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Os inquéritos foram realizados no início do ano letivo A docente recolheu toda a infor-

No documento Intervenção Cultural e Educação Artística (páginas 111-115)

A importância das Artes no Jardim de Infância

3 Os inquéritos foram realizados no início do ano letivo A docente recolheu toda a infor-

artísticas, não iam a museus, nem a concertos, exposições, bailados ou teatros, não tinham oportunidade de contactar com obras de arte, nem de as explorar criativamente. Os próprios pais também não o faziam, nem davam grande importância às artes.

O trabalho desenvolvido na sala de Jardim de Infância teve como base as “Orientações Curriculares para a Educação de Infância” e as “As Metas de Aprendizagem para o Pré-escolar”. Segundo estas linhas de orientação defini- das pelo Ministério da Educação, devem-se explorar as Áreas das Expressões onde estão contempladas as seguintes linguagens artísticas: o teatro; a música; a expressão plástica e a educação expressivo-motora/dança.

Mas como é que estas expressões artísticas podem ser desenvolvidas em contexto de sala de Jardim de Infância?

1. A importância das Artes no Jardim de Infância

O debate em torno da importância da Educação pela Arte já é bastante antigo e são vários os autores que têm defendido a sua relevância como parte dos programas curriculares. Segundo Sousa (Sousa, 2003), só com a lei de bases do sistema educativo (lei nº 46/86) e com o decreto-lei (nº344/80) sobre a educa- ção artística, é que ocorreu pela primeira vez em Portugal, uma abertura para a consideração das artes nos currículos escolares. Infelizmente não foi toda ela implementada e nem todas as escolas, nem todos os docentes a cumprem.

A maior parte das escolas não estão preparadas para trabalhar as diferentes expressões artísticas, não têm espaços adequados e, muitas vezes, não têm tam- bém materiais específicos, instrumentos musicais ou outros equipamentos ne- cessários para estas aulas. Na maioria das nossas escolas continua a dar-se mais importância às outras matérias curriculares do que às expressões artísticas/ Artes. Concordando com Sousa, “A predominância curricular de disciplinas de transmissão de saberes (ciências, técnicas) sobre disciplinas de formação do ser (artes) atinge proporções tais que causam o desequilíbrio cultural da so- ciedade portuguesa (analfabetismo musical, inexperiências em dança e teatro, por exemplo, após 12 anos de ensino básico e secundário).” (Sousa, 2003, p.113)

Segundo o mesmo autor, as artes são consideradas por vários investigadores como linguagens dos afetos, pois vai mais longe do que a simples administração de conhecimentos e saberes, explorando e desenvolvendo instrumentos básicos “Brincar com ARTE”

do pensamento, tais como, sentimentos, emoções, imagens, palavras, ideias. Sendo assim, as Artes possibilitam uma forma única do desenvolvimento com- pleto do ser e de uma formação equilibrada da personalidade.

Relativamente à importância das artes na educação, Arquimedes Santos afirma também que:

Numa pedagogia atenta, antes de mais, às virtualidades po- tenciais da criança, vai possibilitar-se-lhe, primordialmente, a espontaneidade das suas expressões, as quais livremente desabrochando numa actividade lúdica propiciam também, quando essa actividade apresenta já uma feição artística, uma abertura para a criatividade.

Uma educação pela Arte predominantemente activa, por um contacto directo com as diversas formas de arte. Entendendo-se, desse modo, que se promova, desde logo e fundamentalmente, a criatividade na criança. E a expressivi- dade artística deve inserir-se vivamente, autenticamente, na educação das crianças. (Santos, 1977, p. 61)

Referido por Sousa (Sousa, 2003), Arquimedes Santos foi um grande defensor da Educação pela Arte. Em 1971 foi nomeado como responsável pelo estudo da viabilização pedagógica da escola inicialmente designada “Escola Piloto para a Formação de Professores”, tendo em 1973 a sua designação sido mudada para “Escola Piloto para a Formação de Professores de Educação pela Arte”. Esta es- cola tinha como intenção formar professores, não só especializados no ensino das artes mas, também vocacionados para que as artes fossem usadas como método educacional.

Santos (1999) avança com cinco respostas para a pergunta: qual a necessida- de das artes nos currículos escolares?

1. Desenvolvimento humano;

2. Apuramento da sensibilidade e da afetividade; 3. Aproveitamento nas outras matérias escolares; 4. Equipamento experimental para a vivência artística; 5. Enriquecimento expressivo na formação artística;

As crianças em idade do pré escolar possuem uma imaginação muito fértil e estão numa fase muito importante relativamente ao desenvolvimento da criatividade.

De acordo com Sousa (Sousa, 2003, pp.192 - 193), uma criança dos 2 aos 4 anos:

• “Conquista do mundo que a rodeia através da experiência direta e pela sua repetição em jogos de verbalização e imaginação; • Começa a desenvolver uma noção autónoma e deseja fazer as

coisas sozinhas, mas como os seus períodos de atenção são muito curtos, não leva a efeito muitas das suas imaginações criativas, mudando constantemente de atividade, encetando novas, sem levar nenhuma a realização efetiva;

• Como está testando os limites das suas capacidades, a criança nesta idade ultrapassa frequentemente estes limites, não conse- guindo efetuar determinadas ações por falta de capacidade, o que a leva a frustrações às quais reage com agressividade;

Uma criança dos 4 aos 6 anos:

• Durante este período, a criança desenvolve, pela primeira vez, a capacidade de planear e começa a gostar de planear antecipada- mente a sua ação criadora;

• Apercebe-se dos papéis socias dos adultos e apreende-os através de jogos dramáticos em que os simula;

• É capaz de organizar processos de criação através da relaciona- ção de acontecimentos isolados, embora não chegue a compre- ender a razão dessa relação;

• É o grande período de criatividade expressiva, espontânea, viva e produtiva.”

A partir destes pressupostos e com o projeto “Brincar com ARTE” pretendeu-se trabalhar as diferentes linguagens artísticas de uma forma transversal às outras áreas trabalhadas no pré-escolar, tendo em conta a importância que as artes têm no desenvolvimento das crianças e na sua formação.

Tentando contrariar a tendência que se instalou na maioria das salas de jardim-de-infância e concordando com Civit e Colell:

Hemos de dejar de pensar que la Plástica son aquellos datos que dedicamos a colorear dibujos, a pegar bolitas de papel, o a recortar unas plantillas para hacer un títere. La Plástica es una herramienta capaz de generar la adquisición de nuevos conocimientos, de desplegar nuestras ‘antenas’ sensoriales, de enriquecer nuestra capacidad de comunicamos y de ex- presamos, y de ampliar nuestra forma de ver, entender e interpretar el mundo. Entenderla como una forma de ocupar el tiempo, una oportunidad para hacer el regalo del día del padre, o una actividad para decorar nuestro espacio, es redu- cir de forma exagerada las posibilidades educativas de esta área, es como dar una respuesta sin hacer antes ninguna clase de pregunta. (Civit; Colell, 2004, p. 100)

No documento Intervenção Cultural e Educação Artística (páginas 111-115)

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