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DEFINIÇÃO DO ESCOPO, DA VISÃO E DOS ALVOS

No documento Tese VivianFMMerola PortoSts Sustentabilidade (páginas 156-162)

CAPÍTULO 5. A APLICAÇÃO DO MÉTODO – EXECUTANDO O PASSO 1

5.1. DEFINIÇÃO DO ESCOPO, DA VISÃO E DOS ALVOS

O escopo do projeto foi definido como os limites do município de Santos e o polígono do Porto Organizado, conforme figura 25.

Figura 25: Escopo do Projeto

Elaboração Jhonnes Vaz, 2017

Reforça-se que, segundo a metodologia dos Padrões Abertos para a Prática da Conservação, o conceito de visão deve se “claro e comum, uma descrição do estado desejado ou a condição final que se espera alcançar”, podendo ainda se “resumida em uma ‘declaração da visão’, que satisfaça os critérios de ser relativamente geral, visionária e breve” (CMP, 2007). Assim, esse trabalho adotou como visão:

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A possibilidade de promover uma verdadeira relação do Porto com o Município em curto prazo, com a adoção de ações e compromissos que respeitem a saúde e o bem-estar da população, garantindo o desenvolvimento verdadeiramente sustentável que promova a economia, mas sem perder de vista as questões sociais e a ampla atenção às questões ambientais.

Convém reforçar que o modelo conceitual é uma proposta de análise situacional para que se chegue a um mecanismo de ação, mas apresentado em forma de diagrama, para representar, de maneira sistêmica, as relações causais que influenciam o ambiente e as populações e que, portanto, são fundamentais para a gestão do território de forma estratégica.

Para entender o desenvolvimento da análise estratégica deve-se registrar o entendimento de alguns conceitos. O foco do modelo conceitual é o alvo de conservação e de bem-estar humano. Esses alvos são identificados a partir dos aspectos ambientais que possam interferir na qualidade do ambiente na cidade e no Porto, sendo apropriado de maneira concreta ou simbólica pela população que ali reside e/ou realiza suas atividades laborais. Desta forma, a conservação e adequação ambiental é condição para a manutenção da vida em harmonia entre o porto e a comunidade, mediado pela gestão participativa.

Junto com os alvos, também foram identificados os serviços ecossistêmicos relacionados, pois entende-se que o ambiente é carregado de funções ecossistêmicas, sendo elas definidas segundo Andrade e Romeiro (2009) como as constantes interações existentes entre os elementos estruturais de um ecossistema, incluindo transferência de energia, ciclagem de nutrientes, regulação de gás, regulação climática e do ciclo da água. Dessas funções surgem os serviços ecossistêmicos, definidos pelos autores como sendo os benefícios diretos e indiretos obtidos pelo homem a partir dos ecossistemas. Dentre eles pode-se citar a provisão de alimentos, a regulação da temperatura, a formação do solo, entre outros.

O conceito de serviços ecossistêmicos é relativamente recente, sendo utilizado pela primeira vez no final da década de 1960 (King, 1966; Helliwell, 1969 apud Andrade e Romeiro, 2009). Entretanto, reconhece-se que tal conceito ganha força no início do século XXI com a publicação da Avaliação Ecossistêmica do Milênio (2005), estudo produzido entre 2001 e 2005, por meio de parcerias entre instituições internacionais e com o suporte

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de vários governos. O objetivo desse estudo, segundo os autores, foi o de fornecer caminhos científicos para a gestão sustentável dos ecossistemas, com o intuito de manter a existência desses serviços.

Segundo Andrade e Romeiro (2009), no desenvolvimento da Avaliação Ecossistêmica do Milênio, foram definidas quatro categorias de serviços ecossistêmicos: i) serviços de provisão (ou serviços de abastecimento); ii) serviços de regulação; iii) serviços culturais; e iv) serviços de suporte. A figura 26 apresenta detalhadamente esses serviços.

