• Nenhum resultado encontrado

Critérios de seleção e caracterização geral das fontes da amostra

REVISÃO DA LITERATURA

3.2 Análise estatística da literatura em publicações periódicas

3.2.1 Critérios de seleção e caracterização geral das fontes da amostra

O método utilizado nesta primeira parte da revisão da literatura é o da análise estatística. Como pretendemos realizar um estudo transversal, por tendência temática, e longitudinal, abarcando um período cronológico, começámos por estabelecer os critérios base para a seleção das publicações periódicas a integrar a amostra. Para a seleção das publicações periódicas a analisar foram estabelecidos os seguintes critérios simultâneos:

1. Relevância para a comunidade científica: periódicos com revisão por pares e indexados em bases de dados de referência (WoS, JCR e SCOPUS);

Parte I – Objeto e metodologia de investigação 42

2. Permanência e regularidade de publicação: periódicos com, pelo menos, 30 últimos anos de publicação regular;

3. Representatividade geográfica: periódicos editados nos EUA e na Europa, as zonas geográficas consideradas mais representativas e influentes no universo de periódicos das áreas temáticas em apreço.

Em termos de relevância para a comunidade científica e profissional, os periódicos podem ser avaliados de diversas maneiras e segundo determinados critérios, sendo um deles o fator de impacto medido pela Web of Knowledge (WoK) da Thomson Reuters22, designada anteriormente por Institute for Scientific Information (ISI)23. Atualmente disponibiliza o acesso em linha a bases de dados como a Science

Citation Index Expanded (SCI-E) e a Social Sciences Citation Index (SSCI) e aos seus

indicadores24. O âmbito da base de dados Web of Science (WoS) restringe-se a um grupo relativamente pequeno de revistas, contudo as revistas que a integram estão consideradas no meio científico como possuindo uma alta qualidade (Cronin, 2001) motivo pelo qual internacionalmente é considerado um critério significativo de qualidade dizer-se que uma publicação periódica está indexada na WoS.

22 A Thomson Corporation adquiriu o ISI em 1992 tendo, no entanto, mantido a sua essência acrescida de algumas inovações, tais como o índice de citações, o fator de impacto e as bases multidisciplinares. A página de acolhimento desta empresa pode ser consultada em: http://thomsonreuters.com/.

23

O ISI foi criado por Eugene Garfield em 1958, nos Estados Unidos, com o objetivo de proporcionar aos investigadores acesso a informação relevante ao nível do conteúdo e da qualidade. Na utilização do ISI como ferramenta para estudos bibliométricos estão a formulação de indicadores, tanto de produtividade como de impacto de produção científica, sendo os indicadores mais utilizados para esse fim o do número de publicações, do número de citações e do número de coautorias. Um dos produtos do ISI é a Web of Science (WoS), criado em 1997 e fornecido por Thomson Reuters através da plataforma Web of Knowledge (WoK), que é constituído por três bases de dados: a Science Citation

Index Expanded, com documentação recolhida que remonta a 1900, a Social Science Citation Index, com

documentação que remonta a 1956 e a Arts & Humanities com documentação que remonta a 1975. No seu conjunto estas bases indexam cerca de 9300 títulos de um número estimado de mais de 23 000 títulos de periódicos científicos ativos com revisão por pares.

24

A divulgação destes indicadores veio dar popularidade às pesquisas bibliométricas. A análise bibliométrica é anterior à existência do ISI, mas a existência destas bases de dados, ao fazerem o arquivo sistemático de artigos de periódicos selecionados entre os mais citados ou de maior prestígio, veio permitir que se realizassem mais facilmente análises bibliométricas. Dado que a WoS apresenta um grau de seletividade elevado, para análises bibliométricas mais exaustivas há a necessidade de conjugar indicadores retirados da WoS com o de outras bases como, por ex., da Scopus e da Google Scholar.

Parte I – Objeto e metodologia de investigação 43

Outro produto disponível na WoK é o Journal Citation Reports (JCR) que avalia o impacto das publicações periódicas (mais de 10 000 títulos) a partir do número de citações dos artigos nelas publicados. Mais recentemente surgiram outras bases de dados como a Scopus e a Google Scholar25 que também disponibilizam índices de citações. A Scopus, oficialmente designada por SciVerse Scopus, começou a ser publicada por Elsevier Science Publishers em 2002 e, atualmente, indexa cerca de 21 900 títulos de publicações periódicas com revisão por pares (dados referentes a agosto de 2014), remontando a recolha de documentação a 1960, para os resumos, e a 1996 para as referências (estas são analisadas automaticamente para obter a informação sobre as citações).

