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O CNPq e o Currículo Lattes: sistema de referência nacional de registro da produção acadêmica

CURRÍCULO LATTES: DISPOSITIVO DISCIPLINAR DA EDUCAÇÃO SUPERIOR NO BRASIL

2.2. O CNPq e o Currículo Lattes: sistema de referência nacional de registro da produção acadêmica

Ao apresentarmos o panorama histórico do Ensino Superior no Brasil, pudemos apreender características do cenário do surgimento da Universidade no Brasil que nos permitiu compreender como questões políticas, econômicas e financeiras influenciaram nos modelos de universidade surgidos no século XIX. Tornou-se possível ainda compreender como a substituição do modelo de universidade européia pelo modelo de universidade americano - voltado para a produtividade - teve grande impacto na educação superior, bem como o avanço das novas tecnologias e a globalização. Estas favoreceram a criação de instrumentos como o Currículo Lattes para avaliar o mérito das produções da

comunidade acadêmica vinculadas à Universidades, Institutos de Pesquisa e Agências de Fomento.

Desde o início dos ano 80 - segundo informações disponíveis no site do CNPq acerca do histórico da plataforma (www.cnp.br, acesso em março de 2010), os dirigentes da agência manifestavam grande preocupação em instituir um currículo que pudesse ser padrão para o registro das atividades acadêmicas de pesquisadores brasileiros. Dentre os principais objetivos da criação deste currículo estava a criação de uma ferramenta que pudesse permitir a avaliação curricular do pesquisador, a partir de uma base de dados que possibilitasse aos consultores, pareceristas e avaliadores a geração de dados estatísticos sobre a distribuição das pesquisas do país. Neste primeiro momento, foi criado o chamado Banco de Dados, constituído por um formulário que captava os dados dos pesquisadores por meio de impressos em papel e estes eram digitados para um sistema interno informatizado que agrupava tais informações.

No final dos anos 80, o CNPq oferecia às instituições de pesquisa do país - por meio de um sistema denominado BITNET11- a possibilidade de realizar buscas sobre pesquisadores brasileiros que estivessem cadastrados nessas bases de dados. Conforme histórico do CNPq, a base de dados contava com o registro de 30.000 currículos. Embora a criação deste banco de dados tivesse o tramite e o registro das informações, a diversidade na natureza das informações dificultava o tratamento de tais dados. Um exemplo dessa dificuldade era que o sistema não tinha condições de realizar a contagem de autores e co-autores de produções bibliográficas para compor dados estatísticos.

Cunha (2003) afirma que entre os anos de 1998 e 1999 o CNPq realizou um levantamento junto à comunidade científica com o intuito de captar informações que pudessem auxiliar no desenvolvimento de um novo modelo de currículo que viesse a atender às necessidades da agencia de gestão e administração e de operação de fomento. A agência contratou, em 1990 os grupos universitários Stela, vinculados à Universidade Federal de Santa Catariana e CESAR, da Universidade Federal de Pernambuco, para desenvolverem, junto com profissionais técnico da área de informática do CNPq, uma versão do currículo integrasse as demais versões existentes.

Neste contexto, é importante destacar que a internet começava a se popularizar e a ganhar espaço em território mundial e nacional, o que facilitou na elaboração de um

11 BITNET foi o primeiro sistema desenvolvido pelo CNPq que consistia no Registro de Dados dos

currículo que estivesse disponível à comunidade acadêmica em que o próprio pesquisador inserisse as informações das atividades acadêmicas realizadas. Em agosto de 1999, o CNPq lançou e padronizou o Currículo Lattes como formulário oficial que seria utilizado pelo MCT e o próprio CNPq.

Salientamos que esta ferramenta tecnológica teve como objetivo atender a necessidade de armazenar dados quantitativos para a gestão administrativa da própria agencia de fomento, ou seja, a idéia inicial do currículo era de ser utilizado para auxiliar nas estatísticas do CNPq com vistas a melhorar e facilitar um mapeamento das atividades de pesquisa desenvolvidas no país.

