concentração de poder anteriormente estabelecida no que se refere aos meios eletrônicos. A nova política de concessões remeteu para o Congresso as novas outorgas e renovações, mas não houve nenhuma revisão sobre os critérios anteriores. E aqui percebemos uma outra característica nefasta da cultura política em nosso país: ela, além de clientelista, é conservadora.

Venício de Lima (2001, p.104), argumenta que o padrão histórico no mercado de comunicação brasileiro é concentrado em famílias vinculadas ou que fazem parte da elite política:

Ao lado da concentração de propriedade, duas outras características que têm historicamente identificado o sistema brasileiro de comunicações não apresentam indícios significativos de alteração com "reformas para o mercado" em curso no setor de comunicações. Trata-se da presença dominante de grupos familiares e da vinculação com as elites políticas locais e regionais.

Lima (2000, p.106 e 2004, p.30), fornece uma lista com as oito famílias que lideram o mercado. No cenário nacional aparece a família Marinho (Globo) em primeiro lugar, com 32 TVs e 20 rádios; seguido por Saad (Bandeirantes) com 12 TVs e 21 rádios; e Abravanel (SBT) com 10 TVs. Nos mercados regionais a liderança é dos Sirotsky (RBS-Sul) com 20 TVs e 20 rádios; seguido pela família Câmara (Centro-Oeste) com 8 TVs e 13 rádios; Daou (Norte) com 5 TVs e 4 rádios; Zahran (Mato Grosso) com 4 TVs e 2 rádios; finalizado com o grupo Jereissati (Nordeste) com 1 TV e 5 rádios. Da lista apresentada, somente dois grupos não são afiliados da Rede Globo (Band e SBT). Na lista o autor (2004, p.30) acrescenta as famílias que dominam a mídia impressa: Civita (grupo Abril); Mesquita (O Estado de São Paulo); Frias (Grupo Folha de São Paulo); Martinez (rede CNT) e Levy (Gazeta Mercantil).

Há algumas divergências quanto ao ranking das maiores empresas de comunicação do país. Alguns autores consideram a mídia eletrônica e impressa, enquanto outros classificam somente os grupos controladores de rádios e TVs. Se considerarmos o primeiro critério, a análise apresentada em 1995 por Erasmo Nuzzi (1995) mostra a Rede Globo em primeiro lugar e o Grupo Abril em segundo. Na época o autor projetava que 15 famílias dominavam 90% da mídia brasileira.

Outro estudo, desta vez desenvolvido pelo Instituto de Estudos e Pesquisas em Comunicação, Epcom, revelou em 2002, que apenas as seis principais redes nacionais de televisão do Brasil - Globo, SBT, Record, Bandeirantes, Rede TV! e CNT – dominam um mercado de TV na ordem de US$ 3 bilhões. Através de 138 grupos afiliados, controlam ou estão associadas a 667 veículos no país. São 309 canais de televisão, 308 emissoras de rádio e 50 jornais diários. Direta ou indiretamente, as seis redes operam cerca de 90% das emissoras de TV do país. Às redes de televisão, somam-se outros quatro grandes grupos de mídia: Abril, RBS, Folha e Estado. "Estas dez empresas controlam virtualmente tudo o que se vê, se escuta e se lê no país", diz o documento do Epcom. O estudo também fornece dados sobre a audiência das redes nacionais de TV: Globo 54%; SBT 23%; Record 8%; Band 4%; Rede TV 2%; outras 9%. Estes números não apresentam substanciais alterações nos últimos anos10.

