[Prestação de Contas do exercício de 1999, do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia - Crea/RJ. Aquisição de bens e serviços de forma fracionada, caracterizando fuga ao procedimento licitatório] [RELATÓRIO]
`2.1. No que diz respeito à `aquisição de bens e serviços de forma fracionada, caracterizando fuga ao procedimento licitatório previsto nos arts. 1º e 2º da Lei nº 8.666/93¿, alega o Dirigente, em suas razões de justificativa, que, à época das despesas questionadas, os entes de fiscalização profissionais estavam sob abrigo da Lei nº 9.649/98, que alterou a natureza jurídica dos conselhos, de entidades autárquicas para pessoas jurídicas de direito privado, e no novo ordenamento `os Conselhos de Fiscalização Profissional estariam fora da égide da Lei de Licitações, tendo liberdade para efetuar as contratações, alienações e aquisições, sem necessidade de realização de certame.¿, até a suspensão da eficácia da referida Lei,
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em 22/09/99, com base em `deferimento de medida liminar em Ação Direta de Inconstitucionalidade. No entanto, todos os atos praticados com fulcro no dispositivo legal provisoriamente suspenso são válidos.¿. Mais adiante, assevera que `não procede a análise efetuada pelo Egrégio Tribunal de Contas da União - TCU, nem aquela promovida pelo Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia, que desconsidera a existência da precitada Lei Federal e dos seus efeitos.¿ Argumenta também que, ainda assim, o Presidente do CREA/RJ teria sido `cauteloso e, mesmo sem a obrigatoriedade legal, continuou realizando licitações e implementando processos de competição para as contratações, alienações e aquisições.¿ [VOTO]
13. [...] registro que a jurisprudência deste Tribunal, datada de 7/10/1998, já trazia entendimento que os conselhos de fiscalização do exercício profissional estavam obrigados não apenas a prestar contas a este Tribunal, mas, também, a observar uma série de requisitos típicos da atividade pública, tais como dever de licitar e de realizar concursos públicos, razão pela qual deixo de acolher as justificativas apresentadas pelo responsável e transcritas pela unidade técnica no subitem 2.1 da instrução à fl. 178, v.p., onde há a alegação de que, à época da ocorrência dos fatos, ainda não havia essa obrigatoriedade.
9.1. julgar irregulares as contas do Sr. [omissis], com fundamento nos artigos 16, inciso III, alínea b, 19, parágrafo único, e 23, inciso III, da Lei 8.443/1992; 9.2. aplicar ao responsável indicado no subitem anterior a multa prevista no art. 58, inciso I, da referida Lei, no valor de R$ 3.000,00 (três mil reais) [...]; [...]
9.5 determinar ao Crea/RJ a adoção das seguintes medidas: 9.5.1. ao realizar aquisição de bens e serviços observe o contido nos arts. 1º, parágrafo único, 2º, 14, 15, 16 e 23 da Lei 8.666/93;
AC-0909-10/08-2 Sessão: 08/04/08 Grupo: II Classe: II Relator: Ministro Aroldo Cedraz - TOMADA E PRESTAÇÃO DE CONTAS -
[Representação. Admissão. Conselho Regional de Fiscalização do exercício profissional. Processo seletivo instaurado em inobservância do disposto no art. 37,
Inciso II, da Constituição Federal.]
[ACÓRDÃO]
9.2. com fulcro no art. 71, IX, da CF/88, determinar ao Conselho Regional de Odontologia do Rio Grande do Sul (CRO/RS) que, no prazo de 15 (quinze) dias, proceda à anulação do processo seletivo simplificado para preenchimento de vagas de agente de serviços gerais e telefonista, deflagrado por meio do Edital, nº 8, de 24/6/2008, por estar em desacordo não só com o estabelecido no art. 37, inciso II, da Constituição Federal, no caso de se tratar de admissão de pessoal, mas também com o art. 2º, caput, da Lei nº 8.666/1993, no caso de se tratar de terceirização de serviços da área- meio;
[PROPOSTA DE DELIBERAÇÃO]
5. Com efeito, a obrigatoriedade de realização de concurso público para ingresso de pessoal nos conselhos de fiscalização profissional é matéria de há muito pacificada neste Tribunal, decorrente da natureza autárquica de tais entidades, as quais integram a Administração Pública descentralizada (v. Enunciado da Súmula de Jurisprudência do
TCU nº 231).
6. A esse respeito, o Supremo Tribunal Federal, ao julgar o MS nº 21.797-9, reconheceu a natureza autárquica do Conselho Federal e dos Conselhos Regionais de Odontologia, adotando-se, no âmbito do TCU, a data da publicação dessa deliberação, no Diário de Justiça (18/5/2001), como marco temporal para a caracterização de contratação irregular de pessoal sem a realização de concurso público (v.g. Acórdão 2.335/2008- Plenário).
7. Nessa linha, destaca-se que o caráter impositivo da regra fixada no art. 37, inciso II, da CF/88, aos conselhos de fiscalização profissional foi abordado de forma contundente no âmbito dos Acórdãos 378/2004-Plenário e 386/2003-2ª Câmara, devendo a seleção
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se basear em critérios objetivos, fixados no edital, observados os princípios constitucionais aplicáveis à Administração Pública, especialmente os da legalidade,
impessoalidade, moralidade e publicidade.
[...]
10. Em suma, a respeito dos conselhos de fiscalização de profissões regulamentadas, cumpre registrar que a farta jurisprudência desta Corte de Contas é no sentido de que
tais entidades:
a) têm natureza autárquica;
b) arrecadam e gerenciam recursos públicos de natureza parafiscal; c) sujeitam-se às normas de Administração Pública; d) integram, por força constitucional e legal, o rol dos jurisdicionados deste Tribunal; e) estão obrigadas a realizar concurso público previamente à contratação de pessoal; f) devem promover licitação prévia para as obras, serviços, compras, alienações e locações (v.g. Decisões 701/1998 e 920/2001-Plenário; Acórdãos 168/2002 e 202/2002- Plenário; Acórdãos 42/2002 e 176/2002-1ª Câmara e Acórdãos 209/1998 e 27/2002-2ª Câmara).
AC-2562-48/08-P Sessão: 12/11/08 Grupo: I Classe: VII Relator: Ministro André Luís de Carvalho - FISCALIZAÇÃO - REPRESENTAÇÃO