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As práticas dos assistentes sociais nos centros de referência da assistência social

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Academic year: 2021

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EDELVAN JESUS DA CONCEIÇÃO

AS PRÁTICAS DOS ASSISTENTES SOCIAIS NOS CENTROS DE REFERÊNCIA DA ASSISTÊNCIA SOCIAL: UMA ANÁLISE NA REGIÃO CONURBADA DE

FLORIANÓPOLIS

Palhoça 2009

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AS PRÁTICAS DOS ASSISTENTES SOCIAIS NOS CENTROS DE REFERÊNCIA DA ASSISTÊNCIA SOCIAL: UMA ANÁLISE NA REGIÃO CONURBADA DE

FLORIANÓPOLIS

Trabalho de Conclusão de Curso

apresentado ao Curso de graduação em Serviço Social, da Universidade do Sul de Santa Catarina – Pedra Branca, como requisito parcial à obtenção de título de Bacharel em Serviço Social.

Orientadora: Profª Regina Panceri, Dra.

Palhoça 2009

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DA ASSISTÊNCIA SOCIAL: UMA ANÁLISE NA REGIÃO CONURBADA DE FLORIANÓPOLIS

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado adequado à obtenção do título de Bacharel em Serviço Social e aprovada em sua forma final pelo Curso de Serviço Social, da Universidade do Sul de Santa Catarina.

Palhoça, 19 de novembro de 2009.

____________________________________________________ Profª e orientadora Regina Panceri, Dra.

Universidade do Sul de Santa Catarina

____________________________________________________ Profª Vera Nicia Fortkamp de Araujo

Universidade do Sul de Santa Catarina

___________________________________________________ Débora Lis Trebien

Assistente Social

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família. Aos meus pais Edivaldo e Maria, que me ensinaram o verdadeiro significado da palavra amor e pelo apoio

incondicional, sempre. Ao meu

sobrinho/afilhado Gustavo, por sua presença em minha vida.

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A Deus, o maior mestre de todas as obras, que me protege todos os dias, pela sabedoria e que me tem dado tantas oportunidades.

Esta é mais uma etapa da minha vida que não concluí sozinho. Àqueles que caminharam comigo me apoiando e dando força, meus sinceros agradecimentos:

Aos meus pais Edivaldo e M a r ia pelo amor incondicional, estímulo, amizade e esforços empreendidos para viabilizar meus estudos; aos meus irmãos, Weslei, Thamires e Júnior simplesmente por fazerem parte da minha vida.

Ao meu afilhado/sobrinho Gustavo, por todo seu carinho, pelos momentos de alegria maravilhosos e seu sorriso contagiante.

Aos demais familiares, que acompanharam, torceram, vibraram e comemoraram cada etapa vencida.

Aos professores da Universidade Federal de Sergipe, na qual comecei minha vida acadêmica (quatro anos), também responsáveis por essa conquista.

Aos professores da Universidade do Sul de Santa Catarina, na qual concluí meus estudos. De forma especial à professora e doutora Regina Panceri, por sua dedicação, sua confiança, seu apoio intelectual, por seus ensinamentos e sua dedicação.

Aos colegas e amigos do Centro Cultural Escrava Anastácia, em especial ao Ivan, Ivone, Nadir, Pe. Vilson, Silvana, Fernando, Lizandra, Kelly. Todos contribuíram para o meu fortalecimento moral e crescimento profissional no dia-a-dia.

Aos grandes e “novos” amigos que me acolherem com os braços abertos em minha nova casa (Santa Catarina): Adriana, Valdir, Leandro, Hilda, Clarice, Natália, Rodrigo, Marcelo, Caio e em especial ao Maciel, que me apoiou nos momentos mais difíceis dessa caminhada.

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distância torcem pelo meu sucesso: Júlio César, Paulo Roberto, Maraiza, Flávia, Auherben, Auricarmen, Gilenaldo, Márcio, Luiz Carlos. Amigos que eu guardarei eternamente em meu coração. Os momentos deliciosos que passei com todos, de aprendizagem e companheirismo.

Enfim, agradeço profundamente àqueles que me incentivaram e que comigo colaboraram nesse processo de pesquisar e também das experiências práticas e teóricas do Serviço Social.

Eu tive um sonho... E esse sonho está se tornando realidade com a concretização deste trabalho, com o qual começa um novo ciclo de minha vida, embasado nas experiências vivenciadas na academia e que serão aplicadas, tanto na vida profissional como pessoal.

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Onde um nume de amor, em serenatas, Canta a aleluia virginal das crenças. Na ogiva fúlgida e nas colunatas Vertem lustrais irradiações intensas Cintilações de lâmpadas suspensas E as ametistas e os florões e as pratas. Como os velhos Templários medievais Entrei um dia nessas catedrais

E nesses templos claros e risonhos...

E erguendo os gládios e brandindo as hastas No desespero dos iconoclastas

Quebrei a imagem dos meus próprios sonhos! (Augusto dos Anjos)

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O presente trabalho privilegia as questões pertinentes ao fazer profissional dos Assistentes Sociais que atuam nos Centros de Referência da Assistência Social (CRAS) na Região Conurbada de Florianópolis, bem como traça um perfil desses profissionais a partir das diretrizes propostas pela Política Nacional da Assistência Social (PNAS) e pela implementação do Sistema Único da Assistência Social (SUAS). O momento que vivenciamos é de extrema importância para a assistência social no Brasil, no tocante à efetivação de uma política que torna a assistência social um direito social e uma política de Estado, deixando para trás a filantropia e o assistencialismo impregnado nas ações governamentais. Deste modo, o presente estudo apresenta o resultado de uma pesquisa realizada com esses profissionais, por meio de uma análise, tanto qualitativa como quantitativa, de sua atuação e que identificam as práticas desenvolvidas nos Centros de Referência, tendo como parâmetros os princípios estabelecidos pela PNAS e pelo SUAS. Para o desenvolvimento do tema, além do referencial teórico utilizado, realizou-se uma pesquisa com os assistentes sociais que trabalham nos CRAS dos municípios que compõem a Região Conurbada de Florianópolis, mediante o emprego de entrevista estruturada e preenchimento de formulário, com o intuito de identificar o perfil desses profissionais, bem como analisar a atuação técnico-operativa desenrolada por estes. O resultado e a análise compõem o referido trabalho.

Palavras-chave: Assistência Social. Formação Profissional. Centro de Referência da Assistência Social.

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This monograph is focused on issues related to the professional acting of social workers at the Social Work Reference Centers (CRAS) in the conurbation area of Florianópolis, as well as it delineates their professional profile based on the guidelines proposed by the National Policy for Social Work (PNAS) and by the implementation of the Social Work Unified System (SUAS). The present time is extremely important for social work in Brazil, considering the implementation of a policy that will turn social work into a right and a state policy, setting philanthropy and government welfarist actions aside. Thus, this study shows the results of a research about these workers, by qualitative and quantitative analysis of their performance, and identifies the practices at the reference centers concerning the principles established by PNAS and SUAS. So to develop this study, besides the bibliography, an inquiry with the social workers from CRAS of the Florianópolis conurbation area was taken through interviews and filling forms, intending to identify their professional profile and to analyze their professional skills. This study compiles those analyses and their results.