Os números em 2005 divulgados pela Agência Nacional de Telecomunicações (ANATEL) sobre a distribuição de outorgas para a televisão aberta para as quatro maiores redes, apontam a Rede Globo com 5 geradoras próprias, 96 geradoras afiliadas, 19 retransmissoras próprias e 1.405 retransmissoras afiliadas. Em seguida temos a Rede Bandeirantes, com 10 geradoras próprias, 23 geradoras afiliadas, 191 retransmissoras próprias e 234 retransmissoras afiliadas. O Sistema Brasileiro de Televisão (SBT), possui 10 geradoras

10 Luciano Martins Costa, no artigo "O que o BNDES ainda não disse" (Observatório da Imprensa, 6/4/2004)

fornece um quadro detalhado do setor: A mídia brasileira é formada por 3.647 emissoras de rádio legalizadas - das quais 1.676 transmitem em amplitude modulada (AM) e 1.971 transmitem em freqüência modulada (FM) -, 1.194 revistas de circulação regular, 2.684 títulos de jornais, dos quais 523 são diários, e 290 emissoras de TV. Esse complexo, ao qual ainda se juntam as emissoras de TV paga, as retransmissoras e os domínios de internet - que já abrigam a 9a. comunidade da rede mundial - movimentou em 2003 um total de R$ 7.745.447.000,00 em verbas publicitárias. Desse bolo de dinheiro, 46% vai para a televisão, 34% vai para jornais e 10% para revistas. O Grupo Globo, como um todo, é o destino de 30% dessa verba, ou seja, quase 2,6 bilhões de reais. Dentro do gigantesco aparato abrigado sob o guarda-chuva da holding Globopar, o dinheiro se dilui entre 115 emissoras de televisão, 3 jornais, 30 revistas, 44 emissoras de rádio, 6 emissoras de TV a cabo, uma operadora de TV a cabo, um portal de internet e uma produtora. O Grupo Abril, segundo colocado no setor de mídia, possui 87 revistas, uma emissora de TV, uma operadora de TV a cabo e um portal de internet. Os demais grupos ficam a uma distância ainda maior da estrela-mãe da mídia nacional. A televisão alcança 46 milhões de lares, ou seja, 86,5% das casas dos brasileiros possuem pelo menos um aparelho de TV. A Rede Globo atrai pelo menor 58% desse público - mais de 26,5 milhões de famílias com pelo menos quatro pessoas são influenciadas pela ampla gama de programas do grupo, entre os quais se destacam o mais importante noticioso da TV brasileira, novelas e programas de bisbilhotice. Com essa audiência, a Globo torna-se destino de quase 80% da verba publicitária dirigida à TV comercial.

próprias, 37 geradoras afiliadas, 1.749 retransmissoras próprias e 639 retransmissoras afiliadas. Por último a Rede Record, com 18 geradoras próprias, 18 geradoras afiliadas, 322 retransmissoras próprias e 216 retransmissoras afiliadas11.

Um segmento importante a ser considerado na mídia nacional é o chamado "império da fé", ou seja, a proliferação de veículos de comunicação controlados por grupos religiosos. Esta tendência começou a partir dos anos 90, com a criação da Rede Record ligada à Igreja Universal (1990) e com o início da Rede Vida (1995), ligada à Igreja Católica. A Rede Record, a partir de 1998 passou a atingir 90% do território nacional, enquanto que a Rede Vida alcançava mais de 500 cidades, sendo distribuída pelas operadoras de TV por assinatura no país (Lima, 2004, p.35-36).

Além da televisão, outros segmentos de mídia são do interesse das igrejas na radiodifusão. Um levantamento feito por Castro (FSP, 26/06/2000, apud Lima, 2004, p.36) apontava que quatro mil entidades que congregam as rádios comunitárias ainda não legalizadas estavam sob controle de diferentes denominações religiosas. Já, em 2003, uma pesquisa realizada nas Juntas Comerciais, revelou que as igrejas evangélicas disputavam 649 licitações para emissoras de rádio FM. Somente a Igreja Pentecostal do Reio de Deus, através de 11 empresas concorria a 600 licitações em São Paulo (Lobato, FSP, 06/01/2003, apud Lima, 2004, p.37).

