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Da imortalidade da alma à ressurreição do corpo

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CAPÍTULO III: NO CAMINHO DA SUPERAÇÃO DO DUALISMO CORPO E ALMA

3.4 Da imortalidade da alma à ressurreição do corpo

Como já mencionado em nossa pesquisa, a Comunidade Cristã Paz e Vida compreende que a essência do ser humano é sua alma psyche. Desta maneira se estabelece a imortalidade da alma. Para Pagliarin, quem vive em desobediência, o prêmio em si mesmo é o castigo eterno. No discurso religioso de Pagliarin, o corpo é perecível, mas, a “alma”, o “espírito” é imortal. O que o ser humano faz aqui e agora é que determinará o destino da alma. Os incrédulos, os impuros de coração que rejeitam a salvação serão separados do divino, estarão em sofrimento eterno. De acordo com Pagliarin, tudo dependerá de que maneira as pessoas vivem suas vidas no tempo presente. Os seres humanos que sacrificaram seus desejos e reprimiram suas pulsões estarão nos braços da eternidade. Porém, os que vivem de acordo com os seus desejos perderam a Imagem e Semelhança de Deus e serão jogados fora do divino. Para a Comunidade Cristã Paz e Vida, a presença explícita do pecado é a separação de Deus. “O pecado, portanto, vai além do conceito de certo ou errado, vai além das cobranças da consciência, vai além da transgressão das leis dos homens, vai além dos conceitos religiosos, porque gera no ser humano uma misteriosa certeza de condenação futura”.31 Não se trata de pecado, mas, uma metamorfose para um novo despertar de vida, que deixando sua maneira de viver antiga manifestou-se em uma nova vida e relaciona-se de maneira concreta com o mundo criado. Segundo Pagliarin, a vida tem quer ser vivida de acordo com o espírito e não como os desejos carnais. A imortalidade da alma – presente no discurso religioso da Comunidade Cristã Paz e Vida – tem suas origens e traços na filosofia helênica, em que o mundo e a matéria seriam destituídos do mundo das ideias. As almas das pessoas boas seriam recolhidas e direcionadas para o divino. Como referido anteriormente, dois são os destinos: os bons herdarão a vida eterna e os que amaram seus corpos se juntarão ao hades. O discurso etéreo de Pagliarin encontra também contradições e uma aparente aproximação de uma antropologia unitária de ser humano. Ele afirma que o ser humano, como Imagem e Semelhança de Deus é uma trindade: corpo, alma e espírito. O corpo está presente no aqui e agora. Mas, como é possível perceber esta diferença entre espírito e corpo? Para Pagliarin, a cultura popular não sabe distinguir a diferença entre alma e espírito. Mas, a alma é a vida que

31 Disponível em: < http://pazevida.org.br/estudos/2262-na-sua-opiniao-o-que-e-pecado.html >. Acesso em: 14 nov. 2016.

88 corre em nosso sangue, ou seja, no corpo. Quando uma pessoa morre, dizemos: sua alma foi embora, isto é, a sua vida foi embora. Desta maneira, significa que a alma da carne está no sangue. Pagliarin comenta que, no texto hebraico original, diz-se que a vida da carne está no sangue. Não é o espírito humano que está no sangue, mas, a alma, a vida. Ele diz que a pessoa é única e inigualável, com todas as suas experiências, consciências e personalidades; é você em um todo.

De acordo com Tillich, o cristianismo emprega as ideias platônicas para a expressão vida eterna. Ele destaca:

Desses dois, somente ressurreição é bíblico. Mas a ideia de imortalidade, no sentido da doutrina platônica da imortalidade da alma, já aparece muito cedo na teologia cristã, e, em amplas parcelas do pensamento protestante, chegou a substituir o símbolo da ressurreição. Em alguns países protestantes, a ideia da imortalidade se tornou o último remanescente de toda a mensagem cristã, mas na forma não-cristã e pseudoplatônica segundo a qual a vida temporal do indivíduo perdura incorpórea depois da morte. Onde se usa o símbolo da imortalidade para expressar esta superstição popular, ele deve ser radicalmente rejeitado pelo cristianismo, pois participação na eternidade não é continuação da vida após a morte, nem uma qualidade natural da alma humana (TILLICH, 2014, p. 836).

