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ORGANOGRAMA 1 – A organização do Sistema Único de Assistência Social

4 A POLÍTICA NACIONAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL: PERSPECTIVA DE

4.3 CRAS: FOCO DA ASSISTÊNCIA SOCIAL

Como mencionado anteriormente, a nova política de assistência social tem como finalidade promover a inclusão e o protagonismo social, primando pela atenção às necessidades humanas de forma global, mas também atendendo as especificidades de cada contexto. Neste sentido, várias ações vêm sendo desenvolvidas nos últimos anos. A exemplo disso temos a criação dos Centros de

Referência da Assistência Social – (CRAS)36 que tem dado uma nova dimensão às políticas de assistência social, pois além de se tornar a porta de entrada para acolher as demandas sociais, tem uma dinâmica de funcionamento que está permitindo a desvinculação da assistência aos favores políticos, prática costumeira, na maioria das localidades brasileiras.

Como está explicitado na PNAS (2004), o CRAS é a “porta de entrada” dos usuários à rede de proteção social básica do SUAS, sendo que a ênfase dos serviços sócio-assistenciais no CRAS é o atendimento às famílias e seus membros, mas também indivíduos que fazem parte do seu território de abrangência. (NOB- SUAS, 2005).

O Centro de Referência da Assistência Social é uma unidade pública estatal de base territorial, localizado em áreas de vulnerabilidade social. Executa serviços de proteção social básica, organiza e coordena a rede de serviços sócio- assistenciais locais da política de assistência social.

As unidades dos CRAS são espaços físicos localizados em regiões mais pobres das cidades voltadas para o atendimento socioassistencial. A equipe do centro identifica as necessidades dos indivíduos e das famílias de cada localidade, acolhe e insere em atividades coletivas e/ou, se necessário, encaminha os integrantes do grupo familiar para outros atendimentos. Nessa condição, eles se configuram como instrumento estratégico dentro da rede de proteção e promoção social no Brasil.

Não por acaso, são conhecidos também pelo nome de Casas das Famílias. Isso porque se organizam a partir do foco de atendimento na família. Dessa forma, além de potencializar o alcance das ações e políticas sociais, promovem o apoio para manter e sustentar os vínculos familiares e comunitários.

36 As fontes supracitadas informam que em 2003 o número de CRAS financiados pelo Governo Federal era de 454, instalados em 301 municípios, entretanto, em 2007, tem-se que dos 5.563

municípios brasileiros, 2.629 municípios, ou seja, 47,26%, possuem hoje um CRAS co-financiado pelo Governo Federal. Em dezessete Estados o percentual de municípios que dispõem de, pelo menos, um CRAS é igual ou maior que 50%. Sete têm uma cobertura maior que 80% - o Rio de Janeiro tem cobertura de 100%. Entre os dezessete Estados com cobertura de CRAS maior ou igual a 50%, nove são da região Nordeste, cinco são da região Norte, dois são do Sudeste e um é do Centro-Oeste,

O Programa de Atenção Integral à Família (PAIF) expressa um conjunto de ações relativas à acolhida, informação e orientação, inserção em serviços de assistência social, tais como socioeducativos e de convivência, encaminhamentos a outras políticas, promoção de acesso à renda e, especialmente, acompanhamento sociofamiliar. Esse programa é desenvolvido no Centro de Referência de Assistência Social (CRAS).

O PAIF tem como objetivo:

 Contribuir para a prevenção e o enfrentamento de situações de vulnerabilidade e risco social;

 Fortalecer os vínculos familiares e comunitários;

 Promover aquisições sociais e materiais às famílias, com o objetivo de fortalecer o protagonismo e a autonomia das famílias e comunidades.

O público alvo de atendimento é a população em situação de vulnerabilidade social decorrente da pobreza, privação ou ausência de renda, acesso precário ou nulo aos serviços públicos, com vínculos familiares, comunitários e de pertencimento fragilizados e que vivenciam situações de discriminação etária, étnica, de gênero ou por deficiências, entre outros.

Além de ser responsável pelo desenvolvimento do Programa de Atenção Integral às Famílias a equipe do CRAS deve prestar informação e orientação para a população de sua área de abrangência, bem como se articular com a rede de proteção social local no que se refere aos direitos de cidadania, mantendo ativo um serviço de vigilância da exclusão social na produção, sistematização e divulgação de indicadores da área de abrangência do CRAS, em conexão com outros territórios.

Os CRAS se constituem num espaço fundamental para desenvolver ações complementares do Programa Bolsa Família e estabelecer as devidas interfaces com o Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI) e com programas de inclusão produtiva, geração de trabalho e renda, dentre outros. Por isso, eles representam uma importante conquista, ao mesmo tempo em que apresentam desafios, sobretudo no que diz respeito à qualificação da metodologia de trabalho, por meio de políticas de capacitação e qualificação que respeitem as capacidades locais e recuperem a auto-estima.

Cabe destacar que o CRAS é referência de atendimento social, mesmo que alguns serviços, programas e benefícios sócio-assistenciais não sejam

prEstados diretamente no CRAS, o importante é manter a referência para os devidos encaminhamentos

Do exposto, conclui-se que o CRAS atua prioritariamente na proteção básica e junto às famílias em Estado de vulnerabilidade social, sendo que, nesta proteção básica, o trabalho com famílias deve considerar novas referências para a compreensão dos diferentes arranjos familiares, superando o reconhecimento de um modelo único baseado na família nuclear, e partindo do suposto de que são funções básicas das famílias:

 prover a proteção e a socialização dos seus membros; constituir-se como referências morais, de vínculos afetivos e sociais;

 de identidade grupal, além de ser mediadora das relações dos seus membros com outras instituições sociais e com o Estado.

Deste modo, qualquer forma de atenção e, ou, de intervenção no grupo familiar precisa levar em conta sua singularidade, sua vulnerabilidade no contexto social, além de seus recursos simbólicos e afetivos, bem como sua disponibilidade para se transformar e dar conta de suas atribuições.