Como percebemos, há uma combinação de interesses entre religião, mídia e política. Um dos exemplos desta simbiose pode ser atribuída ao ex-governador do Rio de Janeiro, Anthony Garotinho, cujo desempenho eleitoral na eleição presidencial de 2002 foi reforçado pelo uso estratégico da igreja e do rádio. "Trata-se (...) de uma combinação de política, religião evangélica e uso estratégico de uma rede de rádio que, segundo se divulgou, teria 58 emissoras em 16 estados da federação (Summa, CC, n. 151, apud Lima, 2004, p.37)". Outro exemplo é a crescente bancada evangélica no Congresso: foram 60 cadeiras de Deputado Federal na eleição de 2002, significando 12% do total de parlamentares (Almanaque Abril, 2003, p.48, apud Lima, 2004, p.38).

Quanto ao controle político da mídia, os dados diferem de acordo com a pesquisa que será utilizada. Mas, independente do parâmetro a ser observado, os números apontam o crescente domínio de veículos de comunicação por políticos profissionais. Um dos levantamentos nesta área foi feito por Costa e Brener (1997, apud Lima; 2001, p.109 e Lima, 2004, p.82), revelando que das 1.848 estações repetidoras de TV autorizadas depois de 1995,

11 Dados de 21/02/2005 citado por Santos e Capparelli no artigo "Coronelismo, radiodifusão e voto: a nova face

268 foram entregues a empresas controladas por políticos. Observa-se que estas concessões foram emitidas no governo Fernando Henrique Cardoso, período em que a distribuição das outorgas é autorizada pelo Poder Legislativo.

Outro levantamento feito no ano de 2001, divulgado pela Folha de São Paulo12, mostra

que "uma em cada quatro concessões comerciais de emissoras de televisão no Brasil está nas mãos de políticos". Lima (2004, p.31) conclui que das 250 concessões de TVs comerciais existentes no país, 60 pertencem a políticos profissionais. A reportagem revela também a quais redes nacionais as concessões estão vinculadas: Rede Globo, 21 afiliadas controladas por políticos; SBT, 17; Bandeirantes, 9; Record, 5; CNT, pelo político falecido José Carlos Martinez.

Outra estatística interessante apresentada por Lima (2001, p.108) refere-se ao controle da mídia nos estados. Os políticos são donos de 50% das estações de rádio na Bahia; 44% em Pernambuco; 33% em Minas; e 20% em São Paulo. Na região norte e nordeste aparecem os nomes de Antônio Carlos Magalhães, José Sarney, Jader Barbalho, Inocêncio de Oliveira, Albano Franco, João Alves, Collor de Melo, Rômulo Furtado, entre outros. Na região Sul e Sudeste, Orestes Quércia, Paulo Pimentel e José Carlos Martinez aparecem entre os mais famosos.

Nem as emissoras educativas escaparam do jogo clientelista da mídia eletrônica. No ano 2000, o presidente Fernando Henrique Cardoso assinou o Decreto no 3.451, por intermédio do qual confere ao próprio presidente o poder de analisar e distribuir geradoras de rádio e TVs educativas. Ou seja, esses canais ficam de fora das licitações públicas (Lima, 2001, p.110). Com esta brecha, foram autorizadas 357 permissões para novos canais educativos pelo governo de FHC até agosto 2002. Das 100 concessões na gestão do ministro Pimenta da Veiga no Ministério das Comunicações, 23 foram parar nas mãos de políticos (Lobato, FSP, 25/08/2002, apud Lima, 2004, p.35). Outra reportagem da Folha de São Paulo13

fala que foram 118 concessões de TVs educativas emitidas nos dois mandatos de FHC na Presidência da República, que beneficiaram, entre outros, parentes de 17 deputados federais, além de deputados estaduais, prefeitos, vereadores e outros políticos.

Os veículos comunitários também não fogem à regra. Daniel Castro, da Folha de São Paulo, apurou que as entidades que congregam as rádios comunitárias ainda não legalizadas estimam que duas mil emissoras estão sob interferência dos políticos (Castro, 26/06/2000, apud Lima, 2004, p.33).

