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12 TECNOLOGIAS DE PRODUÇÃO, GESTÃO E INFORMAÇÃO UTILIZADAS

3.2 Abordagem Tradicional: Critérios, Métodos, Técnicas e Tipos de Controle

3.2.4 Tipo de controle: custo-padrão

Para Viana, citado por Leone (1995, p.226), custos-padrão são custos determi- nados previamente, baseados em cálculos analíticos rigorosos sobre os processos produtivos, incluindo os estudos do tempo e dos movimentos relativos a cada operação. Os custos-padrão, uma vez fixados, servem de medida comparativa aos custos consultivos, eliminando-se o uso das comparações entre parcelas representativas destes últimos custos. O custo-padrão é um instrumento de controle à gestão dos custos das empresas. Nesse sentido, é fundamental enfatizar-se o significado do termo controle. Segundo Perez Jr. et al. (1995, p.50), controle significa conhecer uma determinada realidade, compará-la com o que deveria ser em termos ideais, identificar se são possíveis os desvios e tomar providências no sentido de corrigir esses desvios.

O controle de custos ocorrerá quando for possível a identificação dos custos em departamentos, processos e elementos de custos e, posteriormente, quando forem elaboradas uma análise e uma comparação entre as duas situações, ou seja, entre como deveria ser e o que ocorreu efetivamente.

O conceito de custo-padrão aparece na literatura especializada sob diversas acepções. É necessário observar, porém, com cuidado, algumas diferenças fundamentais, até mesmo porque essas diferenças nortearão as bases da implantação desse instru- mento de controle e influenciarão profundamente as análises e avaliações resultantes do custo-padrão.

O conceito de custo-padrão pode ser construído sobre a concepção de um custo de produção de um bem ou serviço, pressupondo o uso dos melhores materiais, nível zero de ociosidade de mão-de-obra, o uso de 100% da capacidade disponível e uma manutenção real compatível com a manutenção programada; esse custo-padrão é denominado de custo-padrão ideal.

Esse conceito encontra-se superado, uma vez que no transcorrer da produção e na elaboração dos processos é muito comum a interferência de variáveis exógenas, não consideradas convenientemente no estabelecimento do custo-padrão ideal ou científico. O custo-padrão ideal poderá ser estabelecido como objetivo de longo prazo para a empresa, e não como meta de curto e médio prazos (MARTINS, 2001, p.332).

Em contraposição, o conceito de custo-padrão corrente apresenta maior validade e praticidade mais ampla em seu uso. Nesse conceito, o custo-padrão é estabelecido com base nas condições reais de operacionalização da empresa, considerando-se os fatores que esta coloca à disposição da produção, como máquinas, especialização de mão-de- obra, e necessidade de manutenção, entre outros.

O custo-padrão corrente deverá ser uma meta difícil de alcançar, mas não impossível de ser obtida nas condições habituais da empresa. Promoverá, assim, um elo entre os aspectos teóricos e práticos da produção, dentro de uma abordagem madura do que poderá ser atingido efetivamente. Assim, poderá ser utilizado para análises e avaliações de curto prazo, proporcionando apoio a decisões imediatas.

Deve-se ressaltar que o conceito de custo-padrão corrente difere substan- cialmente do conceito de custo estimado. Este último apenas configura-se como um custo que será normalmente atingido pela empresa, numa suposição de que a média do passado é uma boa estimativa, com pequenos ajustes, para o futuro. Por seu lado, o custo-padrão corrente exige o alcance de certos níveis de eficiência no desempenho das atividades produtivas, sendo, portanto, mais completo que uma simples estimativa com base no passado.

Tendo claramente definido o conceito de custo-padrão a ser utilizado, a empresa encontrará nele um dos melhores instrumentos para o controle de seus custos.

Os principais resultados obtidos poderão ser evidenciados em áreas como: auxílio à eliminação de falhas nos processos produtivos, melhoramento dos controles de consumo de materiais, estabelecimento de instrumentos de avaliação de desempenho, confiabilidade nos dados utilizados na apuração do custo real e agilidade na obtenção de informações de custos.

O custo-padrão é determinado a partir de medidas técnicas e práticas de uso e consumo dos fatores de produção, materiais, mão-de-obra e outros custos indiretos definidos com base nos processos. Em seguida, esses padrões são associados a uma unidade monetária, também considerada padrão. Assim, o custo-padrão pode ser obtido por meio da multiplicação dos padrões de consumo pelo respectivo padrão monetário.

Os procedimentos para a definição dos elementos-padrão poderá ser melhor visualizado no quadro 10.

QUADRO 10 - PROCEDIMENTOS PARA DEFINIÇÃO DE ELEMENTOS-PADRÃO

PADRÃO A SER DETERMINADO PROCEDIMENTO OU CRITÉRIO UTILIZADO Padrão físico de consumo das matérias-primas e demais

materiais

Pesagens e/ou medições, levando em consideração também as perdas e quebras normais no processo produtivo.

Padrão de valor das matérias-primas e demais materiais Custos correntes de reposição ou os custos incorridos nas últimas compras.

Padrão técnico da utilização da mão-de-obra Quantificados por cronometragem de tempo das operações produtivas, de acordo com amostragens estatísticas. Deve ser levado em consideração o desempenho normal de um operário, em condições normais de produção, incluindo as perdas normais de tempo para trocas de ferramentas, substituição de matérias- primas, deslocamentos periódicos do setor etc.

Padrão de taxas horárias da mão-de-obra Calculado considerando o custo com salários, encargos sociais e outros benefícios.

Padrão monetário dos custos indiretos de fabricação A taxa unitária decorre da divisão do total dos custos indiretos conhecidos pelo fator escolhido para apropriação aos produtos.

FONTE: Perez Jr. et al. (1999, p.159)

A determinação dos padrões e a definição dos procedimentos e critérios apresen- tados envolverão a participação das diversas áreas da empresa. As áreas de contabilidade de custos e de engenharia de produção serão, certamente, as principais responsáveis nessa atribuição.

À primeira caberá, junto com a controladoria, a determinação dos padrões mone- tários, como preços de matérias-primas e de outros materiais, taxas salariais, valores de aluguéis e depreciações, de consumo de energia e de telefone, etc.

A segunda será responsável pela obtenção de padrões técnicos e quantitativos, como consumos de materiais, quantidade de horas de mão-de-obra direta, quantidade de horas-máquina e número de preparações de máquina, entre outros.

Após a determinação do custo-padrão, este atuará como um parâmetro de comparação com o custo real gerado para cada elemento de custo (materiais, mão-de-obra e custos indiretos de fabricação). Essas comparações abrirão as possibilidades de análises de variações, desdobradas em variações de preços e de quantidades, que servirão de base para a efetivação de correções e ajustes futuros, quando necessário.

A utilização do custo-padrão, segundo Kaplan e Cooper (1998, p.41), teve sua origem com as inovações introduzidas pelo movimento da Administração Científica, servindo de base para os sistemas de controle durante o transcorrer do século XX. Sua implantação, no entanto, deverá atender às necessidades gerenciais de controles preestabelecidos e um prévio reconhecimento de que este deverá estar acoplado a outros métodos e critérios, também previamente definidos. Ou seja, o custo-padrão não responderá, de forma isolada, a uma

gestão de custos eficiente. Deverá, portanto, ser especificamente projetado para promover a eficiência e a otimização dos recursos, de maneira que aumente a qualidade e a viabilidade econômica dos produtos e serviços ofertados pela empresa.