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AVALIAÇÃO DOS EQUIPAMENTOS E NEGÓCIOS CULTURAIS DO CENTRO ANTIGO DE SALVADOR (CAS)

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Soluções de Engenharia Ltda

AVALIAÇÃO DOS EQUIPAMENTOS E NEGÓCIOS CULTURAIS

DO CENTRO ANTIGO DE SALVADOR (CAS)

ETAPA I - DIAGNÓSTICO

EQUIPE: Mariely Cabral de Santana (Coordenação) Ana Salles

Lívia Cerqueira

Salvador – Bahia Julho -2009

(2)

SUMÁRIO

I - DIAGNÓSTICO 02

1.0 INTRODUÇÃO 02

2.0 DELIMITAÇÃO DA ÁREA 06

3.0 OFERTA E DEMANDA CULTURAL 08

3.1 Distribuição Espacial dos Equipamentos Tradicionais 09

3.2 Distribuição Espacial dos Negócios Culturais 16

3.3 Indicativo do Potencial de Consumo Cultural do CAS 20

3.3.1 Indicadores de Consumo Cultural no CAS 22

4.0 ANÁLISE QUALITATIVA DOS EQUIPAMENTOS E NEGÓCIOS CULTURAIS 28 4.1 Perfil dos Equipamentos Tradicionais e dos Negócios Culturais (ÂNCORAS) 28

4.1.1 Igrejas 28

4.1.2 Museus 40

4.1.3 Teatros 55

4.1.4 Cinema 65

4.2 Perfil dos Equipamentos Tradicionais e dos Negócios Culturais (SUPORTE) 74

4.2.1 Bibliotecas 74

4.2.2 Arquivos 82

4.2.3 Centros Culturais e Fundações 88

4.2.4 Antiquários e Sebos 94

4.2.5 Galerias 97

5.0 CONSIDERAÇÕES FINAIS 100

(3)

I – DIAGNÓSTICO DO CAS

Em atendimento ao objetivo geral do Termo de Contratação de Prestação de Serviços Técnicos, definido no CLT 00024/2009, a SE - Soluções de Engenharia Ldta - apresenta ao Escritório de Referencia do Centro Antigo de Salvador/Unesco, a etapa referente ao produto dois do contrato alusivo a avaliação dos Equipamentos e Negócios Culturais do CAS, integrando o estudo da dimensão econômica da região em análise.

O cumprimento dessa tarefa visa alcançar o seguinte objetivo:

• Traçar o perfil quantitativo e qualitativo dos equipamentos e negócios selecionados na Pesquisa de Equipamentos Culturais do CAS – PEC/CAS coordenada pela Secult-ERCAS/Unesco.

1. INTRODUÇÃO

No século XXI, a cultura como mote para o desenvolvimento e requalificação de áreas degradadas passou a ser à base do discurso na esfera política e econômico com vias a valorizar a diversidade, centralizado no respeito à diferença e no reconhecimento da imaterialidade e da tradição. As áreas centrais das cidades, culturalmente consolidadas pela dinâmica histórica e cultural, guardam um rico e diversificado acervo arquitetônico e artístico que possibilitaram a adequação desses à condição de equipamentos culturais. Salvador não foge a essa regra, posto que o território do Centro Antigo de Salvador - CAS resguarda um grande número de equipamentos culturais que se distribui de forma não uniforme pelos bairros e zonas que compõem essa região e apresenta características arquitetônicas, artísticas e históricas diversificadas1.

1

O conceito, aqui empregado, segue a análise desenvolvida por Jane Jacobs, 2000, segundo o qual a diversidade corresponde ao “perfil das atividades, das funções das edificações, da complexidade das redes comerciais e de serviços”.

(4)

A análise dos Equipamentos e dos Negócios Culturais do CAS teve como base as informações coletadas pela Pesquisa de Equipamentos Culturais do CAS – PEC/CAS, de responsabilidade técnica da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia – Secult-Ercas/Unesco2, realizada entre os meses de novembro de 2008 e março de 2009.

A base da referida Pesquisa foi o cadastro do Censo Cultural da Bahia / Secretaria de Cultura e Turismo do Estado da Bahia – SECTUR, com dados coletados entre 2002-2006, que indicou o universo de 235 equipamentos existentes no CAS. Segundo os organizadores da pesquisa3, as informações disponibilizadas por essa fonte, embora de fundamental importância como referência, muitas vezes, não correspondeu às observações registradas na pesquisa de campo, realizada em 2008-2009. Fatores como conceitos metodológicos distintos, dinâmica de mercado e condicionantes relacionados aos equipamentos, certamente, contribuíram para as dessemelhanças identificadas nos dois registros.

Sob esta análise a “PEC/CAS abrangeu uma amostra de 157 equipamentos e negócios localizados no CAS. A representatividade estatística dessa coleta pode ser constatada quando comparada ao registro do Censo Cultural4 nesse território: Museus (68% dos equipamentos visitados), Teatros (67%), Arquivos (71%), Centros Culturais e Fundações (80%), Igrejas e Conventos (50%), Antiquários e Sebos (alcance de 75% acima do indicado), Galerias (55%). No caso de Bibliotecas (42%), a PEC/CAS considerou apenas os espaços com acervo classificado, responsável técnico e de acesso público. Para as entrevistas com as salas de cinema (71%), se optou por considerar como único registro as salas de exibição localizadas em um mesmo espaço, Cine Lapa I e II e Espaço Unibanco de Cinema Glauber Rocha (quatro salas).

2

A coordenação da Pesquisa, de responsabilidade técnica da Secult foi desenvolvida e coordenada pela Superintendência de Promoção Cultural, pela Diretoria de Economia da Cultura da Secult e pelo Escritório de Referência do Centro Antigo de Salvador, com o apoio financeiro da UNESCO.

3 Carlota Gottschall e Luciano Damasceno – SECULT/ Suprocult. 4

Dados do Censo Cultural (2002-2005), referentes à quantidade de equipamentos culturais localizados no CAS: Antiquários e Sebos 12 equipamentos; Arquivos 17 Instituições; Bibliotecas 64 Espaços; Centro de Cultura / Fundações 15 Instituições; Cinemas, 14 Espaços; Galerias 58 espaços; Igrejas/Conventos 66 Instituições; Museus 38 Instituições e Teatros 15 Espaços.

(5)

Como em todas as pesquisas primárias, também na PEC/CAS houve recusa por parte de algumas instituições (teatros e centros culturais); equipamentos fechados (igrejas e galerias); fusão de empresas e mudança de endereço (galerias e antiquários); classificação inadequada (arquivos e bibliotecas), ou ainda, imprecisões na construção do cadastro das instituições a serem entrevistadas.

Em alguns casos a PEC/CAS estendeu sua investigação para outras subáreas da capital – denominadas Entorno Imediato do CAS e Fora do CAS - pela importância estratégica de abranger alguns equipamentos situados no entorno imediato do CAS, a exemplo de museus, igrejas e centros culturais; e mapear o conjunto de alguns negócios existentes na capital, caso das salas de cinema e teatros, para entender a dinâmica desse mercado e o seu rebatimento no CAS”5.

