• Nenhum resultado encontrado

4.6 Caracterização dos dados do Boletim de Ocorrência

4.6.4 Desacato

De acordo com o Artigo 331 do Código Penal Brasil (BRASIL, 2016), é considerado crime “desacatar funcionário público no exercício da função ou em razão dela”89;

nos casos em análise, o ato infracional de desacato também foi cometido pelos adolescentes entre os anos de 2014 e 2015, em inúmeros estabelecimentos escolares municipais e estaduais de Belo Horizonte.

Foram registrados um total de 55 Botins de Ocorrência. Desses, 15 evidenciam ações de desacato que tiveram como foco a “direção das escolas” ao intervirem naquelas situações de indisciplina e/ou descumprimento das normas escolares fora da sala de aula. Ao se deparar com essas situações, a direção relembra a “regra” descumprida pelo aluno em questão, solicitando a ele que a cumpra; perante a admoestação, de acordo com os registros dos BOs, o adolescente desobedecia a ordem da direção, ao mesmo tempo em que emitia insultos e ofensas em sua direção.

“No local, em contato com a vítima diretor da Escola Municipal [...] situada no local do fato, este em companhia do guarda municipal, também de serviço na escola, estes nos relataram o seguinte: nesta data pela manhã, enquanto os demais alunos da escola adentraram às salas de aula do colégio, o menor de nome teria que aguardar na sala da direção até a chegada dos pais ou responsável, onde estes seriam informados sobre a conduta frequente do referido menor, onde segundo o [...], o menor tem agido com atos de indisciplina no interior do colégio. Enquanto o menor [deveria] aguardava a presença dos pais, desobedecendo uma determinação do diretor da escola, seguiu sentido ao pátio da escola, sendo acompanhado pelo diretor Sr. que a todo momento dizia ao menor [...] que retornasse até a sala da direção, onde neste momento, o menor [...] virou e disse ao diretor [...]: ‘você não é nada, você não é homem pra mandar em mim’, sendo que toda a ação do menor foi acompanhada pelo guarda municipal, com a chegada policial, o menor já se encontrava na sala da direção, onde a todo momento dizia: ‘eu já rodei no 157, isso aí não dá nada pra mim’. O diretor, nos informou que em data anterior, já tentou contato com a mãe do referido menor, contudo sem êxito no comparecimento da mãe até a referida escola para tomar conhecimento da situação. Diante dos fatos,

89 No caso de um adulto praticar tal ação, ele será punido com sanção (pena) de “detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, ou multa” (BRASIL, 2016).

encaminhamos todas as partes até esta especializada, onde as partes ficaram à disposição.” (BO-41).

Em alguns casos, foi necessária a intervenção policial para que o adolescente cumprisse a ordem preestabelecida.

“De acordo com a vítima Srª [...], na data de hoje por volta das 07:00 horas, horário de entrada dos alunos, o aluno em evidência, queria entrar no colégio sem a camisa de uniforme desta escola, sendo que esta estava enrolada no pescoço deste aluno, segundo a diretora orientou ao aluno que não poderia entrar sem a camisa do uniforme, ainda de acordo com a diretora o aluno insistiu dizendo ‘vou entrar sim’ porém esta teria se posto à frente do aluno com os braços abertos afirmando que não iria entrar sem a camisa do colégio, neste momento o aluno falou ‘vai tomar no cu’, de acordo com a Srª [...] afirmou agora que você não vai entrar mesmo e novamente o aluno voltou a dizer, ‘vai tomar no seu cu’ e adentrou ao colégio e foi para sala de aula, que só saiu da sala na presença da polícia militar. Diante do exposto foi solicitado a presença da mãe que acompanhou toda ocorrência, trago a vossa presença, vítima autor e a responsável pelo autor por ser este menor de idade, para medidas cabíveis.” (BO-1).

A direção ainda intercedeu em outros quadros de comportamentos inadequados cometidos por adolescentes nos intervalos entre as aulas, no recreio; seja no pátio e/ou nos corredores das escolas. Assim como narrado acima, a reação do aluno foi de afronta e desacato.

