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Depois da Porteira (Outputs/Saídas)

No documento Download/Open (páginas 162-165)

5.6 Caracterização da Cadeia Produtiva de Caju da Guiné-Bissau

5.6.3 Depois da Porteira (Outputs/Saídas)

Numa concepção sistêmica, outputs, saídas ou atividades depois da porteira, compreende um conjunto resultados e/ou produtos (físicos ou não), frutos de diversas atividades ocorridas sequencialmente, nas etapas de produção e fornecimento de insumos e matéria prima (atividades antes da porteira), como também a etapa de transformação primária (atividades dentro da porteira).No agronegócio, essa etapa (depois da porteira), no entanto, envolve a produção industrial (processamento e beneficiamento), que absorve matéria prima oriunda da transformação primária e engloba também, todo o processo de comercialização e distribuição. No entanto, este tópico tem como objetivo discorrer e descrever detalhadamente, sobre produção, distribuição e comercialização do produto final gerado pelo sistema produtivo de caju na Guiné-Bissau, isto é, a amêndoa da castanha de caju (ACC).

Processamento e Beneficiamento da ACC

No processo de beneficiamento, a matéria prima (CCC) é adquirida pelos atravessadores (comerciantes) junto aos agricultores, e repassada para indústrias, onde elas são processadas, fritadas, torradas e embaladas para a venda. Além da

castanha de caju, existe fábricas que também atuam na exploração do pedúnculo, produzindo cajuína.

Contudo, de acordo com o diretor do centro de promoção de caju (CPC) a matéria prima é muito escassa para a atividade de beneficiamento da castanha de caju na Guiné-Bissau. Segundo ele, as fábricas não conseguem garantir quantidades suficientes de CCC necessário para stock anual diante de sua capacidade de 10% instalada.

A mão de obra empregada nas fábricas para atividades simples é predominantemente analfabeta e semianalfabeta, embora também existir funcionários com instrução do nível básico. Para atividades complexas, constatou-se que são importados de outros países os profissionais técnicos e especializados.

No segmento de beneficiamento da castanha de caju, as fábricas utilizam em suas estruturas produtivas, os recursos hídricos produzidos e distribuídos no país pelo Estado. Na opinião do presidente da ANCA-GB, diretor de CPC e o presidente da ANAG-GB, tais recursos são muito caros. As fábricas possuem seus próprios cisternas e geradores de energia elétrica para suas operações, uma vez que a matriz energética do Estado é cara e ineficiente para atividades industriais. Os maquinários e outros equipamentos das fabricas também, são igualmente importados.

Conforme o diretor do CPC, após o beneficiamento, as amêndoas são secadas, armazenadas conforme as regras científicas e embaladas para serem submetidas a uma inspeção da qualidade, de forma a verificar, se o produto atende os padrões mínimos exigidos no mercado internacional. Quando inspecionadas e aceitas, recebem um selo de qualidade ou certificado, autorizando assim a sua exportação.

Comercialização e Distribuição do ACC

De acordo com os documentos analisados e os dirigentes entrevistados, a média de 1,8% de ACC beneficiadas entre 2006-2013, são destinadas à mercados Europeus. A nível externo, o produto (ACC) é adquirido por outras indústrias torrefadoras, de bolos, bolachas, doces, padarias etc. No plano doméstico, segundo o DRG8 (diretor do CPC) ―não é deixado nada (ACC e cajuína) para vender no país, uma vez que o público não tem hábito de ―pagar‖ pelo consumo desses produtos. E,

também, pela sua baixa renda‖. Diante disso, corroborando a afirmativa do DRG8, o (DRG3), afirma o seguinte:

Na comercialização de ACC e cajuínas beneficiadas e processadas, o foco continuará sendo exportação porque a maioria de castanha beneficiada não poderá ser consumida no país. E é isso que nos diferencia do Brasil e Índia, pois nesses países, faz-se pouca exportação de amêndoas de castanha de caju, uma vez que existe um enorme mercado consumidor a nível interno‖. Corroborando a afirmação de Mendes, o presidente de ANAG-GB, afirma o seguinte ―nós aqui não temos a tradição de consumir muita ACC. Mesmo que descascarmos ou beneficiarmos apenas 50 toneladas de CCC, não teremos pessoas suficientes para consumi-las. Dessa forma, vamos continuar apostando na exportação, porém será feito com mais valia (produto valorizado).18

De acordo o presidente de ANCA-GB e diretor do CPC, neste estágio, a transação comercial envolve também os intermediários do tipo ―corretores/traders‖, isto é, agentes que trabalham na intermediação comercial entre as indústrias e os potenciais compradores internacionais.

Os preços do ACC são estabelecidos pelo mercado, tendo em conta as flutuações da demanda, mudança de hábito e preferência dos consumidores, como também, pela qualidade do produto. A forma de transação comercial, é por meio de intermediários e pagamento por via contratos assinados entre as partes. O quadro 15 mostra a estratégia de fixação de preço de ACC pelos beneficiadores, segundo os dirigentes/gestores do setor, entrevistados.

Quadro 15: Estratégia de fixação de preço de ACC e outros derivados de CCC, pela indústria.

Estratégia de Fixação de Preço de Amêndoas de castanha de caju/ACC

Frequência % Demanda do Mercado 11 100% Estoque especulativo 0 0% Qualidade 0 0% Quantidade 0 0% Ambos 0 0% Outros. Quais? 0 0%

Fonte: Elaborado pelo autor (2018).

O quadro 15 mostra a ausência de interferência do Estado na fixação de preços das amêndoas, sobre as indústrias de beneficiamento. Os preços, são,

18

Entrevista concedida pelo presidente de ANCA-GB (DRG3). Entrevista III [08 de Janeiro de 2017]. Entrevistador: Alfa I. S. Samate. Bissau, 2017. Arquivo III mp3, 29:33 minutos – 28,6 MB.

portanto, flutuantes de acordo com as variações de demanda e oferta, mudança de habito, preferência dos consumidores e substitutos. Portanto, pode-se concluir que de acordo com os dirigentes entrevistados, o segmento industrial envolve elevados custos de produzir e exportar amêndoas e cajuínas, podendo estes serem possíveis razões do país apresentar um desempenho muito abaixo das demais nações. Assim, a dificuldade de obter matéria prima em quantidade necessária para stock anual das fábricas, custo elevado de energia, água, mão de obra e falta de investimento, são hipóteses colocadas pelos dirigentes e alguns agricultores entrevistados como gargalos desse segmento (indústria). Contudo, tais hipóteses serão avaliadas e analisadas ao longo do decorrer das análises e discussões.

Após uma breve descrição das atividades antes, dentro e depois da porteira, ou seja, inputs, transformer and outputs, da cadeia produtiva da CCC e derivados da Guiné-Bissau, os tópicos que se seguem, irão trazer resultados específicos das variáveis ou categorias analíticas internas. Também, serão efetuadas a análise e discussão das mesmas de forma a responder genérica e detalhadamente possível, os objetivos da presente pesquisa.

No documento Download/Open (páginas 162-165)