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ALGUNS FATORES FAVORECENDO A DISSIMILAÇÃO

3.9. MODOS DE CRESCIMENTO DAS EMPRESAS

3.9.2. Crescimento Externo

Consiste na aquisição de ativos já existentes^, e pode se dar mediante quatro tipos de operações:

a) fusão: dissolução de empresas existentes e a união de seus ativos em uma nova firma; b) absorção: Uma empresa adquire o patrimômio de outra que deixa de existir;

c) fusão-cisão: deixa de existir uma empresa e seus ativos são repartidos entre duas ou várias outras firmas pré-existentes que tem, desta forma, seu capital expandido;

d) aporte parcial de ativo: não há dissolução de uma empresa pré-existente, mas cessão de uma parte de seus ativos a uma outra firma.

As operações de crescimento externo, em termos de procedimentos financeiros, podem ocorrer mediante as seguintes formas:

a) negociação direta entre as firmas, quando a propriedade dos ativos é detida por pequeno número de agentes ou a empresa não tem ações cotadas em bolsa;

b) compra progressiva das ações no mercado; c) ofertas públicas de compra.

Várias razões tem sido apontadas para justificar a adoção de crescimento externo (VERY, 1991; PENROSE, 1968; THIETHART, 1991; MORVAN, 1991): 2 A cooperação entre empresas é considerada por alguns autores como sendo uma modalidade de crescimento da firma (MAUGET & HAMON, 1994), ao passo que outros a consideram uma estratégia de crescimento (THIETHART, 1991). Neste trabalho, adotamos a segunda visão.

* A busca de complementaridades em termos de competências, quando a firma adquirinte desempenha com sucesso certas funções, mas lhe falta a capacidade necessária para o cumprimento eficiente de outras. A complementaridade pode ser procurada numa integração vertical, quando a empresa adquire uma outra que produza um importante insumo para o seu processo de produção ou que controle os canais de distribuição de seus produtos;

* A busca de economias de escala de várias origens, decorrentes da proximidade das atividades da empresa adquirinte e da adquirida, podendo ser em relação à produção, à pesquisa, força de venda, marketing e finanças;

* A procura de poder de mercado, em função do aumento da parcela de mercado da empresa;

* Para indústrias que apresentam baixas taxas de crescimento da demanda, a aquisição ao não aumentar a capacidade de produção da indústria, reduz ou elimina a possibilidade de reações por parte dos concorrentes, que podem agir mediante uma guerra de preços ou intensificação dos esforços de marketing, atitudes estas que podem resultar numa queda de rentabilidade da indústria;

* Quando a entrada em um novo setor deve ser realizada com rapidez, já que um atraso em relação aos concorrentes pode ser difícil de ser superado. Isto se refere tanto à necessidade de entrar com um tamanho mínimo para alcançar economias de escala ou devido à falta na empresa de competências ou ativos tangíveis e intangíveis, tais como consumidores, uma marca prestigiada, canais de distribuição, conexões com fornecedores, pessoal experiente e qualificado, e equipamentos. Nesta situação, a expansão via desenvolvimento interno pode ser demorada e conduzi-la à uma má posição concorrencial.

* O crescimento externo reduziria o custo do crescimento da firma pois, além das economias de escala que podem ser alcançadas, as aquisições de ativos que estão em operação tende a ocorrer a preços inferiores do que o custo de criação de nova capacidade de produção, via desenvolvimento interno. Além disso, no momento da negociação entre o adquirinte e a empresa à venda, geralmente o primeiro encontra-se

em uma situação de maior poder de barganha, o que se traduz em vantagem no estabelecimento do preço dos ativos negociados para o adquirinte.