Considerando que o currículo armazenava os dados provenientes de um formulário padrão e que as informações estavam disponíveis na Rede Mundial Internet, começou a ser utilizado também pelas principais universidades, institutos, centros de pesquisa e fundações de amparo à pesquisa “dos estados como instrumento para avaliação de professores e alunos” (www.cnpq.br, acesso em março de 2010). Desta forma, houve a necessidade de aprimoramento do formulário, visto que tal instrumento não atendia às demandas das instituições que os utilizava, uma vez que sua ampliação tinha cruzado fronteiras internacionais.

Em 2002, após o desenvolvimento de uma versão em língua espanhola do Currículo Lattes, em parceria com o BIREME/OPAS12, o CNPq cria a rede ScienTI que é:

(...) formada por Organizações Nacionais de Ciência e de Tecnologia e outros organismos internacionais, teria o objetivo de promover a padronização e a troca de informação, conhecimento e experiências entre os participantes na atividade de apoio da gestão da área científica e tecnológica em seus respectivos países. Como forma de incentivar a criação das bases nacionais de currículos, o CNPq passou a licenciar gratuitamente o software e fornecer consultoria técnica para a implantação do Currículo Lattes nos países da América Latina. Assim, o Currículo Lattes foi implantado em países como Colômbia, Equador, Chile, Peru, Argentina, alem de Portugal, Moçambique e outros que se encontram em processo de implantação. (PLATAFORMA LATTES, 2010).

O Currículo Lattes, portanto, que surgiu no final de década de 90 - e teve a sua obrigatoriedade a partir do ano 2000 para o cadastro de dados curriculares de pesquisadores e acadêmicos em geral no que tange à solicitação de quaisquer tipo de

fomento oferecidos pela agência do CNPq - se apresentou como uma ferramenta em constante transformação e aprimoramento, tendo uma ampliação e utilização disseminada em âmbito nacional e internacional. Sua última versão foi lançada em novembro de 2009, em comemoração aos dez anos de existência. Nesse sentido, o Currículo Lattes é definido como uma ferramenta tecnológica que:

(...) registra a vida pregressa e atual dos pesquisadores sendo elemento indispensável à análise de mérito e competência dos pleitos apresentados à Agência. A partir do Currículo Lattes, o CNPq desenvolveu um formato-padrão para coleta de informações curriculares hoje adotado não só pela Agência, mas também pela maioria das instituições de fomento, universidades e institutos de pesquisa do país. (PLATAFORMA LATTES, 2010).

Desta forma, o Currículo Lattes, ao longo dos 10 anos de sua existência tornou-se o “carro-chefe” da Plataforma Lattes, trazendo como principal característica a possibilidade de registro eletrônico das atividades acadêmicas on-line com atualização instantânea disponíveis para pesquisa no site do CNPq. Por essa razão, passou a ser utilizado por instituições de ensino superior para avaliar a produção científica dos seus docentes e pesquisadores.

As facilidades e praticidades oferecidas por esta ferramenta traz consigo uma série de vantagens, principalmente relacionadas ao estabelecimento de um padrão nacional que possibilita sua utilização, segundo informações contidas no histórico do site, “não só às atividades operacionais de fomento do CNPq, mas também às ações de fomento de outras agências federais e estaduais”.

Como citado anteriormente, em 28 de novembro de 2009 a agência lançou uma nova versão que se tornou comemorativa dos dez anos de existência do Currículo Lattes. Segundo informações obtidas do histórico do Currículo, esta nova versão tem por objetivo oferecer à comunidade acadêmica,

(...) um conjunto de implementos, novas funcionalidades e cruzamento de dados. O lançamento coincide com o aniversário de uma década da Plataforma Lattes. Foram realizados acordos com a empresa Thomson&Reuters, cuja base “Web of Science” é uma das mais relevantes na área da Ciência, e com a Receita Federal do Brasil, no intuito de realizar a importação ou certificação de dados presentes nas bases dessas instituições, garantindo assim maior qualidade às informações fornecidas. Outra nova funcionalidade interessante é a Rede de Colaboração, onde será possível visualizar graficamente a rede

de co-autores de um pesquisador que tenham também o Currículo Lattes. (PLATAFORMA LATTES, 2010).