12 Na reportagem da jornalista Elvira Lobato, FSP, ago. 2001, (apud Lima, 2004, p.31). 13 Radioconfusão, 25/5/2004, Elvira Lobato - Folha de São Paulo.

Uma pesquisa desenvolvida pela assessoria parlamentar do Partido dos Trabalhadores14 (Bayma 2001), demonstra que das 248 outorgas de geradoras de TV, 28 são

controlados por políticos exercendo mandato. Bayma estabelece um ranking na distribuição de rádios e TVs por partidos:

PFL 37,5% PMDB 17,5% PPB 12,5% PSDB 6,25% PSB 6,25% PPS 5% PL 3,75% PRP 3,75% PDT 3,75% PMN 2,5% PSC 1,25% .

Nota-se que os partidos de centro-direita predominam na lista de concessões. Outra constatação é a de que a base aliada do governo Lula figura discretamente entre os proprietários da mídia (exceto o PMDB), fato que pode dificultar a implantação de medidas que contrariam os interesses do setor.

Segundo a revista Carta Capital15, num levantamento voltado para a legislatura que

iniciou em 2003, "calcula-se que 80 deputados sejam donos de canais de rádio e tevê, a maioria associada aos grandes grupos empresariais brasileiros". A matéria não especifica os partidos que predominam no montante dos parlamentares ligados à mídia. Reportagem posterior da revista apontava que em 2006, o lobby dos radiodifusores comerciais no Congresso era representado por 90 parlamentares (Carta Capital, no 405, 09/08/06, p.32). Outro levantamento, desta vez apresentado por Venício de Lima, relatada pelo boletim Congresso em Foco (24/11/05, clipping FNDC) traz uma relação que aponta os nomes dos 49 deputados que são concessionários diretos de emissoras de rádio e TV, conforme dados oficiais do Ministério das Comunicações. A reportagem aponta que um em cada dez deputados é concessionário direto de veículos de radiodifusão, contrariando o artigo 54 da Constituição Federal. Já, a repórter Laura Mattos da Folha de São Paulo (abril/2003) apurou que 26% dos deputados que na época compunham a Comissão de Ciência e Tecnologia,

14 Bayma, Israel. A concentração de propriedade nos meios de comunicação e o coronelismo eletrônico no

Brasil. Assessoria Técnica do Partido dos Trabalhadores, Brasília, DF, 2001, disponível em www.pt.org.br. A pesquisa foi realidade em 3315 emissoreas de rádiodifusão cruzando dados do Minicom, TSE e Anatel. O texto também é citado por Guareschi (2005, p.49) e Lima (2004, p.32).

15 Na reportagem de Ana Paula Souza e Sérgio Lírio: A Rede Globo ganha outra, edição n. 326, 26/01/2005,

Comunicação e Informática são proprietários de emissoras de rádio e TV (apud Lima, 2004, p.33). A comissão que tratava de radiodifusão na Câmara dos Deputados era controlada pelos próprios radiodifusores políticos (incluindo o presidente o vice), pois bastam 14 votos para aprovar ou rejeitar qualquer projeto com o quorum mínimo de 26 deputados. Quanto aos senadores donos de rádio e televisão, pesquisa realizada pelo Epcom (Instituto de Pesquisas em Comunicação) apontava que 28 senadores controlam emissoras de rádio ou televisão, em nome próprio ou de terceiros16, representando 35% dos parlamentares da legislatura iniciada

em 2003. Em meados de 2006, o Epcom divulgou dados atualizados da pesquisa, apontando mais de 70 parlamentares donos de emissoras: “são pelo menos 51 deputados e 27 senadores de acordo com os dados, o que é proibido pela Constituição brasileira”, diz a reportagem17.

