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5.3 PROCEDIMENTO DE CONSTRUÇÃO DE DADOS

5.3.1 Contexto DEI

5.3.2.1 Debate parlamentar-político ou eleitoral

Gênero entendido como uma competição entre dois antagonistas que buscam convencer a um terceiro (um juiz, um auditório, possíveis votantes) de que seu posicionamento é o melhor. Neste gênero, os debatedores se preocupam em mostrar um discurso planificado, mas a capacidade de improvisação se torna um recurso importante, para potenciar sua imagem social a favor da mudança de atitude da audiência (BAÑÓN, 2005). Para a escolha dos debates, se levou em consideração que os tópicos tratados pelos debatedores fossem próximos ao contexto quotidiano dos estudantes participantes deste projeto. Os tópicos abordados nos debates foram a legalização das drogas, seguridade da cidadania e adoção por parte de pessoas solteiras e casais homoafetivos.

De forma individual foi apresentado um fragmento de vídeo de um debate parlamentar (um bloco completo do debate que continha os movimentos da argumentação), e foi solicitado

aos participantes que focassem na argumentação que estava sendo produzida pelos debatedores. Durante esta apresentação, o participante podia fazer anotações sobre o que estava observando. Posteriormente, a pesquisadora realizou duas perguntas deflagradoras aos participantes para que, de forma oral, oferecessem sua avaliação da argumentação observada (ver Apêndice D). Quando foi necessário esclarecer, ampliar ou complementar o dito pelos participantes, a pesquisadora realizou perguntas adicionais. Na Tabela 2 se sintetizam os tópicos e características dos debates que foram apresentados aos estudantes para avaliar.

Tabela 2. Características dos debates parlamentares

Situação Tema Duração /Extensão Fragmento Características do Contexto de Debate Argumentos Mobilizados no fragmento. Debate político- parlamentar 1 Legalização das drogas 11:46 minutos Este debate aconteceu na cidade de Puebla (México) no marco do evento ‘Cidade das Ideias. O debate tinha dois grupos, um a favor da legalização das drogas e o outro contra. O grupo a favor esteve formado por ex-presidentes de países latino- americanos e europeus, e o grupo contra, tinha representantes da ONU e de ONG (s) que trabalham com prevenção de consumo. O

moderador do debate, quem apresentou aos participantes das equipes, controlou o uso da palavra e do tempo. O debate também teve plateia, mas esta plateia não participou do debate. Foram apresentados 3 turnos de fala de cada grupo (2 minutos para cada integrante). A dinâmica do debate consistiu em apresentar argumento, contra- agumento.

O grupo a favor defendeu a ideia da

legalização das drogas para diminuir seu consumo e as problemáticas que esta gera. Os argumentos dados visaram sobre:

- O menor prejuízo para a sociedade é legalizar porque o estado pode controlar os mercados ilegais, e as máfias.

- É necessária uma política de estado que não conduza a marginalização do estado das minorias sociais, e, portanto, controle o uso das drogas. - Os países da América Latina são vítimas das políticas dos Estados Unidos, que dão dinheiro para atingir o problema, mas que também são os maiores consumidores e mantenedores das máfias. Por isso, legalizar pode ajudar a terminar com as máfias.

Os argumentos contra visaram sobre:

- Não existe um exemplo de uma sociedade que ao legalizar o álcool e o tabaco favoreceça sua saúde pública. Existe 6 vezes mais

consumidores destas substâncias que de drogas, como a cocaína.

- Antes de legalizar a cocaína, é necessário controlar com maior força o álcool, tomar de exemplo os resultados desse controle e depois analisar se poderia funcionar com a cocaína.