Dessa forma, o total de equipamentos entrevistados pela PEC/CAS abrangeu 196 equipamentos culturais distribuídos pelo Centro Histórico, Entorno do Centro Histórico, CAS expandido – Vitória, Graça, Barra e Federação – e Fora do Centro Antigo – Iguatemi, Pituba e Alagados. As entrevistas realizadas na subárea do CAS expandido representam 9,7% da amostra total e as obtidas Fora do CAS Correspondeu a 10,2% do conjunto (ver item 2 do Sumário – delimitação da área).

TABELA 1.0

EQUIPAMENTOS E NEGÓCIOS CULTURAIS NO CAS E FORA DO CAS Salvador/BA, 2008-2009.

Região N %

ÁREA I - CENTRO HISTÓRICO 78 39,8

São Bento/Misericórdia 32 16,3

Praça da Sé/Pelourinho/Taboão 35 17,9

Carmo/Santo Antonio 11 5,6

ÁREA II - ENTORNO DO CENTRO HISTÓRICO 79 40,3

Norte / Leste (Dique/Nazaré/Barbalho) 16 8,2

Oeste (Contorno/Comércio) 13 6,6

Sul / Leste (Campo Grande/Campo da Pólvora/ 2 de Julho) 50 25,5

5Entrevista concedida por Carlota Gottschall em abril de 2009. Ver resultado da Pesquisa de Equipamentos Culturais do CAS na integra no CD Rom.

(6)

ÁREA III - CAS EXPANDIDO 19 9,7

ÁREA IV - FORA DO CENTRO ANTIGO 20 10,2

Total 196 100,0

Fonte: Secult-Ercas/Unesco.

Do conjunto de informações disponibilizadas pela PEC/CAS foram selecionados alguns itens considerados essenciais para a avaliação qualitativa e para a elaboração das proposições, a seguir discriminados: localização, personalidade jurídica e natureza administrativa, início de funcionamento das atividades, estado de conservação dos prédios, setores e equipamentos disponíveis, informações relativas aos acervos e ao acesso de público, fluxo de público (quando disponível), serviços e atividades oferecidas ao público, comunicação e disseminação de informações, número de funcionários, escolaridade e vínculo empregatício. Os dados referentes à receita e despesa das instituições, fundamentais para avaliação da capacidade de sustentação dos equipamentos e dos negócios, principalmente no que diz respeito à origem de recursos e a distribuição de gastos das instituições subordinadas, não puderam ser avaliados, visto que a maioria dos entrevistados desconhecia ou se recusou a tornar público essas informações.

Mantendo a lógica definida pela PEC/CAS de agrupar os espaços segundo a sua natureza comercial, esse trabalho avalia separadamente o perfil dos

Equipamentos Tradicionais – Museus, Igrejas, Bibliotecas, Arquivos, Centros

Culturais e Fundações – e o perfil dos Negócios Culturais – Cinemas, Teatros, Galerias, Antiquários e Sebos. E mais, por entender que existem papéis diferenciados, do ponto de vista da oferta cultural, entre os equipamentos e negócios no processo de reabilitação do CAS foram estudados mais aprofundadamente os segmentos que exercem função de âncoras – museus, igrejas, cinemas e teatros – seja pelo valor histórico, espaços consolidados de sociabilização, maior número de visitantes, seja pela possibilidade de melhor desempenho econômico. Os demais segmentos, de instalação mais recente, como bibliotecas, centros culturais, arquivos, antiquários, sebos e galerias, ainda que de reconhecida importância, sobretudo para a formação educacional e formação de público, foram analisados exclusivamente à luz dos dados

(7)

obtidos na entrevista realizada pela Pesquisa de Equipamentos Culturais, coordenada pela Secult-Ercas/Unesco.

2.0 DELIMITAÇÃO DA ÁREA

A área do Centro Antigo de Salvador (CAS) corresponde ao perímetro definido pela Lei Municipal 3.289/83 como Área de Proteção Rigorosa e Área Contígua à Área de Proteção Ambiental e a poligonal do Centro Histórico de Salvador (CHS) determinado pelo Decreto Federal 25/19376. Para efeito desse estudo essa área foi subdividida em dois espaços de análise: O Centro Histórico de Salvador e o Entorno do Centro Histórico.

MAPA 1.0

ÁREA DO CENTRO ANTIGO DE SALVADOR. Base Decreto-Lei 25/37 e Lei Municipal 3.289/83.

LEGENDA: ---Centro Histórico de Salvador – Decreto-Lei 25/37

--- Área de Preservação Rigorosa – Lei 3.289/83 --- Área Contigua a área de Preservação Rigorosa. Fonte: Escritório de Referência do Centro Antigo de Salvador, 2008.

6Até o momento da execução desse relatório não tivemos acesso a poligonal de Tombamento, no âmbito nacional, da área do Comércio instituída em 2008, pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN.

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A região do CAS engloba as seguintes localidades:

• Centro Histórico: Sodré, Conceição da Praia, parte do Comércio, Pilar, Santo Antonio Além do Carmo, Carmo, Passo, Taboão, Maciel, Pelourinho, Terreiro de Jesus, Sé, Misericórdia, Praça Municipal, Rua Chile, Praça Castro Alves, São Bento.

• Entorno do Centro Histórico: Comércio, Contorno, Água de Meninos, Gamboa de Cima, Campo Grande, Aflitos, Politeama, Mercês, Rosário, Carlos Gomes, Largo Dois de Julho, Piedade, Relógio de São Pedro, Joana Angélica, Mouraria, Palma, Tororó, Santana, Desterro, Baixa dos Sapateiros, Nazaré, Barbalho, Macaúbas, Soledade, Lapinha, Queimadinho, Estrada da Rainha, Av. Barros Reis, Dois Leões, Vale de Nazaré, Djalma Dutra, Dique do Tororó e Barris.

Em função da extensão e peculiaridades de cada área que envolve o CAS - diferença histórica, perfil da população e dinâmica sócio-cultural – se fez necessário analisar os equipamentos e negócios culturais por subáreas. A seguir apresentamos os critérios adotados e a sua distribuição.

• O Centro Histórico foi dividido em três subáreas segundo as suas similaridades de ocupação e fluxo:

 CHS A - São Bento / Misericórdia: trecho predominantemente comercial, onde se encontram localizados a maior parte dos negócios culturais.

 CHS B - Praça da Sé / Pelourinho / Taboão: onde se concentra o maior número de equipamentos tradicionais – igrejas, conventos, museus, centros culturais e fundações;

 CHS C - Carmo / Santo Antônio Além do Carmo: predominância residencial.

• O Entorno do Centro Histórico também foi agrupado em três grandes subáreas:

 Leste/Norte - (Dique/Nazaré/Barbalho/Soledade): correspondendo à segunda etapa da ocupação urbana da cidade, com grande concentração de equipamentos tradicionais e área residencial.

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 Oeste/Norte - (Comércio/Contorno/Pilar/Jequitaia/Água de Meninos): comércio e zona portuária.

 Leste/Sul - (Joana Angélica/Piedade/Barris/Politeama/Avenida Sete de Setembro/Rosário/Mercês/Aflitos/Campo Grande): expansão urbana e cultural da cidade no século XIX, com concentração de atividades comerciais, de moradia e com significativa presença de equipamentos e negócios culturais.