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ORGANOGRAMA 1 – A organização do Sistema Único de Assistência Social...81

FIGURA 1: Região Conurbada de Florianópolis...21

FIGURA 2 - CRAS em Biguaçu...88

FIGURA 3 - Os CRAS em Florianópolis...90

FIGURA 4 - Os CRAS em Palhoça...91

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GRÁFICO 01 – Sexo...94

GRÁFICO 02 – Tempo de Formação...95

GRÁFICO 03 – Tempo de Atuação como Assistente Social...96

GRÁFICO 04 – Tempo de Atuação no CRAS...97

GRÁFICO 05 – Possui Título de Especialização...97

GRÁFICO 06 – Possui Pós-graduação...98

GRÁFICO 07 – Remuneração...99

GRÁFICO 08 – Vínculo Trabalhista...100

GRÁFICO 09 – Carga Horária...101

GRÁFICO 10 – Atividades Realizadas nos CRAS...105

GRÁFICO 11 – Atividades mais Realizadas em Equipe...106

GRÁFICO 14 – Recursos e Instrumentos Utilizados nos CRAS...107

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TABELA 1 - Classificação dos municípios segundo total de habitantes...66 TABELA 2 - A composição da equipe mínima para atuar no CRAS...74

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ARENA – Aliança Renovadora nacional BNH – Banco Nacional de Habitação BPC – Benefício de Prestação Continuada

CAPES – Coordenação e Aperfeiçoamento de Pessoas de Nível Superior CEAS – Conselho Estadual de Assistência Social

CEME – Central de Medicamentos

CFESS – Conselho Federal de Serviço Social CIB – Comissão Intergestores Bipartite

CLT – Consolidação das Leis do Trabalho

CNAS – Conselho Nacional de Assistência Social CRAS – Centro de Referência da Assistência Social

CREAS – Centro de Referência Especializado da Assistência Social CRESS – Conselho Regional de Serviço Social

DATAPREVE – Empresa de Processamento de Dados da Previdência Social ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente

ES – Espírito Santo

EUA – Estados Unidos da América

FCBIA – Fundação Centro Brasileira para a Infância e Adolescência FEBEM – Fundação Estadual do Bem-Estar do Menor

FLBA – Fundação Legião Brasileira de Assistência FMI – Fundo Monetário Internacional

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FUNAC – Fundo Nacional de Ação Comunitária

IAPAS – Instituto Nacional de Administração da Previdência Social IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IDH – Índice de Desenvolvimento Humano

INAMPS – Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social INPS – Instituto Nacional da Previdência Social

INSS – Instituto Nacional da Seguridade Social IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada LBA – Legião Brasileira de Assistência

LOAS – Lei Orgânica da Assistência Social LOPS – Lei Orgânica da Previdência Social MAS – Ministério da Assistência Social MBES – Ministério do Bem Estar Social

MDS – Ministério do Desenvolvimento Social e Combate a Fome MPAS – Ministério da Previdência e Assistência Social

NOB – Norma Operacional Básica ONU – Organização das Nações Unidas

PAIF – Programa de Atenção Integral à Família PETI – Programa de Erradicação do Trabalho Infantil PNAB – Política Nacional de Atenção Básica

PNAS – Política Nacional da Assistência Social PNBEM – Política Nacional do Bem-Estar do Menor PT – Partido dos Trabalhadores

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SAM – Serviço de Assistência ao Menor SAS – Secretaria de Assistência Social

SEAC – Secretaria Especial de Ação Comunitária

SINPAS – Sistema Nacional da Previdência e Assistência Social SUAS – Sistema Único da Assistência Social

SUS – Sistema Único da Saúde

TCC – Trabalho de Conclusão de Curso

UDESC – Universidade Estadual de Santa Catarina UFSC – Universidade Federal de Santa Catarina UNB – Universidade de Brasilia

UNIVALI – Universidade do Vale do Itajaí URV – Unidade Real de Valor

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1 INTRODUÇÃO...17

2 A REGIÃO CONURBADA DE FLORIANÓPOLIS...21

2.1BIGUAÇU...22

2.2FLORIANÓPOLIS...25

2.3 PALHOÇA...30

2.4 SÃO JOSÉ...35

3 A ASSISTÊNCIA SOCIAL: RECONSTRUÇÃO HISTÓRICA E CARACTERIZAÇÃO ATUAL...38

3.1A ASSISTÊNCIA SOCIAL: DE 1930 A 1964...38

3.2A ASSISTÊNCIA SOCIAL: DE 1964 A 1988...41

3.3A ASSISTÊNCIA SOCIAL: DE 1988 AOS TEMPOS ATUAIS...44

3.4A IMPLEMENTAÇÃO DA LEI ORGÂNICA DA ASSISTÊNCIA...51

4 A POLÍTICA NACIONAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL: PERSPECTIVA DE IMPLEMENTAÇÃO DO SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL – SUAS...63

4.1 POLÍTICA DA ASSISTÊNCIA SOCIAL: BREVE INTRODUÇÃO...63

4.2 SUAS: A IMPLEMENTAÇÃO DE UM SISTEMA...67

4.3CRAS: FOCO DA ASSISTÊNCIA SOCIAL...70

4.4A EQUIPE DE REFERÊNCIA NO CRAS...73

4.5CRAS: SEU CARÁTER INTERDISCIPLINAR...77

5 O PERFIL DO PROFISSIONAL DE SERVIÇO SOCIAL: AS PRÁTICAS DOS ASSISTENTES SOCIAIS NOS CENTROS DE REFERENCIA DA ASSISTÊNCIA SOCIAL – CRAS...83

5.1 DESENVOLVIMENTO DO PROJETO...83

5.1.1 Sujeitos...83

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5.1.4 Análise dos Dados...85

2.1CARACTERIZAÇÃO REGIONAL DOS CRAS...86

5.2.1 O CRAS de Biguaçu...88

5.2.2 OS CRAS de Florianópolis...89

5.2.3 OS CRAS de Palhoça...90

5.2.4 O CRAS de São José...91

5.3 O PERFIL DOS ASSISTENTES SOCIAIS E A CATEGORIA FORMAÇÃO PROFISSIONAL...92

5.3.1 Perfil do Assistente Social no CRAS...93

5.4 O PERFIL DOS ASSISTENTES SOCIAIS E SUA ATUAÇÃO COM A PNAS...102

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS...111

REFERÊNCIAS...115

ANEXOS...119

ANEXO I – Questionário de pesquisa 1...120

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1 INTRODUÇÃO

O presente TCC é fruto de uma inquietação vivenciada no campo de estágio no Centro de Referência da Assistência Social (CRAS) no município de Campo do Brito, Sergipe, no tocante ao perfil do profissional de Serviço Social com base nas diretrizes colocadas com a implementação do SUAS. A partir daí surge o problema a ser investigado: quais as práticas desenvolvidas pelos Assistentes Sociais nos CRAS da Região Conurbada de Florianópolis, tendo como base a nova Política Nacional de Assistência Social (PNAS).

Tal reflexão torna-se imprescindível no momento atual, tendo em vista a aprovação da Política Nacional de Assistência Social (PNAS) em 2004, da Norma Operacional Básica (NOB/ SUAS em 2005) e da Norma Operacional Básica de Recursos Humanos (NOB/RH/SUAS em 2006), que definem normas e diretrizes para estruturação da política de Assistência Social e estabelecem a exigência de constituição de equipes técnicas formadas por Assistentes Sociais, Psicólogos e outros profissionais.

A nova Política Nacional de Assistência Social tem desenhado um novo cenário na garantia e consolidação da Assistência Social como política pública e direito social. Sua marca é a descentralização das ações, bem como o desenvolvimento do protagonismo social conferindo à assistência social um caráter de política universal e de participação efetiva na construção de políticas públicas. Com isso, a política da assistência social marca o início de uma nova realidade para a sociedade brasileira no que tange à responsabilidade política e na efetivação da Assistência Social como direito de cidadania e responsabilidade do Estado.

Fruto da Carta Magna de 1988 e da evolução de inúmeras leis, a atual proposta da Assistência Social, está embasada no Sistema Único da Assistência Social (SUAS), criado em 2005. O SUAS introduz novos procedimentos de promoção, de execução e de fiscalização da assistência social, tendo como prioridade o atendimento às famílias em Estado de vulnerabilidade social e prima

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pelo desenvolvimento do protagonismo social, que visa tornar a população atendida partícipe de todo o processo de realização da política de assistência.

O SUAS tem nos Centros de Referências da Assistência Social (CRAS) o espaço imprescindível para a execução das políticas públicas da assistência social. Os centros de referência foram lançados e implantados como projeto-piloto em alguns municípios em 2003, todavia, hoje, com a concretização do SUAS, os CRAS já abrangem grande parte do território nacional, e a intenção é que todos os municípios brasileiros tenham ao menos um CRAS.

Segundo a Secretaria Nacional de Assistência Social (SNAS), o CRAS funciona com uma equipe de referência, que deve contar com uma equipe mínima formada por 01 (um) Assistente Social, 01 (um) Psicólogo, 01 (um) Auxiliar Administrativo e 01 (um) coordenador que atuam como técnicos responsáveis pelo desenvolvimento, planejamento e execução das políticas de assistência social. Deste modo, as propostas de intervenções devem ter tanto o caráter social como o psicológico, o que exige da equipe certa predisposição para trabalhar e desenvolver práticas dentro de uma perspectiva interdisciplinar.