Paul Tillich é contrário ao dualismo gnóstico, pois não é uma visão unitária de ser humano. Esta maneira contradiz o cristianismo e traz uma problemática às questões antropológicas. O sentido da herança da filosofia grega compreende que o ser humano tem duas partes distintas: a espiritual e a carnal. Porém, não vem do cristianismo, embora o discernimento comum acredita que é exatamente a convicção cristã do ser humano. Na realidade a mensagem cristã sempre resistiu à queda para o dualismo corpo-alma. Todos os textos do magistério falam da unidade condicional do ser humano. A alma não é parte do ser humano, mas, faz parte da vida como um todo; dá vida ao corpo e faz que este seja um ser vivente. A alma procede de Deus, fonte de vida. A alma do ser humano é mais vida do que a vida dos animais. Ela está mais íntima a Deus. A mensagem cristã da ressurreição da carne e o destino da alma parecem obscuros. As religiões criaram ideias que, na verdade, não correspondem com uma integralidade do corpo, mas uma espiritualidade metafísica que está além desse mundo e não das coisas concretas ligadas à corporeidade (COMBLIN, 1985, p. 250).

A visão que a Comunidade Cristã Paz e Vida tem é binária e metafísica, conforme mencionado no primeiro capítulo da nossa pesquisa. Pagliarin afirma:

89 O Abismo, que separa o Hades do Paraíso, é intransponível. Jesus garantiu que os mortos não podem sair do Hades e passar para o Paraíso ainda que quisessem, por causa do Grande Abismo que separa os dois lugares. Qualquer afirmação que permite a transmigração entre estes dois lugares é totalmente contrária à revelação dada por Jesus. Somente o desconhecimento do Evangelho é que permite que suposições como estas prosperem.32

“Os dois mundos estão presentes no homem: na alma mundo das ideias e no corpo mundo das coisas. O corpo, como coisa que é, participa imperfeitamente de uma ideia, enquanto que a alma pertence ao mundo eterno divino das ideias” (GARCIA, RUBIO, 1989, p. 79). Era uma faísca da divindade que habitava em um corpo e se mantinha prisioneira até a partida nesse tabernáculo, para o indivíduo essa faísca era como um guia que o instrua e direcionava as suas realizações terrenas. O homem devia atualizar, por meio da educação, as possibilidades que o espírito lhe conferia. Em geral, esta concepção predominou tanto na filosofia como na teologia durante os séculos. É possível distinguir, de forma evidente, que as tentativas de dualismos estiveram presentes em todas as épocas – e ainda se situa nos dias de hoje em comunidades pentecostais e neopentecostais – influenciando tanto o discurso quanto uma visão cósmica de ser humano. A filosofia helênica, nomeadamente platonismo, reconhece a imortalidade da alma. “Mas não conhece nem pode imaginar uma ressurreição” (BOFF, 1972, p. 67). Para Garcia Rubio, conforme já referido, a alma é exposta como

intervenção entre o mundo sensível e o mundo das ideias. O teólogo comenta:

A alma como vimos, pertence ao mundo da verdadeira realidade enquanto que o corpo forma parte do mundo sensível, visto como degradado, temporal, caduco e caótico. No homem coexistem, em conflito, a alma realidade que define o ser próprio do homem e o corpo, pertence ao mundo enganoso dos sentidos e das coisas sensíveis. A realidade da contraposição entre estes dois mundos, mundo do espírito e mundo da matéria repercute dolorosamente na autopercepção do homem. Com efeito, como poderia deixar de ser dividido e carente de harmonia um ser no qual esses dois mundos coexistem? (GARCIA, RUBIO, 1989, p. 79).

A visão dualista ou dicotômica está presente na Comunidade Cristã Paz e Vida. “Já que fomos criados à Sua imagem e Semelhança, é bom nos acostumarmos a pensar como Deus pensa e não como os homens pensam.”33 Nesse sentido, temos que pensar

32 Disponível em: < http://pazevida.org.br/estudos/2263-podem-os-mortos-se-comunicar-com-os-vivos-.html >. Acesso em: 14 nov. 2016.