Na legislatura que inicia em 2007, oitenta parlamentares são donos de empresas de mídia. Ou seja, um terço dos senadores e mais de 10% dos deputados eleitos para o quadriênio 2007-2010 controlam rádios ou televisões18.

Itamar Aguiar (2006, p.51) considera que na tradição política brasileira, a concessão de emissoras de rádio e televisão foi sempre usada como "moeda política" em troca de apoio para o grupo transitoriamente ocupante do Poder Executivo. Lembra que expressões como "coronelismo eletrônico" ou "cartórios eletrônicos" têm sido freqüentemente utilizadas para caracterizar a tentativa de políticos de exercer, através dos mídia, o controle contemporâneo sobre parte do eleitorado. Para Aguiar, talvez, este fator explique a aproximação dos candidatos e partidos nas diferentes disputas eleitorais. "É o que se observa no plano regional através, muitas vezes, de coalizões inexplicáveis do ponto de vista programático e ideológico" (Idem).

Na política brasileira também ocorre um movimento inverso, ainda que em menor proporção. Quando não são os políticos os donos da mídia, são os agentes da mídia que querem virar políticos. Diante da notória visibilidade pública proporcionada aos comunicadores, especialmente na rádio e na televisão, torna-se fato comum estes profissionais migrarem para o campo político. Na eleição de 2002, em todo o país 198 jornalistas e radialistas disputaram mandatos eletivos, representando somente 1,06% do total dos

16 No boletim Congresso em Foco, 35% dos senadores donos de emissoras de rádio e TV (29/11/05, clipping

FNDC).

17

Mais de 70 parlamentares são donos de emissoras mesmo com proibição da lei, 06/07/2006, Cecília Jorge Agência Brasil (clipping FNDC).

18“Entre eleitos, 80 parlamentares controlam rádio ou televisão”, 23/10/2006, Alceu Luís Castilho, Repórter

candidatos19. Os partidos preferidos pelos jornalistas foram: PSDB - 19; PSB - 18; PDT - 15;

PT - 14 e PFL - 13. Já, entre os radialistas e apresentadores de televisão as candidaturas foram: PMDB - 15; PPS - 13; PDT - 13; PSB - 12 e PTB - 12. A revista Imprensa "faz um histórico do bem-sucedido casamento entre mídia e política", citando exemplos históricos de sucesso nas urnas. Entre eles estavam o jornalista Antônio Britto, ex-governador do Rio Grande do Sul e o radialista Antony Garotinho, ex-governador do Rio de Janeiro e candidato à presidência naquele pleito.

Independente da fonte e do ano da pesquisa, os dados apresentados demonstram uma íntima relação entre políticos e a mídia. Quando não são proprietários de veículos de comunicação, os políticos evitam conflito com os empresários do ramo para não prejudicar a visibilidade pública de seus mandatos. Portanto, este histórico quadro que prevalece no Brasil, dificulta políticas públicas de comunicação que contrariam os interesses daqueles que dominam o setor. Mesmo com o Partido dos Trabalhadores habitualmente não constando na lista dos que receberam concessões de rádio ou televisão, a correlação de forças no Congresso Nacional é prejudicada em função do controle político exercido sobre as empresas de mídia. Isto talvez explique as dificuldades do governo Lula em aprovar alguns projetos na área de comunicação, tais como o da criação do Conselho Federal de Jornalismo e da Agência Nacional de Audiovisual, que discutiremos adiante na perspectiva do agendamento.

A concentração de propriedade da mídia aqui exposta reforça a tese da auto-referência da mídia que discutimos no capítulo dois, demonstrando a similaridade de conteúdo entre os maiores veículos de informação nacionais. Uma vez que prevalece um elevado índice de propriedade cruzada na mídia brasileira, com um mesmo grupo empresarial controlando emissoras de rádio, TV e jornal, há tendências para a reprodução ou idêntica tematização de conteúdos jornalísticos, uma vez que as informações circulam internamente nos veículos de comunicação, através de suas próprias agências de notícias.