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Desconhecendo o acontecido, a autora tentou abrir uma conta-corrente na Caixa

11 Gediel Claudino de Araujo Júnior OAB/SP 000

3. Desconhecendo o acontecido, a autora tentou abrir uma conta-corrente na Caixa

Econômica Federal, agência de Mogi das Cruzes, sendo impedida em razão de seu nome estar negativado no Serasa e SPC, devido, segundo lhe informaram, à devolução de cheques de uma conta-corrente mantida no banco réu. Naquele momento, seu embaraço foi muito grande, vez que se viu impedida de realizar seu desiderato e ainda viu questionada a sua boa fama, vez que ninguém acreditou quando afirmou que não possuía a referida conta-corrente. 4. Com escopo de descobrir o que estava ocorrendo, a requerente pediu certidão junto ao SERASA e SPC, anexas, assim como procurou a agência do Banco D. em Mogi das Cruzes, onde foi informada de que nada poderia ser feito. Diante deste fato, lavrou boletim de ocorrência (anexo). 5. A negativação no Serasa e no SPC teve um efeito devastador na vida da autora, vez que além dos prejuízos à sua boa honra, teve como consequência impedir o seu acesso a crédito, fato que vem tornando sua vida pessoal muito mais difícil.

Ante o exposto, considerando que a pretensão da autora encontra arrimo nos arts. 6o,

VI, 14 e 17 da Lei no 8.078/90, requer:

a) os benefícios da justiça gratuita, uma vez que se declara pobre no sentido jurídico do termo, conforme declaração anexa;

b) seja concedido liminar no sentido de determinar ao Serasa e SPC que “suspendam” os registros de inadimplência do CPF 000.000.000-00, lançados no nome de C. D. S., mas pertencente à requerente, fato que encontra-se provado nos documentos juntados a esta petição, em especial: ofício da Receita Federal que confirma a quem pertence o referido CPF; certidão expedida pelo SPC que mostra ser devedora a pessoa da C. D. S., mencionando, no entanto, o número de CPF da autora; ofícios expedidos pelas corrés que indicam como devedora a pessoa de C. D. S.;

c) a citação dos réus, na pessoa de seus representantes legais, para que, querendo, apresentem resposta no prazo legal, sob pena de sujeitarem-se aos efeitos da revelia;

d) seja declarada a inexistência de qualquer negócio jurídico pendente entre a autora e as corrés, determinando-se que procedam com as devidas retificações em seus registros e em qualquer outro órgão onde tenham porventura feito registro de inadimplência do CPF 000.000.000-00, pertencente à autora, em especial o Serasa e SPC;

e) seja o Banco D. S.A., que abriu conta-corrente de uma pessoa que estava usando CPF de outra e lhe entregou talão de cheques, condenado a pagar indenização por danos morais no valor total de R$ 100.000,00 (cem mil reais). Tal valor se justifica em razão do poder econômico do banco, bem como pelo tamanho dos problemas e transtornos causados à autora, dificuldades que, registre-se, podem ainda não ter terminado em razão do grande número de cheques emitidos; foram dois talões.

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Provará o que for necessário, usando de todos os meios permitidos em direito, em especial pela juntada de documentos (anexos), oitiva de testemunhas e depoimento pessoal dos representantes dos réus.

Nos termos do art. 319, VII, do CPC, a requerente registra que “tem interesse na designação de audiência de conciliação”. Dá-se ao feito o valor de R$ 150.000,00 (cem e cinquenta mil reais). Termos em que p. deferimento. Mogi das Cruzes, 00 de agosto de 0000. Gediel Claudino de Araujo Júnior OAB/SP 000.000

TERCEIRO MODELO (ação buscando declaração de nulidade de cláusula em

convênio médico, com pedido liminar de autorização para realização de

transplante de medula)

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da __ Vara Cível da Comarca de

Mogi das Cruzes, São Paulo.

