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Da democracia simbólica à ressignificação dos direitos sociais

3 DA DILAPIDAÇÃO DOS DIREITOS SOCIAIS DA CFRB/88 A RESSIGNIFICAÇÃO HABERMASIANA DESTES DIREITOS

3.2 Da democracia simbólica à ressignificação dos direitos sociais

O destaque desta dupla dimensão de direitos fundamentais, que tem como espécie os direitos sociais, está na conexão causal que ele faz entre legitimidade do direito, crescentes divisões sociais e falta de participação democrática. Como já se destacou, para Habermas quanto mais aumenta a complexidade da sociedade e dos problemas a serem regulados politicamente, tanto menos parece possível se ater à tese rigorosa de democracia segundo a qual os destinatários do direito devem ser, ao mesmo tempo, seus autores (HABERMAS, ET, pp 97-98, teses já exposta em Facticidade e Validade). Mas há um diagnóstico mais preciso das sociedades modernas feito por ele:

Contra esta ideia depõe, já ao primeiro golpe de vista, o modo político incrementalista de um executivo que se limita a reagir aos imperativos de sistemas funcionais específicos e que, por isso, passa a desacoplar a eleição de seus políticos tão amplamente quanto possível do processo de legitimação (HABERMAS, ET, p. 98).

Dinheiro (institucionalizado nos mercados) e poder (institucionalizado nas organizações), podem ser estes subsistemas citados acima, pois coordenam as ações de forma objetiva como que por de trás das costas dos participantes naturais da interação, portanto, não necessariamente através da sua consciência intencional ou comunicativa (HABERMAS, FV I, p. 61). Esta característica de um executivo que passa a “desacoplar a eleição de seus políticos”, não impede a crença que “mesmo nestas condições uma abordagem apoiada na teoria da comunicação pode reservar certa plausibilidade para a promessa democrática da inclusão, portanto, para a participação de todos os cidadãos no processo democrático” (HABERMAS, ET, p. 98, grifei) e “inclusão do outro” significa “que as fronteiras da comunidade estão abertas para todos – e especialmente para aqueles que são estranhos uns aos outros e que querem permanecer estranhos” (HABERMAS, IO, p. 28), como já se disse. Assim, neste fragmento a proposta de solução é muito clara e desagua na sua reiterada proposta do agir comunicativo inserido no direito, o qual promove esta inclusão do “outro em miserabilidade”. A abstenção democrática das camadas mais pobres contribui para este sistema social que tem na dilapidação dos direitos sociais seu resultado e oxigênio na esteira de um espiral de exclusão.

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Um horizonte necessário ao imperativo da ressignificação dos direitos sociais é a noção de constitucionalização simbólica destes direitos. Habermas, no texto O conceito de dignidade humana e a utopia realista dos direitos humanos (2011), descreve que “há uma força meramente simbólica dos direitos fundamentais em muitas das democracias de fachada da América do Sul.” (HABERMAS, SCE, p. 32). Este fenômeno que Habermas descreve – e faz referência na nota 37 do texto de 2011 – é uma tese desenvolvida pelo brasileiro Marcelo Neves na obra A constitucionalização Simbólica, que lida com o contexto constituinte, sua genealogia, bem como a efetividade do texto constitucional.

Marcelo Neves, partindo de uma reconstrução da classificação ontológica das constituições de Karl Loewenstein entre constituições nominais, semânticas e normativas, traz uma tripartição entre constituições normativa, simbólicas e instrumentais. Para este autor, constituição normativa, a ideal, possui como característica um mecanismo generalizado de filtragem da influência do poder político sobre o jurídico, constituindo-se em mecanismo reflexivo do direito positivo. Por sua vez, as constituições instrumentalistas (semelhante às semânticas de Loewenstein), ao contrário das nominalistas, servem ao processo de poder autoritário ou totalitário e, em oposição às normativas, não possui nenhuma possibilidade normativa de reação textual a este poder repressivo (NEVES, 2011, pp 105-110). Como se vê, a percepção de uma constituição instrumentalista é mais latente devido ao fato de sua característica estar no próprio texto e não na relação da vivencia dos participantes do jogo constitucional. Nas constituições simbólicas, apesar da dimensão positiva de um caráter educativo e prospectivo, ocorre um bloqueio estratégico do seu processo de concreção de tal maneira que o texto constitucional perde relevância normativo-jurídica diante das relações instrumentais de poder. Nesta paisagem jurídica faltam pressupostos sócio-políticos para a realização de uma possível efetivação, afinal, nesta perspectiva, muita das vezes a juridificação serve apenas de álibi que deságua em uma constitucionalização simbólica, onde as reivindicações sociais são recebidas mas sem a intenção de concretiza-las pois

