Da Documentação da Pesquisa no Desenvolvimento do Contrato

3.2.3.1 O Anexo de Metas Fiscais da LDO

O Anexo de Metas Fiscais (AMF) da LDO – criado pela LRF – é previsto e regulamentado no Manual de Demonstrações Fiscais da Secretaria do Tesouro nacional (STN) desde a sua primeira edição, válida para o exercício fiscal de 2009.

O Portal de Transparência de Belo Horizonte tem todas as Leis de Diretrizes Orçamentárias desde o ano de 2003. Algumas já contêm o Anexo de Metas Fiscais e outras não, sendo necessário buscar os anexos das leis no website do Poder Legislativo de Belo Horizonte.100

O Demonstrativo 1 do AMF da LDO, de Metas Anuais – tal qual o modelo disponibilizado na figura 3, e estabelecido pelo Manual da STN desde 2009 – somente foi apresentado pelo Município a partir da LDO de 2017, quando fez menção a existência de três contratos de PPP que o Município de antemão já tinha

àquela altura: o das escolas infantis, o de resíduos sólidos e o de apoio não essencial a centros de saúde.

Já o Demonstrativo 8 do Anexo de Metas Fiscais, relativo às Despesas Obrigatórias de Caráter Continuado, tal qual o modelo disponibilizado pela Figura 4 – e também estabelecido pelo Manual da STN desde 2009 – só foi elaborado pelo Município de Belo Horizonte no Anexo da LDO a partir de 2018.

Como se vê, há uma certa defasagem na apresentação dos instrumentos fiscais conforme determinado pela STN e com o realizado pelo município. As informações fiscais relativas às PPPs ficaram por pelo menos 9 anos sem confrontação com os instrumentos elaborados pela própria STN para tanto. Não há nas leis de diretrizes orçamentárias qualquer menção a razão desta defasagem.

Da experiência prática de contabilização por parte de entes públicos, são comuns reclamações acerca de dificuldades no preenchimento, conceituação e até mesmo questionamentos sobre a eficácia das instruções e manuais da Secretaria de Tesouro Nacional.

Com efeito, a elaboração dos manuais da STN sempre causa alguma apreensão nas contabilidades dos entes federados, já que por apresentarem status quase que de norma legal, a pressão para alterar procedimentos consolidados sempre causava um certo desconforto naqueles órgãos públicos. No entanto, da experiência das finanças públicas, este modo de proceder geralmente não se trata de atitudes deliberadas para não utilização dos instrumentos, mas mais uma questão de adequação paulatina às novas normatizações da STN que, como se sabe, tem alterações praticamente todos os anos.

3.2.3.2 O Anexo do Relatório Resumido de Execução Orçamentária – RREO Como já adiantado no item 3.1.2.1 acima, o Relatório Resumido de Execução Orçamentária (RREO) tem anexo específico a tratar das PPPs. Trata-se do Anexo 13 de tal instrumento da LRF – tal qual a Figura 5 acima – onde se procede à projeção das despesas com os contratos para o ano em curso, e para os nove seguintes, e a constatação dos números do ano anterior; além do registro de

ativos e passivos daquelas concessões. A apresentação do anexo segue a sistemática do RREO de elaboração bimestral.

Também como já citado, pelo menos desde a 4ª edição do Manual de Demonstrativos Fiscais, ou seja, com obrigatoriedade desde o ano de 2008, é necessário que os entes federados que tenham PPPs apresentem dito Anexo bimestralmente em seus demonstrativos fiscais da Lei de Diretrizes Orçamentárias. De acordo com o Portal de Transparência de Belo Horizonte, tal anexo é elaborado pelo Município desde 2015. Como o contrato das escolas infantis é de 2012, por pelo menos 3 anos, portanto, não houve a elaboração de dito anexo pelo município, pelo menos que estejam disponibilizados no website da transparência da Prefeitura de Belo Horizonte. Em contato com o Município, a informação é que os instrumentos fiscais estão todos no Portal de Transparência.

Os mesmos apontamentos em relação à falta de preenchimento tais quais as normativas da STN vigentes, feitas no item anterior, podem ser replicadas neste item.

3.2.3.3 O Anexo do Relatório de Gestão Fiscal - RGF

Este Anexo da LDO também já foi bastante esmiuçado e comentado no item 3.1.2.2 acima. Importa-nos rememorar ser o anexo que trata da dívida consolidada e de sua variante líquida.

Ainda, as despesas com os contratos de PPP – em que pese não constem no componente do cálculo – lá estão para aferição e ciência da grandeza dos números.

O Anexo de número 2 do RGF, tal qual determinado pela 9.ª edição do Manual de Demonstrativos Fiscais (MDF) da STN, e apresentado na figura 6 acima, é de elaboração obrigatória dos entes federados – incluso municípios – desde a 2.ª edição do MDF da STN, para o exercício financeiro de 2010.