3.0 OFERTA E DEMANDA CULTURAL NO CAS

A diversidade dos espaços culturais encontrados no CAS e selecionados pela PEC/CAS – igrejas, conventos, museus, teatros, cinemas, antiquários, bibliotecas, centros culturais e fundações, galerias – está diretamente relacionada com o processo histórico de ocupação e expansão da cidade, mas principalmente, atende as indicações da UNESCO colocadas no encontro de Quito7, nos anos 1960, quando é reconhecida a potencialidade do patrimônio material para a atividade econômica8, especificamente, para as atividades culturais e turísticas. Neste sentido, após a visita de Michel Parent, consultor da UNESCO, em 1968, a cidade de Salvador, passa a abrigar em muitos edifícios religiosos, oficiais e civis equipamentos culturais, a exemplo de museus, galerias, fundações e centros culturais, tendo como foco da ocupação o desenvolvimento da atividade turística, a valorização da história e do patrimônio artístico cultural e a revitalização da área central de Salvador, que se encontrava bastante degradada social, cultural e economicamente.

Assim, a capital chegou ao século XXI abrigando mais de uma centena de equipamentos e negócios culturais. De acordo com a amostra pesquisada pela Secult-ERCAS/Unesco esses espaços estão distribuídos territorialmente, de forma irregular, se observando uma concentração de equipamentos nas subáreas do Centro Histórico de Salvador – CHA (São Bento/Misericórdia),

7

Encontro de Quito, patrocinado pela UNESCO, em 1967, com o objetivo de determinar as “Recomendações sobre conservação e utilização de monumentos e sítios de interesse histórico e artístico”. Ver as determinações inclusas no cap. V – Valorização econômica dos monumentos e Cap. VI – A Valorização do patrimônio cultural, in Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Cartas Patrimoniais. 3a ed. Rio de Janeiro: IPHAN, 2004. p.105-122.

8 “A cultura pode gerar renda através do turismo, do artesanato, e de outros empreendimentos culturais”. (Banco Mundial, 1999).

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CHB (Praça da Sé/Pelourinho/Taboão) e na subárea leste/Sul do Entorno do Centro Histórico, estrato mais antigo da cidade e que apresenta, desde o século XVIII uma dinâmica cultural e econômica. (Ver GRÁFICO 3.1).

GRÁFICO 3.1

DISTRIBUIÇÃO DOS EQUIPAMENTOS TRADICIONAIS E NEGÓCIOS CULTURAIS NO CAS Salvador – Bahia 2008/2009

Fonte: Secult-Ercas\Unesco.

3.1 Distribuição Espacial dos Equipamentos Tradicionais

Analisando os dados da PEC/CAS segundo a espacialidade dos equipamentos tradicionais do Centro Antigo de Salvador, (Ver Tabela 3.1.1), os museus e os edifícios religiosos – igrejas e conventos – se destacam no cenário cultural e na dinâmica da área, seja pelo número significativo de equipamentos (vinte e seis museus e trinta e três igrejas, representando 53,7%)9, seja pela dimensão de sua estrutura física, ou ainda, pela monumentalidade dos edifícios e riqueza dos acervos, que apresentam uma diversidade de materiais e linguagens artísticas, no interior e no exterior dos prédios.

9

(11)

Tabela 3.1.1

EQUIPAMENTOS TRADICIONAIS E NEGÓCIOS CULTURAIS NO CAS Salvador – Bahia: 2008- 2009 Discriminação No de Equipamentos % Igrejas 33 30,0 Museus 26 23,7 Bibliotecas 27 24,5 Arquivos 12 10,9 Centros Culturais 12 10,9 TOTAL 110 100 Fonte: Secult-Ercas/Unesco GRÁFICO 3.1.1

EQUIPAMENTOS TRADICIONAIS NO CAS Salvador/Bahia, 2008-2009.

Fonte: Secult-Ercas/Unesco.

Considerando o resultado da PEC/CAS, os edifícios religiosos se destacam no universo de equipamentos culturais no CAS10. Estas edificações estão diretamente vinculadas ao processo de política portuguesa, no período colonial, que esteve ancorado no Padroado, quando a igreja dividia com o Estado, o poder administrativo, eclesiástico e cultural da cidade e a religião católica era a única representação da Fé na colônia. Ressalta-se ainda o papel da igreja como único lugar de sociabilização e lazer que agregava a população local, periodicamente, em torno das comemorações religiosas.

10Segundo o Censo Cultural da Bahia - Sectur (2006), a cidade de Salvador possui 66 igrejas. Considerando a amostra da PEC/CAS para igrejas e conventos se identificou que 50% destes estão localizados no CAS.

10,9%

30%

10,9% 24,5%

(12)

A espacialidade dos edifícios religiosos está atrelada à dinâmica eclesiástica, que por meio da Arquidiocese, determinava o lugar do clero secular e do clero regular, estabelecendo os territórios a serem controlados, denominados de Freguesias. Assim, a primeira cumeada da cidade, compreendendo as subáreas do Centro Histórico e parte de seu entorno passa a abrigar as ordens religiosas masculinas, representadas pelos Franciscanos, Beneditinos, Carmelitas, Carmelitas Descalços e Jesuítas, que muito contribuíram para a expansão territorial da cidade e o desenvolvimento da arte e deixaram, ao longo de cinco séculos, majestosas edificações representativas do estilo barroco. Convive entre as estruturas conventuais um grande número de igrejas matrizes, capelas, igrejas de Irmandade, Igrejas de Ordens Terceiras e a Catedral Basílica, antiga capela dos Jesuítas, que no século XVIII, após a expulsão da ordem, passa a desempenhar o papel de sede do poder religioso na cidade.

A segunda cumeada, que engloba as localidades de Nazaré, Saúde, Palma, Mouraria, Av. Joana Angélica, Piedade, abriga edifícios conventuais femininos que, a partir do século XVI, desempenharam o papel de instituições educativas. Destaca-se, neste contexto, o convento de Santa Clara do Desterro, o convento de Nossa Senhora da Conceição da Lapa, além de outros masculinos, como o convento da Palma, de propriedade dos Agostinianos, hoje cedido a Universidade Católica de Salvador, e o convento da Piedade de propriedade dos Capuchos.

Assumindo o papel de educadores, encontramos ainda na região do CAS, o convento das irmãs Ursulinas, o convento das Mercês, localizado na Av. Sete de Setembro e convento e colégio Salesiano, pertencente aos padres da Congregação Salesiana, no bairro de Nazaré.

Muitos desses edifícios além de cumprirem os serviços religiosos à comunidade – missas, batizados, casamentos –, serviços educacionais e sociais, abrigam em suas salas exposições do acervo sacro dos séculos XVIII e XIX, desempenhando a função de museus.

(13)

Tabela 3.1.2

CONVENTOS E IGREJAS NO CAS, SEGUNDO LOCALIZAÇÃO. Salvador, 2008/2009

Distribuição Territorial Quantidade

Cento Histórico 13

Subárea CHA - São Bento/ Misericórdia 02

Subárea CHB - Praça da Sé / Pelourinho / Taboão 05

Subárea CHC - Carmo / Santo Antônio além do Carmo 06

Entorno do Centro Histórico 20

Subárea leste / norte - Nazaré/Soledade 07

Subárea Oeste / norte - Contorno/ Jequitaia 02

Região sul /leste - Campo Grande/Campo da Pólvora 11

TOTAL de Equipamentos 33

Fonte: Secult- Ercas/Unesco.

