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O CNPq, os pesquisadores e o Currículo Lattes: mecanismo de poder diante da produção do conhecimento científico

TECNOLÓGICO NA CONTEMPORANEIDADE 3.1 O Currículo Lattes e a Área de Arte: repercussões no contexto

3.2. O CNPq, os pesquisadores e o Currículo Lattes: mecanismo de poder diante da produção do conhecimento científico

O estudo dos mecanismos que perpassam a discussão da produção científica na área de Artes são extremamente relevantes e serão abordadas nesse item por meio da pesquisa de campo desenvolvida na realização de entrevistas e análise qualitativa do material obtido.

As entrevistas foram realizadas entre os meses de março a maio de 2009, num total de 25, entre representantes institucionais e professores-pesquisadores, elencadas da seguinte forma:

- Diretor do Programa Horizontais e Instrumentais que abriga a Plataforma Lattes e o Currículo Lattes e Equipe técnica (2 pessoas), realizadas no CNPq em Brasília;

. Presidente da Comissão do Currículo Lattes, realizada na cidade de Ribeirão Preto;

- Professores-pesquisadores com produção artística e formação em artes, num total de 20, de instituições de grande relevância na área de Arte, a saber: Universidade Estadual de Campinas, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Universidade de Brasília, Universidade de São Paulo, Universidade Estadual Paulista e Universidade Presbiteriana Mackenzie.

As entrevistas foram individuais, com exceção da equipe técnica do CNPq, em que foi realizada uma entrevista com dois responsáveis pela área, e uma entrevista com um professor-pesquisador (tipo 3) que foi enviada por email, em função da distância geográfica, sem que trouxesse qualquer ônus para compreensão dos tópicos abordados na pesquisa e que por apresentar contribuições significativas para a análise foi incluída no rol de entrevistados. As entrevistas tiveram variação do tempo de duração de 20 a 90 minutos, documentada por meio de gravação em mídia MP3.

Para estruturar as entrevistas, elaboramos questionários que foram categorizados em 3 tipos, a saber:

- entrevistas tipo 1 (institucional):

Diretor de Programas Horizontais e Instrumentais do CNPq, com quinze questões semi- abertas;

Presidente da Comissão do Currículo Lattes do CNPq, com dezesseis questões semi- abertas;

Membros do Comitê Subgrupo – ARTE, com onze questões semi-abertas;

- entrevistas tipo 2 (institucional-técnica):

Equipe responsável pela Informática do CNPq, com sete questões semi-abertas

- entrevistas tipo 3 (professores-pesquisadores em Arte):

Professores universitários com formação e produção artística, com dezesseis questões. Cada grupo de entrevistas compreendeu um contexto único e original, embora todas fossem permeadas pela mesma orientação temática por meio de perguntas básicas

comuns. Todavia, as entrevistas contaram com a inclusão de questões específicas que surgiam durante os relatos, bem como intervenções ou até mesmo respostas às perguntas dos entrevistados que foram de grande pertinência para compor o ambiente uma vez que estavam relacionadas com a temática central.

As entrevistas classificadas como tipos 1 e 2 referem-se a profissionais com cargos junto ao CNPq que são apresentados com seus nomes verdadeiros e funções desempenhadas reais, previamente autorizados, e que se apresentam como fundamentais para os objetivos propostos neste estudo, uma vez que representam as vozes e olhares institucionais.

O grupo de entrevistados tipo 3 refere-se a professores de ensino superior vinculados a instituições de relevância no Ensino Superior com representatividade na área de Arte. Foram entrevistados professores e pesquisadores nas cidades de São Paulo, Campinas, Rio de Janeiro e Brasília. Ressaltamos que, para assegurar a expressividade e originalidade, além da privacidade das fontes desses relatos orais, optamos por criar nomes fictícios para os entrevistados, a saber: Lucas, Benedito, Joana, Antonio, Maria, João, Madalena, José, Roberto, Valter, Isabel, Thiago, Francisca, André, Felipe, Pedro, Fabiana, Marcela, Ricardo e Letícia.

