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Os espetáculos da mídia e a visibilidade pública da política

CAPÍTULO I: A CENTRALIDADE DA MÍDIA NA POLÍTICA: MÚLTIPLOS

1.4 Os espetáculos da mídia e a visibilidade pública da política

A capacidade do sujeito político para produzir efeitos discursivos junto à população está associada ao seu potencial de gerar fatos simbólicos. A imagem do homem público está submetida aos novos formatos informativos, em que a necessidade de seduzir o público também passa pela suas possibilidades de gerar aparições na mídia, disputando espaços com os demais atores sociais. A esteticidade e a capacidade de sedução de suas mensagens se tornam fundamental neste disputado cenário. A dramatização será um recurso importante em determinados episódios, rendendo ao político espaços importantes para dar visibilidade às suas ações. A mídia, dentro de seus padrões editoriais, estimula a espetacularização15 da

14 No Brasil também existem práticas semelhantes, principalmente em pequenos estados e municípios onde a

mídia é controlada por políticos. Dois exemplos a título ilustrativo. O jornalista Paulo Alceu, que foi o principal comentarista político da RBS em Santa Catarina, segundo informações que circularam no meio jornalístico, teria sido demitido a mando do Governo Luis Henrique da Silveira em 2004, após inúmeras críticas proferidas ao governante. O jornalista Prisco Paraíso, afirmou em palestra na Unisul (Tubarão, 08/06/06) que foi demitido duas vezes a mando do mesmo governador. “Fui dispensado do jornal O Estado e do SBT por pressões políticas”, disse o jornalista.

15 O termo espetáculo foi disseminado por Guy Debord a partir de 1967, com o livro a A sociedade do

espetáculo (1992/1997). É um conceito polêmico para muitos teóricos em função da polissemia de seu significado. O próprio Debord não usa uma definição homogênea para espetáculo. Usa expressões do tipo "o espetáculo não é um conjunto de imagens, mas uma relação social entre pessoas, mediada por imagens"(p.14); "o espetáculo é o capital em tal grau de acumulação que se torna imagem" (p. 25); "o espetáculo é a ideologia

política, pois cede espaços à medida que os homens públicos inovam na sua performance discursiva e até mesmo teatral. O espetáculo sempre foi inerente aos rituais políticos, mas com a participação mais efetiva dos meios de comunicação de massa na política contemporânea, os rituais políticos foram adaptados aos padrões discursivos e estéticos disseminados pelos meios de comunicação, como bem assinalam Weber (2000) e Gomes (2004).

A mídia, funcionando como um espaço de circulação de discursos, regulando como os discursos sociais ganham visibilidade pública, enaltecendo alguns temas em detrimento de outros que são apagados ou silenciados, torna-se um alvo de disputa. O discurso político neste sentido funciona como um acontecimento simbólico que reivindica espaço entre os demais discursos sociais, mediados pelos meios de comunicação. É um processo de troca, pois ao mesmo tempo em que o político necessita da mídia para dar visibilidade às suas ações, a mídia necessita de seus fatos para preencher seu espaço informativo. Nesta relação ambígua, os espetáculos são interativos: a mídia agendando acontecimentos na política, induzindo ações governamentais com forte apelo informativo; e de outro os políticos pautando episódios jornalísticos, entrando em cena para aparições pitorescas que enriqueçam o repertório midiático e fortaleça seu capital político.

Portanto, a noção de política espetáculo que nos interessa na tese é a adequação dos rituais políticos governamentais aos formatos simbólicos do jornalismo, no sentido de potencializar as aparições na mídia, ou seja, disputar a agenda jornalística e propiciar enquadramentos positivos no noticiário.