A Pesquisa de Equipamentos visitou, no CAS, vinte e seis museus, correspondendo a 48,2% das instituições existentes na cidade de Salvador11. Instituições de lazer e guardiãs de grandes referências da história e da arte, os museus soteropolitanos preservam um rico e variado acervo que inclui arte sacra, arte e utensílios indígenas, arte africana, vestígios arqueológicos, arte moderna e contemporânea, arte decorativa, vestuário e alfaias cujo interesse se vincula a uma diversidade de público. Os mais significativos museus da cidade se localizam no CAS.

No Centro Histórico se encontra o maior número de Instituições (73 % dos equipamentos entrevistados, correspondendo a dezenove Instituições) de dimensões físicas variadas e abrigando importantes coleções. Destaca-se o Museu de Arte Sacra da Bahia, que ocupa a antiga edificação religiosa dos Carmelitas Descalços, no Sodré; o Museu Afro e de arqueologia e Etnografia, implantado na antiga Faculdade de Medicina da UFBA, no Terreiro de Jesus; o Museu Abelardo Rodrigues, pertencente ao Estado, com acervo de um importante colecionador pernambucano e localizado no Pelourinho. Outros museus são vinculados a coleções particulares de empresas, Instituições ou

11 Segundo dados do Censo Cultural de Salvador - Sectur, 2002-2006, existiam em Salvador cinqüenta e quatro museus.

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pessoas físicas, como o Museu Eugenio Teixeira Leal (pertencente ao grupo Econômico), o Museu da Santa Casa da Misericórdia, o Museu da Ordem Terceira do Carmo, o Museu da Ordem Terceira de São Francisco; outros estão atrelados à história de Salvador, como o Museu da Cidade e o Museu Casa do Benin, ambos localizados no Pelourinho (42%).

No Entorno do Centro Histórico se localizam sete importantes Instituições: o Museu de Arte Moderna, localizado na Av. Contorno, na antiga residência de Gabriel Soares, conhecido como Solar do Unhão, cujo acervo apresenta um significativo número de obras de artistas modernistas e contemporâneos; o Museu do Cacau, no comércio de propriedade da Secretaria da Agricultura do Estado; o Museu do Traje, no Instituto Feminino, no Politeama.

Outras Instituições tão representativas da cultura baiana como as acima identificadas, estão localizadas na região denominada CAS expandido12, onde se encontra o Museu de Arte da Bahia, primeira instituição museológica da cidade, cujo acervo é constituído de pintura e arte decorativa; o Museu Carlos Costa Pinto, de grande valor pela rica coleção de alfaias utilizadas pelas negras baianas e a coleção de arte decorativa que pertenceu à família Costa Pinto; e mais recentemente, o Palacete das Artes – Museu Rodan, inaugurado em 2006, na Graça, para abrigar a coleção do escultor francês e exposições temporárias de arte contemporânea.

Tabela 3.1.3

MUSEUS NO CAS, SEGUNDO LOCALIZAÇÃO. Salvador, 2008/2009

Distribuição Territorial Quantidade

Cento Histórico 19

Subárea CHA - São Bento/ Misericórdia 05

Subárea CHB - Praça da Sé / Pelourinho / Taboão 11

Subárea CHC - Carmo / Santo Antônio além do Carmo 03

Entorno do Centro Histórico 07

Região leste / norte do CH 01

Região Oeste / norte 03

Região sul /leste 03

12 Denominação anteriormente explicitada neste capitulo como sendo subárea correspondente as localidades de Vitória, Canela, Barra, Graça e Federação.

(15)

TOTAL de Equipamentos 26

Fonte: Secult-Ercas/Unesco.

A PEC/CAS identificou vinte e sete bibliotecas localizadas no Centro Antigo. Equipamento prestador de serviço público está voltado para educação, formação de público, pesquisa e memória. Apesar de sua importância para os cidadãos soteropolitanos, a pesquisa identificou que o investimento nesses espaços é relativamente recente, pois a maioria das bibliotecas foi fundada a partir dos anos 1960, a exceção da Biblioteca Pública do Estado da Bahia, instalada em 1811, e se caracteriza como a mais importante, pelo número de visitantes que recebe e pela riqueza e diversidade do acervo, direcionado a estudantes do ensino médio e pesquisadores. De igual maneira, é relevante o papel da Biblioteca Infantil Monteiro Lobato, em Nazaré, especializada em literatura infanto-juvenil atendeu, em 2007, 39.468 consulentes. A maioria das bibliotecas do CAS é subordinada a escolas públicas e particulares, universidades, instituições públicas e privadas.

Dentre as bibliotecas pesquisadas, a grande maioria (74,1%) está localizada no Entorno do CHS, prioritariamente na segunda cumeada (sul/leste) – Barris, Piedade, Nazaré –, subárea que se caracteriza como espaço educacional em todos os níveis e categorias (44,4%). No Centro Histórico estão localizadas 25,9% das bibliotecas identificadas, na região do Pelourinho, temos a Biblioteca Inocêncio Marques de Góes Calmon, Biblioteca do Instituto de Artesanato Visconde de Mauá, Biblioteca Manoel Querino, Biblioteca Gonçalo Muniz, Memorial da Saúde, Biblioteca do Mosteiro de São Bento de Salvador, Acervo Bibliográfico da 7ª Sup. Regional IPHAN, entre outras.

Tabela 3.1.4

BIBLIOTECAS NO CAS, SEGUNDO LOCALIZAÇÃO. Salvador, 2008/2009

Distribuição Territorial Quantidade

Centro Histórico 07

Subárea CHA - São Bento/ Misericórdia 03

Subárea CHB - Praça da Sé / Pelourinho / Taboão 04

(16)

Entorno do Centro Histórico 20

Região leste / norte do CH 05

Região Oeste / norte 03

Região sul /leste 12

TOTAL 27

Fonte: Secult-Ercas/Unesco.

Os Arquivos localizados no CAS são de grande importância para a cultura baiana. Instalados, desde 1808, com a chegada da família real no Brasil guarda, juntamente com as bibliotecas a documentação, a iconografia e os registros da história da cidade e da memória social dos soteropolitanos. A PEC/CAS identificou doze equipamentos localizados no CAS, cinco no Centro Histórico, na região entre Largo de São Bento e o Pelourinho, a exemplo do Arquivo da Ordem Beneditina, Arquivo Municipal, Arquivo da Casa de Câmara, Arquivo do Arcebispado e Arquivo da Faculdade de Medicina. Os outros sete, estão no entorno do Centro Antigo, na região da Piedade e em Nazaré, a exemplo do Arquivo Teodoro Sampaio, Instituto Geográfico e Histórico da Bahia, Arquivo da Piedade e Arquivo da Santa Casa de Misericórdia (Ver Tabela

3.1.5). Não podemos deixar de salientar, o rico acervo documental do Arquivo

Público do Estado da Bahia, localizado na antiga Quinta dos Padres Jesuítas, na Baixa de Quintas, área do entorno imediato do CAS.