S. F. S., brasileiro, menor impúbere, portador do RG 00.000.000-0SSP/SP, representado por sua genitora M. L. F., brasileira, casada, desempregada, portadora do RG 00.000.000- SSP/SP e do CPF 000.000.000.00, titular do e-mail mlf@gsa.com.br, residente e domiciliada na Rua Tenente Alcides Machado, no 00, Mogilar, cidade de Mogi das Cruzes-SP, CEP 00000-

000, por seu Advogado que esta subscreve (mandato incluso), com escritório na Rua Francisco Martins, no 00, Centro, Mogi das Cruzes-SP, CEP 00000-000, onde recebe intimações (e-mail:

gediel@gsa.com.br), vem à presença de Vossa Excelência propor ação declaratória de

nulidade de cláusula contratual, observando-se o procedimento comum, “com pedido de

liminar” (art. 300, CPC), em face de A. A. M. I. LTDA., inscrita no CNPJ 00.000.000/0000-00,

situada na Avenida Nove de Julho, no 00, bairro Jardim Paulista, cidade de São Paulo-SP, CEP

00000-000, pelos motivos de fato e de direito a seguir expostos: Dos fatos:

“CÂNCER INFANTIL”, ou mais precisamente LLA – Leucemia Linfoblástica Aguda. Para maior clareza deste douto Juízo, pede-se vênia para repetir as palavras da pediatra E. C. S. sobre a natureza deste tipo de câncer: “leucemia é o câncer dos glóbulos brancos que são produzidos na

medula óssea. Por alguma razão, algo acontece de errado (uma mutação) que o organismo não consegue corrigir e a célula alterada, chamada de blasto, começa a se multiplicar dentro da medula óssea substituindo o tecido normal que produz sangue e elementos para coagulação. Estes blastos começam a sair para a circulação sanguínea, onde são detectados”.

Para se entender o efeito de tal doença sobre uma criança de 2 (dois) anos, basta se lembrar que o tratamento tradicional para leucemia é à base de quimioterapia.

Após ser diagnosticado, o autor S. iniciou longo, difícil e doloroso tratamento, que, na verdade, dura até hoje; ou seja, o menor vive a “sua rotina” de portador de câncer há mais de 10 (dez) anos.

Neste período foram inúmeras internações, várias operações e longos períodos de quimioterapia, que o paciente tem suportado com grandeza só mesmo existente em crianças tão especiais, portadoras de CORAGEM ímpar.

Entretanto toda esta “enorme” luta pela vida pode estar chegando ao fim. Com efeito, não

obstante todo o esforço pessoal do paciente e de sua equipe médica, a doença evoluiu para uma situação crítica, onde o transplante de medula óssea se mostra como única possibilidade de sobrevivência.

Pede-se vênia para citarem-se textualmente as palavras da médica C. M. L. C., oncologista responsável pelo caso, in verbis: “devido a evolução do paciente com sucessivas

recaídas, sendo a última em medula óssea, está formalmente indicado transplante de medula óssea alogênico como a ÚNICA ALTERNATIVA DE TRATAMENTO CURATIVO para o paciente. Caso o procedimento não seja realizado a chance de cura do paciente é nula, não tendo sentido manter a quimioterapia”.

Em casos dramáticos como o do autor, muitas vezes o paciente morre por falta de doador, porém este tem mais sorte, por assim dizer, vez que sua mãe, que o representa neste feito, é compatível; ou seja, pode ser a sua doadora.

Consultada, a ré A., que assumiu a administração da carteira do grupo onde está inserido o autor a partir de abril de 0000 (ASFER – Associação dos Ferroviários CPTM), procurou primeiro colocar todo tipo de embaraço, inclusive negando-se a dar uma resposta formal ao pedido de autorização para o transplante, contudo acabou anotando num pedido formal do Hospital do Câncer, onde o menor faz o tratamento, que o procedimento estava “indeferido por exclusão contratual”.

Da relação de consumo:

Ab initio, é prudente registrar-se que a relação que existe entre o autor e a ré tem

natureza consumerista, a teor dos arts. 2o e 3o da Lei no 8.078/90 (Código de Defesa do

Consumidor), haja vista que a ré prestou, e presta, serviços médicos mediante remuneração (contrato de adesão).

Não havendo dúvidas quanto à natureza da relação jurídica que existe entre as partes, é oportuno, por cautela, mormente ao se considerar a situação delicada em que se encontra o menor S. F., ressaltarem-se as palavras do mestre Nelson Nery sobre o caráter das normas estabelecidas no CDC, in verbis:

“As normas do CDC são ex vi legis de ordem pública, de sorte que o juiz deve apreciar de ofício qualquer questão relativa às relações de consumo, já que não incide nesta matéria o princípio do dispositivo. Sobre elas não se opera a preclusão e as questões que dela surgem podem ser decididas e revistas a qualquer tempo e grau de jurisdição. V. Nery, DC 3/51” (Código Civil anotado e legislação extravagante, Nelson

Nery e Rosa Maria de Andrade Nery, Revista dos Tribunais, 2a edição, p. 906).