“Segundo alegações do senhor, diretor da Escola Estadual [...], ao chamar a atenção da Aluna [...], pedindo para que ela entrasse para sala de aula, esta se irritou e passou a ofendê-lo e desacatá-lo, dizendo: ‘Você não vale nada nesta escola, é um diretorzinho de merda, um folgado um desgraçado’. Fato este que já aconteceu em outras oportunidades, contudo sem registros de ocorrências anteriores. Segundo alegações da aluna [...], na data de hoje, apenas chamou o diretor de folgado, e mais nada. Foi feito contato telefônico com a senhora, responsável pela menor, porém esta não acompanhou o registro do boletim de ocorrência. Encaminho a vossas presenças as partes envolvidas.” (BO-24).

“Comparecemos a Escola Estadual [...], onde fizemos contato com a diretora, na ocasião esta relatou que caminhava pelo pátio da escola, momento que visualizou a aluna [...] fora de sala de aula. Ao questionar o motivo da ausência da aula, a aluna disse que iria ao banheiro, contudo, a escola para controlar os alunos, disponibiliza crachás aos professores para quando os alunos necessitarem descolar até os sanitários pegam o crachá com o professor. Ao ser questionada novamente do crachá, a aluna respondeu que estava com o professor, a diretora pediu para que a aluna pegasse o crachá com o professor e se retirou, a aluna disse que iria fazer xixi na boca da Srª [...] e disse que era uma vagabunda, a Srª [...] não ouviu o desacato, mas foi avisada pelo afronte da aluna, neste momento a Srª [...] foi até a aluna para [...] o ela tinha dito sobre sua pessoa, a aluna novamente repetiu em alto e bom tom

na frente da testemunha que iria fazer xixi na boca dela e que ela é uma vagabunda. Durante o atendimento a ocorrência a direção da escola tentou contato com os pais da aluna [...], contudo sem êxito. A testemunha não acompanhou a ocorrência pelo fato de ter ficado responsável pela escola. Diante dos fatos foi acionado a patrulha escolar para tomar as providencias e trazido a esta especializada. Registro para providencias.” (BO-9).

Em algumas ocasiões, quando solicitada pelos professores ou alunos para mediar algum caso que envolvia uma ação delituosa de outro adolescente, a direção também era alvo de impropérios e desqualificações por parte do jovem infrator.

“Comparemos a Escola Estadual [...], onde fizemos contato com a diretora, onde esta relatou que a aluna [...] a procurou devido o aluno conduzido [...], ter desferido um tapa em seu quadril e que não gostou de tal atitude e repassou o fato a direção da escola e dispensou providencias policiais, que a diretora foi até a sala de aula para averiguar os fatos e conversar com o aluno, sendo que em sala de aula e na presença de todos os alunos o conduzido [...] disse para a diretora: ‘vai se fuder diretora’, então a senhora [...] pediu que ele a acompanhasse até a sala da direção, porém o aluno disse que não iria sair da sala e que nem o capeta o tiraria da sala de aula, contudo com a nossa presença o aluno se retirou de sala de aula onde conduzimos para esta especializada para providencias. Informo que o pai do aluno Ícaro foi avisado de sua condução a esta especializada.” (BO-12).

“Comparecemos a ‘Escola Estadual [...]’ onde o professor, [...], nos relatou que chegou na sala de aula as 7h00min, momento em que o material escolar dos autores do ato infracional [...] e [...] (1º ano e) já estavam sobre a carteira dos mesmos indicando que já estavam dentro da escola; que os alunos entraram na sala de aula por volta de 7h30min conversando em tom de voz alto e atrapalhando os outros alunos que já estavam em aula; que os menores não levaram o livro o qual o professor havia solicitado na aula anterior e, quando chamou a atenção dos autores, eles começaram a discutir com ele; que ele ordenou que [...] e [...] saíssem da sala de aula e eles se negaram a cumprir a ordem; que, por esse motivo, o professor saiu da sala e acionou a vice diretora, a senhora [...], a qual compareceu à sala de aula e advertiu os alunos. Segundo a senhora [...] fez diversas advertências aos alunos e os ordenou a sair da sala de aula; que os alunos se negaram a sair e ela resolveu retirar os outros alunos e dividi-los nas demais salas; que, nesse momento o aluno [...] lhe mandou ‘tomar na buceta’ e o aluno [...] começou a enfrenta-la dizendo que ela achava que podia fazer o que quiser na escola, mas que não podia; relata ainda que não tinha a intenção de efetuar o registro do boletim de ocorrência e somente ordenou que os infratores fossem para casa; que, mais uma vez, os autores desobedeceram dizendo que não iriam, sempre em tom grosseiro; que, quando disseram aos autores que iriam acionar a PM, [...] falou que não tinha medo de polícia. Segundo [...] e [...] os dois alunos são reincidentes; que sempre estão desafiando e querendo tirar a autoridade dos educadores frente aos demais alunos. De acordo com os alunos, não desrespeitaram em nenhum momento nem o professor nem a vice-diretora, contudo confirmam que se negaram a sair da escola quando a senhora [...] os deram tal ordem.” (BO-55).