Tabela 3.1.5

ARQUIVOS NO CAS, SEGUNDO LOCALIZAÇÃO. Salvador, 2008/2009

Distribuição Territorial Quantidade

Cento Histórico 05

Subárea CHA - São Bento/ Misericórdia 03

Subárea CHB - Praça da Sé / Pelourinho / Taboão 02

Subárea CHC - Carmo / Santo Antônio além do Carmo ----

Entorno do Centro Histórico 07

Região leste / norte do CH ----

Região Oeste / norte ----

Região sul /leste 07

TOTAL de Equipamentos 12

(17)

O papel dos Centros Culturais e Fundações é centralizar informações relacionadas a diferentes áreas temáticas, proporcionar e viabilizar pesquisas, sensibilizar a comunidade para o valor da memória e sua projeção no presente, realizar e dar apoio a iniciativas de extensão cultural (exposições, debates, encontros científicos).

A PEC/CAS entrevistou doze Fundações e Centros Culturais no CAS (sete no CHS e cinco no Entorno do CHS), resultado de alguns tipos de organizações: lugares de preservação da memória de respeitáveis cidadãos soteropolitanos, que doaram seu acervo particular no intuito de difundir a cultura e proporcionar espaços de sociabilidade, a exemplo da Fundação Clemente Mariani, localizado no Comércio, e da Fundação Casa Jorge Amado, no Pelourinho; lugares representativos da cultura de diferentes grupos que contribuíram para a formação da sociedade soteropolitana, a exemplo da Associação Cultural Casa D´Italia e Academia de Cultura Italiana, localizadas no Campo Grande, Centro Cultural Islâmico da Bahia, em Nazaré, Casa Histórica dos Sete Candeeiros e Balé Folclórico da Bahia, na subárea da Sé, Centro Cultural da Capoeira, no Santo Antônio Além do Carmo, e Casa de Angola, na Baixa dos Sapateiros; lugares de exposição e divulgação da cultura vinculados a instituições federais, como Centro Cultural da Caixa Econômica, rua Carlos Gomes, e Centro Cultural dos Correios, no Terreiro de Jesus. A Fundação Gregório de Mattos, Rua Chile, atua como responsável pela gestão municipal da cultura.

Tabela 3.1.6

CENTROS E FUNDAÇÕES CULTURAIS NO CAS, SEGUNDO LOCALIZAÇÃO. Salvador, 2008/2009

Distribuição Territorial Quantidade

Cento Histórico 07

Subárea CHA - São Bento/ Misericórdia 02

Subárea CHB - Praça da Sé / Pelourinho / Taboão 04

Subárea CHC - Carmo / Santo Antônio além do Carmo 01

Entorno do Centro Histórico 05

Região leste / norte do CH 01

Região Oeste / norte 01

(18)

TOTAL 12

Fonte: Secult-Ercas/Unesco

3.2 Distribuição Espacial dos Negócios Culturais

Tabela 3.2.1

NEGÓCIOS CULTURAIS NO CAS Salvador- Bahia, 2008-2009 Discriminação No de Equipamentos % Teatros 10 21,3 Cinemas 07 14,9 Antiquários e Sebos 21 44,7 Galerias 09 19,1 TOTAL 47 100,0 Fonte: Secult-Ercas/Unesco

A PEC/CAS indica que dentre os negócios culturais o maior número de registros foi de Antiquários (17 empresas) e Sebos (04). Os Antiquários se consolidaram empresarialmente a partir de 1960, quando o reconhecimento das obras de arte, principalmente, imaginárias, mobiliários e alfaias, adquiram alto valor de mercado; e ganharam novo impulso desde 1990, com a expansão do mercado de arquitetura de interiores.

No Centro Histórico, o maior número desses negócios está localizado na região entre São Bento e Pelourinho, especificamente, na Rua Ruy Barbosa (85,7%). O mais antigo Antiquário, Casa Moreira Antiguidades e Lojas, localizado na Praça da Sé e foi inaugurado em 1925. Dentre as lojas situadas no entorno do Centro Histórico estão o Sebo Papiro, no Tororó, o Antiquário Roberto Alban Antiguidades, no Comércio e Ada Tem de Tudo, no Gravatá. (Ver TABELA 3.2.2).

Tabela 3.2.2

ANTIQUÁRIOS E SEBOS NO CAS, SEGUNDO LOCALIZAÇÃO. Salvador, 2008/2009

Distribuição Territorial Quantidade

Cento Histórico 18

São Bento/ Misericórdia 13

(19)

Carmo / Santo Antônio além do Carmo -

Entorno do Centro Histórico 03

Região leste / norte do CH -

Região Oeste / norte 01

Região sul /leste 02

TOTAL de Equipamentos 21

Fonte: Secult-Ercas/Unesco.

Dos vinte e três teatros pesquisados em Salvador, dez salas estão localizadas no CAS, o que corresponde a 43,5% do total desses equipamentos entrevistados. Os teatros são importante espaço de sociabilização na capital desde o século XIX, depois ampliaram a sua função ao servirem como lugar de criação e identidade cultural; atualmente, são usados para apresentação de shows, peças teatrais e espetáculos de dança, ao tempo que, algumas instituições também desenvolvem atividades de formação.

O mais importante espaço teatral de Salvador é o complexo do Teatro Castro Alves, composto pela sala principal, Concha Acústica, Sala do Coro. Localizado no Campo Grande, o TCA recebe o maior número de espectadores de todas as linguagens artísticas da capital. Outros espaços também localizados nessa região são os Teatros Vila Velha e Teatro Gamboa Nova. No entorno do Centro Histórico, onde se encontram 80% dos espaços visitados, nos bairros de Nazaré e Barris, estão situados, respectivamente, o Teatro Salesiano e o Teatro Espaço Xisto Bahia. Infelizmente, o Cine Teatro ICEIA, localizado no Barbalho, segunda maior sala de espetáculo de Salvador, está fechado por problemas de conservação das instalações prediais. No Centro Histórico, dentre os espaços pesquisados, temos o Teatro SESC Pelourinho e Teatro Gregório de Mattos (fechado para reforma).

(20)

Tabela 3.2.3

TEATROS NO CAS, SEGUNDO LOCALIZAÇÃO. Salvador, 2008/2009

Distribuição Territorial Quantidade

Cento Histórico 02

São Bento/ Misericórdia 01

Praça da Sé / Pelourinho / Taboão 01

Carmo / Santo Antônio além do Carmo -

Entorno do Centro Histórico 08

Região leste / norte do CH 03

Região Oeste / norte -

Região sul /leste 05

TOTAL de Equipamentos 08

Fonte: Secult-Ercas/Unesco.

Durante boa parte século XX, em quase todas as cidades do mundo, o cinema foi o divertimento coletivo mais importante. Em Salvador não foi diferente, pois ir ao cinema era o principal divertimento dos soteropolitanos no início da segunda metade do século passado. À medida que os equipamentos eletrônicos de cultura foram sendo diversificados e seu acesso popularizado, os cinemas de rua foram sucessivamente substituídos por salas instaladas nos centros comerciais. Hoje, em Salvador só restam dois exemplares desse modelo localizados no Centro Histórico (Astor e Cine XIV SaladeArte). No entorno do CHS estão situados algumas salas associadas à espaços culturais públicos (SaladeArte do MAM, Cinema Walter da Silveira, Sala de Vídeo Alexandre Robatto) e duas salas integradas ao Shopping Lapa. Na praça Castro Alves foi inaugurado, em 2008, o Espaço Unibanco de Cinema Glauber Rocha – complexo de salas associado à lanchonete, livraria, café e restaurante – que poderá vir a se consolidar como importante negócio cultural e servir como incentivo a instalação de outros empreendimentos no CAS

(21)

Dos quinze grupos de exibição entrevistados pela PEC/CAS, que operam quarenta e oito salas de cinema, sete representações estão no CAS (47,7%) e oito localizadas Fora do CAS (53,3%).