Da nulidade da cláusula contratual:

Como já se disse, a ré A. indeferiu o procedimento requerido pelo médico responsável pelo tratamento do autor, envolvendo o transplante de medula óssea, sob o argumento de “exclusão contratual”. Com efeito, segundo contrato de adesão fornecido “nesta última semana” para a representante do paciente, cláusula quinta, art. 5.1, inciso V, o plano A. EMPRESA não cobre, exclui, “qualquer outro tipo de transplante, que não o de córnea ou de

rim”.

Douto Magistrado, a referida cláusula é NULA e não tem qualquer valor legal.

Primeiro, há que se considerar que a ré A. assumiu apenas em abril de 0000 a administração da carteira onde está inserido o menor, ligado à ASFER – Associação dos Ferroviários CPTM, sendo que a administradora anterior, S. A., dava plena e completa cobertura ao tipo de transplante necessário ao tratamento do autor.

O autor desconhece os termos em que ocorreu a alienação da carteira da S. A. para a ré A., contudo quaisquer que tenham sido estes, não podem em quaisquer hipóteses representar prejuízo para o paciente, principalmente, como ocorre no presente caso, já estando ele há longa data em tratamento.

A Resolução RDC 82, de 16.08.2001, da ANS é explícita sobre o tema:

simbólico, devendo a disputa ocorrer em função de condições econômico- financeiras mais vantajosas para os consumidores vinculados à carteira” (grifo nosso).

“Art. 21. O novo contrato não poderá impor carências ou cobertura parcial temporária aos beneficiários da carteira alienada, exceto com relação às carências ainda não cumpridas e coberturas não previstas no contrato anterior, quando tal informação estiver disponível.”

Em outras palavras, a ré A. é responsável pelos custos do tratamento do paciente S. F., inclusive e, agora, principalmente o transplante de medula óssea, porque tal direito já lhe era garantido anteriormente.

Segundo, a referida cláusula que exclui a cobertura é nula porque contraria preceitos

expressos do CDC.

Ab initio deve-se lembrar do princípio consumerista da “vulnerabilidade” do

consumidor, que, lato sensu, justifica toda a proteção a ele dispensada. Sobre o tema, merecem menção as palavras da professora Roberta Densa, no seu livro Direito do consumidor, da Editora Atlas, 2005, in verbis:

“Tendo em vista haver desequilíbrio nas relações entre consumidor e fornecedor, pretende o legislador igualar esta equação, deixando claro que a parte mais fraca é o consumidor e que este deve ser protegido. A presunção de vulnerabilidade do consumidor é decorrente de lei e não admite prova em contrário. A doutrina aponta para três tipos de vulnerabilidade do consumidor quais sejam: técnica, o consumidor não possui conhecimentos específicos sobre o objeto que está adquirindo, tanto no que diz respeito às características do produto quanto no que diz respeito à utilidade do produto ou serviço; jurídica, reconhece o legislador que o consumidor não possui conhecimentos jurídicos, de contabilidade ou de economia para esclarecimentos, por exemplo, do contrato que está assinando ou se os juros cobrados estão em consonância com o combinado; fática (ou

socioeconômica), baseia-se no reconhecimento de que o consumidor é o elo fraco

da corrente, e que o fornecedor encontra-se em posição de supremacia, sendo o detentor do poder econômico.”

Ora, sabendo-se da vulnerabilidade do consumidor, seja técnica, jurídica ou fática, NECESSÁRIO que ele seja EFETIVAMENTE protegido contra práticas e cláusulas abusivas impostas no fornecimento de produtos ou serviços. Neste sentido, pede-se vênia para citar-se, uma vez mais, o CDC, in verbis:

“Art. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviços que:

IV – estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada, ou sejam incompatíveis com a boa-fé ou equidade;

§ 1o Presume-se exagerada, entre outros casos, a vantagem que:

II – restringe direitos ou obrigações fundamentais inerentes à natureza do contrato, de tal modo a ameaçar seu objeto ou o equilíbrio contratual;”

Quem adere ao um plano de saúde procura, basicamente, fugir da precariedade do serviço público oferecido pelo Estado, onde infelizmente se vê pessoas morrendo “na fila”, aguardando por uma consulta, por um exame, por uma internação etc. Procura, ademais, atendimento integral e de “qualidade” num caso eventual de doença. Veja-se bem, o consumidor ao contratar os serviços de saúde não sabe que doença eventualmente terá, mas quer, busca, paga, para ter um atendimento integral contra qualquer tipo de doença.