Cabe ressaltar que as entrevistas realizadas nos meses de março a maio de 2009 foram baseadas numa versão do Currículo Lattes que foi atualizada em novembro do mesmo ano, em comemoração aos 10 anos da Plataforma no Brasil. Destacamos ainda que o objetivo dessa investigação foi o de obter dos relatos dos entrevistados as relações de poder contidas no instrumento tecnológico Currículo Lattes. Os relatos dos entrevistados contemplam as questões abordadas nas entrevistas válidas tanto na versão antiga como na nova versão, o que não trouxe qualquer ônus ao tipo de investigação que nos propusemos a realizar.

Para melhor apreender as questões que foram discutidas, optamos por utilizar categorias operatórias para a análise das entrevistas, por níveis de temas afins. Tais categorias fornecem subsídios para a compreensão de cada aspecto e, ainda nos permitem visualizar uma dimensão geral das possíveis relações entre a área de Artes e o Currículo Lattes no âmbito das relações de poder apresentadas anteriormente, bem como extrair dos relatos uma contribuição acerca dos possíveis caminhos a serem traçados diante das

Contudo, antes de iniciarmos pelas categorias, caracterizaremos alguns aspectos que consideramos de grande relevância acerca da compreensão dos professores - pesquisadores – artistas sobre a significação da área de Artes na contemporaneidade. Estas concepções serão de grande auxilio para a análise reflexiva que pretendemos realizar a partir dos relatos.

Os entrevistados são artistas atuantes e professores com titulação na área de Artes, com experiência acadêmica entre 15 e 36 anos e que vivenciaram ao longo de suas experiências profissionais o caminho que esta área realizou durante três décadas e que perpassaram pelas transformações estruturais da Universidade Brasileira nestas décadas, além de, em muitos casos, tê-las vivenciado como alunos. Acompanharam ainda o surgimento das agências de fomento e, em função de suas atividades profissionais são submetidos aos processos de avaliação dos cursos de graduação e pós-graduação a que estão vinculados.

Pudemos apreender ao longo dos relatos como a Área de Arte foi inserida num amplo contexto de universidade em que as exigências de produtividade e avaliação tornaram-se os alicerces das relações institucionais a partir da concepção de critérios pautados num desenvolvimento cientificista que pouco atende às demandas dos pesquisadores da área de Arte.

É relevante destacar, num primeiro momento a percepção que os professores entrevistados tem da área de Arte para, posteriormente, analisar como as relações de poder apontadas por Foucault podem ser identificadas na sociedade contemporânea nos comportamentos e na experiência dos pesquisadores desta área.

Os entrevistados descrevem, ao longo da entrevista, seu percurso acadêmico e as adversidades da área de Arte, em função de sua natureza, da diversidade de linguagens, o que dificulta o seu enquadramento a modelos padronizados na academia, como o Currículo Lattes. Buscam descrever a Arte, a partir de sua própria experiência:

A Arte trabalha com desvios, com o acaso, com o erro. E isto nem sempre a produção acadêmica, mais oficial, digamos, mais considerada, absorve. Por isso eu acabo como pesquisador, mesmo a CAPES dizendo que o que pontua é artigo, eu não deixo de fazer aquilo que me dá prazer de fato. Então, a própria natureza dialética da produção em Arte, da reflexão em Arte, ela é às vezes minimizada quando você aplica no sistema, na plataforma. (Thiago, Artes Visuais, maio de 2009).

É interessante verificarmos que esta diversidade de linguagens se apresenta de forma impactante no ambiente acadêmico, uma vez que a produção do conhecimento científico é concebida exclusivamente em função de quesitos pré-estabelecidos, os quais não abrigam totalmente a Arte, pois ela se apresenta, em muitos aspectos, como parte da vida, conforme o relato de Fabiana:

A Arte está no mundo. (...) A descoberta surpreende porque senão como é que faz se não tiver uma novidade? Mas de qualquer forma tem mais a sensação de que está dentro do vidrinho. E a Arte não. Arte é mais tangível que isso. Não está dentro do vidrinho. Está na vida mesmo. Muito mais. Mas de qualquer forma eu acho que isso é difícil de entender. Acho que a academia às vezes tem a sensação de ficar agarrando alguma coisa que está escapando. Quer dizer, ainda bem, porque na hora que agarrar, prender, acabou. (Fabiana, Artes Visuais- Design, maio de 2009).