Tendo por base a conjugação dos critérios de relevância, regularidade e representatividade geográfica, apontados anteriormente, selecionámos um núcleo composto por 7 publicações periódicas, todas com revisão por pares e com fator de impacto medido em, pelo menos, uma das bases de dados acima referidas, todas com mais de trinta anos de publicação regular, sendo 4 publicadas nos Estados Unidos da América, e 3 em países da Europa (Reino Unido, Espanha e França). Os periódicos selecionados são os seguintes:

Annual Review of Information Science and Technology (ARIST)

Journal of the American Society for Information Science and Technology

(JASIST)

Library Trends (LT)

Cataloging & Classification Quarterly (CCQ)

Journal of Documentation (JD)

Revista Española de Documentación Científica (REDC)

Documentaliste: Sciences de l'information (DSI)

25 A Google Scholar, da responsabilidade do Google Inc., faz o rastreio sistemático da WWW recolhendo documentos de vários tipos, nem todos de carácter científico. A informação obtida não tem um grau de fiabilidade elevado devido não só à existência de referências duplicadas mas também a correlações incorretas. Também não pode ser considerado ao mesmo nível uma citação num periódico científico face a outros tipos de documentos. Presentemente o Google incorporou novos produtos como o Google Scholar Citations (GSC) que faz a compilação da produção científica de um investigador e apresenta-a agregada a uma página Web, e o Google Scholar Metrics (GSM) com o impacto dos periódicos científicos com base na contagem de citações.

Parte I – Objeto e metodologia de investigação 44

Os quatro primeiros títulos – ARIST, JASIST, LT e CCQ – pertencem ao núcleo dos Estados Unidos, onde se procurou conjugar a relevância na comunidade científica com a diversidade de publicação. Assim, a escolha recaiu em: a) dois periódicos da Association for Information Science and Technology (ASIS&T)26, por ser uma associação para os profissionais da informação fundada em 1937, que conta com cerca de 4000 associados especialistas em informação, oriundos de várias áreas do conhecimento, que compartilham interesses para melhorar a investigação conducente ao incremento do acesso à informação (teorias, técnicas e tecnologias)27; b) um periódico de editor académico, cuja escolha recaiu na Johns Hopkins University Press, que edita, entre outras, as publicações do Graduate School of Library and Information Science, não só por ser a mais antiga editora universitária americana, fundada em 1878, como também por ser considerada uma das maiores, ao publicar anualmente 80 revistas académicas e cerca de 200 novos títulos28; c) um periódico profissional de uma editora privada, a Taylor & Francis Group29, cujo programa editorial abarca mais de 1700 títulos de revistas e mais de 3600 novos livros/ano, sendo considerada uma das maiores editoras de revistas científicas nas áreas das humanidades, ciências sociais e ciência e tecnologia. Os periódicos selecionados neste grupo caracterizam-se da seguinte forma:

Annual Review of Information Science and Technology (ARIST). Revista anual,

com revisão por pares, editada regularmente desde 1966 pela ASIS&T30; abrange uma gama vasta de temas, evidenciando as tendências no âmbito da

26

Fundada, em 1937, como American Documentation Institute (ADI), foi renomeada, em 1968, para American Society for Information Science (ASIS) e, em 2000, para a designação atual ASIST. A missão e visão desta associação pode ser consultada em: http://www.asis.org/missionvision.html; mais informação disponível em: http://www.asis.org/about.html.

27

Publica o Annual Review of Information Science & Technology (ARIST), o Bulletin of the American

Society for Information Science & Technology (Bulletin) e o Journal of the American Society for Information Science & Technology (JASIST). Desde 1937 que realiza o ASIS&T Annual Meeting (onde são

divulgadas as investigações em ciência da informação); a ASIST também organiza outras conferências periódicas em colaboração com associações congéneres como a Digital Archives for Science and

Engineering Resources (DASER), a International Conference on Knowledge Management (ICKM), assim

como workshops anuais coordenados pelos grupos: Classification Research (CR) e Information Needs,

Seeking & Use (USE).

28

A editora também aloja o Projeto MUSE, que fornece o acesso em linha a mais de 260 mil artigos de revistas e 410 mil capítulos de livros de 120 editoras académicas.

29

Informação sobre este grupo editorial disponível em: http://www.taylorandfrancisgroup.com/. 30

Parte I – Objeto e metodologia de investigação 45

ciência e tecnologia da informação que refletem a evolução neste domínio e a diversidade de perspetivas teóricas e práticas. A ARIST está indexada no ISI

Journal Citation Reports (JCR) e na Scopus.

Journal of the American Society for Information Science and Technology (JASIST)31. Publicado nos Estados Unidos regularmente desde 1950 (no período em análise apresenta 10 fascículos ano entre 1992-1996, 12 em 1997, passando a 14 fascículos entre 1998-2008, tendo regressado a 12 fascículos ano após esta data), é um periódico com revisão por pares que apresenta sobretudo resultados de investigação e desenvolvimento no domínio da ciência da informação e da tecnologia. Organicamente apresenta-se dividido em secções: «Featured articles», «Brief communications», «Perspetives», «Editorial notes», «Book reviews», «Letters to the editor», e «Miscellaneous special articles». Para a revisão da literatura apenas foram considerados (e contados para fins de análise bibliométrica) os artigos das secções “Featured articles”, “Brief communications” e “Perspetives”. O JASIST está indexado no ISI Journal

Citation Reports (JCR) e na Scopus.