Tabela 3.2.4

CINEMAS NO CAS, SEGUNDO LOCALIZAÇÃO. Salvador, 2008/2009

Distribuição Territorial Quantidade

Cento Histórico 03

São Bento/ Misericórdia 02

Praça da Sé / Pelourinho / Taboão 01

Carmo / Santo Antônio além do Carmo ----

Entorno do Centro Histórico 04

Região leste / norte do CH ----

Região Oeste / norte 01

Região sul /leste 03

TOTAL de Equipamentos 07

Fonte: Secult-Ercas/Unesco.

As galerias do Centro Antigo de Salvador se concentram no Centro Histórico, nas subáreas entre a Misericórdia e o Carmo. Ponto de encontro de artistas e apreciadores de arte, esses equipamentos oferecem ao público serviços de exposição, café-bar e atelier. Dentre as mais conhecidas estão: galeria do Ferrão, Coisas da Terra e Moacir Moreno, localizadas no Pelourinho; a galeria Pierre Verger, na Misericórdia e a galeria Cafellier, no Carmo. No Entorno do Centro Histórico, as galerias se distribuem entre Comércio e a região sul do CH, no Campo Grande. Encontram-se no Comércio as galerias Roberto Alban Galeria de Arte e a galeria Africana; no Campo Grande estão localizadas as Galerias Jayme Figura e a galeria do Conselho de Cultura.

Tabela 3.2.5

GALERIAS NO CAS, SEGUNDO LOCALIZAÇÃO. Salvador, 2008/2009

Distribuição Territorial Quantidade

Cento Histórico 05

(22)

Praça da Sé / Pelourinho / Taboão 03

Carmo / Santo Antônio além do Carmo 01

Entorno do Centro Histórico 04

Região leste / norte do CH ----

Região Oeste / norte 02

Região sul /leste 02

TOTAL de Equipamentos 09

Fonte: Secult-Ercas/Unesco.

3.3. Indicativo do Potencial de Consumo no CAS

A ausência de estudos sistematizados que evidencie o consumo cultural dos soteropolitanos nos levou ao resultado da pesquisa do Uso do Tempo Livre e

as Práticas Culturais na Região Metropolitana de São Paulo13, coordenada pelos pesquisadores Isaura Botelho e Mauricio Fiore (2004), que serviu como matriz de análise para sistematizar as informações disponíveis sobre o perfil da população residente, dos equipamentos culturais e das atividades econômicas do Centro Antigo de Salvador. O uso desse recurso metodológico decorre da crença de que a universalidade das práticas culturais contemporâneas permite a comparação entre contextos culturais distintos, porém interligados, a exemplo do centro tradicional expandido de São Paulo e do Centro Antigo de Salvador. Assim, se buscou relacionar os elementos que influenciam a intensidade do consumo cultural no centro de São Paulo às características locais, com o intuito de demarcar um campo potencial de consumo de cultura.

Segundo o resultado da referida pesquisa, os principais fatores que influenciam positiva ou negativamente a intensidade do consumo cultural dos indivíduos residentes na referida região paulistana estão relacionados a seguir:

a) Peso da localização domiciliar: morar próximo às áreas de concentração de equipamentos culturais aumenta as chances do indivíduo ser um grande praticante cultural relativamente àqueles que residem em outras regiões da cidade (2004, p.4);

13BOTELHO, Isaura e FIORE, Maurício. O Uso do Tempo Livre e as Práticas Culturais na Região Metropolitana de

(23)

b) Acesso aos bens culturais: observa-se que o fato de o indivíduo ter acesso

aos equipamentos (práticas externas que dependem de investimento de tempo e dinheiro, portanto mais distintivas) e aos produtos da indústria cultural, sobretudo os eletrônicos (práticas domiciliares, favorecida nas últimas décadas pela disseminação e barateamento dos equipamentos eletrônicos), favorece o consumo cultural (2004, p.5);

c) Atributos pessoais dos consumidores culturais: tanto no caso do praticante domiciliar quanto do praticante externo, o predomínio é da população mais jovens, escolarizada e rica (2004, p.6);

d) Posição no mercado de trabalho: o fato de o indivíduo não estar vinculado a

uma atividade profissional (desemprego, aposentadoria ou atividades domésticas) é um grande desestímulo a este ser um ativo praticante fora de casa. A questão financeira, o isolamento e o baixo nível de informação – propiciado pela falta de convívio com a própria cidade – influenciam negativamente o consumo cultural externo (2004, p.6);

e) Importância da informação: quem tem acesso à informação (jornais, revistas, televisão fechada) terá maior tendência a buscar mais informações sob outras formas, em práticas culturais domiciliares (novas leituras, novos discos, novos filmes) ou em práticas externas, como ir ao cinema, teatro, concertos, espetáculos diversos (2004, p.6).

As informações referentes ao perfil da população residente e das atividades econômicas foram obtidas a partir de dados secundários de pesquisas oficiais. Os atributos pessoais dos residentes e sua posição no mercado de trabalho foram selecionados da Pesquisa de Emprego e Desemprego - PED (SEI/UFBA/DIEESE) e do Censo Demográfico (IBGE); as atividades econômicas desenvolvidas na região foram identificadas segundo a Sondagem de Ocupação dos Moradores no Centro Histórico de Salvador – CHS (SEI/UFBA) e do Censo das Empresas do CHS (SEBRAE).

3.3.1 Indicadores de Consumo no CAS

Como ocorreu em outras capitais brasileiras, em Salvador, a expansão urbana e a consolidação de novas áreas economicamente ativas favoreceram o

(24)

surgimento de alguns negócios culturais, a exemplo de teatros, salas de cinema e espaços para eventos. Muito raramente, equipamentos tradicionais (museus, arquivos, bibliotecas, centros de cultura) foram instalados em áreas de ocupação recente. O Centro Cultural dos Alagados, o Centro Cultural de Plataforma, o Palacete das Artes, são exceções. Assim, o CAS e seu entorno imediato, continuam sendo o território cultural de Salvador, tanto do ponto de vista da oferta de equipamentos quanto do fluxo de pessoas que acessam os bens culturais, mercantis ou educativos.

Essa região também abriga uma complexa rede comercial e de serviços, formais e informais, inclusive culturais, que atende a uma parcela significativa dos moradores da cidade, sobretudo aquela de menor poder aquisitivo. É também, território de moradia para cerca de 70 mil pessoas14 que ocupam a extensão de sete km no sentido norte-sul da capital.