Além do lançamento de novas versões, o currículo é continuamente analisado e são realizadas diversas alterações menores, com o acréscimo de campos, alteração de lay- out, e tem procurado, por meio de parcerias institucionais validar os dados registrados junto à outras bases com a finalidade de obter maior confiabilidade dos dados existentes em seu Banco de Dados.

Em março de 2010 o site do CNPq registrou o cadastro de cerca de 1.620.000 de currículo, sendo que cerca de 126.000 (8%) se referem a doutores e 216.000 (13%) se referem a registro de mestres. Ainda, podemos identificar, de acordo com dados apresentados em reportagem do jornal Folha de São Paulo, de 08 de julho de 2009, que os demais registros referem-se a estudantes de graduação, com percentual acima de 30%, graduados com cerca de 30% e estudantes de pós-graduação e outros com aproximadamente de 9%.

Tais informações tornam-se interessantes na medida em que nos revelam o quanto esta ferramenta obteve - ao longo de dez anos de existência – uma abrangência absoluta nos ambientes acadêmicos, de forma que, ao ingressar em um curso superior, o estudante já estará condicionado a fazer parte desse banco de dados para existir academicamente. Ainda a partir das informações obtidas na reportagem do Jornal Folha de São Paulo, podemos observar que:

Quando surgiu, há dez anos, a Plataforma Lattes tinha apenas o objetivo de servir como fonte de informação “inter pares”. Mais recentemente, contudo, a base cresceu e ganhou novas funções: orientandos se valem da plataforma para selecionar seus orientadores, e vice e versa; alunos usam-na para saber quem lhes dará aulas; empresas, para selecionar consultores; jornalistas, para eleger suas fontes. (FOLHA DE SÃO PAULO, A18, 08/07/2009).

É evidente o crescimento desta ferramenta ao longo de uma década, bem como sua penetração, por meios “capilares”, como definiu Michel Foucault (2008b) em Microfísica do Poder e, como o meio acadêmico passou a se apoiar numa ferramenta tecnológica que representa as relações de poder, uma vez que tornou-se a base para a avaliação de pesquisadores em vários níveis e que, ao mesmo tempo, como analisaremos, se mostra como um instrumento frágil e suscetível a fraudes.

principalmente sob uma perspectiva que nos leva a apreender o que o autor denominava “sociedade disciplinar”, muito comum em nossa contemporaneidade, principalmente no que tange aos aspectos de sua teoria para analisarmos os conceitos de “mérito e competência” de pesquisadores cadastrados neste Banco de Dados, contidos na lógica de elaboração do formulário eletrônico. Existe um poder contido no Currículo Lattes, que é viabilizado pela Plataforma no sentido de disciplinar e transformar o indivíduo de acordo com padrões estabelecidos que, tal como a concepção de exame que os tornam objetos e poder e, por conseqüência, objetos de saber.

Podemos relacionar a configuração do Currículo Lattes com a idéia apresentada por Foucault (2008a):

o exame combina técnicas da hierarquia que vigia e as da sanção que normaliza. É um controle normalizante, uma vigilância que permite

qualificar, classificar e punir. Estabelece sobre os indivíduos uma visibilidade através da qual eles são diferenciados e sancionados. (...).

A superposição das relações de poder e das de saber assume no exame todo o seu brilho visível.13 (FOUCAULT , 2008a, p. 154).

Tal associação pode ser estabelecida em função da existência de um formulário, cuja estrutura é pautada no preenchimento de campos relacionados a produção científica que tem por objetivo classificar, pontuar, qualificar e, eventualmente “punir” na medida em que dispõe de dados do indivíduo que podem ser utilizados para controlar e vigiar a sua produção, numa perspectiva que vislumbre a produção quantitativa das atividades acadêmicas dos agentes humanos.

Além disso, as possibilidades de consultas permanentes sujeitas à avaliação das instituições, bem como da comunidade acadêmica em geral corroboram para nossa abordagem foucaultiana em que o indivíduo está sob a vigilância e, ao mesmo tempo, participa desta vigilância. Ao possibilitar a consulta dos currículos de seus pares sempre que desejar, este participa ativamente da vigilância. Cabe destacar que para fazer parte da comunidade acadêmica, o agente humano fica condicionado ao cadastro em tal sistema, uma vez que ele “só existe” se este tiver a visibilidade no Banco de Dados.