É um processo de duplo agendamento, ou agendamento recíproco16. Os políticos se

pautam por eventos simbólicos para atrair a repercussão jornalística, ao mesmo tempo em que a imprensa intervém na agenda política, pautando atuações dos poderes públicos em

por excelência, porque expõe e manifesta em sua plenitude a essência de todo o sistema ideológico"(p. 138). Para Gomes (2004, p.363-364) a política espetáculo é originária a partir de Luis XIV em meados do século XVII, a partir do rituais utilizados pelo Estado para constituição da imagem pública do rei. Já Maria Helena Weber (2000, p.29) diz que "a noção de espetáculo, atribuída à política e a televisão - campos diferenciados e paradoxalmente dependentes - é utilizada como a mais adequada ao tipo de dramatização que podem desencadear através de suas estratégias particulares de comunicação. Política e televisão são dois poderosos discursos marcados pela passionalidade da argumentação e da persuasão, através do caráter ilocutório da comunicação política". Esta citação da autora será útil para o enfoque que empregamos, uma vez que a defendemos que a mídia e a política interagem simbolicamente através da troca de espetáculos, discursivos, estéticos, polêmicos, persuasivos, enfim, moldando a agenda pública e política a partir da simbiose entre os dois campos.

16 No Capítulo II, discutimos esta perspectiva de agendamento mútuo entre mídia e governo a partir da teoria do

determinadas demandas sociais. Essa relação é mais efetiva na capacidade do Estado17 em

gerar eventos midiáticos diante do seu potencial de intervenção em vários setores da sociedade. Por outro lado, a mídia, ao retratar aspectos da realidade, pauta o direcionamento do poder público diante de alguns fatos retratados no seu repertório, induzindo ações governamentais estimuladas pela visibilidade pública proporcionada por seus produtos jornalísticos.

Os políticos passam a incorporar na vida pública algumas estratégias para atrair aparições jornalísticas, essenciais para a carreira política. Afinal, como diz Raul Francisco Magalhães18, “o político na democracia contemporânea não é, como na monarquia teocrática,

um privilégio de poucos olhos, é, ao contrário, por força de sua condição, um objeto de exibição para a massa e deve se moldar aos requisitos deste processo”.

Trata-se de uma dependência do poder político em conquistar espaços na mídia. Gomes (2004, p.301), argumenta que a sociedade política, sem os meios massivos, não conseguiria apresentar suas posições, seus programas e pessoas ao conhecimento da esfera civil, para com isso obter o apoio popular. "Em ambas as esferas, nota-se uma demanda cognitiva que não pode ser respondida satisfatoriamente, pelo menos por enquanto, a não ser pela comunicação pública19 controlada pela indústria da comunicação de massa".

Nessa perspectiva, Gomes (idem, ibidem), ressalta essa dependência:

A natureza da atividade política democrática em sociedade de massas (a demanda cognitiva) faz com que a política necessite essencialmente dos meios de comunicação, enquanto, de outro lado, a natureza dos meios de comunicação, enquanto meios de exibição de produtos e promoção de mercados e, por conseqüência, enquanto meios de entretenimento, faz com que a comunicação de massa, rejeite, pelo menos em parte, conteúdos da política em seu formato tradicional.

17 No Capítulo II, ao discutirmos os estudos do newsmaking, enfatizaremos o oficialismo nas notícias, ou seja, a

predominância de fontes oficiais (governamentais) no noticiário em detrimento dos demais atores sociais.

18No artigo "A ciência política e o marketing eleitoral: algumas elaborações teóricas". In: Comunicação e

Política, Rio de Janeiro, abr./jul. 1995, p.130.

19 Apesar de o autor utilizar com freqüência o termo “comunicação pública”, não se dedica ao aprofundamento

do conceito, que vamos buscar em outros autores. Maria Helena Weber (2006, p.11), diz que o conceito abrange muitas “noções práticas” associadas a “espaço público, imagem pública, opinião pública, comunicação de massa, cultura de massa, comunicação social....” (apud Beauchamp, 1991, p. XIII). A autora também utiliza a definição do programa de mestrado da Universidade de Laval (Canadá) que define a comunicação pública “como o conjunto de fenômenos de produção, tratamento, difusão e defesa de informação que reflete, acredita e orienta os debates e as dinâmicas sociais; a comunicação pública não é somente fato das mídias, mas também das instituições, empresas, movimentos e grupos que interferem na esfera pública”. Como conseqüência a formação da imagem pública. Heloisa Matos (2004, p.118) prefere utilizar Zemor (1995, p.6) identificando o campo da comunicação pública como uma modalidade formal visando obter uma legitimidade de interesse público. O autor citado (p.23) divide em 5 categorias a comunicação pública, tendo a informação como objetivo: responder à obrigação que as instituições têm de informar o público; estabelecer uma relação de diálogo de forma a permitir a prestação de serviço ao público; apresentar e promover os serviços da administração; tornar conhecidas as instituições (comunicação interna e externa); e divulgar ações de comunicação cívica e de interesse geral.