Os dados do Censo 2000 (IBGE) indicam que entre as subáreas do CAS existe uma diferença no perfil socioeconômico de seus habitantes, ou mesmo, no interior de algumas delas. Vejamos algumas situações indicativas dessa heterogeneidade. De um lado, temos regiões onde reside um maior número de chefes de família com rendimento superior a dez salários mínimos – Campo Grande/Banco dos Ingleses (41,0%), Barris/Politeama (26,0%), Saúde/Nazaré/Baixa dos Sapateiros (20,9%), São Bento/Barroquinha (19,9%), Mouraria/Lapa (18,9%); de outro, áreas de vulnerabilidade social, onde em maior proporção moram famílias cujos responsáveis têm rendimento de até um salário mínimo – Barbalho/Macaúbas (15,0%), Santo Antonio/Carmo (12,7%), Água de Meninos-Comércio (28,5%), Pelourinho-Sé (21,4%) e Misericórdia-Praça Castro Alves (26,2%)15.

A parcela de residentes no CAS e em seu entorno imediato (Vitória, Graça, Canela, Barra, Federação) de estrato econômico e educacional elevado, por tanto, mais afeita ao consumo cultural doméstico e externo, é o público que mais se adéqua ao pressuposto de que o peso da localização domiciliar facilita a prática cultural. Assim sendo, é de supor que a proximidade de vários

14

Segundo o Censo do IBGE, em 2000 a população residente no CAS era de 66.863 pessoas. No Centro Histórico (13.520 habitantes) e em seu entorno (53.343 pessoas).

15

(25)

equipamentos16 da residência desses indivíduos, favoreça o consumo cultural fora do domicílio.

No que diz respeito ao acesso aos bens culturais, no entender de Botelho e Fiore (2004), a aquisição ou contato com equipamentos eletrônicos facilita o consumo cultural doméstico e pode ampliar a prática cultural externa. Segundo o Censo do IBGE (2000), quase todos os domicílios localizados no CAS possuíam televisão, telefone e rádio. Nas três Áreas de Ponderação17 observadas, mais de 90% das casas visitadas tinham esses bens, superando a média municipal. Tratando-se da presença de microcomputador, a média nos domicílios foi de 26%. Restrição que, a época, poderia ser indicativa de uma situação de “exclusão digital”, embora não se possa afirmar que o acesso circunscrito ao computador doméstico, necessariamente signifique falta de uso da informática ou desconexão à rede Internet, mas antes, aponte para uma condição de limite financeiro das famílias (GOTTSCHALL & SANTANA: 2006, p.31).

Na primeira década do século XXI, sobretudo a partir de 2005, o maior dinamismo do mercado de trabalho soteropolitano possibilitou a inclusão de parte da população desocupada e ampliou o número de profissionais com carteira assinada. Por outro lado, o barateamento dos aparelhos eletroeletrônicos, particularmente os microcomputadores, e a diversificação de acesso à rede mundial pela banda larga, favoreceram o consumo cultural doméstico das famílias e, em alguns casos, também as práticas externas. O aumento do número de vendedores informais de bens culturais “piratas” nas ruas do Centro, principalmente na Avenida Joana Angélica e nas transversais que dão acesso ao terminal da Lapa, por exemplo, é indicativo do crescimento das práticas domésticas dos indivíduos de menor poder aquisitivo.

Quanto à qualidade desse consumo, a variável educação tem um peso determinante, por ser uma das principais fontes de construção de capital

16

No CAS e seu entorno podem ser encontrados os seguintes equipamentos:Teatro Castro Alves, Teatro Vila Velha, Museu de Arte Moderna, Museu Carlos Costa Pinto, Museu de Arte da Bahia, Espaço Unibanco de Cinema Glauber Rocha, Palacete das Artes, as SaladeArte)

17

(26)

cultural. As pesquisas internacionais apontam que “as práticas culturais clássicas (ir ao teatro, concertos, espetáculos de dança, museus, etc) são restritas aos segmentos da população mais escolarizados e de maior renda”. E também, evidenciam a importância das transmissões familiares, posto que “qualquer que seja a profissão do chefe da unidade familiar, basta que haja, por exemplo, um professor na família para que o acesso seja facilitado” (BOTELHO & FREIRE, 2004 p. 174, 175).

Nesse quesito, Salvador apresenta um quadro que precisa ser superado urgentemente, visto que o padrão educacional prevalecente dentre os chefes de família é o segundo grau completo e incompleto. Observa-se que dentre os 2,7 milhões de residentes, apenas 7,7% tenham nível superior completo18. No Centro Antigo essa condição é um pouco melhor que a média da capital, mas ainda deixa a desejar, pois 38% dos chefes de família do CHS têm 2º completo e 11% completou o 3º grau; no entorno do CHS, 40% têm 2º grau completo e 16,6% apresenta nível superior19.

Ainda que a popularização dos suportes eletroeletrônicos tenha possibilitado aos residentes do CAS ampliar o acesso aos bens culturais domésticos, como se acredita ter ocorrido em outras regiões carentes do país, os limites de escolaridade e de rendimento dessas famílias, provavelmente, dificultam a transferência dessa prática ao plano do consumo cultural externo, que depende de investimento de tempo e dinheiro, conforme identificado no estudo paulistano. No caso do CAS, é importante atentar para outro tipo de demanda, a decorrente dos programas culturais fomentados pelo poder público.

Como ocorre no centro tradicional de São Paulo, a vitalidade cultural do CAS decorre do movimento dos jovens. Com uma diferença, enquanto a movimentação juvenil no centro paulistano decorre do potencial de consumo desses indivíduos, geralmente “escolarizados e ricos”, no Centro de Salvador, a prática cultural envolve outros fatores, muitas vezes não comerciais, como veremos a seguir.

18IBGE, população estimada para 2006. 19

(27)

O CAS é uma região de confluência da população jovem. Dentre os residentes, segundo a PED (período 2005-07), a presença de jovens entre 18-24 anos é de 14,4% no Centro Histórico e de 16,6% em seu entorno. Também é grande o fluxo dos jovens recém-chegados ao Centro Antigo (28,8%). O interesse dos estudantes em morar em localidades como Barris, Tororó, Nazaré, pode ser explicado pelo crescimento urbano e pelas dificuldades de deslocamento de Salvador, o que mantêm o CAS, com o seu conjunto de serviços, inclusive educacionais, aluguéis mais baratos e razoáveis condições de acessibilidade, uma opção atrativa para a juventude de classe média vinda do interior para estudar na capital (Infocultura, 2008 p.10).

Gráfico 3.3.1

IDADE DA POPULAÇÃO TOTAL

Salvador, Centro Histórico e Entorno do Centro Histórico (%)

26,0 21,7 18,3 15,6 15,4 16,6 49,0 48,4 49,8 9,3 14,6 15,3

Salvador Centro Histórico ECH

2005-2007

Ate 17 anos 18 a 24 anos 25 a 59 anos 60 anos e mais

Fonte: PED/RMS – UFBA/SEI/SEPLANTE/SEADE/DIEESE.

Cálculos SECULT.

A movimentação dos jovens, vindos de outras subáreas ou da Região Metropolitana de Salvador para o CAS, decorre do sistema de transporte urbano (Estação da Lapa, Terminal da França e Terminal Barroquinha) e da diversidade de equipamentos culturais e educativos existentes nessa região. A programação cultural e as ações desenvolvidas pelo poder público20, pelas associações privadas e instituições do terceiro setor21 favorecem a vitalidade cultural e contribuem para a oferta e o consumo cultural na região.

