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Custos com a mão-de-obra direta e indireta

No documento Contabilidade de gestão simplificada (páginas 175-177)

Capítulo IV Fatores de custo de produção

4.3 Mão-de-obra

4.3.2 Planeamento e controlo da Mão-de-obra

4.3.2.6 Custos com a mão-de-obra direta e indireta

Quando se fala do custo da mão-de-obra, está-se a referir não só o montante das remune- rações ilíquidas dos trabalhadores, como os ordenados, horas extraordinárias, prémios e incentivos; mas também o valor dos gastos sociais suportados pela empresa, quer seja de natureza obrigatória, como a taxa social única e o seguro de acidentes de trabalho, quer facultativa, como os refeitórios, creches, feriados facultativos e assistência médica (Coelho, 2012).

Além destes, os subsídios de férias e 13º mês são considerados custos diretos, e como tal, devem ser repartidos pelos portadores de custo em duodécimos mensais para que a mão-de-obra não fique sobreavaliada nos meses em que estes subsídios são efetivamente pagos (Coelho, 2012). Ou seja, o custo total da mão-de-obra direta é dado através da soma de todos os gastos com o fator trabalho que a empresa suporta devido à produção, e o custo total da mão-de-obra indireta é dado através da soma de todos os gastos com o fator trabalho que a empresa suporta relativo a todos os serviços de servem de apoio à fabricação.

Segundo o autor, a melhor forma para atribuir estes custos é através do cálculo do custo hora, sendo este obtida pela divisão do custo total do trabalho pelo número de horas produtivas. Este procedimento aplica-se normalmente num regime de fabricação contínua e nos custos deter- minados por processos, onde por norma é aplicado um sistema de remuneração com base no tempo.

Em algumas indústrias transformadoras é possível encontrar um esquema de remuneração baseado nos resultados, onde é oferecido ao trabalhador um determinado montante por cada pro- duto fabricado que cumpra os objetivos de qualidade pretendidos. Além deste valor, recebem igual- mente um montante mínimo fixo, de acordo com as horas trabalhadas, independentemente do nível de produção atingido nesse período (Coelho, 2012).

Portanto, de acordo com o autor, assim que se conheçam os tempos produtivos, bem como o destino deles, apenas falta calcular o custo hora produtiva para que seja possível a sua imputação a cada produto ou serviço.

O custo hora, contudo, segundo este, mostra-se de difícil determinação devido ao facto de existirem diferentes taxas de remuneração para as diversas categorias do pessoal, bem como exis- tirem elementos incluídos no custo com a mão-de-obra, para além da remuneração propriamente dita.

Logo, para se poder determinar o custo por hora de produção, deve-se a partir do custo total da mão-de-obra e calculá-lo categoria a categoria (Coelho, 2012). Após isto, já é possível imputar aos produtos ou serviços o tempo que cada uma “consumiu” ou utilizou.

Conhecido o custo total da mão-de-obra por categoria, calcula-se o custo da hora produtiva dividindo esses custos pelo número de horas produtivas.

Custo hora =Custo total da mão − de − obra Nº de horas produtivas

Segundo o autor, esta expressão tem a vantagem de permitir uma correta afetação do custo da mão-de-obra aos produtos ou serviços.

Todavia, este afirma ser preferível calcular o custo hora através da divisão do custo total pelo número de horas de presença ou até mesmo pelo número de horas processadas, uma vez que se corre o risco de sobreavaliar o custo da produção em termos de mão-de-obra.

Custo hora =Custo total da mão − de − obra Nº de horas de presença

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Custo hora =Custo total da mão − de − obra Nº de horas processadas

Porém, Coelho (2012) considera que estas expressões tem a desvantagem de subavalia- rem o custo da mão-de-obra aos produtos ou serviços, ficando uma parte deste custo por imputar. Os inconvenientes destas duas relações podem ser contornados se depois do cálculo do custo da hora da presença lhe for aplicada a taxa de rendimento:

Taxa de rendimento = Tempo produtivo Tempo de presença

Muitas vezes, na prática, a taxa de rendimento utilizada é preestabelecida (Coelho, 2012). Sempre que a contabilidade de gestão é aplicada numa ótica de controlo de gestão, o autor considera este método preferível, pois implica a referência a uma norma com a qual é possível se comparar as realizações, e quando ocorrem diferenças alarmantes entre as realizações e as previ- sões, obriga a que se analise e que sejam retiradas as consequências.

Após os custos com a mão-de-obra direta serem atribuídos aos produtos ou encomendas, com os dados recolhidos pode-se ainda determinar o coeficiente de utilização da mão-de-obra direta e o da produtividade, uma vez que estes são bastante relevantes pela informação que proporcio- nam.

Assim sendo, o coeficiente de utilização da mão-de-obra direta pode ser representado pelas duas relações que se seguem (Coelho, 2012):

Coeficiente de utilização MOD = Tempo produtivo Tempo de atividade Ou

Coeficiente de utilização MOD = Tempo processado Tempo de atividade

No que respeita à produtividade do fator trabalho, o autor considera que esta deve ser cons- tantemente analisada, sendo representada pela relação entre a produção efetiva (medida em uni- dades físicas) e o número de horas utilizadas para obter essa produção.

Produtividade da MOD = Produção do período Nº de horas utilizadas

A gestão do trabalho de produção implica uma contabilização correta por forma a ser pos- sível obter-se informação relevante para a tomada de decisão, e obriga a que se analise os diferen- tes centros de responsabilidade ou de atividade devido à necessidade de um acompanhamento e controlo quase permanente das relações entre diferentes grandezas. Uma das relações que precisa de especial atenção é o coeficiente de utilização da MOD, que deve ser analisado e controlado por forma a tender para a unidade, sendo que só quando esse objetivo é atingido, ou seja, quando o tempo de atividade não imputável tende para zero, é que a gestão é considerada eficaz (Coelho, 2012).

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Capítulo IV – Fatores de custo de produção

No documento Contabilidade de gestão simplificada (páginas 175-177)