Ante tal quadro idealizado pelo SUAS, surgem-nos os seguintes questionamentos: será que os Assistentes Sociais estão devidamente preparados para sua inserção na política de assistência social? E que práticas estão sendo desenvolvidas por eles nos CRAS?

Temáticas que permitam a discussão de políticas públicas da assistência social ou práticas que preparem os alunos para atuarem com problemas sociais e comunitários ainda são pouco visíveis. Tudo isso, cria certa apreensão com relação à inserção dos profissionais de Serviço Social nos CRAS, o que leva a questionar se os assistentes sociais que hoje atuam nos CRAS estão preparados para assumir a grandiosa responsabilidade que ora lhe está sendo atribuída. As hipóteses aqui levantadas são:

1) os Assistentes Sociais que estão atuando nos CRAS não têm, sistematizada, uma linha de atuação/intervenção para desenvolver as políticas públicas de assistência social;

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2) a formação acadêmica não oferece, aos assistentes sociais, o suporte necessário para atuarem em consonância com aquilo que requisitam as políticas da assistência social.

É com base no presente quadro, que a pesquisa desenvolvida se fez oportuna, principalmente, pela imensa carência de estudos que discutam a problemática posta em questão.

Diante do exposto, teve-se como objetivo geral deste projeto:

 apresentar as práticas desenvolvidas nos CRAS (Centro de Referência da Assistência Social) pelos profissionais de Serviço Social tendo como base a nova Política Nacional da Assistência Social (PNAS) e a relação existente entre o perfil do profissional formado em Serviço Social e as competências requeridas para a atuação desses profissionais nos CRAS da Região Conurbada de Florianópolis em consonância com as diretrizes do SUAS;

e como objetivos específicos:

 fundamentar em conhecimentos a intervenção do Serviço Social na efetivação da Política Nacional da Assistência Social;

 apresentar uma reflexão a partir da Lei Orgânica da Assistência Social e seus desdobramentos;

 descrever os procedimentos metodológicos da aplicação da pesquisa de campo;

 traçar perfil dos Assistentes Sociais que atuam no CRAS;

 identificar as formas de atuação/intervenção dos Assistentes Sociais no CRAS.

É nesse sentido que começamos a discussão sobre o assunto, onde no segundo capítulo, abordaremos os aspectos históricos, geográficos e socioeconômicos dos municípios que compõe a Região Conurbada de Florianópolis, que são: Biguaçu, Florianópolis, Palhoça e São José.

No capítulo seguinte abordaremos o surgimento da assistência social no Brasil como política pública, fazendo um recorte histórico da década de 30, com a

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garantia dos primeiros direitos trabalhista até os dias atuais com a implementação de um Sistema Único de Assistência Social, numa perspectiva de garantia de direitos.

No quarto capítulo vamos falar da Política Nacional da Assistência Social, suas diretrizes e a implementação do Sistema Único da Assistência Social, numa perspectiva de emancipação do sujeito e focando na matricialidade da família como forma de atuação da política.

O quinto capítulo focaliza e apresenta os dados e a análise da pesquisa realizada nos Centros de Referencia da Assistência Social na Região Conurbada de Florianópolis, objetivando traçar um perfil dos profissionais que atuam “na porta de entrada da assistência social”, levantando aspectos da formação profissional, numa abordagem teórico-metodológica, técnico-operativa e ético-política.

Assim, de acordo com os argumentos apresentados, um estudo desta envergadura se torna relevante pela contribuição que poderá trazer para o próprio Serviço Social, pois permite que se investigue a inserção do Assistente Social numa área de atuação pouco explorada, mas também permitirá que se faça um diagnóstico das práticas que são desenvolvidas por Assistentes Sociais que trabalham nos CRAS na Região Conurbada de Florianópolis, permitindo que se tracem diretrizes norteadoras sobre a atuação desses profissionais no campo das políticas públicas da assistência social.

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2 A REGIÃO CONURBADA DE FLORIANÓPOLIS

O objetivo desse capítulo é fazer uma abordagem sobre os municípios que compõem a Região Conurbada de Florianópolis, traçando aspectos históricos, geográficos e socioeconômicos, das cidades de Biguaçu, Florianópolis, Palhoça e São José, caracterizando uma área conurbada conforme ilustração abaixo.

FIGURA 01: Região Conurbada de Florianópolis Fonte: Imagem extraída do Google Earth.

Conurbação1 é um termo usado para designar um fenômeno urbano que acontece a partir da união de duas ou mais cidades/municípios, constituindo uma única malha urbana, como se fosse somente uma única cidade.

A partir da unificação, as cidades envolvidas começam a utilizar de maneira conjunta os mesmos serviços de infraestrutura, formando uma malha urbana contínua.

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O fenômeno de Conurbação ocorre quando as áreas rurais dos municípios vão sendo tomadas pelas edificações urbanas, desse modo, expande-se até “chocar” com outra cidade.

Os limites municipais quase não são percebidos, por isso dificulta a identificação precisa de onde termina ou começa um município. Esse processo não determina a inexistência de zonas rurais, muitas vezes são identificadas pequenas propriedades rurais voltadas para a produção hortifrutigranjeira - produtos que são comercializados no mercado local.

No Brasil, esse fenômeno é identificado entre a capital do Estado de Santa Catarina e os municípios vizinhos, como São José, Palhoça e Biguaçu. A cidade de Florianópolis está num processo de expansão de uma forma que acaba “chocando” com os municípios vizinhos, constituindo uma imensa malha urbana, denominada de Grande Florianópolis.

2.1 BIGUAÇÚ

O município de Biguaçu2 faz divisa a oeste com o município de Antônio Carlos, a leste com o oceano Atlântico (Baia Norte da Ilha de Santa Catarina, onde se localiza a capital do Estado, Florianópolis) e também com o município de Governador Celso Ramos. Divisa ao norte com Tijucas e Canelinha e ao sul com o município de São José.

Situada entre os dois maiores portos catarinenses, Itajaí e Laguna, e próximo da capital, além de ter saída para o mar, sem contar na facilidade de acesso, já que a BR-101 duplicada corta o município, e a BR-282, que liga o litoral catarinense com o interior do sul do país fica a apenas 12 km de distância, por via duplicada e de fácil acesso. Possui uma área de 324,5 km².

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Em termo de demografia e de acordo com o censo populacional de 20003, em torno de 89% da população se declarou de cor branca e 5% negra. As etnias que fizeram o município são de origem basicamente luso-açoriana, com expressivas minorias negra e alemã. Com as migrações causadas com o fenômeno do exôdo rural, forte a partir de meados da década de 1980 no Estado catarinense, o elemento caboclo, vindo do planalto serrano do sul brasileiro, junto com descendentes de alemães e italianos vindos do oeste catarinense e interior do Rio Grande do Sul acabaram por tornar-se numericamente importantes, tornando ainda mais vultuosa a diversidade étnico-cultural no município. Há ainda no município uma pequena comunidade indígena de base guarani que chegou de migrações ao longo do sul do país por volta de fins da década de 1970.

O município de Biguaçu começou a surgir quando em 1748 imigrantes portugueses vindos do Arquipélago dos Açores e da Ilha da Madeira, foram assentados no lugarejo denominado de São Miguel da Terra firme. Em 23 de janeiro de 1751, foi inaugurada a igreja de São Miguel Arcanjo. A provisão que nomeia o primeiro vigário, Padre Domingos Pereira Machado, para a freguesia de São Miguel é de 8 de fevereiro de 1752.

Embora de caráter temporário, a freguesia de São Miguel foi a capital da capitania de Santa Catarina no período de 10 de outubro de 1777 a 2 de agosto de 1778 quando os espanhóis ainda ocupavam a ilha de Santa Catarina.

Por ato do conselho Administrativo da Província em primeiro de março de 1833, a freguesia de São Miguel foi elevada a vila, e criado o município de Desterro (atual Florianópolis). A instalação do município de São Miguel ocorreu em 17 de maio de 1833.

Face à decadência econômica, aos freqüentes surtos de malária, ao desmembramento de novas freguesias, São Miguel vai aos poucos perdendo seu prestígio.

