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Este procedimento está relacionado ao surgimento de equipamentos que permitem a retirada da came que fica no pescoço e no dorso do frango após a desossa manual

CAPÍTULO 7 AS ESTRATÉGIAS DAS EMPRESAS LÍDERES DA INDÚSTRIA DE CARNES BRASILEIRA

11 Este procedimento está relacionado ao surgimento de equipamentos que permitem a retirada da came que fica no pescoço e no dorso do frango após a desossa manual

& HARVATOPOULOS apud VERY (1991), teríamos uma diversifícação-extensão, devido à exploração de recursos para conquistar uma boa posição competitiva nas novas atividades.

Quanto às outras atividades da empresa, mencionadas acima, a maioria delas tinha como objetivo, como já foi dito, dar suporte às atividades principais. A inserção na construção civil foi realizada com o intuito de construir aviários, pocilgas e prédios industriais para o grupo e para terceiros, principalmente produtores integrados. A criação de empresa relacionada ao processamento de dados objetivou fundamentalmente a melhoria na coleta, armazenamento e processamento de informações na empresa. O surgimento da corretora de seguros teve como objetivo proteger o patrimônio da Chapecó. A atividade de reflorestamento visava o suprimento de lenha para a empresa A entrada da Chapecó nestas atividades pode ser caracterizada como sendo diversificações do tipo "suporte", segundo a tipologia de DETRIE & RAMANATSOA (1986)

7.3.5. A Diversificação de Atividades da Coopercentral

A Coopercentral iniciou suas atividades com o abate e industrialização de suínos em 1973. No ano de 1980, a cooperativa começou abater bovinos, atividade que durou até 1983. Dois anos depois (1985), ocorreu a entrada no setor de produção de sucos concentrados de frutas cítricas e, em 1987, deu-se o ingresso na avicultura.

A entrada no abate de bovinos aconteceu para garantir o fornecimento de matéria-prima para a produção de industrializados, visto que a carne bovina participa na composição de vários produtos em conjunto com a carne suína. Foi, portanto, realizada para dar suporte à atividade principal da cooperativa. Na classificação de ANSOFF (1977), teria sido uma diversificação do tipo "integração vertical" devido ao fato de toda a produção da atividade ser utilizada como matéria-prima de uma outra atividade da empresa.

A inserção na avicultura em 1987, foi motivada pelos seguintes fatores:

a) esta atividade prometia rentabilidade superior às oportunidades de expansão das atividades nas quais a empresa atuava;

b) para reduzir os riscos e incertezas relacionados à obtenção de grande parcela do faturamento em um único mercado. Mesmo que nesta época, a cooperativa já atuasse na produção de suco de frutas, esta atividade detinha uma participação reduzida no faturamento;

c) Segundo declaração do presidente da Coopercentral, a entrada na avicultura significou a complementação das atividades da cooperativa, visto que os associados poderiam facilmente iniciar a criação de frangos, utilizando a mão-de-obra familiar, o que representaria o ganho de uma renda adicional. Com relação a isto, deve ser ressaltado o caráter social da cooperativa que, em tese, se manifestaria no objetivo de ampliar a renda de seus associados. Desta forma, a cooperativa ao iniciar o abate de frangos, estaria abrindo espaço para agregação de valor de um produto que viria a ser produzido pelos seus associados.

No que se refere à existência de sinergias entre a avicultura e as atividades anteriores da Coopercentral, segundo um dirigente da mesma, estas foram dos seguintes tipos:

a) sinergia comercial, devido à utilização conjunta de canais de distribuição, equipe de administração de vendas e de instalações de armazenamento comuns;

b) sinergia operacional, decorrente da ampliação da utilização de instalações e pessoas, da maior diluição de gastos gerais, das vantagens de curvas de aprendizagem comuns, e da compra de grandes quantidades de insumos.

No que concerne à posição competitiva da cooperativa nas atividades tradicionais e o valor econômico vislumbrado na avicultura, observou-se que, na época (metade da década de 80), a Coopercentral tinha uma posição competitiva média na suinocultura, a qual ainda oferecia boas possibilidades de desenvolvimento, sendo que a diversificação para a avicultura teria ocorrido devido às ótimas perspectivas oferecidas pela avicultura.

O início da produção de sucos de frutas em 1985 esteve vinculada ao vislumbramento de uma oportunidade de negócio para os associados da cooperativa, visto que a matéria-prima já era produzida em pequena escala por estes. Desta forma, a nova atividade estimulou o plantio de novos pomares, o que representou o surgimento de uma nova fonte de renda para os associados. Esta atividade detém uma pequena participação no faturamento (cerca de 5%) da cooperativa e a maior parte da produção é destinada ao mercado externo.

7.3.6. Conclusão da Seção

As empresas líderes da indústria brasileira de carnes, no decorrer de seus processos de crescimento, recorreram à diversificação de suas atividades, seja porque desejavam repartir os riscos associados à atuação em uma única atividade, em busca de maior rentabilidade financeira, para dar suporte às atividades tradicionais, ou para realizar seus potenciais de crescimento.

