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Dados dos inquéritos por entrevistas

Capítulo VI – Apresentação, análise e interpretação dos dados

N. º total de atas dos departamentos curriculares e coordenadores de

3. Dados dos inquéritos por entrevistas

No que concerne ao inquérito por entrevista utilizámos a ‘entrevista semiestruturada’ que, segundo a terminologia de Pardal e Correia (1995), compõe-se de um conjunto de ‘perguntas-guia’ as quais colocámos aos entrevistados conforme o desenrolar da conversação, introduzindo adaptações conforme os nossos interlocutores: diretores, coordenadores de departamento e coordenadores de diretores de turma, ou coordenados. Esta opção pareceu-nos a mais apropriada, pois permitiu recolher informações e opiniões

pertinentes e possibilitou o esclarecimento de ideias e o aprofundamento de algumas questões, redirecionando-se o diálogo no sentido de evitar divagações.

As entrevistas foram realizadas aos diretores, aos coordenadores de departamento e aos coordenadores de diretores de turma e a dois professores coordenados de cada departamento curricular, segundo os critérios mencionados nos capítulos anteriores, procurando detetar convergências e divergências de olhares sobre o exercício das lideranças no âmbito das interações pessoais que se estabelecem entre lideranças intermédias e lideranças de topo.

Relativamente ao número de entrevistas realizadas apresentamos os dados por escola:

Quadro 6.9: Número de entrevistas realizadas e respetiva percentagem

Entrevistas aos Diretores Entrevistas aos Coordenadores Entrevistas aos Coordenados

Escola N.º de previstas N.º de realizadas % de realização N.º de previstas N.º de realizadas % de realização N.º de previstas N.º de realizadas % de realização A 1 1 100 6 6 100 8 7 87,5 B 1 1 100 6 6 100 8 5 62,5 C 1 1 100 5 5 100 7 6 85,7 D 1 1 100 6 4 66,7 8 5 62,5 Totais 4 4 100 23 21 91,3 31 23 74,2

Das 58 entrevistas previstas foram realizadas 48, o que corresponde a uma taxa global de concretização de 82,76%. As entrevistas duraram entre 20 minutos (as mais breves), e 1h e 20 minutos (as mais longas). Dos coordenadores, apenas dois não concordaram em participar na nossa investigação. Relativamente aos coordenados não foi possível reunir os que preenchiam os nossos critérios, tendo-se verificado uma taxa de concretização de 74,2%.

Todas as entrevistas foram transcritas e objeto de análise de conteúdo que, tal como já explicitámos no capítulo anterior, constitui uma técnica de investigação que possibilita a descrição sistemática do conteúdo da comunicação.

Para tanto, elaborámos um mapa referencial que resulta da combinação dos conceitos de ‘liderança’ e de ‘comunicação no âmbito da liderança’ que ressaltaram da literatura, das

dimensões de estudo identificadas através da leitura do Decreto-Lei n.º 75/2008, de 22 de abril, e de outros documentos70 e de um conjunto de categorias identificadas através de um exercício analítico do discurso das entrevistas, como se o texto falasse. De sublinhar que tais dimensões e categorias de análise encontram-se relacionadas entre si no próprio discurso dos entrevistados.

Quadro 6.10: Mapa referencial de Conceitos, Dimensões e Categorias de análise.

Quadro 6.11: Referentes de explicitação das categorias relativas aos conceitos trabalhados ‘Liderança’ e ‘Comunicação’.

Categoria Explicitação da categoria

Vivência da Hierarquia

A forma como os docentes (coordenadores, diretores,

coordenados) entendem a interação hierárquica entre os níveis de liderança: dependência, independência, interdependência entre coordenadores e diretor/a.

Importância como coordenador

A importância que os docentes (coordenadores, diretores, coordenados) atribuem aos coordenadores e ao papel que desempenham e a perceção que têm da importância que o sistema atribui à figura da coordenação.

Exercício da liderança pelo diretor

O modo como os docentes (coordenadores, diretores,

coordenados) entendem o papel da liderança de topo em meio escolar e sua interação com os coordenadores.

Posição do coordenador

A forma como os docentes (coordenadores, diretores, coordenados) entendem o papel e o trabalho que os

coordenadores desenvolvem e sua interação com liderança de topo.

Procedimentos de coordenação

A forma como os docentes (coordenadores, diretores, coordenados) entendem a organização e dinamização do trabalho no departamento, e como estabelecem a articulação entre os órgãos.

Formação específica

As temáticas de formação identificadas pelos docentes (coordenadores, diretores, coordenados) como necessárias ao exercício da liderança.

Pilares da liderança

Os saberes identificados pelos docentes (coordenadores, diretores, coordenados) como alicerces do exercício da liderança.