Um outro aspecto que merece destaque e que foi amplamente apresentado pelos pesquisadores entrevistados é o fato de que a Arte teve seu reconhecimento como Área de conhecimento recentemente, há cerca de 30 anos. João, um de nossos professores entrevistados que participou ativamente do processo de um primeiro reconhecimento da área aponta para as principais dificuldades enfrentadas no início dos anos 80 na academia e nas agências de fomento e a idéia de pesquisa em Arte.

Eu acho que tive uma importância relativamente grande na questão da Área de Artes. (...) naquele primeiro momento era muito importante você caracterizar a pesquisa em Arte como uma coisa séria. E como uma Área séria você precisa ter parâmetros para dividir. O grande problema no começo da Área de Arte no CNPq, em termos de currículo, era exatamente esta questão: eu saí falando: peçam, peçam, peçam, para criar uma situação de fato no CNPq. (...) O projeto chegou, os pedidos chegaram, mas de uma demanda terrivelmente de péssima qualidade. Por quê? Veio o pedido, mas eram artistas que nunca tinham visto uma universidade, que não sabiam o que era uma área acadêmica, não sabiam o que era uma pesquisa. (...) Comecei a pesquisar e estudar um pouco a pesquisa em Arte, o que é a pesquisa em Arte. (João, Artes Visuais, abril de 2009).

Desta forma, segundo relato de nosso entrevistado, a área de Arte passou a estabelecer critérios para sua atuação e pesquisa, a fim de ser reconhecida no ambiente acadêmico. João destaca ainda que o estabelecimento de "critérios" era fundamental para

Assim, podemos identificar que a Área de Arte foi concebida, desde o seu reconhecimento, como uma área que deveria se encaixar em modelos pré-estabelecidos, semelhantes aos outros modelos existentes em outras áreas do conhecimento. Sobre este aspecto João afirma que "naquele momento, talvez a estratégia fosse mais aproximar cada vez mais a questão da Arte de uma pesquisa convencional.”

Nesse sentido, é interessante o relato de Antonio, que pontua as dificuldades que a área encontra, por seu caráter diverso, em detrimento a modelos pré-estabelecidos. Contudo, destaca que a área é reconhecida recentemente em âmbito acadêmico e aponta para o fato já destacado por João, acerca do modelo de pesquisa convencional:

(...) a Arte na universidade começou a ser provocada há pouco tempo. A Arte Visual, acho que no máximo há uns vinte anos. (...) A questão da universidade é recente ainda. A universidade está voltada para área de pesquisa científica e para a área de artes visuais e o artista ainda está se colocando, está impondo seu trabalho. É uma coisa que ainda vai levar tempo. (...) Todas as exigências que o método científico está pedindo, nós estamos cumprindo artisticamente para ver se este é o elo que esta faltando nesse entrosamento da arte e a universidade. (Antonio, Artes Visuais, março de 2009).

É possível verificarmos nos relatos a seguir como historicamente a Área de Arte vem se incorporando ao ambiente universitário brasileiro. Trata-se ainda de uma área do conhecimento em construção, dado seu recente e reconhecimento - como foi apontada pelos entrevistados -, buscando de alguma forma se firmar no meio acadêmico. Os depoimentos apontam para um início de amadurecimento da área, neste momento histórico, no qual professores passam a ter suas titulações específicas em Arte, mas nessa perspectiva acadêmica já se destacam as dificuldades para que esta seja reconhecida como uma Área específica de Conhecimento.

(...) as Artes não eram da universidade. Elas são recentes na universidade. Então, me parece que tem uma certa relutância do pensamento universitário mais padrão em admitir que o conhecimento geral pelas Artes é legítimo. (...) talvez esse momento que a gente esteja vivendo seja de verdade um primeiro contrato, sério, intenso e produtivo entre essa desconfiança por parte do pensamento universitário e já um acúmulo, digamos assim, de uma postura crítica até nesses últimos 20 ou 30 anos produzidos pelas artes que vão ter que se entender. (Roberto, Artes Visuais - Gravura, abril de 2009).