no decurso da concretização do texto constitucional, ocorre o bloqueio da reprodução autônoma do sistema jurídico. De um lado, o catálogo de direitos fundamentais contido na carta constitucional, fundado no principio da isonomia, não encontra apoio generalizado no cotidiano do respectivo Estado, não servindo sequer à estabilização generalizada de expectativas normativas dos agentes estatais. De outro, os procedimentos democráticos previstos no

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modelo textual de Constituição são bloqueados com tanta frequência por outras variáveis sociais que também a própria racionalidade jurídica é afetada. Dessa maneira, a Constituição permanece um artefato de fachada simbólica da politica referente ao direito, na medida em que são obstruídas as “pontes de transição” que podem servir à racionalidade constitucional transversal (NEVES, 2009, p. 82, grifei).

Marcelo Neves, no juízo crítico da constitucionalização simbólica, parte da mesma pragmática americana que Jürgen Habermas. A constitucionalização implica à atividade constituinte, portanto, conexão de ações “intersubjetivas”, assim para Neves é possível uma leitura do problema da constitucionalização simbólica a partir da teoria dos “atos de fala” (speech acts)12 de Austin. Para Neves, classificando-se as ações constituintes e concretizadoras como “comissivo-diretivas”, pode-se afirmar que elas fracassam, quanto a sua força ilocucionária, em virtude da “insinceridade” “juridificante”. Ao aspecto proposicional da linguagem constitucionalizadora, não corresponderia uma disposição ilocucionária do agente com respeito à realização do respectivo conteúdo que se promete normativo. Evidentemente, na constitucionalização simbólica, o emitente do ato “comissivivo-diretivo” ilocucionalmente sincero é, ao mesmo tempo, destinatário, de tal maneira que, na teoria dos “atos de fala”, sua ação também poderia ser caracterizada como uma “promessa insincera” (NEVES, 2011, p. 116).

Na leitura de Neves (2011, p. 117), a recepção habermasiana da “teoria dos atos de fala” foi reinterpretada a partir do modelo da pragmática universal com a pretensão de formular as regras universalmente válidas do entendimento intersubjetivo (teoria do agir comunicativo) e do discurso racional (teoria do discurso). Abstraindo essa pretensão universalista da filosofia de Habermas, interessa para ele a distinção entre “agir comunicativo” e “agir racional-com-respeito-a-fins” (categoria na qual se incluem o agir instrumental e o agir estratégico) que tem por base a razão instrumental.

Para Neves (2011, p. 119), “é possível uma leitura da constitucionalização simbólica a partir da distinção entre agir estratégico e agir comunicativo de Habermas”, pois à medida que a atividade constituinte e o discurso constitucionalista não têm correspondência nas posturas e

12Habermas, como já descrito acima, com base em Austin, deposita nos atos de fala ilocucionários o conteúdo comunicativo porque eles se centram no sujeito que diz algo e também na certeza de que isso é entendido pelos demais, fato este que não acontece nos atos de fala de efeito perlocucionário pois estes são ações orientadas para o êxito estratégico (PIZZI, 1994, p. 124-125), pois para que o agir comunicativo seja desenvolvido deve-se de plano ser excluídos ações que se mostrem estratégicas (HABERMAS, 2012, p. 528) de forma latente.