Por isso, a política espetáculo passa a ser um recurso estratégico para aparições midiáticas. Maria Helena Weber (2000, p.35-40), classifica os espetáculos políticos a partir de quatro tendências: espetáculo político editorial, quando os textos, fatos ou sujeitos da política são escolhidos, valorizados e editados pelas mídias; espetáculo político articulado, os eventos políticos obrigatórios que alteram a abordagem trivial da política (tais como eleições, CPIs, reformas constitucionais etc.); espetáculo político autônomo, quando o fato político assume proporções de meta-acontecimento, com magnitude para provocar a ortodoxia estética das mídias e delas exigir um comportamento diferenciado; espetáculo político arbitrário, que são as propagandas políticas veiculadas nas mídia pela força da lei ou pela compra de espaço publicitário (no caso da propaganda governamental). Esta tipologia será útil para nossa pesquisa, pois todas as categorias mencionadas por Weber acontecem na política de comunicação do governo Lula. Portanto, estaremos mobilizando estes conceitos na análise empírica dos fatos políticos em curso no país.

Gomes (2004, p.385-386) critica o uso do termo espetáculo pelos autores que nem sempre se dão ao trabalho de explicar o conceito. As expressões mais usuais são "política espetáculo", "espetáculo político" ou "espetacularização do poder". "Em suma, se tomarmos política- espetáculo como um conceito, teremos que sustentar argumentativamente que a idéia de ‘espetáculo’ é apropriada para caracterizar a transformação da política"(Idem, p.386). Para ele o conceito se refere aos três fenômenos diferentes: a política em cena; a dramaturgia política e a espetacularização da política. O primeiro coloca seu apreciador na condição de expectador, com a exibição da visibilidade, de um lado, e a contraposição entre atuação e passividade, de outro, onde a atividade política se realiza como um show, semelhante à indústria do espetáculo audiovisual (Idem, p.386-387). No sentido dramatúrgico seria a representação teatral da política similar a de atores. Ainda para esse autor (2004, p.389-391), a política representada para ser exibida no palco audiovisual da indústria da informação e do entretenimento (política pela TV), pode ser designada como política-espetáculo porque possuiria uma característica em comum com o drama teatral: a artificialidade. Também pode vir recheada com efeitos emocionais que orientam toda a constituição da representação. Já, a espetacularização da política seriam as ações e os discursos da política que não podem deixar de ser vistos, que se impõem pela sua excepcional visibilidade, que existem para encher os olhos e os monitores de vídeo, para fabricar imagens técnicas, para ganhar o centro da cena, da praça, da tela. A política contemporânea se dedica a providenciar eventos, textos, fatos e situações dotados de visibilidade plena, que se impõem na esfera da visibilidade da comunicação de massa (p.394).

Certos autores preferem o termo "teatralização na política", fenômeno que não é uma particularidade do Brasil. Em outros países essa prática é notória. Alberto e Larissa Lomnitz20, que

analisaram a campanha do PRI na eleição mexicana de 1988, relatam que los actos de campaña eran eventos altamente expressivos, organizados com gran atención a su funcionamiento como espectáculos. Os autores demonstram que en los rituales se representam dramas sociales, eventos o características de la sociedad, y es por ello que tienem un elemento de teatralidad. Entre os participantes dos eventos de campanha o casal Lomnitz classifica quatro tipos de público: o candidato, ator principal do espetáculo; os representantes do povo; a imprensa, que observa e transmite ao grande público; e os convidados especiais.

