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Custos reais ou históricos e custos básicos ou pré-determinados

No documento Contabilidade de gestão simplificada (páginas 53-55)

Capítulo I Conceitos fundamentais da Contabilidade de Gestão

1.3 Os custos e o seu controlo

1.3.5 Custos reais ou históricos e custos básicos ou pré-determinados

De acordo com Ferreira et al. (2014), o fator determinante da distinção destes dois tipos de custos é basicamente o período em que os mesmos são calculados. Segundo Coelho (2012), ao considerar o momento em que os custos são determinados deve esclarecer-se que o pretendido não é estabelecer o custo de produção em certos períodos, mas antes determinar os gastos em diferentes momentos relativamente à mesma produção.

Aquando da tomada de decisão, é relevante conhecer o período a que o cálculo do custo se refere, pelo que se torna necessário perceber se são custos determinados antes ou depois da realização da produção, pois vai permitir, por exemplo, avaliar se os objetivos em termos de custos foram ou não atingidos (Coelho, 2012).

Os custos reais ou históricos são determinados à posteriori, ou seja, depois do ciclo pro- dutivo estar completo, com base em custos efetivamente suportados com a produção de determi- nado período (Coelho, 2012; Ferreira et al., 2014). Estes custos apresentam o grande inconveniente de apenas poderem ser calculados após ocorrer a produção, por forma a serem consideradas as quantidades e os preços dos fatores efetivamente utilizados e registados pela contabilidade. No entanto, Caiado (2009) refere que os custos reais devido a várias causas são praticamente impos- síveis de calcular com rigor absoluto, como por exemplo o caso de alguns custos anuais estimados no início do ano que se repartem equitativamente pelos meses de trabalho. Contudo, para Coelho (2012) o tipo de custo em questão não deve servir de referência a qualquer política de produção antes da sua realização, uma vez que se trata de custos sensíveis a variações sazonais e/ou con- junturais.

No que respeita aos custos básicos, também conhecidos por pré-determinados, estes são calculados através de estimativas de consumos e gastos a incorrer durante o ciclo produtivo, por forma a ser possível uma valorização interna dos produtos e/ou serviços (Caiado, 2009; Coelho, 2012; Ferreira et al., 2014). Estes custos incluem-se na categoria dos custos teóricos e permitem às empresas planear, controlar e responsabilizar pelo incumprimento do pré-estabelecido. Segundo Caiado (2009), podemos ter três tipos de custos básicos: o custo standard ou padrão, que resulta de normas técnicas relativas aos vários fatores da área de produção, onde se define o que é custo do produto e/ou serviço, sendo que devido à sua natureza estes não têm em conta os elementos que possam afetar as condições normais de exploração, como a situação das instalações e a qua- lidade das matérias-primas e mão-de-obra; o custo orçamentado, que é obtido a partir do orçamento da empresa para um determinado período, uma vez que o orçamento é a tradução quantitativa dos objetivos e planos aprovados pela direção da empresas para determinado período, o que tende a ir de encontro com a realidade pois têm em consideração as condições normais de exploração para o período em causa; por fim, existem ainda empresas que se guiam por custos fixados de acordo com outro critério, como por exemplo o custo que o produto/serviço pode ter no mercado, sendo que a utilização deste tipo de custo relativamente aos anteriores, sendo uma empresa que utiliza vários centros de resultados onde ocorre cedências ou transferências de produtos e/ou serviços, tem a vantagem de possibilitar isolar os resultados.

Note-se que quer uma empresa opte por adotar ou não os custos básicos, não pode deixar de contabilizar os custos efetivos ou reais, uma vez que, são estes que efetivamente suporta na produção. Não obstante, a utilização dos custos teóricos não dispensa os efetivos, sendo estes últimos utilizados, quer para facilitar o trabalho contabilístico, pois pode-se registar diariamente este tipo de custos não necessitando de aguardar o final do exercício para o apuramento do custo efetivo da produção; quer para efeitos de controlo das condições internas da exploração, a fim de se apu- rarem desvios e descobrir as suas causas (Coelho, 2012).

Relativamente a estes custos básicos, podem ser descritas um conjunto de vantagens e de desvantagens à sua utilização. Como vantagens pode ser referido o facto de facilitar a programação e controlo da atividade, pois com o cálculo e a análise dos desvios podem ser tomadas medidas corretivas; facilita a gestão por exceção, onde permite à gestão aproveitar melhor o seu tempo, uma

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vez que apenas os desvios considerados anormais devem ser analisados e interpretados; proporci- ona uma redução nos custos, porque como os padrões salientam as variações, os responsáveis tornam-se mais sensíveis a este assunto fazendo um esforço redobrado para fazer economias; por fim, simplificam os procedimentos administrativos, pois o facto de o cálculo dos custos históricos ser mais demorado e trabalhoso, como resultado final os valores não são mais aceitáveis do que os custos básicos, pelo que a utilização destes últimos permite a valorização de inventários sem gran- des complicações (Mortal, 2007). No que respeita às limitações deste sistema o autor considera que temos o princípio da exceção, que apesar de poupar tempo à gestão, tende a levá-la a concentrar- se no pior, esquecendo um pouco o melhor desempenho, o que em nada motiva os responsáveis mais exigentes; no entanto, se os padrões forem muito exigentes e difíceis de alcançar acaba por funcionar como um desmotivador, possivelmente criando até mau ambiente laboral; a limitação prin- cipal deste tipo de custo parece estar essencialmente ligada à dificuldade na sua obtenção e atua- lização, sobretudo no que se refere à tabela de preços, não muito controlável pela empresa.

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Capítulo I – Conceitos fundamentais da Contabilidade de Gestão

No documento Contabilidade de gestão simplificada (páginas 53-55)