Participação

A forma como os docentes (coordenadores, diretores, coordenados) entendem em que consiste a participação dos demais colegas.

Importância da comunicação

O entendimento dos docentes (coordenadores, diretores, coordenados) quanto à forma de comunicar, à circulação da informação e à resolução de problemas no âmbito das relações interpessoais entre coordenadores e diretor/a, e entre

coordenadores e coordenados.

Interação

A forma como os docentes (coordenadores, diretores, coordenados) entendem as interações que se estabelecem entre coordenadores e diretor/a, e entre coordenadores e coordenados.

Com base nestes referentes efetuamos a análise de conteúdo que, conforme referem Quivy e Campenhoudt (2008) e Bardin (2011), sendo uma análise categorial, enquanto método de análise temática,

consiste em calcular e comparar as frequências de certas características (…temas evocados) previamente agrupadas em categorias significativas. Baseia-se na hipótese segundo a qual uma característica é tanto mais frequentemente citada quanto mais importante é para o locutor.

(Quivy e Campenhoudt, 2008: 228) Neste sentido, procedemos à análise categorial, seguindo critérios como exclusão mútua, pertinência e objetividade no âmbito do presente estudo. Seguidamente, procedemos à codificação em unidades de registo, segmento identificado de conteúdo que inserimos numa determinada categoria, a qual é composta por um termo ou expressão-chave “que indica a significação central do conceito que se pretende apreender, e de outros indicadores que descrevem o campo semântico do conceito” (Vala, 2001, in Lima e Pacheco, 2006: 25).

Após a apresentação dos dados, procurámos cruzar os olhares sobre lideranças dos vários atores intervenientes e estabelecer alguma relação com os dados do inquérito por questionário, caso se revelasse pertinente.

Tal cruzamento de ‘olhares sobre lideranças’ foi aferido nas dimensões de estudo ‘Níveis de liderança’, ‘Liderança e desenvolvimento organizacional’, ‘Relação e comunicação entre coordenadores e liderança de topo’ e ‘Relação e comunicação entre coordenadores e coordenados’, através das categorias e subcategorias identificadas, para posteriormente responder às questões da nossa investigação. Sempre que considerámos oportuno e necessário, socorremo-nos das unidades de registo dos discursos dos docentes (excertos das entrevistas) dos diferentes grupos de atores entrevistados.

Identificámos os nossos entrevistados por escolas A e B (escolas até 1500 alunos), e escolas C e D (mais de 1500 alunos), por grupo de docentes: coordenadores (C), diretor/a (D) e professores coordenados (P), seguido do número sequencial de entrevistado, sendo cada entrevista uma unidade de contexto (UC).

Relativamente aos dados das entrevistas verificámos que não há diferenças sistemáticas por motivo do número de alunos das escolas, pelo que, na análise que se segue, optámos por não fazer referência a essa variável. No entanto, sempre que nalgum item concreto se evidencie diferenças por motivo de número de alunos das escolas, apresentamos a respetiva análise.

Sublinhamos, ainda, que as unidades de registo estão estruturadas no Anexo VIII - Análise de Conteúdo por grupo de docentes e por número de alunos por escolas e por categorias em cada dimensão de estudo, que agora apenas apresentamos alguns excertos.

Neste sentido, as categorias e subcategorias definidas (Quadro 6.4) resultam das inferências do investigador a partir do conteúdo das entrevistas, pois a análise qualitativa de dados caracteriza-se pela interdependência entre dados empíricos, processos intelectuais de teorização e procedimentos intuitivos (Bardin, 2011) que visa essa produção de inferências, e consequentemente a interpretação e eventual explicação “metódica de informações e testemunhos que apresentam um certo grau de profundidade e de complexidade”. (Quivy e Campenhoudt, 2008: 227)

Assim, a técnica da análise de conteúdo possui, por um lado, um cariz descritivo, pois apresenta-nos o que é ‘dito’, por outro, um cariz interpretativo para proporcionar um melhor conhecimento sobre o objeto em estudo, ou para levar a outros questionamentos.

3.1. Perfil pessoal e profissional dos entrevistados

Assumimos o conceito ‘Perfil’ como ‘Descrição’ de aspetos pessoais, académicos e profissionais para a caracterização dos docentes entrevistados, todos com pelo menos 2 anos de experiência na respetiva escola. Assim, considerámos a dimensão ‘Perfil pessoal e profissional’ comportando as categorias ‘idade, sexo, formação académica, e situação profissional’.

Apresentamos de seguida a distribuição dos docentes por sexo (M = Masculino e F = Feminino) e intervalos de idade, tendo em conta a dimensão das escolas, conforme se tratem de coordenadores, diretores e coordenados entrevistados:

Quadro 6.12: Distribuição dos coordenadores entrevistados por sexo e intervalos de idade face ao número de alunos das escolas.

COORDENADORES