90 metafisicamente e não concretamente, nos afastando dos relacionamentos e nos aproximando no mundo imaterial. Quando notamos um aspecto de valorização apenas de uma dimensão do ser humano – e não da outra – a pessoa é levada a reconhecer uma e desprezar a outra. Há exemplo para acentuar a importância da alma; a pessoa menospreza o corpo, para valorizar a razão, desvalorizar o afeto etc. Ou, ao contrário, para sublinhar a importância do corpo, desvalorizar a alma; há um desprezo entre ambas as partes. A verdadeira realidade somente se encontra no mundo sensível das ideais. “O mundo das coisas não passa, na melhor das hipóteses, de mera participação muito imperfeita do mundo das ideias ou, então, ele é visto como degradação do mundo verdadeiro, do mundo ideal” (GARCIA RUBIO, 2004, p. 25). Se há dois mundos, haverá também dois modos de pensar diferentes. “O mundo verdadeiro, do mundo ideal como isso existirá também sempre perspectivas platônicas, dois modos de conhecimento, o falso e o errado a matéria e o espírito a alma e o corpo” (GARCIA RUBIO, 2004, p. 24-25). Então, é possível afirmar que o ser humano e as distinções entre ideias e coisas são evidentes. A alma pertence ao divino e o nosso corpo inclui-se no mundo temporal e imperfeito. Não é de estranhar que experimentamos uma hesitação radical na nossa vida. Nesse sentido, poderá concernir a duas existências tão desiguais e mesmo postas! Observa-se, em discursos religiosos, duas pertenças: uma que está além e outra que está no mundo atual. “O mundo da verdadeira realidade a alma e o mundo ilusório dos sentidos do corpo. O dualismo antropológico aparece assim já explicado no campo propriamente filosófico” (GARCIA RUBIO, 2004, p. 26-27). Nessa dialética entre ideias e mundo é possível perceber as contradições dualistas da Comunidade Cristã Paz e Vida. Enquanto que para Pagliarin a alma do ser humano é uma centelha – e esta necessita de cuidados para a sua própria libertação – ou seja, tudo dependerá da maneira em que as pessoas vivem na terra. Conforme já mencionado em nosso estudo, observa-se um discurso contrário a esta visão, no qual ele afirma que fazer a distinção entre espírito e alma é fundamental para não se confundir alma com espírito; porque o espírito é a pessoa, única e inigualável, com toda a sua experiência, consciência e personalidade.

Se temos um corpo, estamos mortos porque somos fundamentalmente nossa alma; e a alma, enquanto se encontra num corpo, acha-se numa sepultura; e, com isso, encontra-se em situação de morte. Nosso morrer com o corpo é viver, porque morrendo o corpo, a alma se liberta da prisão. Juanribe explica:

O pecado, portanto, vai além do conceito de certo ou errado, vai além das cobranças da consciência, vai além da transgressão das leis dos homens, vai além dos conceitos

91 religiosos, porque gera no ser humano uma misteriosa certeza de condenação futura. O pecado acusa além das fronteiras da consciência. Aquele que comete pecado sabe no seu interior que se tornou devedor a Alguém superior e que precisa de seu perdão.34

Nesse sentido, o corpo é mal e a alma é boa, e tudo isso representa fatores de libertação do que é imortal. Essa ideia negativa do corpo sofre certas debilidades nas últimas obras de Platão, embora nunca desapareça definitivamente. É importante considerar que a visão gnóstica da filosofia grega apresenta apenas parcialmente condicionada por esse dualismo exacerbado. Na verdade, suas preposições e corolários fundamentais apoiam-se na distinção metafísica entre a alma ser dotada de afinidade com o atingível e o corpo realidade sensível. Percebe-se, no discurso religioso da Comunidade Cristã Paz e Vida, que temos que viver de acordo com um ser superior para alcançarmos a perfeição divina do nosso corpo. A morte representa a derrota do corpo. Nesse caso, a alma fica por pertencer ao mundo perfeito das ideais, com isso a morte física traz benefício para uma vida verdadeira voltada para si mesmo, sem obstáculos e anteparos, inteiramente unida ao inteligível. “Isso significa que a morte do corpo representa a abertura para a verdadeira vida da alma, o sentido do paradoxo, portanto, não muda com a invenção de sua formulação” (REALE, 2014, p. 155). Nas contradições da Comunidade Cristã Paz e Vida observa-se um desprezo pelo corpo e, ao mesmo tempo, uma valorização por meio das curas divinas. As afirmações de Pagliarin apontam para uma negação de uma antropologia integrada por meio de discursos metafísicos e, inconscientemente, uma visão unitária de ser humano. Por meio dos seus escritos é possível indicar uma superação desse dualismo Platônico presente no discurso religioso da Paz e Vida. Para Garcia Rubio: “Nestas perspectivas platônica e neoplatônica, só a alma nos torna humana. E convém lembrar que, segundo esta visão, a alma possui todas as características próprias do mundo das ideias: imortal, pertencente ao mundo do divino etc” (GARCIA RUBIO 2004, p. 27).