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sentimentos e intenções dos respectivos agentes políticos, ou seja, são ilocucionalmente “insinceros”, a constitucionalização simbólica não envolve “ações comunicativas” referentes

ao direito (o que, de fato, para Habermas é inconcebível para um direito legitimo e justo). Caracteriza-se, antes, como um plexo de ações de estratégicas à serviço do meio sistêmico

“poder”. Não se trata de “agir abertamente estratégico”, como aquele que se manifesta nas lutas entre facções políticas durante o processo constituinte e também nas contendas políticas e judiciais em torno da concretização constitucional. A constitucionalização simbólica implica “agir ocultamente estratégico”, seja ele “comunicação deformada sistematicamente” (iludir inconscientemente) ou mesmo a simples “manipulação” (iludir conscientemente). Para ele, o sentido manifesto e aparente (normativo-jurídico) da atividade constituinte encobre, então, o seu sentido oculto (político-ideológico). Este agir estratégico latente Habermas (PPM I, p. 132) considera parasitário nas relações sociais quem compõe o mundo da vida.

Em Neves (2011, p. 119), conforme a teoria da ação comunicativa de Habermas a constitucionalização simbólica importa, no âmbito político, ou melhor, para os detentores do poder, função primariamente “instrumental”. Considerando-se, porém, o sentido que o termo “simbólico” assume no contexto da constitucionalização simbólica permanece, para ele, válida a tese: em relação ao domínio do direito, trata-se do papel hipertroficamente simbólico da atividade constituinte e do discurso constitucionalista, na medida em que ambos constituem uma parada de símbolos para a massa de espectadores, sem produzir efeitos normativos-jurídicos generalizados previstos nos respectivos texto constitucional (2011, p. 120).

Entretanto, para Neves (2011, p. 120), a teoria do agir comunicativo de Habermas parte de interações entre sujeitos determinados, o que para ele tornaria discutível a transposição aos problemas da constitucionalização simbólica, no qual está implicada uma conexão complexa e contingente de ações, que não pode ser reduzida à questão do agir especifico de sujeitos determinados. Discordamos no ponto, pois um dos propósitos de Habermas, como vimos, é introduzir o direito moderno na ótica da teoria inclusiva do agir comunicativo, pois a tensão entre as pretensões normativas democráticas e a facticidade do contexto social, que é inerente ao direito, pode receber da teoria do agir comunicativo um contributo positivo (HABERMAS, FV I, p. 113).

Ou seja, no âmbito da constitucionalização simbólica de Neves, a atuação constituinte de juridificação é normativamente estratégica e politicamente instrumental (a política é uma

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estratégia de poder que tem na constituição o seu instrumento). Somado ao fato de que em Habermas, para um direito justo, legítimo e integracionista entre facticidade do mundo da vida e validade do sistema jurídico não há outra alternativa senão a coordenação de atores sociais por meio do agir comunicativo há constitucionalização simbólica como um fato do mundo da vida objetivo é um forte empecilho para no significado e efetivação mormente dos direitos sociais.

Partindo dessas premissas, a ressignificação dos direitos sociais brasileiros positivados se impõe e é possível por meio da teoria discursiva do direito e do Estado democrático de direito de Jürgen Habermas. A exigência emergente é que os direitos sociais necessitam de um significado não meramente gramatical, de uma razão prática legiferante fora do modo de produção jurídica de um positivismo lógico, que tem pressuposto linguístico o primeiro Wittgenstein, onde a legitimidade do direito está na semântica gramatical do procedimento. Este modelo só favorece a dilapidação dos direitos sociais diante dos “fatores reais de poder” engajados na sua dilapidação. Por razões categóricas, deve-se fugir da expressão “conceito de direito sociais” e ir para o “significado dos direitos sociais” e por em prática um (res)significado que valorize o discurso de autores subprivilegiados do direito que serão os destinatários dos direitos sociais.