No início da segunda metade do Século XIX, surgia na margem direita do rio Biguaçu, um povoado (atual cidade de Biguaçu) que aos poucos crescia face às terras férteis, ao trabalho dos colonos, da construção de uma igreja e um cemitério

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1874, onde resultou na criação de uma freguesia em 19 de dezembro de 1882, sob a invocação de São João Evangelista.

Lideranças políticas de Biguaçu conseguem, em 1886, transferir a sede do município para Biguaçu que fica elevada à categoria de Vila. Em 1888, por decisão do governo da Província, a sede municipal volta para São Miguel, vindo a acontecer quase no final de 1889, devido à relutância dos vereadores.

Já no período republicano, João Nicolau Born4, consegue junto ao Governador do Estado, a mudança definitiva da sede municipal de São Miguel para Biguaçu, em 22 de abril de 1894.

Sua população estimada em 2008 era de 55.665 habitantes, dos quais mais de 90% reside em área urbana, apresentando um forte crescimento populacional desde meados da década de 1980, o que levou a dobrar de população no espaço de duas décadas. O motor de atração populacional é a proximidade com a capital do Estado, atraindo pessoas de baixo poder aquisitivo que ocuparam bairros e loteamentos com pouca infraestrutura física, caracterizando-se como típica cidade dormitório. A despeito do tamanho da população, o município apresenta pouca característica urbana, já que os bairros se articularam em torno da rodovia BR 101, com pouca ou nenhuma ligação entre estes, com suas ruas voltadas ao fácil escoamento em direção a esta rodovia, testemunhando a forma de ocupação periférica e sem planejamento do município.

A economia do município, até a década de 1970, dependia principalmente da agricultura, pecuária e pesca. Atualmente, a indústria responde pela maior parte dos empregos gerados no município, junto com um comércio em expansão. O município dispõe de boas áreas para instalação de plantas industriais e conta com acesso ao gás natural, pois possui uma distribuidora da Petrobrás. A agricultura também é representativa. A pesca atualmente é insignificante, ainda praticada a nível apenas artesanal, embora o município tenha um potencial hídrico/piscicultor/fluvial considerável. Os principais produtos industriais do município derivam da indústria de plástico e alimentícia. A agricultura produz principalmente

4JOÃO NICOLAU BORN: A Força do Coronelismo em Biguaçu - Por Joaquim Gonçalves dos Santos – Historiador – disponível no endereço eletrônico:

http://www.bigua.com.br/modules.php?name=Content&pa=showpage&pid=13&page=1, acesso em 06 de setembro de 2009.

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plantas para jardinagem, com destaque para a produção de gramas e palmeiras, além da produção de verduras para o comércio regional.

O município de Biguaçu conta com boa rede de ensino fundamental e médio (antiga primária e secundária). A prefeitura tem por hábito garantir o transporte escolar no interior do município e praticamente 100% das crianças em idade escolar estão na escola. O município, nos últimos anos, teve uma boa expansão da oferta de cursos profissionalizantes destinado ao mercado de trabalho regional. Possui ainda um campus universitário, com mais de uma dezena de cursos tradicionais, mantido pela UNIVALI, particular. Também conta com a proximidade das universidades públicas na capital Florianópolis, como a UDESC (estadual) e UFSC (federal), esta última entre as 5 maiores do país.

Biguaçú encontra-se muito ligada à capital Florianópolis, seja na questão da oferta de empregos e na educação, já que muitos moradores trabalham e estudam na capital, tornando o município característico de cidade-dormitório, ou mesmo na questão cultural, em que a cultura de base açoriana-catarinense encontra forte expressão.

2.2 FLORIANÓPOLIS

Florianópolis5 é a capital do Estado de Santa Catarina e uma das três ilhas-capitais do Brasil. Destaca-se por ser a capital brasileira com o melhor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), da ordem de 0,875, segundo relatório divulgado pela ONU em 2000. Esse índice também a torna a quarta cidade brasileira com a melhor qualidade de vida, atrás apenas das cidades de São Caetano do Sul e Águas de São Pedro, no Estado de São Paulo e de Niterói, no Estado do Rio de Janeiro.

Originalmente denominada "Ilha de Santa Catarina" já que Francisco Dias Velho, o fundador do povoado, chegou ao local no dia de Santa Catarina. Ela continuou por muito tempo sendo assim chamada, inclusive até se tornar vila, com o

5 Disponível no site da Prefeitura Municipal de Florianópolis: http://www.pmf.sc.gov.br/portal/pmf/index.php, acesso em 06 de setembro de 2009.

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nome de Nossa Senhora do Desterro. Fato que comprova é que, até mesmo nas correspondências oficiais, ainda se mencionava como sendo Ilha de Santa Catarina, nome com o qual ela era conhecida nas cartas de navegação da época.

Localiza-se no centro-leste do Estado de Santa Catarina e é banhada pelo Oceano Antlântico. Grande parte de Florianópolis (97,23%) está situada na Ilha de Santa Catarina, onde, somadas às continentais, existem cerca de 100 praias.

A imagem "cartão-postal" que a identifica é a famosa Ponte Hercílio Luz6 (inaugurada em1926), primeira ligação rodoviária entre a ilha e o continente.

Com a Proclamação da República7, a vila elevou-se à categoria de cidade quando decidiram fortalecer o nome correto, passando apenas a se chamar "Desterro". Este nome foi descartado quando, com o fim da Revolução Federalista8, em 1894, em homenagem ao então presidente da República Floriano Peixoto9, Hercílio Luz10 mudou o nome para Florianópolis. Mas é preciso que se diga que Floriano Peixoto não era uma autoridade com popularidade na cidade e enfrentou grande resistência a seu governo em Desterro, já que ela era um dos principais pontos que se opunham a esse presidente, o qual mandou um exército para a cidade para que fosse derrubada esta resistência. Deste nome deriva o apelido “Floripa”, pelo qual a cidade é amplamente conhecida.

Os habitantes da região de Florianópolis, na época da chegada dos exploradores europeus, eram os índios carijós, de origem tupi-guarani. Praticavam a agricultura, mas tinham na pesca e coleta de moluscos as atividades básicas para sua subsistência. A Ilha de Santa Catarina possui numerosas inscrições rupestres e algumas oficinas líticas, notadamente em várias de suas praias.

No século XIX, Desterro foi elevada à categoria de cidade; tornou-se capital da Província de Santa Catarina em 1823 e inaugurou um período de prosperidade, com o investimento de recursos federais.

6Um pouco da história da Ponte Hercílio Luz está disponível em: ANDRADE, Djanira M Martins de. Hercílio Luz: uma ponte integrando Santa Catarina. Florianópolis: Ed. da UFSC, 1981. 171 p.

7 Sobre o assunto: FERREIRA, Jorge Luiz; DELGADO, Lucilia de Almeida Neves (Coord). O Brasil republicano. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003. 4 v.

8Mais sobre o tema, ver CARNEIRO, Glauco, História das Revoluções Brasileiras, 2 Volumes, editora O Cruzeiro, 1965

9 Sobre Floriano Peixoto: CAMEU, Francolino. Floriano Peixoto: Vida e governo. Rio de janeiro: Noite(A), 1925. 248 p.

10 O governo de Hercílio Luz em: PAULI, Evaldo. Hercílio Luz, governador inconfundível. Florianópolis: IOESC, 1976. 365 p.

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A modernização política e a organização de atividades culturais também se destacaram, marcando inclusive os preparativos para a recepção ao Imperador D. Pedro II (1845). Em outubro desse mesmo ano, ancorada a embarcação imperial nos arredores da ilha, D. Pedro permaneceu em solo catarinense por quase um mês.

Em 1891, quando o Marechal Deodoro da Fonseca11, por influência da Revolta da Armada, renunciou à presidência da recém-instituída república; o vice- presidente Floriano Peixoto assumiu o poder, mas não convocou eleições após isso, contrariando o prescrito na Constituição promulgada nesse mesmo ano, fato que gerou duas revoltas: a 2ª Revolta da Armada12 (originária da Marinha, no Rio) e a Revolução Federalista (patrocinada por fazendeiros gaúchos).

