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Decreto-Lei nº 344/90, de 2 de Novembro de 1990 da Educação Artística, Cap II, Secção

Catarina Mendes e Dina Gabriel

6 Decreto-Lei nº 344/90, de 2 de Novembro de 1990 da Educação Artística, Cap II, Secção

ciência, história, arte, entre outras, pois o fundamental é que a criança aprenda a “vivenciar, descobrir, criar e sentir.” (Sousa, 2003, p.63).

Ainda de acordo com o Decreto-Lei 344/90, são objetivos da educação artística:

• Promover o desenvolvimento equilibrado no que toca ao do- mínio sensorial, motor e afetivo, explorando novas formas de comunicação e criatividade;

• Promover a formação global da criança através do conhecimento e exploração de diferentes linguagens artísticas;

• Estimular a aquisição da sensibilidade estética e capacidade crítica;

• Estimular na criança o poder de imaginação e criatividade, no sentido de contribuir para um aumento da autoestima e confiança, como capacidades fundamentais à construção da personalidade.

Em 2006, realizou-se em Lisboa a I Conferência Mundial de Educação Artística, de forma a revitalizar a Educação Artística em Portugal, de onde foi emanado o “Roteiro para a Educação Artística – Desenvolver a Capacidade Criativa para o Século XXI” que “(…) explora o papel da Educação Artística na satisfação da necessidade criativa e de consciência cultural no século XXI, incidindo especialmente sobre as estratégias necessárias à introdução ou pro- moção da Educação Artística no contexto de aprendizagem.” (Agarez, 2006, p.4). Neste roteiro defende-se a Educação Artística como aspeto essencial ao desenvolvimento completo em todas as dimensões do ser humano.Pela Edu- cação Artística a imaginação, a criatividade e a inovação evoluem, tornando o indivíduo capaz de responder adequadamente aos desafios que a sociedade lhe vai impondo ao longo da vida. Por outro lado, proporciona-lhe o acesso a uma cultura alargada, partindo sempre da valorização da cultura a que cada indivíduo pertence para o aumento de conhecimentos relativamente à cultura dos outros.

Deste modo, através da Educação Artística assistimos a alterações na forma de pensar, agir e sentir dos indivíduos. Alterações estas, impulsionadas por aprendizagens diversificadas e criativas.

Tal como nos refere Mónica Oliveira (2007), a Educação Artística debruça- -se sobre o desenvolvimento nas crianças, de duas capacidades muito impor- tantes, na construção do eu e na forma como se interpreta e se relaciona com o meio físico e social: a de compreender a arte e a de realizar arte. As referidas capacidades desenvolvem-se numa tríade entre “(…) o ensinar a ver, o dialogar e o fazer plástico” (Oliveira, 2007, p.69).

A importância da educação estética no contexto da Educação Pré-escolar

“No jardim-de-infância, um clima que valorize a educação estética valoriza o modo de sentir, entender e dizer de cada um, influencia e valoriza os diferentes significados represen- tados sob diferentes meios, diferentes formas de materiali- zar, imprimir, “dizer”, procurar respostas. É a criatividade a potencializar modos de apreender e construir significados sobre o que rodeia a criança. (…) Estes espaços de relação estética, onde a criatividade faz parte do quotidiano das crianças, excluem receios de fracassos, pelo que potenciam a inovação.” (Kowalski, 2012, p.48-49).

De acordo com Leontiev (2000), a função da educação estética é desenvolver “(…) a capacidade de perceber e entender a arte e a beleza em geral” (Leontiev, 2000, p.128). Importa fomentar o envolvimento com a obra de arte e a capaci- dade de nos envolvermos e enriquecermos com os significados descobertos através da mesma.

No entanto, a obra de arte é percecionada de formas diferentes consoante a pessoa que a está a observar. Para o autor acima referido, a pessoa consegue retirar significados à obra de arte através da relação que se estabelece entre o espectador e a obra, pela recreação, socialização e desenvolvimento pessoal. Na primeira, a pessoa experimenta pelo simples prazer que daí advém. Na segunda recolhe “(…) informação sobre o mundo, sobre os valores culturais e normas, sobre padrões de comportamento e modelos de identidade pessoal.” (Leontiev, 2000, p.143). É pois na terceira, na arte orientada para o desenvolvimento pes- soal, que nos cruzamos com o objetivo da educação estética, o de proporcionar aprendizagens e mudanças na criança. Quando vivencia experiências artísticas,

estéticas e culturais, alarga o seu leque de conhecimentos. Está a criar novos símbolos e a reorganizar outros já apreendidos, através da interpretação que atribui àquilo que expressa.

De acordo com Pillotto (2008), é neste processo de aprendizagem que vemos a tríade apropriação-transformação-resignificação, resultante de uma escolha que cada criança deve fazer: por onde vê, o que quer ver e o que faz com o resultado da experiência estética.

Na publicação que Parsons faz para a Fundação Calouste Gulbenkian (1999), este aponta duas ferramentas essenciais para a compreensão estética da obra de arte: Expressão e Estilo. Relativamente à expressão “…noção de que uma produção artística personifica e expressa de certa maneira um sentimento ou emoção…”(Parsons, 2000, p. 177), o autor verificou que quando questionadas acerca dos sentimentos do artista ou do quadro, as crianças mais novas iden- tificam o sentimento ilustrado, sendo apenas capazes de falar sobre o que está completamente à vista. Quando são mais velhas (na adolescência) já conseguem relacionar aquilo que está representado com a intenção do artista. No que con- cerne ao estilo “…princípio da análise das obras de arte em termos de elementos formais – traço, forma, cor, textura, etc. – e em termos das relações destes ele- mentos entre si – repetição, contraste, equilíbrio, etc.” (Parsons, 2000, p.188), o autor defende que este é necessário para distinguir o que é observado em oposição ao tema que é representado, através dos traços, cores, ângulos, entre outros. Quando se consegue associar a forma à emoção representada no quadro, estabelece-se uma relação entre o que se observa e a intenção do artista, o que leva a “(…) associar a obra diretamente com o artista e permite vê-la como uma expressão dos sentimentos ou personalidade do artista.” (Parsons, 2000, p.187).

O mesmo autor na publicação Children’s Intuitive Understandings of picture, em parceria com Norman Freeman7, defende que as crianças desenvolvem o

seu pensamento crítico com a formulação de teorias acerca da arte. Tal apa- rece com a questão “O que é isto?”, quando o adulto pergunta à criança o que ela desenhou.8 Os autores justificam que não só esta questão leva a criança a

pensar sobre o que desenhou como a ajuda a criar a ideia de representação e a importância daquilo que representa. Por conseguinte, a arte deve ser pensada

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