Figura 26: Serviços ecossistêmicos

Fonte: Andrade e Romeiro (2009)

A decisão de relacionar os alvos de conservação e bem-estar humano aos serviços ecossistêmicos além de ser uma recomendação do método, também se justifica pelo fato da condição de sustentabilidade da área de estudo depender, invariavelmente da manutenção de tais serviços que beneficiam a população humana, promovem condições de uma vida digna, em decorrência da existência dos recursos naturais, conforme sinaliza a figura 27.

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Figura 27: Relações entre serviços ecossistêmicos e bem-estar humano

Fonte: SAFATLE, 2015

A seguir são apresentados os alvos de conservação e bem-estar humano definidos a partir da Planilha de Aspectos e Impactos Ambientais do Porto de Santos.

Conforme já citado, os alvos foram selecionados considerando sua importância para a manutenção da saúde ambiental, sendo eles:

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Figura 28: Alvos de Conservação, Serviços Ecossistêmicos e Alvos de Bem- estar humano

Fonte: Autora, 2017

Após definição dos alvos, foi preciso avaliar a viabilidade e os objetivos esperados para cada alvo identificado, para isso, o Miradi apresenta dois mecanismos de análise de viabilidade.

• Análise de viabilidade simples – viabiliza pensar, para cada alvo, objetivos específicos que descrevam a condição futura desejada do alvo para seu projeto. Nesta fase, podem ser desenvolvidos indicadores específicos que possam ser usados para medir cada objetivo. Este modo é relativamente simples e muito flexível (CMP, 2007).

• Análise de Viabilidade de Atributos Chave – nesta proposta devem ser desenvolvidos os atributos ecológicos chave específicos (AECs) para cada alvo e indicadores específicos. Então determina-se um intervalo de variação aceitável para cada indicador, ou, em outras palavras, para determinar como seria um alvo saudável. Para isso, o método requer que seja especificado o status atual de cada indicador, bem como o status futuro desejado. Assim, o status futuro desejado para todos os atributos torna-se o objetivo desse alvo.

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Este método é mais sistemático e permite comparações ao longo do tempo, entretanto, mas é mais complexo para projetar e implementar (CMP, 2007). Nesta tese optou-se por trabalhar com a análise de viabilidade simples, estando os objetivos de cada alvo apresentados no quadro 15 e 16.

Quadro 15: Objetivos traçados para cada alvo de conservação Alvos de

Conservação Objetivos dos alvos

(1)

Qualidade do Ar Garantir a qualidade do ar no Município de Santos

Qualidade de solo e sedimentos

Manutenção da qualidade do solo e do sedimento da área portuária e do município de Santos, sobretudo na interface Porto-Cidade

Qualidade da Água e Recursos Hídricos

Garantir a qualidade da água do estuário e do mar satisfatória, com especial atenção à região da Ponta da Praia - Santos

Balneabilidade das praias

Garantir a balneabilidade das praias do município, com especial atenção à região da Ponta da Praia - Santos

Recurso pesqueiro Garantir a qualidade do recurso pesqueiro no estuário Santista

(1) “Os objetivos estão relacionados com os alvos do projeto e representam a condição desejada no longo prazo – são declarações formais dos impactos que você deseja alcançar” CMP, 2007

Fonte: Autora, 2017

Quadro 16: Objetivos traçados para cada alvo de bem-estar humano Alvos de

Bem-estar humano Objetivos específicos

(1)

Saúde e Bem-estar Promover a saúde e o bem-estar da população

Pesca artesanal Fomentar e ampliar a pesca artesanal

Vias públicas Garantir a qualidade das vias públicas do

município Mobilidade urbana (deslocamentos

municipais e intermunicipais)

Garantir meios para o deslocamento da população e cargas

Áreas para lazer e esportes náuticos Manter área de lazer e esportes náuticos desobstruída e em boa qualidade

(1) “Os objetivos estão relacionados com os alvos do projeto e representam a condição desejada no longo prazo – são declarações formais dos impactos que você deseja alcançar” CMP, 2007

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No documento Tese VivianFMMerola PortoSts Sustentabilidade (páginas 156-162)