Os “Coordenadores pedagógicos” também foram desrespeitados (verbalmente) pelos adolescentes, num total de 10 registros em BOs. Geralmente, a coordenação interpôs-se na relação com os adolescentes, por conta de (maus) atos praticados fora da sala de aula. Ao serem advertidos, os alunos reagiam negativa e desrespeitosamente em relação à esse profissionais.

“Segundo relato do coordenador da Escola Municipal [...], hoje por volta das 08:00 horas, o aluno [...] se encontrava fora de sala de aula em horário de aula, ao avistar o [...] começou a lhe chamar de cagão por várias vezes. Assim o [...] pediu para o [...] para ir para de aula, mas o [...] contínuo a lhe desacatando lhe chamando de cagão e lhe disse para ir dormir a não pagar de doido. Assim o [...] se sentiu desacatado e humilhado perante outros alunos e funcionários da escola. Segundo relato do [...], realmente ele se encontrava fora de sala de aula e o [...] lhe pediu para ir para sala de aula, sendo que não obedeceu e lhe chamou de cagão.” (BO-4). “Comparecemos no local, e conforme solicitação da (testemunha) diretora da Escola Municipal [...], alegando que nesta data, foi solicitado por um funcionário desta escola sobre uma pichação, feita pela aluna na porta do banheiro, e quando esta chamou a referida aluna para conversar e dar orientações, foi sem motivo aparente desrespeitada, e ofendida verbalmente pela referida aluna com dizeres de baixo calão, na qual foi ofendida e xingada com palavrões, com paciência conseguiu resolver a situação em âmbito local, contudo após a chegada da mãe da outra aluna que teve seu nome e dizeres pichados na referida porta do banheiro, houve um princípio de discussão verbal, e neste momento a coordenadora Srª (vítima) tentou conversar e entender o que ocorria e mais uma vez a aluna Alice descontrolada e agressiva, desferiu palavras de baixo calão contra a pessoa da Srª, e esta nos relatou que com os seguintes dizeres da aluna [...] teve ofendida a dignidade e honra, bem como o desacatado devido o cargo e função exercida nesta escola, com os dizeres ‘é uma coordenadora de merda que não resolve nada’, ‘aqui nesta escola só trabalha vagabunda, desgraçadas’, ‘que não irá obedecer ninguém nesta escola de merda’, pois não obedece nem a própria mãe em casa, não conformada com tais dizeres, a aluna [...]. ainda desferiu dizeres com tom ameaçadores ‘que você [...] vai ver o que vai acontecer!!!’, e também ofendeu verbalmente com dizeres: ‘sua quatro olhos e de gorda’, em conversa com a aluna [...] nos confirmou tal versão da vítima e testemunhas relacionadas em campo especifico, e afirmou está indignada com a vida que leva e que o motivo de tal revolta e inconformismo com todos e falta de atenção da mãe que lhe trata diferente das irmãs, diante dos fatos e solicitação da vítima, registro esta ocorrência e apresento a autora para providências cabíveis e futuros fins. Acrescento que foi respeitado todos os direitos e garantias constitucionais desta autora, e a escola entrou em contato com responsável [...] sobre as providências policiais. Registra-se.” (BO-26).

Diante de situações de indisciplina mais graves ocorridas em sala de aula, o coordenador foi acionado por um professor; lá chegando, ou quando da intervenção deste(a)

coordenador(a) junto da turma e/ou de um aluno específico, ele(a) era afrontado de maneira ríspida por um ou mais adolescentes.

“Segundo relatos da Srª [...], que coordenadora de turno foi acionada por um professor que ministrava aula na sala do aluno [...], relatando que este usava fone de ouvidos e aparelho de telefone celular em sala. Quando a vítima chegou na porta da sala o aluno [...], diz para ela que iria agredi-la com um tapa na cara e a mandando tomar no ‘cu’. A vítima disse que estes fatos vêm ocorrendo corriqueiramente e hoje não foi possível aguentar tanta ameaças solicitante providencias. A direção da escola comunicou a responsável do aluno que está deslocando para esta especializada por meios próprios.” (BO-19).

