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Péssimo 1 3 4 12,1 Ruim 3 4 7 21,2 Regular 8 4 12 36,4 Bom 5 2 7 21,2 Ótimo 2 1 3 9,1 Total 19 14 33 100,0

A azulejaria portuguesa, disposta nas paredes dos claustros e no interior dos templos religiosos baianos, é considerada de alta qualidade, seja pelo tipo de técnica utilizada, seja pela profusão de informações impressas nos seus quadros, como cenas dos livros do Antigo Testamento, história dos Santos, momentos da vida de cristo, procissões, alegorias dos cinco sentidos, alegorias moralizantes, vistas de Lisboa antes do terremoto, batalhas em sítios históricos, cenas de paisagens bucólicas, e cenas de paisagens do oriente que foram e continuam sendo importante veículo de transmissão do conhecimento, da fé e da conduta moral. O maior acervo de painéis de azulejaria de origem portuguesa, do seculo XVIII, no Brasil, se encontra no conjunto franciscano de Salvador – ordem primeira e Terceira – com destaque para as únicas cenas que representam a capital do reino, Lisboa, antes do terremoto de 1755, que decoram as paredes do claustro e da Sala da Mesa da Ordem Terceira.

Na imaginária se destaca a produção artística do século XVIII, encontrada em todas as igrejas e conventos, produzidas em oficinas locais ou importadas de Portugal, muitas dessas peças se encontram no Museu de Arte Sacra, devido ao mal estado de conservação que se encontram os edifícios religiosos, apresentando, apesar do projeto museográfico do MAS, uma falta de contextualização com a sua função e seu lugar de origem.

Desse mesmo século encontramos a melhor produção em prataria, pinturas de forro e de telas para paredes. No mobiliário merecem ênfase os lavabos em lioz e os arcais encontrados nas sacristias, com destaque para o acervo da Santa Casa de Misericórdia, Catedral, São Francisco e do convento do Carmo.

Do total do acervo disposto nas igrejas e convento, 85,5% apresenta alguma forma de registro realizado pela arquidiocese e/ou pelo IPHAN, por meio do Inventário do Patrimônio Móvel da Bahia. A maioria dos registros ocorre exclusivamente em livros de tombo e fichas catalográficas.

As atividades desenvolvidas hoje nos edifícios religiosos extrapolam a sua função original, as bibliotecas e arquivos dos conventos, mosteiros e igrejas matrizes, antes de uso exclusivo do clero, passaram a ser aberta ao público, atraindo o grande número de pesquisadores e o que veio a possibilitar um maior entendimento da arte, da história da cidade e da própria igreja. Destaque para as bibliotecas e arquivos dos Beneditinos com acervo bibliográfico que data do Século XVI, a biblioteca do Museu de Arte Sacra e os arquivos da Santa Casa de Misericórdia e das Igrejas Matrizes, além do acervo documental da Cúria Metropolitana de Salvador, em fase de restauração.

Analisando os dados da PEC/CAS é possível constatar que das 33 igrejas entrevistadas apenas dez (30%) já disponibilizam seus espaços para poutos usos, como eventos, exposições e outras atividades, situação identificada principalmente, naquelas Instituições vinculadas ao Clero Secular36. É possível encontrar espaços de exposição – a própria estrutura do edifício com visitas ao claustro e interior das igrejas; espaços de sociabilização como salas para cursos e oficinas e assistência à saúde, mantendo o papel assistencialista da igreja; espaços de recepção para atividades culturais e eventos que propiciam o maior de fluxo de pessoas e renda para auxiliar na manutenção do edifício. Donde se conclui que estas atividades, de fundamental importância para atrair público e auxiliar à sustentabilidade da Instituição, ainda são incipientes nas igrejas e conventos pesquisados.