As visões platônicas ou neoplatônicas a respeito de Deus, o ser humano e do mundo, a fé cristã tinha a dizer. Não poderia deixar de ser desconcertante e até extravagante a confissão cristã de um Deus que cria livre e amorosamente o mundo especialmente o ser humano. O ser humano é integral, afirma a fé cristã, incluindo alma. Contrariando Platão que defendia a eternidade da alma. Os patriarcas da igreja “utilizaram a linguagem e o instrumental expressivos gregos, mas o que eles afirmam em grego era novo entre os gregos,

34 Disponível em: < http://pazevida.org.br/estudos/2262-na-sua-opiniao-o-que-e-pecado.html >. Acesso em: 14 nov. 2016.

92 contra as diversas tendências do pensamento helênico” (GARCIA RUBIO 1989, p. 200). O mundo não é divino e nem eterno e não deve ser considerado como emanação da divindade. Segundo Juanribe: “o ser humano também foi criado perfeito e sem pecado. Vivia em comunhão plena com Deus, no lugar mais extraordinário que já existiu na face da Terra. Sua única restrição era comer da Árvore do Conhecimento do “Bem e do Mal” (Gn 2:17).35 Não se pode comparar ou afirmar que o ser humano é de outro mundo ou partícula divina, como se alma dependesse da libertação do corpo físico (como os gnósticos atribuíam esse pensamento). O ser humano e o mundo são criaturas e na relação entre mundo e ser humano deve também ser valorizado, mas, não divinizando, o mundo. Para o teólogo Garcia Rubio, a Eclésia não trilhou este caminho percorrido pelas religiões; antes, abriu-se à interpelação da filosofia e utilizou o instrumental filosófico grego como expressão do conteúdo da fé cristã, bem como da visão de ser humano e de mundo. A separação de corpo, alma e matéria ganhou espaço nos discursos religiosos e causa um grande desafio hoje para a visão de ser humano integrado (GARCIA, RUBIO 1989, p. 200-2001). Nesta antropologia, o que importa não é tanto o individuo humano, não é a pessoa humana considerada como única e irrepetível. O que importa é a dimensão do espírito, alma, que supera todas as outras dimensões do ser humano, que de forma alguma se encontra desprovido de uma ou aquela dimensão, mas, é considerado, pela visão bíblica, um ser integral. Não há dualismos entre uma dimensão e outra. Todas se encontram em harmonia, não desprezando a outra, porém, em uma relação de comunhão e integração mútua uma com a outra. A pessoa não pode ser reduzida em consciência e espírito, mas, em uma relação com ambas as partes sem desprezar a outra e interagindo entre si. A antropologia cristã nunca defendeu um dualismo corpo e alma e, sim, a integração de ambas as partes como ser em unidade e não dividido entre partes distintas. Quase toda a tradição cristã, no campo doutrinário, sempre valorizou a alma e espírito em detrimento ao Corpo, conforme comentado no início deste trabalho. Percebe-se como foi impactante uma visão dualista de ser humano, principalmente em movimentos pentecostais e neopentecostais. É uma tendência presente nos discursos religiosos do nosso objeto de pesquisa que é a Comunidade Cristã Paz e Vida, mas que também possui contradições e possíveis apontamentos para uma antropologia integrada da referida igreja em questão.