As duas insurreições chegaram a Desterro com o apoio dos catarinenses, entre os quais esteve Elesbão Pinto da Luz. Entretanto, Floriano Peixoto conteve-as ao aprisionar seus líderes e, com isso, restaram no domínio da cidade tão-somente simpatizantes do presidente, que, em sua homenagem, deram à capital a denominação de Florianópolis, ou seja, "cidade de Floriano". Os revoltosos, por sua vez, foram fuzilados na Fortaleza de Santa Cruz de Anhatomirim.

Também, no final do século XIX, em 1898, foi fundado um importante colégio pela Congregação das Irmãs da Divina Providência, o Colégio Coração de Jesus.

A implantação das redes básicas de energia elétrica, do sistema de fornecimento de água e da rede de esgotos somou-se à construção da Ponte Hercílio Luz, tudo a assinalar o processo de desenvolvimento urbano. Além disso, em 1943 foi anexada ao município a parte continental, antes pertencente à vizinha São José.

Ao final do século XX, nas três últimas décadas, principalmente, a ilha experimentou singular afluência de novos moradores, iniciada com a transferência da sede da Eletrosul do Rio de Janeiro para o centro da ilha, com sede fixada

11Os presidentes da Republica em: Arquivo Nacional (Brasil). Os presidentes e a república. 3. ed. Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, 2006. 211, [2] p. : ISBN 8560207015

12Mais sobre a Revolta da Armada: VILLA-LOBOS, Raul. Revolta da armada de 6 de setembro de 1893(a). Rio de janeiro: Laemmert, 1894. 200 p.

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no bairro Pantanal.

Construíram-se duas novas pontes ligando a ilha ao continente: a ponte Colombo Salles e a Pedro Ivo Campos. Os bairros mais afastados da ilha também foram objeto de intensa urbanização. Surgiram novos bairros, tal como Jurerê Internacional, de alto nível socioeconômico, enquanto em alguns pontos começou uma ocupação desordenada, sem o devido zelo com respeito a obras de urbanização. No início do século XXI, a cidade passou a ter um dos piores trânsitos do Brasil, com um veículo para cada dois habitantes. No verão, esse número aumenta gradativamente com a chegada de turistas.

A área do município, compreendendo a parte continental e a ilha, abrange 436,5 km². Fazem parte do município de Florianópolis os seguintes distritos: Sede, Barra da Lagoa, Cachoeira do Bom Jesus, Campeche, Canasvieiras, Ingleses do Rio Vermelho, Lagoa da Conceição, Pântano do Sul, Ratones, Ribeirão da Ilha, Santo Antônio do Lisboa e São João do Rio Vermelho.

Florianópolis apresenta as características climáticas inerentes ao litoral sul-brasileiro. As estações do ano são bem caracterizadas, verão e inverno bem definidos, sendo o outono e primavera de características semelhantes. É a quarta capital mas fria do país, ficando atrás apenas de Curitiba, Porto Alegre e São Paulo.

A média das máximas do mês mais quente varia de 26°C a 31°C e a média das mínimas do mês mais frio, de 7,5°C a 12°C. A temperatura média anual está em torno de 24°C. Geadas não são freqüentes, mas ocorrem esporadicamente no inverno. Devido à proximidade do mar, a umidade relativa do ar é de 80% em média.

A precipitação é bastante significativa e bem distribuída durante o ano. A precipitação normal anual para o período de 1911-1984 foi de 1521 mm. Não existe uma estação seca, sendo o verão geralmente a estação que apresenta o maior índice pluviométrico13.

Elevadas precipitações ocorrem de janeiro a março, com média de 160 mm mensais, sendo que de abril a dezembro há pouca variação, com uma média em torno de 100 mm mensais. Os valores mais baixos ocorrem de junho a agosto.

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Florianópolis possuía uma população14 de 402.346 habitantes em 2008, segundo estimativas do IBGE. Em 2000, dos doze distritos que compõem o município, o de maior população era o distrito sede (213.574 habitantes). Dentre as 84 comunidades de Florianópolis, as mais populosas eram o Centro, na ilha, com 41.827 habitantes, e no continente, o bairro Capoeiras (17.905 habitantes). Como curiosidade, vale dizer que Florianópolis e Vitória/ES são as únicas capitais de Estado que não são as cidades mais populosas dos mesmos.

A população de Florianópolis é bastante diversa, embora a maioria seja de ascedência européia. A população da cidade é majoritariamente de origem portuguesa, com destaque para os colonos açorianos que colonizaram a região em meados do século XVIII. Também são importantes numericamente os descendentes de alemães e italianos que começaram a chegar à cidade no início do século passado, vindos das diversas colônias do interior de Santa Catarina.

A cidade soma cerca de 10 mil novos moradores por ano a uma população atual de quase 400 mil, além de dobrar sua população durante a temporada de verão. Tal incontestável crescimento desordenado gera, algumas vezes, transtornos a uma parte da população, que manifesta sua insatisfação através de comportamento segregador, por vezes de forma violenta.

Florianópolis tem sua economia alicerçada basicamente nas atividades do comércio, prestação de serviços públicos, indústria de transformação e turismo. Ultimamente, a indústria do vestuário e a informática vêm-se tornando também setores de excepcional desenvolvimento. A construção civil também é outra importante atividade econômica da cidade, com destaque para as praias da região norte da ilha (Jurerê, Jererê Internacional, Canasvieiras e Ingleses).

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2.3 PALHOÇA

Palhoça15 está localizada na Grande Florianópolis, faz divisa com São José, São Pedro de Alcântara16, Santo Amaro da Inperartriz17 e Paulo Lopes18. As tradições são majoritariamente de origem açoriana. É a cidade que mais cresce na Grande Florianópolis.

No ano de 1651, Dias Velhos chegou à Ilha de Santa Catarina, denominando-a de Desterro. Em 1771, portugueses de São Vicente (São Paulo) fundaram Lages. Nesse período houve a necessidade de ligação entre as duas localidades, resultando na abertura de uma estrada que ligava Desterro a Lages.

Poucos anos depois, em 1777, a Ilha de Santa Catarina foi invadida por espanhóis. Em decorrência da invasão, o governo decidiu construir duas povoações defronte a capital, na terra firme, como era chamado o continente. O objetivo principal dessas povoações era dar guarita aos desterrenses, além de servir de escudo militar à Ilha no caso de novas invasões. O governo decidiu ainda, povoar o sertão as margens do caminho que ligava a Ilha a Lages.

A necessidade de criar um refúgio no continente caso houvesse novos ataques à Ilha de Santa Catarina, fez com que em, 31 de julho de 1793, o Governador Cel. João Alberto de Miranda Ribeiro19 enviasse ofício n. 07 ao Conde Rezende, vice-rei do Brasil. No ofício, o Governador incumbe a Caetano Silveira de Matos a construir palhoças para guardar farinha na estrada que ia para Lages. Nesta data, deu-se a fundação do povoado.

No início, as tropas de gado que abasteciam a Ilha desciam a estrada de Lages até o Morro do Tomé e de lá vinham margeando a praia até a desembocadura do rio Maruim, onde parte ia para freguesia de São José e parte atravessava o canal até a localidade de Ribeirão da Ilha.

15Assunto disponível em: www.palhoça.sc.gov.br

16Mais informações sobre o município em: http://www.pmspa.sc.gov.br/home/index.php? 17Mais informações sobre o município em: http://www.portalsantoamaro.com.br/portal/index.php 18Mais informações sobre o município em:

http://www.sc.gov.br/portalturismo/Default.asp?CodMunicipio=387&Pag=1

19Ver também em: BRANCHER, Ana (Org.) História de Santa Catarina: estudos contemporâneos. 2. ed. rev. Florianópolis: Letras Contemporâneas, 2000. 214 p. ISBN 858577536X

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As tropas margeavam a praia, pois tinham grandes dificuldades para atravessar um trecho de mangue e pântano, hoje parte da rua principal de Palhoça. Além, de não quererem pagar o pedágio estabelecido por São José, no caminho que passava pela localidade de Passa Vinte.

Com o aumento da demanda de alimentos provenientes do continente e a movimentação das tropas, foi construída uma estrada atravessando o pântano. Com o aumento da povoação, após a construção da estrada, a população deslocou-se mais para o sul, estabelecendo-se o centro definitivo de Palhoça, onde é hoje.

Palhoça pertencia a Florianópolis até 1833, quando então passou a pertencer a São José, quando este foi criado.

A primeira igreja de Palhoça foi construída em 1868, mais tarde passou a chamar-se de Nossa Senhora do Bom Parto.