O significado do que é dito é vital na construção dos direitos sociais, pois ele tem como destinatários, no Brasil e na América Latina, a camada mais pobre da população e da qual deve-se conhecer as sua necessidades na sua realidade social e, com badeve-se nestas complexas cosmovisões de mundo e vivencias, engajar-se na busca destes horizontes de sentido. Logo, a visão filosófica de Habermas quanto à teorização do significado, que embasa os atos de fala o qual é importante para mudar o modus operandi constituinte estratético, se torna importante. Quanto a este ponto, Habermas resume as três principais teorias do significado:

Curiosamente, as três teorias do significado mais conhecidas esclarecem о aspecto global do significado a partir de uma única função da linguagem, tomando como pomo de partida apenas um dos três raios de significação, que se encontram na linguagem, amarrados em feixe. A semântica internacionalista (de Grice até Bennett e Shiffer) toma como ponto de partida fundamental aquilo que o falante pensa ou procura dar a entender ao utilizar uma expressão numa determinada situação; a semântica formal (de Frege, através do primeiro Wittgenstein até Dummett) parte das condições sob as quais uma proposição é verdadeira (ou é tomada verdadeira); e a teoria do

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significado enquanto uso, inaugurada pelo segundo Wittgenstein, refere tudo, em última instância, aos contextos de interação praticados, nos quais as expressões linguísticas preenchem funções práticas. (HABERMAS, PPM I, p. 78, grifei)

Cada uma destas teorias do significado concorre entre si valorando um aspecto do entendimento. Na teoria intencionalista, o significado está na intenção do falante em um determinado contexto e reduz o entendimento do falante ao agir estratégico (HABERMAS, PPM I, p. 79) e ainda está dentro dos problemas gerados da filosofia da consciência (HABERMAS, PPM I, p. 107) o que dá margem a uma atuação estratégica latente. Na semântica formal, o significado da emissão está no texto abstrato gramatical, típica do empirismo lógico, e independente da intenção do emissor, pois “são as expressões linguísticas e não as relações pragmáticas entre falantes e ouvintes, dedutíveis do processo de comunicação, que constituem objeto da teoria do significado” (HABERMAS, PPM I, p. 109) e ela está adequada à teoria do objeto do conhecimento típica ainda na filosofia do da consciência (HABERMAS, PPM I, p. 109). Por sua vez, na teoria do significado como uso, que Wittgenstein desenvolveu a partir da crítica â teoria semântica da verdade (que ele mesmo tinha defendido antes) há uma intuição diferente:

O princípio da teoria do uso não acentua o caráter instrumental da linguagem, do mesmo modo que o principio intencionalista, mas o entrelaçamento da linguagem com uma prática interativa, na qual uma forma de vida se reflete e, ao mesmo tempo, se reproduz. Isso faz com que a relação que a expressão linguística mantem com o mundo recue novamente, desta vez atrás das relações que se põem entre falantes e ouvintes. Estas relações não são interpretadas intencionalisticamente, na perspectiva do falante, mas como reflexos de práticas previamente exercitadas. Através da gramática dos jogos de linguagem explora-se a dimensão de um saber que serve de fundo, referente a um mundo da vida e compartilhado intersubjetivamente, que é portador das múltiplas funções da linguagem. (HÁBERMAS, PPM I, p. 112)

Portanto, a ressignificação dos direitos sociais passa por uma mudança de paradigma onde a linguagem não pode ser um instrumento de juridificação estratégica (latente) e de aplicação instrumental meramente simbólica dos direitos sociais. O que se impõe é uma guinada linguística e inclusiva dos desfavorecidos na “conceituação” dos direitos sociais para que os mesmo saiam de promessas constitucionais e infra-constitucionais insinceras e entrem na razão

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comunicativa, para que a construção de uma sociedade justa seja uma obra efetiva no mundo da vida e não emoldurada no quadro do Estado social.