Neste sentido, vejam-se as sábias palavras do Juiz Núncio Theophilo Neto, proferidas recentemente em caso semelhante a este e publicado no CONJUR em 00-00-0000, in verbis: “a

verdade é que se adere a um plano de saúde visando a obtenção de assistência à saúde negligenciada pelo estado e fora do sistema gerido por ele; busca-se uma alternativa custeada pelo esforço individual (não bastasse o pagamento dos tributos), exatamente para que em caso de doença não se tenha de buscar socorro num sistema que é, no mínimo, ineficiente, e que submete diariamente milhões de infelizes à ausência de praticamente tudo (leitos, equipamentos, medicamentos, profissionais etc.)”.

O consumidor pode entender e negociar se o atendimento será em “enfermaria” ou em “quarto particular”, mas não tem como prever, discutir, contratar os “tipos” de tratamento que precisará; o consumidor quer é ser “atendido” quando o momento chegar, todo o resto é conversa que ele não entende. Por esta razão, a Justiça já declarou dezenas de vezes “nulas” cláusulas impostas pelas operadoras de plano de saúde, que, sabedoras dos custos que envolvem certos tratamentos, ESPERTAMENTE, maliciosamente, inserem em seus contratos – contratos de adesão, registre-se – cláusulas que afastam a cobertura para estes tratamentos.

O consumidor NÃO SABE, nem tem como saber, mas muitas vezes já está condenado à morte no exato momento em que firma o contrato buscando justamente a vida, a saúde.

Como se vê, a cláusula que afasta a cobertura do transplante de medula óssea é SOB TODOS OS ASPECTOS abusiva e, portanto, nos termos do CDC, “nula”.

cobertura, porque o pretendido transplante hoje já é considerado procedimento de pouca complexidade, fazendo parte natural dos procedimentos que envolvem o tratamento da leucemia.

Veja-se a seguinte jurisprudência do TJSC, in verbis:

“A 3a Câmara de Direito Civil do TJ reformou sentença da Comarca de Joinville e

condenou a Unimed Cooperativa Médica a reembolsar R$ 64,2 mil à Z.C.M.F., correspondente aos serviços médicos a que foi submetido seu esposo N.F.B.F. O marido da autora sofria de leucemia, e, mesmo após o tratamento indicado, inclusive com transplante de medula óssea, veio a falecer. Segundo a esposa, a Unimed não autorizou o procedimento (transplante de medula óssea), e ela teve de arcar com o ônus de todo o procedimento. Para a operadora de plano de saúde, o contrato de prestação de serviços não previa a cobertura de transplante de medula óssea alogênico (quando a medula ou as células provêm de um outro indivíduo). Segundo o relator do processo, desembargador substituto Sérgio Izidoro Heil, o transplante a que foi submetido N. é procedimento composto por punção e transfusão, não podendo ser considerado tecnicamente um transplante, e sim tratamento e, além do que, o plano de saúde contratado, com cobertura hospitalar, deve oferecer cobertura de transplante, porquanto previsto em lei. Além disso, o magistrado lembrou que a relação negocial das partes é regida pelo Código de Defesa do Consumidor, e, por se tratar de um contrato de adesão, interpretam-se as disposições contratuais em favor do consumidor. A decisão foi unânime” (AC no 2005.019146-1, TJSC).

Com efeito, o tratamento do paciente NÃO PODE PARAR em razão de aspectos técnicos e formais ESCONDIDOS em um contrato de adesão. A médica Jussara Mangini comenta, em artigo publicado no site da UNIFESP, que “não pode haver um plano que trate apenas da parte

ambulatorial do indivíduo. Um país sério não pode aceitar uma coisa dessas. Não se pode programar meio conserto do pneu do carro”.

Com efeito, INDISCUTÍVEL a responsabilidade da ré A. pelo pagamento de todos os custos que envolvam, ou venham a envolver, o tratamento do paciente. Neste sentido a jurisprudência, in verbis:

“O plano de saúde pode estabelecer quais doenças estão sendo cobertas, mas não que tipo de tratamento está alcançado para a respectiva cura. Se a patologia está coberta, no caso, o câncer, é inviável vedar a quimioterapia pelo simples fato de ser esta uma das alternativas possíveis para a cura da doença. A abusividade da cláusula reside exatamente nesse preciso aspecto, qual seja, não pode o paciente, em razão de cláusula limitativa, ser impedido de receber tratamento com o método

mais moderno disponível no momento em que instalada a doença coberta” (STJ, REsp 668216-SP, Min. Carlos Alberto Menezes Direito, T3, DJ 2-4-2007, p. 254).