No final do ano do mesmo ano, inicia-se a construção da Igreja Matriz, com vistas à criação da freguesia. A Matriz foi dada por concluída em 1883, ainda sem as torres laterais. Embora tivesse sido construída, não foi logo provida de vigário. A paróquia foi simplesmente criada novamente em 03 de maio de 1901, pela Cúria Diocesana de Florianópolis.

No ano de 1873, Palhoça foi elevada a condição de Distrito Policial. Desde sua fundação, até este período, Palhoça continuou como arraial, sendo esquecida política e administrativamente, apesar do aumento de seus habitantes e do desenvolvimento da economia.

Atendendo ao pedido de moradores, em 1882 a Assembléia Legislativa votou a Lei 949, de 08 de novembro, elevando à categoria de freguesia. Em 1886, passa de Distrito Policial a Distrito de Paz. Em 24 de abril de 1894, foi elevada à categoria de Município, por desmembramento de São José, sendo instalado em 23 de maio do mesmo ano.

Em 10 de janeiro de 1906, Palhoça transforma-se em Comarca. Faziam parte os distritos de Palhoça (sede do município e da comarca), Santo Amaro do Cubatão, Enseada de Brito, Teresópolis, São Bonifácio do Capivari, Santa Isabel, Anitápolis, Santa Tereza e Garopaba, que de município transformou em distrito de Palhoça.

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Em 22 de agosto de 1919, através da Lei 1245, foi elevada à categoria de cidade. Em 1922, cedeu os territórios onde hoje estão os municípios de Alfredo Wagner e Ituporanga para, juntamente com parte do município de Lages, formar Bom Retiro. Em 1948, Ituporanga emancipou-se e deu origem aos municípios de Petrolândia e Imbuia em 1962 e, de Atalanta em 1964. Em 1961, Alfredo Wagner torna-se município.

Em 1958, Santo Amaro da Imperatriz emancipou-se de Palhoça e deu origem aos municípios de Águas Mornas e Anitápolis. Em 1961, Garopaba e Paulo Lopes emanciparam-se de Palhoça e, São Bonifácio em 1962. Após essas emancipações, Palhoça ficou com a configuração atual.

O nome do município originou-se de casas construídas de pau-a-pique, com cobertura de palha, denominada palhoça, na localidade da atual região sul do bairro da Ponte do Imaruim. Posteriormente, outras construções de pescadores localizaram-se ao redor deste núcleo, com as mesmas características.

Os primeiros colonizadores a chegarem à Palhoça foram os portugueses, que se estabeleceram na Enseada de Brito e de lá se espalharam pelas redondezas.

Após, vieram os açorianos e madeirenses, chegando às primeiras famílias na Ilha de Santa Catarina em fevereiro de 1747. O povoamento açoriano-madeirense tem sua origem no edital que D. João V mandou publicar em 1747. O objetivo de D. João V em enviar casais açorianos e madeirenses era povoar as terras brasileiras e resolver o problema de excesso de população nos arquipélagos dos Açores e Madeira.

Por volta de 1824, iniciou-se a imigração alemã para o Brasil em Santa Izabel, que mais tarde viria a pertencer ao município de Palhoça. As principais causas da imigração alemã na região foram o excesso de população na Alemanha, as guerras constantes e, a propaganda brasileira atraindo colonos com promessa de doação de terras.

Palhoça tem sua formação étnica também de origem italiana. A imigração destes para o Brasil iniciou-se por volta de 1790. Além dos portugueses, alemães e italianos, outras etnias contribuíram também para formação do povo palhocense, entre elas negros, libaneses, gregos, japoneses, índios.

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Palhoça é uma cidade que cresceu de forma desordenada e desorganizada, e ainda não possui vários serviços considerados básicos, como hospitais. As tradições são majoritariamente de origem açoriana. É a cidade que mais cresce na Grande Florianópolis.

A principal via de acesso entre o município vizinho de São José e a capital (Florianópolis) é a antiga via de acesso que remonta ao século XIX, precariamente calçada com paralelepípedos sobre os quais foi colocada uma camada de asfalto. É através deste acesso que transitam 90% do transporte coletivo entre a sede do município e a Capital.

Outra via de acesso é a rodovia BR-101 (Rodovia Pan-americana), recentemente duplicada em direção ao Norte, até Joinville. É via de passagem de praticamente toda a carga que transita, pela orla litorânea, entre o Estado do Rio Grande do Sul e o restante do país.

Em 1894, quando se emancipou de São José, o território de Palhoça era de 3.180 quilômetros quadrados. Com a abertura do caminho do planalto, no final do século XVIII, acredita-se que tenha Caetano Silveira de Mattos instalado um pequeno comércio no local. O que fez crescer Palhoça foi sem dúvida o comércio com o planalto, ao longo da segunda metade do século XIX, que atraiu muitos descendentes de alemães e alguns italianos.

No ano de 1892, na então freguesia de Palhoça, residiam troncos familiares, etnias com destaque para os luso-açorianos. No entanto, o comércio era bastante equilibrado entre as diferentes etnias. Segundo este documento, fundamental ao entendimento do quadro étnico-cultural de Palhoça no final do século XIX, havia pelo menos morando e sendo eleitores em Palhoça, os troncos familiares constantes da relação que segue: Fonte: Dos Açores ao Brasil Meridional: Uma Viagem ao Tempo, Vilson Francisco de Farias, 2000. Palhoça era uma freguesia próspera, no contexto regional.

A elevação à categoria de Município em 1894, incorporando as freguesias de Palhoça, Santo Amaro do Cubatão e Enseada de Brito, faz com que esse período seja conhecido como dos transportes, pois os núcleos sociais se deslocaram para a estrada Desterro - Lages e passaram a se reunir em torno das praças com a igreja e o comércio. Desse período sob a influência da arquitetura colonial portuguesa ainda restam em Palhoça algumas construções.

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Restam também algumas casas na Enseada do Brito, a ponte sobre o rio Maruim construída em 1858. Restam ainda no centro de Palhoça, entre elas o prédio da prefeitura e algumas casas das famílias tradicionais.

Prédios de valor histórico e arquitetônico foram demolidos ou desabaram entre eles a antiga Igreja e o Teatro Municipal. No período da retomada do progresso considerado em função da construção da BR-101, houve um aumento considerável de construções, principalmente conjuntos habitacionais.

Palhoça possui ainda um dos maiores mangues da América do Sul.O município possui um litoral bem recortado e cheio de belezas naturais propicio para o desenvolvimento de turismo na alta temporada de verão, entre os meses de dezembro e fevereiro. Alguns exemplos de suas belezas naturais, pode-se destacar a Praia do Sonho, Ponta do Papagaio, Praia da Pinheira e a Praia da Guarda do Embaú (todas de origem nos primeiros colonizadores açorianos), sendo essa última conhecida nacionalmente pela prática do surfe e eleita várias vezes entre as 10 praias mais bonitas do Brasil.

As grandes indústrias e o grande centro comercial da cidade estão localizados na região norte. O bairro da Ponte do Imaruim destaca-se pelo comércio, enquanto o bairro Jardim Eldorado destaca-se pelas indústrias. No sul de Palhoça, a economia baseia-se na pesca e no turismo.

Nos últimos anos, a economia de Palhoça vem crescendo consideravelmente tendo atraído empresas como a Renner e a AmBev. Devido ao seu potencial econômico, o Shopping Via Catarina está sendo construído no bairro Pagani, cuja inauguração está prevista para abril de 2010.

O mercado imobiliário também merece destaque, devido aos novos bairros planejados na cidade que visam a atrair moradores com alto poder aquisitivo.

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2.4 SÃO JOSÉ

São José20 é um município brasileiro do Estado de Santa Catarina. Já integrou a extinta Região Metropolitanda de Florinópolis, no litoral do Estado, conurbando-se com a capital catarinense. Tem cerca de 200 mil (2008) habitantes e não possui curso de água relevante.

Faz divisa com as cidades de Palhoça e Biguaçu. Na divisa com Palhoça, encontra-se o Rio Imaruim. Também possui limites com a capital, Florianópolis, os quais não se distinguem com claridade devido à conurbação existente.