A juventude do nosso campo na área acadêmica, (...) a escola de Teatro da Unirio, por exemplo, eu estive lá em 1986, que foi o primeiro ano que o curso de ator era superior.(...) Já são 30 anos. Mas os professores que iam dar aula nesses cursos não eram formados nessa área.Talvez eu faça parte da primeira geração que na qual ela se engrenou, entendeu? Eu fiz doutorado fora.(...) Eu participei do início também da pós- graduação na Unirio (...) por um lado o nosso campo, como um campo específico da Arte e como um campo acadêmico. (...) tem que batalhar para se ter mais [bolsas], mas isto também está ligado à maneira como o Brasil, com as condições que o Brasil oferece para todos os artistas de uma maneira geral. É aquela batalha mesmo grande. (Letícia, Artes Cênicas, maio de 2009).

Um outro aspecto que merece destaque refere-se ao depoimento de João que evidencia em quais circunstâncias a área de Arte foi introduzida no meio acadêmico e, ressalta, que em função de uma grande inexperiência dos artistas na academia, a estratégia de aproximação, ou seja, de atribuir critérios à pesquisa em Artes de acordo com os critérios de uma pesquisa mais convencional pode ser percebida hoje como não eficaz para abrigá-la em sua diversidade. O entrevistado destaca que:

Hoje, eu já teria outras propostas. Seria, por exemplo, essa questão da pesquisa em Arte. Ela tem que existir. Mas uma das coisas fundamentais também é: que tipo de pesquisa? Porque no fundo com esse esquema que existe hoje - eu acho que esse esquema é muito importante - existe o que? O artista pesquisador, ele tem uma jornada dupla de trabalho. Ele tem que ser artista e fazer pesquisa séria, acadêmica. (...) Ele teria que ser um teórico. Porque? Porque ele tem que escrever. Publicar. Então eu acho que isto é uma questão de jornada dupla. (...) O artista tem que fazer uma obra, ele tem que apresentar aquela obra, ele é julgado como artista por uma crítica sobre a qualidade de sua obra, sobre a pertinência de sua obra e, além de tudo isso, ele tem que fazer um escrito teórico e um escrito teórico tem que ter uma certa profundidade. Eu acho isso uma grande injustiça. (João, Artes Visuais, abril de 2009).

A questão acerca da temática da pesquisa em Arte tornou-se desde o início do reconhecimento da Área de Arte na academia uma grande dificuldade, uma vez que passou a ser julgada em função de critérios científicos e dispositivos como o Currículo Lattes. A esse respeito João afirma acerca da Área na academia:

aquilo? O que é um trabalho científico? O que é uma exposição? Como é que você faz um julgamento de um trabalho científico numa instituição? Está sempre por trás disso o que é pesquisa em Arte. (João, Artes Visuais, abril de 2009).

Para André, quando se trata da pesquisa na Área de Arte tem-se uma grande discussão. Esta área, por suas peculiaridades, dentre as quais podemos destacar uma prática que não busca resultados como nas demais áreas, geralmente gera polêmica em âmbitos acadêmicos, principalmente considerando o contexto do ensino superior atual - pautado em uma política empresarial - uma vez que se apresenta de forma diversa dos modelos e parâmetros instaurados pelos institutos de pesquisa, agências de fomento e universidades. Acerca desta peculiaridade, o entrevistado destaca que:

Mais uma vez, as dicotomias, separações, compartimentações, são de difícil limitação. O reconhecimento dessas fronteiras é muito complicado. Onde termina a pesquisa e onde começa a prática ou a utilização dessa pesquisa? A pesquisa não deve ser considerada apenas como um trabalho laboratorial ou de escritório fechado, solitário, individual. A pesquisa deve ser coletiva também. A pesquisa é uma atividade de observação e de estudo e isso pode ocorrer sob qualquer episódio, sob qualquer etapa do trabalho. No caso das Artes Cênicas, o teatro, a pesquisa para o teatro, seria o levantamento do material, ou seja, do contexto, do texto, levantamento da época, das razões e o porque aquele texto surgiu, da vida do autor, da história, da política, das sociologias, da religiosidade (...) E logo o espetáculo é também uma manifestação da pesquisa. Ele é também a expressão da pesquisa. Então eu não sei realmente onde é que termina um e começa o outro. Onde começa o campo da pesquisa e o da aplicação da pesquisa. (...) A pesquisa ajuda a transformar um determinado objeto em uma "coisa viva". (André, Artes Cênicas, maio de 2009).