3.9.3. A Escolha da Modalidade de Crescimento

De acordo com MORVAN (1991), a escolha entre crescimento interno e externo depende de situações que vigoram num dado momento, não podendo ser baseada simplesmente em um balanço de suas vantagens e desvantagens. Segundo esse autor. * existem situações em que a alternativa não existe, devido à inexistência de conjuntos produtivos passíveis de aquisição que permita à firma alcançar seus objetivos,

* as duas modalidades de crescimento se conjugam mais do que se opõe uma à outra, a empresa podendo recorrer a ambas em seu processo de crescimento,

* o processo de crescimento externo é, principalmente adequado para dar suporte a estratégia de diversificação, sobretudo para as atividades que apresentam elevadas barreiras à entrada (acesso aos canais de distribuição, forte imagem de marca de produtores estabelecidos, entre outras) e cujos produtores já atuantes podem adotar medidas de represálias se o entrante aumentar consideravelmente a capacidade de produção da indústria (principalmente, nos casos de mercados saturados).

3.9.4. A Aquisição e o Valor da Empresa Passível de Aquisição

PENROSE (1968) opina que a aquisição tende a ocorrer sempre que a empresa considera que seu valor é menor do que o investimento requerido para expandir a firma mediante os necessários planta, mercados e conexões comerciais. Associado a isto, existem diversas situações em que o preço da empresas passível de aquuisição é menor do que o valor da mesma para o adquirinte, por razões tais como:

* o adquirinte é mais otimistas e mais disposto a assumir riscos, o que o leva a formar expectativas favoráveis sobre a evolução da empresa a ser adquirida, do que seus proprietários atuais;

* os proprietários da firma passível de aquisição desejam deixar o negócio e não possuem sucessores para assumir a direção do mesmo, ficando, desta forma, dispostos a vender a empresa;

* a firma é pequena e, em seu processo de crescimento, alcança um ponto crítico, quando é imperativa a realização de uma reorganização administrativa, com uma maior divisão do trabalho, com a contratação de especialistas para desempenhar funções que se tomam muito mais complexas. Há também a falta de fontes de recursos financeiros para sustentar o crescimento, pois a geração intema de fundos tende a ser limitada pela concorrência e o tamanho do mercado, bem como pelo acesso restringido ao crédito bancário. Nesta situação, os proprietários da empresa podem preferir vende-la;

* quanto maior a expansão planejada e divulgada de uma grande empresa, piores são as expectativas das firmas menores quanto ao seu futuro no setor, com a consequente redução no seu valor de venda.

3.10. CONCLUSÃO DO CAPÍTULO

Neste capítulo vimos que as firmas em seu processo de crescimento podem recorrer a uma série de estratégias que não são excludentes entre si, isto é, várias delas podem ser adotadas ao mesmo tempo.

Para competir em uma indústria específica, a empresa pode buscar a diferenciação de seus produtos, a liderança nos custos de produção ou ainda atuar em um segmento de mercado com uma destas duas estratégias. A redução de custos ou a diferenciação de produtos pode ser facilitada através da cooperação com os concorrentes da indústria, ou firmas de outros setores.

Se o mercado interno não estiver apresentando boas perspectivas de rentabilidade, a internacionalização das atividades pode ser uma alternativa para a firma. Esta estratégia pode ainda facilitar a obtenção de menores custos de produção, se permitir o alcance de economias de escala.

A procura de maior rentabilidade ou a redução de riscos podem conduzir as firmas a entrarem em novas indústrias, isto é, a diversificarem suas atividades. Estas mesmas motivações podem guiar a decisão de empresas de controlarem segmentos das cadeias de produção em que estão inseridas.

A escolha adequada de uma modalidade de crescimento, interno ou externo (aquisição), dependendo de situações específicas, pode ampliar a competitividade de uma firma. Para novos mercados, ou mesmo em indústrias onde não existem unidades produtivas em boas condições para aquisição, o crescimento interno é aconselhável, enquanto que para a diversificação de atividades a aquisição de unidade produtiva pode ser recomendável, seja para permitir uma entrada rápida ou para não expandir a capacidade de produção da indústria. A aquisição pode possibilitar ainda, a obtenção de competências que faltem à firma ou o alcance de economias de escopo.

CAPÍTULO 4 - OS GRUPOS ESTRATÉGICOS E O PADRÃO DE