O município de São José, localizado na Grande Florianópolis, é o quarto mais antigo de Santa Catarina e foi colonizado em 26 de outubro de 1750, por 182 casais açorianos, oriundos das Ilhas Graciosas, São Miguel e São Jorge, além de receber, em 1829, o primeiro núcleo de colonização alemã do Estado. O rápido desenvolvimento, aliado ao aumento populacional e poder econômico, fez com que em 1º de março de 1833, através da Resolução do Presidente da Província, Feliciano Nunes Pires, São José passasse de freguesia a vila (município) e, em 3 de maio de 1856, através da lei Provincial nº 415, é elevada à cidade.

São José possui uma extensão territorial de 113,6km2 e está localizada nas coordenadas geográficas 27º36’55 de latitude e 48º37’39 de longitude. É banhado pelas baías norte e sul e é seccionada pela BR101, rodovia de importância internacional.

Segundo dados do IBGE21, a população de São José é de 196.887 habitantes e 122.870 eleitores, o que o destaca como o quarto colégio eleitoral do Estado e um dos municípios que mais crescem em Santa Catarina.

A base de sustentação da economia josefense está fundamentada no comércio, indústria, atividade de prestação de serviços, pesca artesanal, maricultura e produção de cerâmica utilitária. Possui mais de 1.200 indústrias, cerca de 6.300 estabelecimentos comerciais, 4.800 empresas prEstadoras de serviços e 5.300 autônomos. São José apresenta ainda um enorme potencial turístico, histórico,

20Informações sobre o município em: http://www.pmsj.sc.gov.br/ 21Consultar dados em: www.ibge.gov.br

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cultural e arquitetônico, reunindo casarios de origem luso-açoriano em construções dos séculos XVIII, XIX e XX com destaque para o Centro Histórico, que inclui o Teatro Adolpho Mello, Biblioteca Municipal, Museu Histórico, Casa da Cultura, Largo da Carioca e Igreja Matriz.

A cidade faz limite com a porção continental de Florianópolis, sendo banhada pelas baías norte e sul, na qual recentemente construíram um aterro e é seccionada por uma rodovia de importância internacional: a BR-101. Além desta, cruza parte da cidade o trecho inicial da BR-282, que dá acesso ao oeste do Estado. Às margens da BR-282, onde esta entroncada na BR-101, localiza-se o Shopping Center Itaguaçu.

Os limites com Florianópolis são determinados, ao sul, pelo Rio Araújo que separa o bairro Campinas de Capoeiras, já em Florianópolis e ao noreste pelo Rio Büchler, em Barreiros. Mais ao norte a cidade se limita com o município de Biguaçu e, ao sul com o município de Palhoça. A oeste se limita com o município de São Pedro de Alcântara, o qual se emancipou de São José em 1994.

A maioria da população é de ascendência açoriana, mas existem também os descendentes de alemães, polacos, espanhóis, etc.

É em São José que se encontra o primeiro Centro Universitário Municipal Público (gratuito) do Brasil. Mantido pelo Município, o Centro Universitário Municipal de São José (USJ) oferece quatro cursos para a população: Administração, Ciências Contábeis, Ciências da Religião e Pedagogia.

Atualmente, conta com um quadro discente de mais de 800 acadêmicos e com um corpo docente de aproximadamente 60 professores.

O Projeto sócio-educacional do USJ contribui para o desenvolvimento do município, oferecendo cotas sociais, sendo que 70% de suas vagas são destinadas aos estudantes de escolas públicas de São José.

Também em São José, está localizado um campus da Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI), no qual se destacam nacionalmente os cursos de graduação em Turismo e Hotelaria, em Engenharia da Computação e em Relações Internacionais.

Há um hospital de grande porte, o Hospital Regional Dr. Homero de Miranda Gomes, que é popularmente conhecido como Hospital Regional de São

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José, mantido pelo governo do Estado de Santa Catarina, e atende praticamente toda a população da região e de cidades vizinhas. Além do hospital, também existem vários postos de saúde espalhados pelos bairros.

Diante do exposto e da apresentação realizada, procuramos identificar a região geográfica onde foi aplicada a pesquisa com o intuito de situarmos e conhecermos aspectos que caracterizam os espaço geográfico da Região Conurbada de Florianópolis.

Partindo desse ponto, faremos a seguir um resgate histórico da assistência social no Brasil, desde a conquista dos primeiros direitos sociais na década de 30 à implementação do Sistema Único da Assistência Social (SUAS) em 2005.

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3 A ASSISTÊNCIA SOCIAL: RECONSTRUÇÃO HISTÓRICA E CARACTERIZAÇÃO ATUAL

Nesse capítulo será desenrolado o processo de implementação de uma política de garantia de direitos, tendo como marco inicial a década de 30, de forma muito incipiente, abrangendo poucas categorias de trabalhadores, até os dias atuais com a implementação do SUAS – Sistema Único da Assistência Social – numa perspectiva de universalização dos direitos a assistência social.

3.1 A ASSISTÊNCIA SOCIAL: DE 1930 A 1964

A crise de 1929 marcou uma mudança substancial do desenvolvimento das políticas sociais nos países capitalistas da Europa ocidental. É a partir da Grande Depressão22 e dos efeitos da Segunda Guerra Mundial que se consolidou a convicção sobre a necessidade de regulação estatal para o enfrentamento da primeira grande crise do capital. É nesse contexto histórico em que a política social se tornou um meio possível a partir de movimentos sociais cada vez mais consistentes.

José Paulo Netto e Marcel Braz (2006, p. 193) destacam ainda que:

Na seqüência da crise de 1929, naquelas sociedades onde as idéias democráticas tinham raízes mais profundas e/ou o movimento operário e sindical não registrou derrotas, a nova forma de intervenção do Estado na economia não violentou a democracia política, tal como existia (...). Nos países onde tais tradições eram débeis (Itália) e/ou onde os movimentos operários foi mais golpeado (Alemanha), a intervenção do Estado deu-se conforme a natureza antidemocrática do capital, levado ao extremo pelos monopólios: com a supressão de todos os direitos e garantias aos

22 Ver A grande depressão de 1929 escrito por Wolney Blosfeld, disponível no endereço eletrônico:http://www.webartigos.com/articles/10285/1/a-grande-depressao-de-1929/pagina1.html

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trabalhadores, instalando-se o regime político mais adequando ao livre desenvolvimento dos monopólios – o fascismo.

No Brasil, na década de 30, com o governo de Getúlio Vargas23, através de sua política trabalhista, o governo buscava, ao mesmo tempo, controlar as greves dos movimentos operários e estabeleceu um sistema de seguro social. Vale lembrar também, que em 1923 foi implementada a Previdência Social dos ferroviários como resposta as lutas sociais e greves e para manter a economia de exploração do café. Bem como, em 1919 havia sido aprovada uma lei limitada de seguro de acidentes de trabalho por seguradoras privadas.

O sistema de seguros foi paulatinamente implementado através de Institutos de Previdência Social e para categorias de trabalhadores como marinheiros, estivadores, bancários e industriais. Os trabalhadores rurais, maioria da população, sem correção salarial por pressão dos latifundiários e também sem organização de seus interesses ficaram de fora do sistema estatal de previdência até os anos 70.

O modelo getulista de proteção social se definia, em comparação com o que se passava no mundo, como fragmentado em categorias, limitado e desigual na implementação dos benefícios, em troca de um controle social das classes trabalhadoras. Dirigentes de institutos foram cooptados pelo poder numa troca de favores, o que fez com que se caracterizasse esse modelo de corporativismo, por levar em conta mais a relação pessoal do presidente ou do ministro com os dirigentes sindicais que as relações de garantia da cidadania.

A assistência social tem seu marco histórico mais importante com a criação do Conselho Nacional de Serviço Social, em 1/7/1938, pelo Decreto-Lei nº 525, em que a expressão máxima da assistência social no Brasil foi a Legião Brasileira de Assistência – LBA. Reconhecida como órgão de colaboração com o Estado em 1942, teve sua origem na mobilização do trabalho civil, feminino e de elite, para prestação de serviços assistenciais às famílias dos convocados para a guerra, em apoio ao esforço nacional representado pela entrada do Brasil na II Guerra Mundial.