O tratamento do câncer do qual o autor é vítima há longa data prevê o transplante de medula óssea, não sendo mais considerado tratamento experimental ou de extrema complexidade. Na verdade, como afirma a equipe médica, o transplante hoje faz parte do protocolo da doença, não sendo legal, ou mesmo justo com o paciente, que este tratamento seja interrompido.

Nula, por fim, a disposição contratual, vez que afronta direito fundamental do paciente, qual seja: o direito constitucional à vida. O relatório médico juntado a estes autos, fornecido pela já citada Doutora Cecília é claro, evidente, ALARMENTE, in verbis: “caso o procedimento

não seja realizado a chance de cura do paciente é nula”.

Veja-se a seguinte jurisprudência que trata de caso semelhante, in verbis:

“A 3a Câmara de Direito Civil do Tribunal de Justiça reformou sentença da comarca

da Capital e determinou que a Fundação Eletrosul de Previdência e Assistência Social – ELOS libere as guias e os demais procedimentos necessários à realização do transplante de medula óssea em Hugo Leonardo Kirsh, sob pena do pagamento de multa diária de R$ 500,00 pelo descumprimento da decisão. Em 1993, o paciente contratou com a ELOS o plano de saúde da categoria ‘Plano A’ por ser o mais completo. Kirsch é portador de leucemia mioloide aguda, cujo transplante, conforme relatório médico hematológico e oncológico presente nos autos, constitui-se como única alternativa de potencial curativo. Para o relator do processo, desembargador Fernando Carioni, o transplante da medula óssea deve ser classificado como UM TRATAMENTO IMPRESCINDÍVEL, por ser um procedimento através do qual pequena quantidade de medula óssea do doador é retirada, por meio de punção, e injetada na corrente sanguínea do receptor, visando ao combate a um tipo de câncer que ocorre no sangue. ‘Frisa-se que a não cobertura do procedimento prescrito por certo importará na piora do estado de saúde do recorrente e, consequentemente, em risco de morte, diante da gravidade da moléstia’, completou o magistrado ao destacar que o direito fundamental à vida, previsto na Constituição Federal, deve ser preponderante aos de ordem patrimonial” (Agravo de Instrumento no 2006; 037004-6, TJSC).

Em outras palavras, negar ao autor a continuidade de seu tratamento é CONDENÁ-LO A MORTE CERTA. Obviamente que não se pode qualificar a “morte”, afinal morte é morte, é o fim da vida. Mas também não se pode ignorar que o câncer é um tipo de doença que traz uma morte especialmente dolorosa. Sendo assim, negar ao paciente a CONTINUIDADE do seu tratamento – o transplante, como se disse, é parte inerente do tratamento contra leucemia – é

condená-lo a uma morte lenta e com muita dor. Da medida liminar:

Deverá ser concedida, com fundamento no § 3o, do art. 84, do Código de Defesa do

Consumidor, e art. 300 do Código de Processo Civil, medida liminar que imponha à ré A.

obrigação de arcar com “todos” os custos envolvendo o tratamento do autor, em especial todo

o procedimento, inclusive preparatórios, de transplante de medula óssea, devendo LIBERAR IMEDIATAMENTE todas as guias pertinentes, a fim de que o Hospital do Câncer A. C. Camargo possa, também imediatamente, dar início aos procedimentos finais para a realização do denominado “transplante de medula óssea”. A liminar deve mencionar expressamente que a ré A. é a responsável por todos os custos do “procedimento”, inclusive os necessários para a colheita do material junto à doadora da medula, Sra. M. L. F.

Devido à URGÊNCIA da medida, vez que a cada dia, a cada hora, a cada minuto, diminuem as “chances” de cura do paciente, seja tal medida comunicada à ré VIA FAX, bem como seja enviada à Fundação Antônio Prudente, mantenedora do Hospital do Câncer A. C. Camargo, também via FAX, comunicação no sentido de que todos os procedimentos tendentes a efetivar o transplante de medula no menor “S. F. S.” devem ser tomados IMEDIATAMENTE sob a responsabilidade patrimonial da empresa A.