Para Garcia Rubio “não se pode esquecer, é precisamente na qualidade de seres corpóreos, que somos chamados a viver um relacionamento de comunhão com outros seres também corpóreos do nosso mundo, eles também criaturas de Deus” (GARCIA RUBIO 2004,

35 Disponível em: < http://pazevida.org.br/estudos/2262-na-sua-opiniao-o-que-e-pecado.html >. Acesso em: 14 nov. 2016.

93 p. 75). Assim, não somos partículas cósmicas que almejamos ardentemente sair deste mundo para a direção da divindade cósmica; temos um corpo integral que nos faz seres humanos, e entregamos uns aos outros para nos relacionar e manifestar afeto. Em todos estes apologistas prevalece indubitavelmente a visão unitária de ser humano apesar de que o instrumental é já helênico (GARCIA RUBIO, 1989, p. 270). Somos unidos ao cosmo e não deve haver dualismos ou imaginação que nos leve a uma condição de um ser humano distante das coisas concretas da vida.

Considerações finais

Este capítulo teve por objetivo mostrar que a antropologia neopentecostal da Comunidade Cristã Paz e Vida pode superar o dualismo – no qual alma e corpo encontram-se divididos tendo uma interação – fazendo-se presente na constituição humana como um ser integral. Alguns caminhos foram trilhados a fim de indicar que a superação do dualismo antropológico só se faz real na experiência unitária do ser humano concreto, com todas as suas fraquezas e limitações.

Entre as várias possibilidades, destacamos quatro delas. Na primeira apresentamos que a superação desse dualismo “corpo” e “espírito” só é real a partir da experiência unitária do ser humano concreto. Sugerimos uma espiritualidade encarnada na qual a corporeidade se faz presente na própria subjetividade humana. A segunda são as expressões de curas divinas, uma vez que na Comunidade Cristã Paz e Vida o corpo é valorizado por intermédio dessas expressões. Na terceira destacamos que, apesar da existência dos discursos “sobrenaturais” da referida igreja, há uma aparente contradição na medida em que há uma ênfase do "aqui e agora" nesse discurso. Esta visão pode ser um meio de superação do dualismo antropológico, especialmente se forem acrescidos às ênfases da experiência unitária do ser humano como pessoa.

No quarto ponto ressaltamos a superação da visão metafísica da imortalidade da alma a partir da ressurreição do corpo. As ideias criadas pelas tradições religiosas não correspondem com a unidade do corpo que a tradição judaico-cristã indica.

Mostramos a unidade do ser humano na visão bíblica, tanto no Novo Testamento como no Antigo Testamento. Também trabalhamos as questões fundamentais do dualismo da filosofia helênica como a imortalidade da alma, integralidade condicional ou

94 dualidade na unidade do ser humano. Tendo como chave de nossa pesquisa uma visão integral de ser humano, em toda parte oferecemos um paralelo com a antropologia da Comunidade Cristã Paz e Vida, a fim de apresentar um contraponto com a visão integral de ser humano. Apontando, mesmo de certa forma contraditória, a presença de uma visão de ser humano integral no discurso da referida igreja. O propósito, com esta pesquisa, é de uma contribuição efetiva no sentido de abordar dúvidas referentes à temática antropológica do ser humano. As questões de uma teologia sistemática de ser humano, propostas por Alfonso Garcia Rubio, são muito importantes para uma percepção do humano, em suas relações históricas e congressionais. Não que o nosso estudo indique ideias inéditas a respeito da antropologia teológica. A intenção é proporcionar uma contribuição para que novos trabalhos acadêmicos sejam desenvolvidos no campo da teologia sistemática, que leve em conta os dualismos e outras formas reducionistas de ver o ser humano, comuns em ambientes evangélico- pentecostais.

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CONCLUSÃO

O objetivo do nosso trabalho foi contribuir para uma pesquisa antropológica tendo como chave teórica uma visão integral de ser humano e como base empírica as práticas e o discurso religioso da Comunidade Cristã Paz e Vida, analisados a partir dos escritos de Pagliarin e de documentos da referida Igreja em questão. Comentamos sobre as influências da filosofia helênica no contexto das comunidades cristãs do primeiro século e a propagação dessa tendência dualista nos discursos religiosos, no decorrer da história. Nesse sentido, o dualismo filosófico assedia o cristianismo com suas visões metafísicas e uma série de desconfianças em relação à corporeidade. Elaboramos a nossa pesquisa em um panorama, para mostrar o pensamento helênico na vida cristã, e os principais autores dessas influências. Apresentamos também os dualismos presentes no Ocidente Medieval, entre os reformadores e entre os pentecostais. Nosso interesse foi a antropologia da Comunidade Cristã Paz e Vida e

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