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O Debate Continua

No documento por Swami Satyananda Saraswati DEVI MANDIR (páginas 102-104)

Assim, pai, eu não quero me casar, porque penso que o casamento é um cativeiro. Você sabe, eu tenho este nascimento divino. Nasci do fogo sagrado, e não de algum ordinário útero de mulher. Não desejo os prazeres do mundo, mas desejo os prazeres da alma. E estes não são obtidos por se casar e tendo-se filhos, juntamente com as responsabilidades financeiras e o resto. É muito raro conseguir um nascimento humano, especialmente nascer na sagrada terra da Índia, e mesmo mais raro nascer na família de Brahmins, e ainda mais raro nascer do fogo sagrado e ter um pai como Veda Vyasa. Agora eu tenho estudado as Escrituras e Vedanta, e tenho tido a honra de aprender com um Guru como Brhaspati. Se seres como nós não podem aspirar a liberdade, então quem neste mundo pode tornar-se livre? Assim, pai, por favor, eu farei o que quer que você diga, mas por favor não me diga para que eu me case.

Veda Vyasa deu sua resposta. Ele disse, Filho, a casa não é uma prisão da qual as pessoas buscam ficar livres. A casa é um templo de sua adoração. Você sabe que mesmo os Brahmacharis, os Vanaprasthas e os Sannyasis, quando eles estão famintos, eles devem vir fazer puja na entrada da porta dos Grhasthas. Por isso o Grhastha ashrama é chamado o mais elevado dos ashramas, porque o chefe de família é o suporte de toda a sociedade. Assim filho, não tenha medo do cativeiro. Permita a você mesmo fazer uma contribuição para este mundo. Olhe Vasistha e os outros grandes Rsis. Todos eles foram casados. Aquele que não toma uma esposa, é certo ser

enlouquecido pelos sentidos. Estes sentidos são como cavalos inquietos, e embora possam parecer estar tranqüilos por uns poucos momentos, em qualquer momento podem pular e correr para longe e levar a mente com eles. Assim filho, case-se. Cumpra seu dharma por intermédio de Karma apropriado, e gradualmente alcance a mais elevada renúncia.

Olhe para Visvamitra. Mesmo praticando tremendas austeridades por tantos milhares de anos, quando a bela virgem, Menaka, veio diante dele, ele esqueceu todas as suas virtudes espirituais em um momento, e gerou uma filha com ela, Sakuntala. Meu próprio pai, Parasara, quando viu Matsyagandha no barco, embora ela cheirasse como um peixe, ele não se importou. Ele perdeu a virtude, a quietude e o controle de seus pensamentos, e seus sentidos correram para longe com sua mente. Meu filho! Case-se! Realize seu dharma, e vá passo a passo de ashrama em ashrama.

Suk Deva respondeu, Pai, você sabe, um homem casado está sempre buscando por dinheiro. Sempre precisa de dinheiro! Precisa de dinheiro para isso, precisa de dinheiro para aquilo. Portanto, está sempre ansioso. Olhe Indra! Indra é o Senhor dos Céus e ainda assim está sempre ansioso. Ele não quer que ninguém conquiste os céus ou se torne um sadhu tão grande quanto ele. Ele está sempre colocando obstáculo no caminho de todo buscador. Brahma não é feliz embora tenha criado todo este samsara, ou oceano de objetos e relações. Mesmo Visnu que tem a bela Laksmi como sua noiva, ainda assim não está sempre feliz e satisfeito. Ele é repetidamente requisitado a vir a terra lutar com ashuras. Shiva sofre incessantes problemas. Conhecendo bem a verdade do mundo, por que você está querendo me colocar neste terrível samsara cheio de sofrimentos e agonias? Por que está me mandando casar?

Pai, há sofrimento em nascer, há sofrimento em morrer, há sofrimento em envelhecer e há sofrimento na vida no útero. Mas o sofrimento surge do desejo não realizado e a cobiça é o mais terrível de todos os sofrimentos mencionados. Um Brahmin tem somente seis atividades nas quais se tornar engajado: aprender e ensinar, adorar por si e por outros, dar o que pode e aceitar o que é oferecido com amor. Isto significa que um Brahmin não tem outro modo de ganhar seu sustento, mas aceitar presentes dos outros. Pode imaginar que sofrimento é viver na expectativa que após anos de estudo, anos de tapasya, um Brahmin é forçado a esperar pela generosidade de outros que nem mesmo foram treinados para apreciar este conhecimento? Há algo mais lamentável que isso na vida? Depois de estudar todos os Vedas e outras escrituras e adquirir sabedoria, por fim o Brahmin tem que ir aos ricos e rogar a eles na esperança que possa conseguir algum dinheiro com o qual possam sustentar sua família?