23 Sobre Getúlio Vargas: SKIDMORE, Thomas E. Uma história do Brasil. São Paulo: Paz e Terra, 1998. 356 p.

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Com o final da guerra, os estatutos da LBA foram reformulados para centrar seu foco na defesa da maternidade e da infância. Estatutariamente, a presidência da instituição foi destinada às Primeiras-Damas do país. Nessa época ela foi vinculada ao Departamento Nacional da Criança. Até 1966 foi sustentada basicamente por recursos provenientes dos institutos de aposentadorias e pensões, além de donativos vindos de diversos níveis governamentais ou da iniciativa privada. Esse modelo predominou até o golpe de 1964, apesar da democratização vivida pelo país desde 1946. Em 1960, houve a aprovação da Lei Orgânica da Previdência Social (LOPS), em que definiu a unificação dos benefícios dos vários institutos, pondo ordem a mais de 300 leis e decretos referentes à previdência social. A LOPS incorporou os autônomos à previdência social e definiu um período mínimo de contribuição de 5 anos para aposentadoria aos 60 anos (mulheres) e 65 (homens) e contemplava uma série de benefícios e serviços, inclusive o serviço social e alimentação e possibilitava, exceto para os ferroviários, a aposentadoria por tempo de serviço aos 55 anos.

Com a unificação dos institutos, a LBA, já transformada em fundação, foi financiada por receitas da União até 1969, quando passou a receber recursos da Loteria Esportiva. Encarregada de implantar e executar a política nacional de assistência social, bem como de orientar, coordenar e supervisionar outras entidades executoras dessa política foi incorporada ao Ministério da Previdência e Assistência Social (MPAS) e subordinada à Secretaria de Assistência Social – SAS em 1974.

Para os pobres, a LBA passou a ter programas de cursos de artes domésticas e de ajudas restritas, definidos em pacotes elaborados pelos tecnocratas de cima para baixo. A internação de meninos de rua foi a principal resposta para os considerados marginais ou em situação irregular, conforme o Código de Menores de 1979.

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3.2 A ASSISTÊNCIA SOCIAL: DE 1964 A 1988

No período que vai de 1964, ano do golpe militar, a 1988, ano da constituição democrática, o país se desenvolveu economicamente com a expansão da produtividade, modernização da economia e a entrada do capital estrangeiro em parceria com o Estado. A ditadura se caracterizou por forte censura, ausência de eleições, controle do congresso nacional pelo poder militar, então no executivo, e repressão violenta aos opositores, considerados subversivos.

Dezenas de trabalhadores foram presos, torturados, exilados, mortos, desaparecidos. Em 1978, os sindicalistas do ABC paulista (Santo André, São Bernardo e São Caetano) se mobilizaram contra o regime através de greves. Parte da igreja também questionou a repressão, junto com um número expressivo de intelectuais. Muitos empresários estavam insatisfeitos com a falta de negociação entre trabalhadores e patrões.

A partir da conjunção das lutas dos operários, de movimentos de base, de contribuição de intelectuais e de setores progressistas da igreja católica foi amenizado com a criação do partido dos trabalhadores (PT) em 1980, rompendo com a mudança partidária da ditadura que só admitia dois partidos, a Aliança Renovadora Nacional (ARENA), governistas, e o Movimento Democrático Brasileiro (MDB) oposição tolerada. Nesse contexto de relações do Estado com a sociedade, sem legitimidade política, embora houvesse uma falsa democracia, o bloco militar-tecnocrático-empresarial no poder procurou obter o apoio da população com certas medidas sociais.

Em 1966, foram unificados, de cima para baixo, os institutos de previdência num único organismo, dentro da política centralizadora do governo federal, a que nomeava inclusive governadores. Assim foi criado o Instituto Nacional de Previdência Social (INPS), cuja administração ficou nas mãos da tecnocracia. Foram feitos convênios entre o INPS e grandes empresas para que o trabalhador fosse atendido no local de trabalho, usando-se o esquema de saúde e segurança no

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trabalho que deveria contribuir para o aumento da produtividade. Vários industriais contribuíam também para o financiamento dos órgãos diretos de repressão.

Numa conjuntura de emprego, embora com arrocho salarial, os limites estruturais da economia também impediram que se ampliasse à previdência aos trabalhadores rurais (1971) e, aos empregados domésticos (1972), aos jogadores de futebol (1973) e aos ambulantes (1978). Os trabalhadores rurais apenas tiveram acesso a uma previdência de meio tamanho, com benefício de meio salário mínimo e sem contribuição direta. Uma pequena parcela do financiamento desse benefício vinha da taxação da comercialização dos produtos orais.

Nas eleições consentidas pelos militares, a ARENA, apoiada pelo governo, ganhava as eleições nos chamados fundões, por pequenas cidades do interior, controladas por poderosos políticos da época. Nesse contexto, era estratégico obter o apoio dos trabalhadores do campo e estimular a economia no meio rural com a distribuição de benefícios em dinheiro para um vasto setor excluído do mercado de consumo de bens industrializados e de serviços.

Em 1974, os idosos pobres, com mais de 70 anos, foram beneficiados por uma lei que incrementou a renda mensal vitalícia no valor de um salário mínimo para os que houvessem contribuído, ao menos um ano, com a previdência social. Nesse mesmo ano foi criado o Ministério da Previdência e Assistência Social que incorporou a LBA, Fundação para o Bem-Estar do Menor (FUNABEM), a Central de Medicamentos (CEME), e Empresa de Processamento de Dados da Previdência Social (DATAPREVE).

Vale ressaltar o importante papel que a FUNABEM representou no campo da assistência social, no que diz respeito especialmente ao menor infrator.

As primeiras medidas tomadas pelos poderes públicos sobre a questão do menor no Brasil tiveram caráter jurídico e datam da época do Império. Em 1927, foi promulgado o Código de Menores. O artigo primeiro desse Código instituía que o menor abandonado ou delinqüente, menor de dezoito anos, seria submetido às medidas de assistência e proteção contidas no próprio Código. No entanto, a "proteção" dada caracterizou-se mais pelo caráter policial e punitivo do que assistencial. Essa característica encontra sua expressão mais conhecida na criação

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do Serviço de Assistência ao Menor – SAM (pelo Decreto-Lei n° 3.779, de 1941, que transformou o Instituto 7 de Setembro, existente desde 1913).

A gestão do SAM tornou-se progressivamente alvo de crescentes críticas que denunciavam os estabelecimentos por maus-tratos aos menores e práticas de politicagem clientelista.

Em 1959, a Assembléia Geral das Nações Unidas aprovou a Declaração dos Direitos da Criança, conferindo cidadania à criança e responsabilizando o Estado pelo seu bem-estar. Essa concepção contradizia a natureza coercitiva intrínseca à ação estatal brasileira o que fortaleceu a posição dos grupos que combatiam o Estado nessa época.

Em dezembro de 1964, a Lei n° 4.513 extinguiu o SAM e criou a FUNABEM vinculada ao Ministério da Justiça. O objetivo era transformar o modelo de atendimento carcerário em um novo modelo terapêutico-pedagógico. À Fundação foram atribuídas a definição e implantação da Política Nacional do Bem-Estar do Menor – PNBEM. O mecanismo de funcionamento montado foi o de repasse de recursos, por convênios, a projetos de assistência a menores apresentados pelos Estados (pelas FEBEMs), Municípios e entidades particulares, reservando-se à FUNABEM as funções normativas e de execução de projetos experimentais.

Em 1980, ela passou a integrar o Ministério da Previdência e Assistência Social vinculada à Secretaria de Assistência Social, perdendo de certa forma parte de sua autonomia administrativa e financeira. Como Fundação ligada à assistência social, compôs o Sistema Nacional de Previdência e Assistência Social – SINPAS.

A ação da FUNABEM teve uma primeira fase (até 1970) caracterizada pela atenção centrada na organização da nova estrutura institucional, e uma outra fase de hegemonização (até 1979), em que criou um corpo técnico próprio distinto daquele herdado do antigo SAM e formulou a PNBEM. A partir de 1980 passa a desorganizar-se e entra em uma fase de politização e paralisia. Em 1982, a distribuição dos recursos foi feita como instrumento eleitoral do partido no governo, o que causou escândalos, denunciados por toda a imprensa.

Em 1990, passou a denominar-se Fundação Centro Brasileiro para a Infância e Adolescência – FCBIA. Da mesma forma que a FLBA, a FCBIA foi

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