Analisando as condições de acessibilidade para pessoas portadoras de deficiência e parque de estacionamento nos edifícios religiosos, se verifica que 14 Instituições (42,2%) apresentam rampas e elevadores, propiciando acesso a todas as instalações, número ainda bastante reduzido, quando consideramos o número de edifícios e o seu valor para o desenvolvimento da atividade turística, principalmente quando se verifica que, o maior número de edifícios sem condições de acessibilidade está localizado no Centro Histórico, local onde se encontram as principais instituições religiosas da cidade. O convento de São Francisco, a Catedral Basílica, a Igreja do Rosário dos Pretos não apresentam

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nenhum equipamento de acessibilidade para deficientes e são edifícios com grande fluxo de visitantes e fiéis

Outro ponto, registrado na pesquisa, que dificulta o acesso dos visitantes aos edifícios religiosos é a exigüidade de estacionamentos. Essa análise se torna mais relevante para as subáreas localizadas no Entorno do CH, fora dos roteiros turísticos e que apresentam maior dificuldade de acesso pela escassez de linhas de transporte urbano. Das vinte Instituições entrevistadas no ECH apenas três instituições possuem vagas seguras de estacionamento: o convento do Desterro, a Igreja de Nossa Senhora das Vitórias – complexo da Pupileira e a Capela da Casa Pia e Colégio dos Órfãos de São Joaquim.

Fluxo de Público, Divulgação e Recursos Humanos

Cidade turística, com ênfase no turismo cultural, o acervo religioso baiano é o principal atrativo desse segmento, em particular a capela barroca do convento franciscano. No entanto, se pode constatar pela pesquisa da PEC/CAS e por entrevista realizadas in loco que esses equipamentos não atendem a determinação mínima de comunicação e acesso ao público.

Dos 33 edifícios religiosos entrevistadas pela PEC/CAS, 04 instituições, localizadas no Centro Histórico, subárea Praça da Sé/Pelourinho/Taboão estão fechadas, por problemas de conservação e segurança para o visitante. Outro fator limitante ao acesso do público é que os conventos e, principalmente, as igrejas e capelas localizadas no CH permanecem fechados nos finais de semana e feriados, a exceção da Catedral e do convento de São Francisco. Da mesma forma, ao observar os edifícios religiosos no ECH se verifica que 48,5% das igrejas e conventos estão fechados nos feriados e final de semana.

As igrejas e conventos Baianos, quase na sua totalidade, só abrem nos horários de missa ou atividades litúrgicas – orações comunitárias, casamentos, novenas sendo a principal justificativa, declarada por seus gestores, a falta de segurança. Analisando a estrutura interna das edificações e das salas aberta para exposição do acervo – normalmente a sacristia, sala da Mesa, sala dos

Santos, ossuário – se observa que as instituições pesquisadas não atendem a determinação mínima de comunicação, sinalização para a atividade turística, pois não apresentam etiquetas de identificação das peças, nem sinalização bilíngüe, e não disponibilizam monitores. Os visitantes estrangeiros, na grande maioria, ficam sujeitos a acompanhamento de guias particulares ou vinculados a agências de receptivo turístico.

Os fatores apontados na PEC/CAS como sendo os que mais dificultam o fluxo de pessoas as instituições religiosas são: falta de segurança; falta de divulgação sobre o acervo e a história da instituição; falta de publicações – vale destacar que 50% das instituições entrevistadas responderam que possuem publicações, direcionadas a produção de livros de cânticos e de jornais litúrgicos, nenhuma publicação foi registrada que contemplasse o acervo e/ou a história do edifício.

Apesar de a pesquisa apontar que 19 instituições estão citadas em algum guia cultural podemos verificar pela Tabela 4.1.1.3 que a distribuição é limitada e restrita a cidade de Salvador, por meio da Agenda Cultural da Cidade, Guia Cultural do Estado da Bahia, site da Bahiatursa, site da Arquidiocese ficando importantes equipamentos fora do circuito nacional. Dentre as igrejas de maior divulgação e também de maior público se destaca, no Centro Histórico, a igreja da Ordem Primeira de São Francisco, Catedral Basílica de Salvador – antigo colégio dos Jesuítas –, igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos.

TABELA 4.1.1.3

MEIOS DE DIVULGAÇÃO DAS IGREJAS E CONVENTOS DO CAS*