“Em contato com a senhora coordenadora pedagógica da Escola Municipal [...], relatou que estando no exercício de sua função teria sido desacatada pelo menor [...] (aluno) que por motivo de indisciplina, foi convidado a sair da sala de aula fato este, que gerou todo o ocorrido. Conforme [...], o referido aluno [...] agindo de forma agressiva e com a intenção de denegrir sua imagem como coordenadora da escola, direcionou a ela várias palavras, além de desferir pontapés nas escadarias da escola causando com isso, um grande alvoroço no interior da instituição de ensino. A coordenação da escola, fez contato telefônico com a mãe de [...] que foi informada da situação e orientada a comparecer a esta delegacia afim de acompanhar o filho. Diante do exposto, faço registro para as demais providências.” (BO-43).

Em outros 12 Boletins de Ocorrência, há registros do desacato dos adolescentes para com os “professores”, ao expressarem de maneira ofensiva o desagrado dos primeiros contra a intervenção dos últimos, em relação às suas ações indisciplinadas durante as aulas. A interferência dos professores no comportamento dos alunos, em geral, apoiava-se no exercício de garantir uma melhor ambientação para que as atividades pedagógicas acontecessem.

“Comparecemos a Escola Estadual [...] onde a senhora [...] foi vítima de desacato e ameaça. Segundo relato da vítima, nessa data o autor [...], após ter sido solicitado a fazer silêncio em sala de aula, não gostou da interferência da professora em sua conversa, ocasião em que começou a desafiar a autoridade da vítima dizendo que ela não mandava nele. Foi solicitado ao aluno que saísse de sala e se deslocasse até a diretoria. O aluno se levantou e antes de sair de sala, juntamente com a vítima, disse as seguintes palavras a ela: ‘vai tomar no seu cu, que porra, você vai ver’. Ao chegarem na sala direção o autor continuou desacatando a vítima, mesmo com o diretor da escola pedindo para que ele parasse. Ao questionar o autor sobre os fatos, ele confirmou que desacatou a professora, porém não a ameaçou e que a expressão: ‘você vai ver’ no seu ponto de vista não foi dita com o objetivo de ameaçá-la. A professora [...] acompanhou a ocorrência na condição de responsável legal pelo aluno até o comparecimento da senhora [...], avó do autor. Segundo relato da direção da escola, não é a primeira vez que o aluno apresenta comportamento desrespeitoso com os professores. Diante do exposto conduzimos as partes a essa

delegacia para conhecimento e demais providências da autoridade policial.” (BO- 15).

“Segundo a professora que trabalha na Escola Municipal [...], quando estava na sala de aula aplicando uma prova para a turma do oitavo ano, quando a aluna [...] começou a perturbar os outros alunos, tirando a atenção deles durante a prova, a professora a advertiu várias vezes para que ficasse quieta para não ficar atrapalhando os colegas de sala. Nisso a conduzida [...] começou a ofendê-la com palavras grosseiras, falando para ela ‘ir tomar no cu’, e falou que a professora e uma piranha que faz programas depois da aula para ganhar mais dinheiro. A conduzida [...] ficou irritada e começou ameaça-la quando a professora [...] a chamou de minha filha, que a conduzida falou que ela fosse sua mãe já teria te matado, a professora retrucou falando que ela fosse a sua mãe ela teria educação. Diante dos fatos trago a vossa presença para as providencias cabíveis.” (BO-49).

Também houve interferências dos professores diante de ações dos adolescentes, externas à sala de aula, que se mostraram divergentes daquelas previstas nas normas escolares. As reações de descortesia e de desafeto dos alunos diante das intervenções docentes podem ser observadas abaixo.

“Empenhados pelo COPOM comparecemos ao local e fizemos contato com a Srª [...], professora da Escola Estadual [...]; nos informou que a aluna [...], nesta data tentou sair da escola juntamente com outros alunos, em horário de aula, momento em que foi impedida pela diretora, a aluna passou a desacatar a professora dizendo: você trabalha a noite. A professora perguntou a aluna: quem trabalha a noite? A aluna respondeu: prostituta e puta. A aluna confirmou os dizeres. Diante do exposto, o desacato aconteceu em virtude da posição da professora, no exercício do serviço público. As partes estão sendo apresentadas nesta especializada, sendo que a menor está sendo acompanhada de seu representante legal Sr [...].” (BO-6).