De um modo geral, na escolha dos negócios para os quais diversificar, verificou- se uma preocupação das empresas de permanecer próximas das bases tecnológicas ou das áreas de comercialização em que atuavam, com o intuito de se beneficiarem das sinergias existentes entre as atividades novas e as antigas. Isto explica a entrada das firmas na avicultura e na bovinocultura, na cadeia da soja e na fabricação de outros produtos alimentares.

Das três empresas que atuam na cadeia da soja (Sadia, Perdigão e Cevai), a última apresentou um comportamento diferente em relação às outras duas no que se refere às suas evoluções. A Cevai iniciou suas atividades na indústria da soja, vindo mais tarde entrar no abate e industrialização de carnes, ao passo que a Perdigão e a Sadia começam na indústria de carne, e somente na década de 70 passaram a beneficiar a soja. Portanto, a Cevai procurou agregar valor a uma "commoditie", visto que o farelo de soja é um dos principais insumos do alimento das aves e suínos, enquanto que as

outras duas empresas procuraram ampliar a sua competitividade nas cadeias das carnes mediante a garantia de qualidade do farelo de soja utilizado na elaboração da ração.

7.4. A INTERNACIONALIZAÇÃO DAS EMPRESAS

7.4.1. Evolução da Internacionalização das Indústrias Avícola e Suinícola Brasileiras

No ano de 1973, a avicultura brasileira deparou-se com uma crise ocasionada por um excesso de produção em relação à demanda, o que levou muitas pessoas ligadas ao setor vislumbrarem a exportação como solução para aquela situação. Porém, a posterior elevação dos preços fez com que a idéia não fosse colocada em prática.

Dois anos mais tarde, em 1975, uma empresa de comércio exterior especializada na venda de produtos alimentares, a Brascan, por achar que o frango oferecia boas perspectivas de venda no mercado externo, realizou uma pesquisa no mercado brasileiro, através da qual levantou informações sobre o potencial de produção, qualidade do produto, possibilidade de atendimento de grandes encomendas. No momento seguinte, esta empresa manteve contatos com trading companies atuantes em países do Golfo Pérsico. A tentativa de formação de um pool de abatedouros para efetuar as exportações não foi bem sucedida, devido à falta de estrutura dos mesmos.

Contudo, a maior empresa do setor na época, a Sadia, resolveu fazer uma experiência, e enviou 25 toneladas para os Emirados Árabes, seguida por uma remessa de 30 toneladas para a Grécia. Meses depois, a trading company brasileira firmou o primeiro grande contrato de exportação com duas tradings árabes, envolvendo 1,9 mil toneladas de frango, que requereu a formação de um "pool", composto pela Sadia, Perdigão e Seara (atual Cevai). Com o atendimento a outros pedidos, a exportação de frango em 1975 atingiu 5,9 mil toneladas, das quais 3,8 mil foram enviadas pela Sadia, 1,35 mil pela Perdigão e 0,7 mil pela Seara (AVICULTURA INDUSTRIAL, 1975).

No ano de 1977, a Brascan tinha a expectativa de firmar contratos para a exportação de 50 mil toneladas, que seria atendida com o fornecimento de frangos pela empresas Perdigão, Seara e Jensen, de Santa Catarina; Minuano e Coopave do Rio

Grande do Sul, e Granja Betinha, Granja Icaraí, de São Paulo; e Rio Branco de Minas Gerais. A Sadia, nesta época, já havia montado um escritório comercial em Milão, a partir do qual realizava negociações com países do Oriente Médio (AVICULTURA INDUSTRIAL, 1976).

Já no início das exportações brasileiras de frango, uma empresa ocupou um nicho de mercado que lhe proporcionou uma rentabilidade superior, a Cooperativa Agrícola de Cotia, através da venda de coxas e asas para o Japão, produto de preço mais elevado que era apreciado pelos consumidores de maior poder aquisitivo.

As exportações de frango beneficiaram-se dos incentivos governamentais que eram concedidos naquela época às vendas para o exterior, com o intuito de o país obter saldo positivo na sua balança comercial. Em 1977, as exportações eram livres do pagamento do Imposto Sobre os Produtos Industrializados e o Imposto Sobre a Circulação de Mercadorias, e as empresas exportadoras tinham direito ao reembolso de 15% do valor das vendas para o exterior para compra de bens de capital produzidas no Brasil, além do retomo de 15% do valor do frete, quando o este era efetuado por navios de empresas brasileiras (LIMA, 1984)

O papel que vinha sendo desempenhado pela Brascan, passou a ser cumprido por entidades que reuniam empresas exportadoras de frango, que foram criadas para superar as dificuldades para exportação por empresas isoladas. As entidades que surgiram no ano de 1976 foram a Associação Brasileira de Exportadores (ABEF) e a União Nacional de Exportadores (UNEF), que acabou se associando à ABEF.

Até o final da década de 70, as exportações eram realizadas por grandes Trading Companies (UNEF e Interbrás^) ou grandes empresas integradoras.

Desde 1975 até a metade da década de 80, a maior parte das exportações brasileiras era direcionada ao Oriente Médio, região composta por países que tinham expandido as suas importações de carne de frango (e de outros alimentos) e que tinham incrementado substancialmente suas disponibilidades de divisas, devido às vendas de

12 A Interbrás era a empresa de comércio exterior da Petrobrás, encarregada da compra de petróleo e