Foucault (2008a) descreve ainda um retrato do exame como uma forma de ritual científico, muito comum em nossa sociedade contemporânea em que as características do Currículo Lattes se assemelham e configuram o que ele denomina como uma "nova

individualidade, e onde está estatutariamente ligado aos traços, às medidas, aos desvios 'às notas', que o caracterizam e fazem dele, de qualquer modo, um' caso"' (2008a, p.160).

É notório, se comparamos a afirmação do autor sobre a transformação da individualidade histórica-ritual, a saber: uma individualidade calculável como os parâmetros e exigências dessa ferramenta tecnológica. Assim, podemos apreender como os mecanismos disciplinares de fato atuam sobre a realidade acadêmica de maneira discreta e eficaz:

As disciplinas marcam o momento em que se efetua o que se poderia chamar a troca do eixo político da individualização. (...) Num regime disciplinar, a individualização, ao contrário, é "descendente" à medida em que o poder se torna mais anônimo e mais funcional, aqueles sobre os quais se exerce tendem a ser mais fortemente individualizados; e por fiscalizações mais que por cerimônias, por observações mais que por relatos comemorativos, por medidas comparativas que tem a "norma" como referência (...). (FOUCAULT, 2008a, p.160).

O autor destaca ainda que todas as ciências possuem um momento de troca dos processos de individualização, os quais queremos assemelhar às transformações e critérios de produção do conhecimento da Universidade Contemporânea à seguinte afirmação:

O momento em que passamos de mecanismos históricos-rituais de formação da individualidade a mecanismos científicos-disciplinares, em que o normal tomou o lugar do ancestral, e a medida o lugar do status, substituindo assim a individualidade do homem memorável pela do homem calculável, esse momento em que as ciências do homem se tornaram possíveis, é aquele em que foram postas em funcionamento uma nova tecnologia de poder e uma outra anatomia política do corpo. (FOUCAULT, 2008a, p. 161).

Considerando as características apontadas podemos identificar o Currículo Lattes como um dispositivo disciplinar eletrônico que se apresenta em condições de atender às demandas de uma cultura acadêmica historicamente voltada para a produção de conhecimento cada vez mais centrada em padrões quantitativos e esquemas de apresentação de resultados. Trata-se de uma tecnologia de poder que produz conhecimento e saber. Nesse sentido, é válida a afirmação de Michel Foucault (2008a) para compreendermos a abrangência de tal dispositivo, bem como as implicações envolvidas neste processo:

O indivíduo é sem dúvida o átomo fictício de uma representação "ideológica" da sociedade; mas é também uma realidade fabricada por essa tecnologia específica de poder que se chama a "disciplina". Temos que deixar de descrever sempre os efeitos do poder em termos negativos: ele "exclui", "reprime", "recalca", "censura", "abstrai", "mascara", "esconde". Na verdade o poder produz, ele produz realidade; produz campos de objetos e rituais da verdade. O indivíduo e o conhecimento que dele se pode ter se originam nessa produção. Mas emprestar tal poderio às astúcias muitas vezes minúsculas da disciplina não seria lhes conceder muito? De onde podem elas tirar tão vastos efeitos? (FOUCAULT, 2008a, p. 161).

Merece destaque nossa preocupação em apreender como este dispositivo - adotado nesta pesquisa como um mecanismo disciplinar - impele os intelectuais a uma preocupação em estabelecer uma produção científica e acadêmica que tenha por objetivo atender aos quesitos estipulados pela estrutura do formulário. Ao se tornar referência institucional, nacional e internacional, esta ferramenta tecnológica tende a abrigar somente a produção do conhecimento que possa ser registradas nos campos que existem no formulário Currículo Lattes. Desta forma, o pesquisador direcionará sua produção para atender à demanda do formulário, tornando-se assim refém desta ferramenta.

Considerando as características históricas do formulário, ou seja, que a sua criação num primeiro momento tenha sido em função de uma necessidade de armazenar dados estatísticos para gestão em C&T (Ciência e Tecnologia), fica evidente que sua estrutura dificulta o registro de atividades acadêmicas de natureza qualitativa, principalmente, na área de Arte, nosso objeto de pesquisa.