Esta perspectiva de dramaturgia política também é comentada por Murilo Cesar Soares (1996, p.149):

A política é o terreno por excelência da dramatização: os líderes “personificam” algo para o grupo através de sua atuação, as massas participam vicariamente do drama social sob a forma de “entretenimento”, identificando heróis, vilões ou loucos, situando-se na “cena”. Políticos, conscientes da projeção de suas imagens sobre as audiências, constroem pseudo-eventos, acontecimentos de entretenimento e desempenho teatrais, através dos quais podem controlar a apresentação de sua imagem para a massa.

Enfim, a linguagem teatral encontra atores em vários segmentos sociais, como relata Maria Helena Weber(1996, p.13):

Caricatura e dramatização marcam a disputa pelo Estado e sua manutenção. A linguagem teatral sempre foi a forma de organizar e simular os jogos dos poderes políticos (governo, instituições, partidos), em sintonia com os poderes do capital (empresas, finanças), os poderes mediáticos (imprensa, rádio, televisão, propaganda), e todos em torno dos poderes do sujeito, exercitando seus papéis como espectador, consumidor, eleitor, cidadão.

Há autores que direcionam seu enfoque para o chamado "governo espetáculo", analisando a performance dos governantes na manipulação de linguagem, entre outros recursos simbólicos. É nesta hora que o homem público vira espetáculo. Assim, o poder passa a assumir as características físicas daquele que o representa. Ganha feições humanas para disputar espaço no imaginário popular. Schwartzenberg (1978, p.247) chama este processo de “personalização do poder”, pois o Estado, projetado como instrumento de

20Alberto Lomnitz e Larissa Lomnitz: "La teatralidad de las campanhas electorales del PRI en México - un

legitimação do poder de grupos dominantes, adquire a face da classe ou indivíduo que ele representa. Esta política personalizada apela mais para impressões do que para as informações, entorpecendo a capacidade de raciocínio e faculdade de julgamento público, fascinado pela política de perfil que substitui a política de programa. Trata-se da “política de imagem”, em que o perfil suplanta o programa e as imagens substituem a ideologia (Idem, p.202).

Debord (1997, p.174), exagera na sua versão de "governo espetáculo", perpetuando a sua atuação onipresente: "O governo do espetáculo, que no presente momento detém todos os meios para falsificar o conjunto da produção tanto quanto da percepção, é senhor absoluto das lembranças, assim como é senhor incontrolado dos projetos que modelam o mais longínquo futuro. Ele reina sozinho por toda parte e executa seus juízos sumários".

Maria Helena Weber (1994, p.37), por sua vez diz que os rituais da política são adaptados aos interesses da mídia, rendendo belos espetáculos para a audiência. Fala que a construção de espetáculos políticos é fundamental para a participação popular, porque podem ser manipulados, já que todo fato trivial pode ser transformado em festa, desfile, manifestação pública. “Sendo a propaganda política essencialmente simbólica, o conteúdo do discurso autoritário pode ser diluído se adaptado à linguagem e incorporado a outros conteúdos conforme os interesses da mídia”. Trata-se da relação ambivalente que referimos anteriormente, mas que reforça a necessidade de avaliar o poder simbólico da mídia sobre a representação social da política, principalmente em processos eletivos e nas estratégias de sustentação ideológica dos poderes governamentais.

Uma das conseqüências desse poder midiático sobre a política é que os políticos adquirem estratégias para controlar sua visibilidade pública, mas nem sempre conseguem monitorá-la. Thompson (1995, p.321) considera a expansão da mídia uma espada de dois gumes: “na nova arena política produzida e sustentada pelos meios de comunicação de massa, os líderes políticos são capazes de aparecer diante de seus sujeitos de uma maneira e de um grau que jamais existiu”. Por outro lado, “políticos astutos exploram essa circunstância para proveito próprio. Eles procuram criar e manter uma base de apoio para seu poder e suas políticas através do controle de sua auto-apresentação e do gerenciamento da visibilidade que eles possuem dentro da arena mediada da política moderna”. Os líderes políticos e suas organizações se preocupam com o controle da visibilidade e com a alimentação de uma relação produzida e sustentada através da quase interação mediada. Nessa direção, Thompson aponta o desenvolvimento da mídia nas oportunidades para o controle de visibilidade dos políticos, bem como os riscos para os líderes e para o exercício do poder político. Antes o

controle da visibilidade dos políticos acontecia num círculo restrito. A legitimidade do poder era sustentada até na distância que eles mantinham das pessoas que governavam.