Desta forma, o entrevistado defende a existência da pesquisa em arte, sem que para isso seja necessário "encaixá-la" num esquema pré-definido do que seria uma pesquisa científica e acadêmica, muito comum em institutos e agências de pesquisa que tem a necessidade de estabelecer parâmetros classificatórios e determinantes do que seria uma pesquisa científica. Para ele, fixar-se somente em padrões pré-estabelecidos não dá a garantia que a pesquisa terá resultados. A esse respeito afirma que:

Mas eu acho que não é só em arte não. Eu acho que em outros campos, na hora em que você vai aplicar a pesquisa, ela pode falhar, ela pode não ser exatamente aquilo que você gostaria que fosse, ou levantou como sendo o melhor para o seu objeto de observação e aí você ter que fazer um ajuste, enfim isso é uma seqüência da pesquisa. É uma outra

face dela. É a pesquisa entrando em contato com a realidade propriamente. (André, Artes Cênicas, maio de 2009).

Neste sentido, é importante o debate e a reflexão que propomos nesta investigação, na medida em que a pesquisa, tanto na área de artes como em outras áreas sempre está suscetível a mudanças impostas pelo próprio meio no qual ela será desenvolvida e, desta forma, trata-se de uma crítica aos métodos pautados somente a partir de resultados como os únicos possíveis para a realização de um pesquisa em âmbito acadêmico. Temos, pois a grande polêmica que envolve a área de Arte: se a pesquisa em Arte é considerada científica ou não na academia.

Científica em Arte já é uma contradição, porque os critérios da ciências e arte - claro que tem áreas de tangência - tem áreas que são divergências. Primeiro que, no trabalho do artista na verdade não existe a comprovação de algo. O artista não quer comprovar uma teoria. O trabalho de arte é cheio de surpresas, de acasos, que são próprios desta natureza de trabalho. Eu acho que existe pesquisa sim que o artista tem que ler, ter pesquisa bibliográfica, conhecer obras de outros artistas, mergulhar um pouco no contexto de uma obra, são fatores muito positivos. Na verdade esta pesquisa culmina com uma produção que tem outros critérios, diferentes das ciências. (Maria, Artes Visuais, março de 2009).

A produção do conhecimento é a própria obra do artista. Porque ela não floresce da inspiração do dia para a noite. É igualzinho da científica. (...) Eu acho que é um trabalho em paralelo, mas não estão tão distantes e no fim sempre se encontram. São paralelos que se encontram. Arte e Ciência se encontram, dialogam e muito. Temos que parar um pouco essa cisão, com um olhar de inteligência só para a área racional, a ‘área científica’. A inteligência existe em todas as áreas, em todas as profissões e, felizmente para os artistas isto está ficando mais claro. (Valter, Artes Visuais, abril de 2009).

O que se torna importante destacar nesse contexto é exatamente a peculiaridade da área de Arte e do artista em ambientes acadêmicos, de forma que seja valorizada em sua contribuição para a produção do conhecimento, ao invés de buscar adequá-la a padrões pré-estabelecidos desta produção na academia. Neste sentido, a fala de Isabel contribui para uma identificação da atuação dos artistas em âmbito acadêmico:

O artista e a Arte não entraram ainda em nosso país como uma área de conhecimento, por mais que seja diferente esse conhecimento, e não é aquele que eu comprovo uma hipótese, tese, antítese.... você não tem

campo comprovável como a Ciência... e para a sociedade isso fica sendo uma coisa ... não sei se é bem vinda ou não. Não são todas as pessoas da sociedade que vem a arte com bons olhos. Acaba acontecendo isso com o Departamento de Arte (...) são setores que menos recebem incentivo, verba inclusive. A gente recebe pouca verba. (Isabel, Poéticas Visuais, abril de 2009).

Outro aspecto relevante é o fato de que o não reconhecimento da área, ou melhor, o recente reconhecimento e inclusão da Arte como Área de conhecimento reflete num baixo índice de oferta de bolsas para pesquisas científicas por parte dos Institutos de