Neste contexto, nos deparamos com as fragilidades do sistema, bem como uma exigência de produtividade científica e acadêmica que permeia esse ambiente, levando o indivíduo a se submeter às regras de produtividade, de forma que sua produção passa a ser realizada em função de uma pontuação e que, em alguns casos o levam a cometer fraudes e falsificar dados.

O Currículo Lattes possui uma grande fragilidade, pois os dados cadastrados nem sempre são validados. Aliás, somente nos últimos anos, conforme apontamos neste texto, a agência tem buscado parcerias para validar tais informações. Contudo, as fraudes existem, como por exemplo, em 2009, o caso da ministra da Casa Civil Dilma Rousseff, em que os jornais e revistas denunciavam que seu currículo havia sido “turbinado”, ou seja, existiam informações sobre sua titulação que não eram verdadeiras14. A ministra

14

reconheceu publicamente que as informações contidas em seu currículo sobre suposta titulação de mestrado e de doutorado não eram verdadeiras e tratavam-se de um "erro" de inclusão. Contudo, admitiu ainda que as informações haviam sido inseridas em seu currículo no ano 2000. Estas informações estiveram disponíveis por 9 anos e, somente, após reportagem da Revista Piauí o caso veio à tona na impressa brasileira.

Tais fatos nos levam a refletir seriamente não somente sobre a situação - de fraude - em si, mas também quanto as implicações das relações de poder que se colocam antes, ou seja, as exigências que levam o indivíduo a registrar dados irreais para atender a demanda de um mecanismo tecnológico de poder. Estamos cada vez mais diante de realidades que incentivam os resultados mais rápidos para publicação que abrem caminhos para um mercado competitivo que apontam para um panorama quantitativo de pesquisas científicas contemporâneas.

O Currículo Lattes é, em certo sentido, o reflexo e a representação das relações de poder contemporâneas pautadas numa política de produtividade em que, como analisamos anteriormente, a universidade passa a ser concebida sob a ótica empresarial.

É importante ainda observarmos que a área de Artes, pela peculiaridade de sua natureza, exibe diversas formas de expressão por meio de infinitas linguagens, não permitindo que seja aprisionada em formatos padronizados para atendimento de quesitos do formulário eletrônico.

A este respeito é relevante destacar que a expressividade das linguagens são fundamentais para o desenvolvimento da linguagem como expressividade humana, como aponta Araujo (2004), em Charles Taylor: para uma ética do reconhecimento. Para o autor, o problema da expressão é considerado fundamental para Charles Taylor no que tange a realização da identidade e da subjetividade do agente humano, sendo estes, elementos da estrutura de identidade moderna.

Araujo (2004) destaca que a cultura moderna desenvolveu correntes de pensamento contemporâneas que fazem parte do cotidiano ocidental. O autor alerta para o fato de que teorias cientificistas "acabam encobrindo a expressividade do humano." (p. 33). É relevante considerar que esta forma de pensamento, afirma Araujo,

Taylor mostra que a razão desenvolvida ao longo da formação do ocidente moderno-contemporâneo levou uma série de aprisionamento da expressão, gerando assim, conseqüências complicadoras no que

A Arte se apresenta no nível de articulação e de significação da expressividade de uma cultura moderna no espaço público. A imposição de dispositivos que venham a cercear as formas de sua expressividade tornam-se nocivas ao próprio desenvolvimento desta área e de sua contribuição para a sociedade contemporânea.

Por esta razão, a Arte não é situada neste ambiente de forma confortável, uma vez que sua natureza sempre se expande aos limites estabelecidos pelo dispositivo eletrônico. Esse fato dificulta a relação dos pesquisadores desta área com o formulário e, por conseqüência, com as instituições que o utilizam para medir, classificar e avaliar as produções dos pesquisadores. Contudo, o formato deste dispositivo tecnológico na maioria das vezes não possui campos para abrigar a diversidade desta produção de conhecimento.

Nesse sentido, é possível verificar que a Área de Artes, ao ser incluída e incentivada a preencher os pré-requisitos exigidos por uma política institucional trouxe