Library Trends (LT). Publicada nos Estados Unidos pela Johns Hopkins University

Press32 desde 1952, é uma revista académica da Graduate School of Library and Information Science, com periodicidade trimestral e revisão por pares. Cada número é dedicado a uma temática específica, focando os grandes temas de atualidade internacional e problemática do futuro, no âmbito das bibliotecas e da ciência da informação. A LT está indexada no ISI Journal Citation Reports (JCR)33 e na Scopus.

Cataloging & Classification Quarterly (CCQ)34. Publicada regularmente nos Estados Unidos desde finais de 1980 (o primeiro número saiu no outono de

31

Esta publicação foi designada por Journal of the American Society for Information Science (JASIS) até 2000 (inclusive). Página de acolhimento disponível em: http://www.asis.org/jasist.html.

32

Página de acolhimento disponível em: http://www.press.jhu.edu/journals/library_trends/. 33

No Journal Citation Reports (Thomson Reuters, 2011), o fator de impacto foi de 0.313. 34

Parte I – Objeto e metodologia de investigação 46

1980). A editora original desta publicação foi a Haworth Information Press35, adquirida em 2007 pelo Taylor & Francis Group tendo ficado a fazer parte da Routledge. É uma publicação com revisão por pares que publica artigos que cobrem várias áreas técnicas da ciência da informação como a catalogação, indexação, classificação, metadados, recuperação da informação, gestão da informação, para além de outros temas relacionados com a catalogação bibliográfica. A CCQ36 está indexada na Scopus.

Os três títulos seguintes pertencem ao núcleo da Europa, onde também se procurou a relevância na comunidade científica, a representatividade geográfica (três países) e a relevância editorial no respetivo país. Por estas razões a escolha recaiu nos seguintes títulos:

Journal of Documentation (JD). Publicada regularmente no Reino Unido desde

1945 (trimestral entre 1945 e 1996, 5 números/ano entre 1997-1999, e bimestral a partir de 2000) é uma revista académica com dupla revisão por pares37. Faz a ponte entre a investigação e o saber da prática profissional focando-se nas teorias, conceitos, modelos, quadros de referência (frameworks) e filosofias da ciência da informação. Para a revisão da literatura (e contados para fins de análise bibliométrica) apenas foram considerados os artigos, tendo-se excluído as secções de editorial, de notas do editor e de recensão crítica de livros. Entre outras bases de dados, a JD está indexada na

Web of Science (WoS): Social Sciences Citation Index (SSCI) e Journal Citation Reports (JCR)38, e também na Scopus.

35

A editora foi fundada em 1978 por Bill Cohen e Patrick Mclaughlin, tendo publicado cerca de 200 publicações periódicas académicas com revisão por pares.

36 Os gráficos com os indicadores SJR podem ser consultados em:

http://www.scimagojr.com/journalsearch.php?q=4700152770&tip=sid. 37 Disponível através da Emerald em:

http://www.emeraldinsight.com/products/journals/journals.htm?id=JD. 38

Parte I – Objeto e metodologia de investigação 47 Revista Española de Documentación Científica (REDC)39. Publicada em Espanha pelo Consejo Superior de Investigaciones Científicas (CSIC), desde 1981, é uma revista trimestral, com revisão por pares, dedicada à investigação teórica e prática nas áreas de medição da produção científica, da bibliometria, da rede e sistemas de informação, avaliação de publicações e bases de dados científicas, e em bibliotecas e arquivos (tratamento, análise e gestão da informação). É composta por 5 secções «Estudios», «Notas y experiencias», «Normas», «Internet» e «Critica de libros». Para a revisão da literatura (e contados para fins de análise bibliométrica) apenas foram considerados os artigos das secções “Estudios” e “Notas y experiencias”. A REDC está indexada na Web of Science (WoS): Social Sciences Citation Index (SSCI) e Journal Citation Reports (JCR)40, e também na Scopus.

Documentaliste: Sciences de l'information (DSI)41. Publicada em França desde 1964 pela Association des Professionnels de l'Information et de la Documentation (ADBS), que é considerada a mais antiga associação profissional da Europa, é uma revista com periodicidade trimestral desde 2008 (anteriormente publicada em 5 números/ano). Dedicada às ciências da documentação e informação, aborda vários aspetos como técnicas, serviços, profissão, direito, políticas, etc. A partir de 1976 passou a apresentar estudos de investigação aplicada em ciências da informação. Desde 2008 cada fascículo passou a ser centrado numa temática de fundo que dá o título ao fascículo, integrada na rubrica «Recherche en sciences de l’information». Para além desta rubrica central apresenta também «Méthodes, techniques et outils», «Métiers et compétences», «Droit de l’information» e «Notes de lecture». A DSI está indexada na Scopus.

39

Página de acolhimento disponível em: http://redc.revistas.csic.es/index.php/redc. 40

No Journal Citation Reports (Thomson Reuters, 2012), o fator de impacto foi de 0,574. No SCOPUS tem a posição 65/134 (Q2, Ciências da Informação e Documentação (Scimago Research Group, Data Source: Scopus, 2011).

41 Página de acolhimento disponível em: http://www.adbs.fr/documentaliste-sciences-de-l-information-

Parte I – Objeto e metodologia de investigação 48

3.2.2 Dados síntese das fontes da amostra face aos critérios de seleção