Do exame do Portal de Transparência do Município de Belo Horizonte, desde a contratação da PPP objeto deste trabalho (2012), a primeira LDO que trouxe anexo do RGF a declinar as despesas com os contratos de PPP no anexo da dívida consolidada ocorreu em 2015; posteriormente, portanto, à obrigação normativa junto à STN e à celebração do contrato examinado neste trabalho.

Reitera-se, novamente, as mesmas observações a respeito do preenchimento dos anexos da LDO tais quais as normativas da STN feitas nos dois itens anteriores.

3.2.3.4 Atendimento dos requisitos pelo Contrato das Escolas Infantis de Belo Horizonte

Nos termos do acima exposto, e levando-se em consideração o quadro 11 acima, de requisitos fiscais para instauração e desenvolvimento de PPPs, podemos ter o seguinte quadro em relação ao contrato analisado neste trabalho:

Quadro 14 - Atendimento dos requisitos fiscais para instauração e desenvolvimento de PPPs pelo contrato da PPP das escolas infantis de Belo Horizonte

Requisitos Fiscais para Instauração e Desenvolvimento de PPPs Atendimento do Contrato das Escolas Infantis por Belo Horizonte

Providência Base Normativa Atendimento

Instauração

Adequação das despesas da PPP às metas e resultados fiscais do Anexo de Metas Fiscais da LRF

Art. 10, inciso I, alínea

“b” Lei n.º 11.079/04

X

Adequação das despesas da PPP aos limites e condições de endividamento pelas despesas da PPP (STN e artigos 29, 30 e 32 da LRF)

Art. 10, inciso I, alínea “c” Lei n.º 11.079/04 Elaboração de estimativa de impacto orçamentário-financeiro nos exercícios

que devem vigorar o contrato

Art. 10, inciso II Lei n.º 11.079/04 Requisitos Fiscais para Instauração e Desenvolvimento de PPPs Atendimento do Contrato das Escolas Infantis por Belo Horizonte

Providência Base Normativa Atendimento

Elaboração de declaração do ordenador da despesa de que as despesas da PPP são compatíveis com a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e Lei Orçamentária Anual (LOA);

Art. 10, inciso III Lei n.º 11.079/04 Elaboração de estimativa de que o fluxo de recursos públicos é suficiente

para fazer frente às despesas da PPP, durante a vigência do contrato.

Art. 10, inciso IV Lei n.º 11.079/04 Comprovação de que o objeto do contrato esteja previsto no Plano Plurianual

(PPA) em vigor

Art. 10, inciso V Lei n.º 11.079/04 Encaminhar ao Senado Federal e à Secretaria do Tesouro Nacional,

informações que comprovem que a soma das despesas de caráter continuado das PPPs não excede a 5% da Receita Corrente Líquida projetada para os respectivos exercícios

Art. 28, § 1.º Lei

n.º 11.079/04

X

Desenvolvimento

Elaborar, em toda LDO, o Demonstrativo 1 do Anexo de Metas Fiscais com os números da PPP (Dívida Consolidada/Dívida Consolidada Líquida)

Art. 4.º, § 1.º LRF e Portaria STN 389/2018 Elaborar, em toda LDO, o Demonstrativo 8 do Anexo de Metas Fiscais com

os números da PPP (Despesas Obrigatórias de Caráter Continuado)

Art. 4.º, § 1.º LRF e Portaria STN 389/2018 Elaborar, bimestralmente, o Anexo 13 do Relatório Resumido de Execução

Orçamentária (RREO) do Anexo de Metas Fiscais da LDO (Demonstrativo das Parcerias Público-Privadas)

Art. 53 LRF e Portaria STN 389/2018 Elaborar, a cada quadrimestre, o Anexo 2 do Relatório de Gestão Fiscal

(RGF) do Anexo de Metas Fiscais da LDO (Demonstrativo da Dívida Consolidada Líquida)

Art. 55, I, “b” LRF e Portaria STN 389/2018

Contabilizar a PPP de acordo com a Portaria 614/2006 Portaria STN 614/2006

Contabilizar a PPP de acordo com o Manual de Contabilidade Aplicada ao

Setor Público (MCASP) – Parte III – Procedimentos Contábeis Específicos Portaria STN 877/ 2018

Fonte: Elaboração própria com base em dispositivos da Lei n.º 11.079/20014, Portarias da STN, Anexos das LDOs de BH de 2003-2020 e conversa com servidores da PBH e da STN.

Conforme exposto nos subitens do item 3.2.3.3, os anexos da LDO só começaram a ser preenchidos, tais quais a regulamentação da STN, a partir de 2015. Assim, há atendimento das providências de desenvolvimento da PPP em relação a tais requisitos, mas de forma parcial.