CONCLUSÃO

Jürgen Habermas desenvolve uma teoria do direito e da democracia como fator determinante de legitimidade do sistema jurídico por via da ética do discurso que possui, entre outras categorias, um elemento moral (“U”), um ético (“D”), sendo este quando especificado a tradução do seu modelo de democracia deliberativa. Este complexo normativo gera o senso popular de legitimidade quando os cidadãos são além de destinatários dos direitos autores dos mesmos. No entanto, a amplitude do debate democrático em juridificação não pode desviar o olhar da dignidade da pessoa humana, a qual torna os direitos humanos (liberais, políticos e sociais) interdependentes. Estes direitos possuem um conceito jurídico, mas a sua aparência de direitos morais advém do seu sentido de validade que transcende os ordenamentos dos Estados nacionais.

A alternativa de ressignificação dos direitos sociais, aqui objeto especifico de reflexão, guinado à linguagem como uso, no âmbito de construção social e jurídica, se torna uma alternativa utópica, porém realista, ao imanente modo “dilapidatório” dos direitos sociais que são “formulados” sem a participação dos destinatários mais socialmente vulneráveis. Estas camadas sociais marginalizadas e subprivilegiadas de indivíduos revelam agrupamentos humanos que estão à beira ou já inseridos no mundo da miséria, da pobreza e na análoga escravidão da vida.

O engate procedimentalista habermasiano, por sua vez, é uma alternativa à abstenção social da fracassada politica econômica neoliberal - que se avizinha - bem como à condição de clientes de justiça distributiva emoldurados em Estado de bem-estar social – que se despede. Dessa forma, a agenda governamental brasileira focada na destruição dos direitos sociais da CRFB/88 desvela este trágico horizonte de sentido redutivo destes direitos mediante juridificações instrumentais e de fachada pautadas por ações estratégicas latentes no Direito.

Assim, com base nestas categorias de Jürgen Habermas, a ressignificação dos direitos sociais da CRFB/88 recebem um contributo positivo para esta esperança sonhadora dos direitos

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sociais e, assim, encerrar, ainda que idealisticamente, a esteira real da “democracia de fachada” brasileira que se efetiva com a perspectiva irrefletida de observadores parciais.

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MEAD, HABERMAS E A EDUCAÇÃO: Pressupostos para o “repensar” pedagógico, voltado ao reconhecimento do afro-brasileiro

Maribel da Rosa Andrade

Universidade Federal de Pelotas/RS. Doutoranda em Educação maribelbelle@hotmail.com

Resumo: Esse trabalho é tema da pesquisa de tese em desenvolvimento, intitulada “George Herbert Mead: A educação como processo; um estudo voltado ao afro-brasileiro. Na tentativa de uma nova proposta pedagógica que possibilite ao afro-brasileiro a construção da individuação na socialização, de modo justo, sem discriminação ou pré-conceitos, tendo para isso, a escola enquanto um Other Generalized, buscar-se-á apresentar possíveis contribuições da teoria de Mead e de Habermas para o desenvolvimento da proposta, considerando analisar, quais interesses de classe, profissionais e institucionais, estão inseridos nas diferentes formas de estruturação e organização curricular das escolas e, seu impacto na construção do self do afro-brasileiro no ambiente escolar. Faz-se necessário salientar que, Habermas busca compreender a educação no curso da evolução social como um processo de alienação dual; de visível aprofundamento das relações sociais de poder entre grupos divididos por interesses diferentes, no entanto, podendo ser também compreendida como uma expansão de processos de reflexão e aprendizagem. Na concepção de Mead, pode-se dizer que, assim como em Habermas, é necessário levar em consideração todos os interesses envolvidos, tanto na resolução de um conflito como na (re) construção de valores, normas e saberes e, isso é imprescindível para a construção de uma prática pedagógica que pretenda ser crítica e emancipatória.

Palavras-chave: Reconhecimento, Afro-brasileiro, Novo olhar pedagógico.

INTRODUÇÃO

Sobre a educação brasileira, é possível dizer que foi, ou, ainda é, pensada e construída a partir de parâmetros exógenos ditados por uma pretensa modernidade que ignora as positividades das experiências desse lugar. Sob o prisma da educação, buscar-se-á, nas teorias

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