Debate político- parlamentar 2 “Seguridade da cidadania” 9:42 minutos Dois candidatos à presidência da República debateram a partir da pergunta realizada por um jornalista sobre a percepção de

segurança que tinha a cidadania vs. as cifras oficiais sobre diminuição da insegurança. Inicialmente cada candidato apresentou seu ponto de vista e após, discutiram entre eles, cada um com dois turnos de fala. Este foi um debate acontecido na televisão. O tempo dado para cada candidato foi de dois minutos para

responder a pergunta, e tiveram quatro minutos para discutir entre eles. No marco geral do debate participaram também 3 jornalistas, encarregados de fazer as perguntas aos candidatos. A controvérsia do fragmento de debate apresentado foi: ¿Estão erradas as estatísticas oficiais sobre seguridade da cidadania ou estão erradas as estatísticas da percepção cidadania?

Em sínteses os argumentos

mobilizados por os participantes do debate foram:

Candidato 1: Existe um grande

temor dos cidadãos, portanto, é necessário que o Presidente recupere sua liderança e gerar confiança na cidadania, colocando câmeras de segurança nas ruas, fazer conselhos de seguridade.

Candidato 2: O atual governo está

fazendo uma mudança de cultura – da cultura do medo para a cultura da paz. O governo tem trabalhado nisso, hoje temos as estatísticas de sequestro mais baixas da história e o índice de homicídios mais baixos dos últimos 35 anos. Mas é necessário continuar trabalhando contra os grupos armados, o narcotráfico e a seguridade da cidadania).

Candidato 1: Os cidadãos percebem

que se tem retrocedido. Os maiores problemas de segurança estão nos jovens, no micro tráfico, por isso, as medidas não podem ser repressivas, senão, reformar a educação para evitar que os jovens cheguem às cadeias.

Candidato 2: Estamos fortalecendo

a polícia, instalando câmeras nas cidades, reformando a “fiscalia” para que os malandros não fiquem livres facilmente.

Candidato 1: as estatísticas não

apresentam que a segurança tem melhorado. Eu proponho casas de justiça, para gerar confiança e estimular a denúncia

Candidato 2: se temos estatísticas

que apresentam que a segurança melhorou, e são as cifras de vitimização que são as fiáveis. Debate político- parlamentar 3 “Proibição a solteiros e casais homossexuais para adotar” 14:13 minutos O debate visa argumentos a favor e contra da adoção de crianças por solteiros e casais

homoafetivos e a realização de um referendo para que a população tome a

Em sínteses os argumentos que se mobilizaram neste debate foram:

Em contra:

- E necessário cumprir com o que a constituição define como família e casamento.

- A Corte Constitucional da Colômbia, derrogou uma lei a favor

decisão ao respeito. O debate aconteceu na televisão, num programa jornalístico de discussão e, participaram dois debatedores, um representante da comunidade LGBTI e um dirigente da “Plataforma pela vida” que reúne a pessoas e organizações da sociedade civil que defendem a vida e a família. O jornalista que moderou o debate, se posicionou diante da controvérsia.

da adoção de casais LGBTI, por isso, se fez necessário um referendo que restabeleça o direito da

população para definir sua normatividade.

- Existe respeito por todas as pessoas, embora, é necessário respeitar a normatividade. - As crianças devem ter figura materna e paterna. Existem 17.000 casais heterossexuais aguardando para adotar e não podem porque não temos crianças suficientes. Além do que, temos de proteger os meninos e não satisfazer aos adultos.

A favor:

- O modelo de família não corresponde com a realidade da América Latina - cita estatísticas da CEPAL para suportar. As famílias LGBTI são também famílias e o referendo quer mudar uma forma de vida da sociedade.

- O referendo fala da incapacidade de um solteiro e um casal LGBTI em educar uma criança abandonada. Concordo que o direito é das crianças e não do adulto. Na Colômbia temos 5.000 crianças aguardando para serem adotadas, mas os casais querem adotar crianças perfeitas, sem deficiência. E com o referendo, além de discriminar a comunidade LGBTI, também discrimina as pessoas que educam os filhos em solidão. - Sempre será melhor que uma criança cresça em um lar com amor e respeito, e, o estado deve garantir todos os pontos de vista, o referendo não é o caminho, porque não se pode permitir a imposição de um modelo de família, das minorias. Fonte: Autora