Enquanto que, se há satisfação na mente e um homem é só sem qualquer obrigação ou responsabilidades, ele pode de algum modo encontrar alguma coisa para satisfazer seus apetites. Pai, por favor ensine-me a Sabedoria da Verdade Eterna, o caminho para a felicidade completa. Diga-me como meus karmas podem ser completamente realizados. Não me fale sobre ter filhos ou esposa e uma casa, nem sobre ter contas e débitos, nem sobre ter que sair e rogar por dinheiro. Diga-me como posso obter silêncio e tranqüilidade em minha mente, assim não preciso de nada mais. Diga-me como esta grande ignorância da dualidade pode ser destruída.

Quando Vyasa Deva ouviu o discurso de Suk Deva, ele mergulhou no mar de ansiedade, e começou a pensar no quê mais ele poderia fazer para convencer seu filho da verdade contida no caminho esboçado pelas escrituras. Suk Deva olhou Veda Vyasa cheio de ansiedade e disse, Ó que poder esta Maya tem! Nada é tão forte quanto Maya. Você quem dividiu os Vedas, definiu as escolas dos Vedas, que escreveu os dezoito Puranas, quem escreveu as histórias, o Bhagavat, o Mahabharat, e o Devi Bhagavatam, você está sofrendo da ignorância da ilusão das ligações. Você quer que seu filho tenha uma esposa. Que prazer isso lhe trará? Pai, ver-me ligado pela eternidade no samsara de objetos e relações, é isso que fará você feliz? Como pode este ser tão maravilhosamente inteligente ser iludido por Maya? Que poder tem esta Maya que mesmo o Grande Vyasa Deva, para quem todo mundo olha para ter inspiração, está sofrendo destas ilusões. Esta Maya iludiu Brahma, iludiu Visnu, e iludiu Shiva e todo o universo. Quem no universo não é fascinado sob a influencia de Maya. Eu me curvo a esta Maya. Eu tomo refúgio nesta Maya. Eu terei somente Maya como minha.

Pai, todo este universo é como uma rede de ilusão. Entenda isso, recorde isso, abandone seu pesar. Renuncie ao sofrimento. Conseguir um nascimento humano nesta terra de Karma é muito difícil. E novamente, conseguir um nascimento Brahmin é extremamente raro. E quando alcancei este belo nascimento como um forte e saudável menino Brahmin, que tem estudado a sabedoria das escrituras e Vedanta, e tenho servido a muitos professores espirituais, ainda assim tenho a idéia de que sou amarrado pelo mundo. Pai, como posso ser livre? Mesmo Veda Vyasa não é livre. E você me diz que é para eu me casar?!

E seu pai respondeu, Meu filho, se você ainda não acredita em mim, por favor estude o Devi Bhagavatam. No Devi Bhagavatam estão muitas histórias, uma antologia de nosso Dharma Hindu, o Sanatana Dharma, o Eterno Ideal de Perfeição na Sabedoria e Harmonia é expressado nos mais explícitos termos. Filho, estude as escrituras, e então diga-me se você tem forjado sua mente.

Suk Deva estudou o Devi Bhagavatam, e mesmo depois disso ele ainda não quis aceitar a opinião de seu pai. E Veda Vyasa disse, Meu filho, não posso dizer que sua mente está forjada. Mas antes de você tomar a decisão de entrar para o quarto estágio de Sannyasi, meu filho por favor visite Janaka, o Rei de Mithila. Ele é liberado enquanto vive no corpo, e ele é meu discípulo. Vá perguntar a ele e por favor ouça seu discurso. Então volte e diga-me sua decisão. Eu permitirei que você faça o que escolher. Eu lhe prometo, meu filho. Somente vá se encontrar com o rei Janaka.

No documento por Swami Satyananda Saraswati DEVI MANDIR (páginas 102-104)