Como Thompson (1995) refere acima, a visibilidade pública mediada acrescenta riscos para os políticos, pois pode ser fonte de um novo tipo de fragilidade: “por mais que os líderes políticos procurem gerenciar sua visibilidade, o próprio fenômeno da visibilidade pode fugir de seu controle e subverter toda a garantia que eles possam ter ou buscar”(p. 322). Isso porque o “exercício do poder político hoje se dá numa arena que é cada vez mais aberta à inspeção, por mais que os líderes políticos tentem controlar e restringir essa visibilidade”, ou seja, o exercício do poder está sujeito a um tipo de escrutínio global, principalmente da televisão. Enfim, hoje os líderes políticos podem procurar manipulá-la continuamente, mas eles não podem controlá-la totalmente. A visibilidade mediada é uma condição inevitável da política institucionalizada na era moderna, mas ela tem conseqüências incontroláveis para o exercício do poder político.

Assim, os políticos perdem autonomia no controle de sua imagem pública21, pois

dependem da apropriação feita pelos meios de comunicação de seus atos, o que pode interferir na opinião pública. Gomes (2004; p.286-287), considera um dos obstáculos o fato de a produção efetiva da imagem não estar sob o controle do mundo político, mas da comunicação de massa. Neste sentido os atores do campo jornalístico, por exemplo, convertem-se em agentes da política midiática com o poder de bloquear, invalidar ou alterar (...)" os fatos e discursos gerados pelos atores políticos. Assim, como diz Kehl22 (2004, p.142), a arena da

visibilidade política desloca-se do foro onde os homens negociam e as decisões são tomadas para o das imagens que parecem mais adequadas ao espetáculo dos telejornais".

21 Imagem seria o conjunto de conceitos e representações que a sociedade faz de pessoas ou instituições. Gomes

(2004) define imagem pública de um sujeito como "um complexo de informações, noções, conceitos, partilhado por uma coletividade qualquer que o caracterizam" (p. 254). O autor fala da similaridade do termo com 'opinião pública", preferindo usar o termo "imagem pública" para as concepções sobre a natureza de instituições, pessoas, produtos, para os juízos intelectuais a cerca das propriedades estáveis de sujeitos e instituições (p. 255). Em outro texto "Opinião pública política hoje: uma investigação preliminar" (NETO, Fausto (Org.). Práticas midiáticas e espaço público. Porto Alegre: Editora da PUC-RS, 2001). Gomes (p. 68) diz que "opinião pública (...) não é simplesmente o sujeito coletivo de opiniões, mas o sujeito capaz de manifestar decisões" quando indagados sobre determinados temas nacionais. Por "opinião política" entende uma opinião gerada no campo político que é publicada, exposta e disponível socialmente (p. 69). Diz que a indústria da informação e o entretenimento, quando homogeneizável e convergente, transforma-se num poderoso critério de seleção e edição da opinião pública (p.75). Sobre o conceito de Imagem Pública ler também Maria Helena Weber, no capítulo VIII do livro Comunicação e política: conceitos e abordagens (p. 259-307). Para a autora, as imagens públicas são apropriadas e vigiadas em todas as instâncias de visibilidade política, dominadas em grande parte pelas mídias, como suportes de fabricação e difusão de quaisquer modalidades de imagem (p. 261).

Isto também provoca transformações no jogo político, como assinala Belloni (s/d, p. 24), pois tende a esvaziar-se de seu conteúdo efetivamente político de defesa de interesses específicos de grupos sociais, para adaptar-se às regras do espetáculo. A idéia (e os ideais) de cidadania – baseados na racionalidade moderna típica do jornal – tendem a "dissolver-se no