“No local, segundo dizeres da vítima, Srª [...], hoje por volta 16:50 hora, no interior da Escola Municipal [...] onde é professora, o menor de nome [...] de quinze anos, veio até a sua sala de aula, onde a professora estava lecionando para meninos do sétimo ano, vindo agredir e desacatar a professora com palavras de baixo calão e gestos obscenos do lado de fora da sala próximo da janela, e assim que a referida saiu da sala de aula até a coordenação para providencias, o menor continuou utilizando palavras de baixo calão e seguindo-a até a coordenação. Segundo relato do menor, que realmente houve o desacato, porém não teve gestos obscenos, motivo pelo qual a professora havia o chamado de palhaço e após ser solicitado acompanhar coordenadoria, que deslocou utilizando palavras de baixo calão, devido a professora também utilizar dizeres de palhaço, e que segundo o menor no momento do fato estava em atividade extra (oficina de ciência) e que vários alunos da sala dele presenciou o fato. Os pais do menor acompanharam o BO.” (BO-45).

Além dos professores, da direção e da coordenação, alguns outros “funcionários” que exerciam a função de porteiro, de auxiliar de cozinha da escola, por exemplo, foram alvo de afrontas e insultos por parte dos adolescentes. Essas ações aconteceram fora da sala de aula, em períodos geralmente de entrada dos alunos.

Houve caso de tentativa do adolescente de adentrar a escola, apesar de ele estar atrasado ou não devidamente uniformizado. Ambas as situações são contrárias ao regimento das respectivas escolas; o funcionário responsável, portanto, ao negar a entrada do adolescente, estava cumprindo o estabelecido pela norma escolar. Os adolescentes, ao se haverem com o exercício desta norma, reagiram intempestivamente e manifestaram seu descontentamento com a situação – de ter sua entrada na escola negada –, direcionando palavras de baixo calão aos funcionários da escola.

“Ao chegarmos na Escola Estadual [...] para realizar o patrulhamento da entrada de alunos do turno da tarde, deparamos com o menor [...] discutindo com o funcionário que trabalha na portaria da escola, em seguida o menor muito agressivo desferiu um tapa no rosto do funcionário que teve seus óculos arremessado ao chão vindo a danifica-lo. O funcionário alega que a discussão se deu quando pediu para o menor entrar para escola, pois o sinal de entrada já havia sido acionado; não obedecendo ao funcionário fez gestos obscenos com o dedo médio da mão e mandou ele tomar no ‘cú’. As agressões só não continuaram devido a chegada da guarnição, pois o menor ainda continuou muito exaltado querendo agredir o funcionário da escola.” (BO-10).

“Comparecemos a Escola Municipal [...], onde segundo a funcionária [...], após advertir o aluno [...] que ele não poderia acessar a escola sem o uniforme, conforme o regulamento do educandário, ela foi ofendida pelo mesmo que a chamou de ‘desgraça’ e proferiu para ela frases de baixo calão. Foi feito contato com a mãe de [...], que o acompanha nesta delegacia.” (BO-34).

No tempo do recreio, situações de desacato a funcionários da escola também foram registradas. Ao perceber a realização de uma ação indevida de um aluno, o funcionário interpôs- se imediatamente; em seguida, o adolescente dirigiu uma fala desrespeitosa para ele.

“Acionados pelo CICOP, comparecemos ao local do fato, onde a Srª [...] nos relatou que estava monitorando uma sala de aula na Escola Estadual [...], quando interpelou um aluno acerca de seu comportamento. Este aluno, a respondeu com o seguinte impropério: ‘vai tomar no cu’ e em seguida ‘eu sou é da Cabana, e conheço os bandidos tudo de lá’, diante do acontecimento esta levou a situação ao seu supervisor acima relacionado como testemunha, e o menor confirmou seus dizeres. Diante do exposto conduzimos as partes a presença de autoridade de polícia judiciária, para uma possível continuação da persecução criminal e elucidação apurada dos fatos.” (BO-14).

“Comparecemos a Escola Estadual [...], onde fizemos contato com a Srª [...], cantineira da referida escola. Esta relatou que tem ordem da direção da escola, para que ao servir a merenda em certa quantidade para cada prato, até que todos os alunos sejam servidos e após servir novamente quem interessar em repetir e que o aluno [...] não aceitou a quantidade a ele servido e pegou o alimento dos outros pratos e