20

Teatro Castro Alves (principalmente, os projetos da Concha Acústica e o projeto Neojibá – núcleos estaduais de orquestras juvenis e infantis da Bahia), Cinema Walter da Silveira, Sala de Vídeo Alexandre Robatto, Biblioteca Pública do Estado da Bahia, Museu de Arte Moderna da Bahia, Biblioteca Infantil Monteiro Lobato, Pelourinho Cultural. 21 Teatro XVIII, Teatro do Sesc Pelourinho, Teatro Vila Velha, Banda Didá, Escola Mirim Olodum, Projeto Axé, Eletrocooperativa.

(28)

No CAS, a elevada presença de indivíduos da terceira idade, aposentados e desempregados é uma limitação para esse consumo, conforme indicado pela pesquisa do Uso do Tempo Livre, pois denota situações de isolamento, consideradas desestimulantes à prática cultural fora de casa. Segundo a PED, entre 2005/07, os indivíduos acima de 60 anos representavam 14,6% dos moradores no Centro Histórico e 15,0% no seu entorno (Ver gráfico 3.1.1). Nesse grupo, as mulheres são destaque em razão da maior expectativa de vida que caracteriza esse gênero (56,0% da população total). A pesquisa também nos informa que cerca de 17,0% dos residentes no CAS estavam desempregados na época da pesquisa22.

Entretanto, as atividades econômicas desenvolvidas no CAS favorecem a troca de informações e o acesso dos indivíduos à agenda dos equipamentos culturais. A Sondagem de Ocupação no Centro Histórico, realizada em 2006, revelou que 48,8% dos moradores do Centro Antigo que trabalham no CHS atuam como autônomos ou por conta própria e, que partes significativas das atividades desenvolvidas são relacionadas à cultura ou ao turismo cultural, a exemplo de artesanato, artes visuais, música, moda, cultura étnica, venda de antiguidade e entretenimento (SEI/SEPLAN/UFBA)23. A PED aponta para expansão no CAS das ocupações nos serviços empresariais (especializados e auxiliares) e nos serviços de comunicação e diversão. É também possível inferir que essa área da cidade não se descolou do conjunto da metrópole, pois tem se beneficiado do crescimento de novos serviços (call centers, faculdades), enquanto sustenta suas vocações tradicionais de prestadora de serviços diversos, como educação, escritórios de contabilidade e de advocacia, serviços financeiros e administração pública (Infocultura, n.2 p.13).

O acesso à informação é outro fator apontado no estudo paulistano que em Salvador merece especial atenção, pois o acesso da população aos jornais impressos não é muito abrangente, mesmo dentre os indivíduos de maior escolaridade e rendimento. Na capital, a tiragem semanal dos três jornais – A

22 Infocultura n.3 p.12

23 Ver GOTTSCHALL & SANTOS. Sondagem da Ocupação Indica a Necessidade de Ações no Centro Histórico de Salvador, in GOTTSCHALL, Carlota e SANTANA, Mariely Cabral de, op. cit.

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Tarde (37 mil), Tribuna da Bahia (30 mil) e Correio da Bahia (20 mil)24 – é pequena relativamente ao conjunto da população. Somada a esta limitação, se observa que esses jornais trazem informações superficiais sobre a produção e a exibição cultural baiana. Só recentemente, uma revista semanal, ligada ao jornal de maior circulação no Estado, optou pela cultura como eixo de sua linha editorial. Também as televisões locais quase não divulgam a agenda cultural da cidade.

Problema igualmente grave foi identificado pela PEC/CAS nos espaços visitados, pois dentre os gestores entrevistados poucos declaram ter estratégia de comunicação para divulgar seus conteúdos. A Internet e o impresso da Fundação Cultural do Estado da Bahia – Funceb foram os veículos mais apontados como meios para tornar pública às suas atividades. Apenas as empresas que administram as salas de cinema declararam distribuir folhetos de divulgação. Observa-se que a falta de preocupação com a informação é um limite que precisa ser superado entre os gestores culturais em Salvador.

Mais uma vez nos deparamos com as limitações econômicas e educacionais dos soteropolitanos como um dos fatores que restringem o consumo cultural na rua. Tudo indica que a principal prática externa dos soteropolitanos é a freqüência aos espetáculos musicais, numa espécie de continuidade da tradição festiva que marca essa comunidade, sobretudo no período do verão. Percepção reafirmada pelas informações da Pesquisa de Equipamentos e de freqüência de público dos espaços comerciais localizados no CAS, como: Cais Dourado, no Comércio (4000 pessoas por semana), boate Zauber, na Misericórdia (4500 pessoas por mês), ou ainda, os shows de jazz que ocorrem aos sábados no MAM, na avenida Contorno (2000 pessoas por semana), ou ainda Museu du Ritmo, no Comércio (50.000 por mês)25.

Carnaval, festival de verão, festas privadas, como Bonfim Light (público estimado de 21 mil pessoas)26, reafirmam essa percepção. A confirmação desta hipótese dependerá de uma investigação apurada, conforme realizada na

24

Site da Associação latino-americana de agências de publicidade. www.alap.com.br, acesso em 30.03.09.

25www.carnasite.com.br, acesso em 30.03.09

26

(30)

pela pesquisa do Uso do Tempo Livre e Práticas Culturais na região central de São Paulo.

4.0 ANÁLISE QUALITATIVA E QUANTITATIVA DOS EQUIPAMENTOS E NEGÓCIOS CULTURAIS

4.1 Perfil dos Equipamentos Tradicionais e dos Negócios Culturais (ANCORAS)

4.1.1 Igrejas

Relação das Igrejas e Conventos entrevistadas pela Pesquisa de Equipamentos Culturais do CAS, realizada pela Secult-Ercas/Unesco.

Igreja/Convento Localidade

CENTRO HISTÓRICO 13 Edifícios

Catedral Basílica do Salvador Terreiro de Jesus

Igreja de Santo Antônio Além do Carmo Santo Antônio Além do Carmo

Ordem Terceira do Carmo Santo Antônio Além do Carmo

Igreja de Nossa Senhora do Carmo Carmo

Igreja Basílica de Nossa Senhora da Conceição da Praia Comércio

Igreja e Convento São Francisco Ordem Primeira Praça da Sé

Convento Bom Jesus dos Perdões Santo Antônio Além do Carmo

Basílica de São Sebastião Mosteiro de São Bento Centro

Igreja dos Quinze Mistérios Santo Antônio

Igreja de Nossa Senhora da Conceição do Boqueirão Santo Antônio Igreja da Ordem Terceira de São Domingos de Gusmão Pelourinho

Igreja de São Pedro dos Clérigos Terreiro de Jesus

Venerável Ordem Terceira N.Sra do Rosário dos Pretos Pelourinho

ENTORNO DO CENTRO HISTÓRICO 20 Edificios

Igreja de Nossa Senhora das Vitórias Nazaré

Igreja do Santíssimo Sacramento e Santana Nazaré

Convento e Igreja de Nossa Senhora da Piedade Piedade

Igreja Nossa Senhora da Conceição da Lapa Nazaré

Igreja de São Pedro Centro/Piedade

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Igreja de Nossa Senhora da Saúde e Glória Saúde

Convento Nossa Senhora do Desterro Nazaré

Igreja de Nossa Senhora da Trindade Comércio

Igreja de Nossa Senhora da Conceição do Tororó Tororó

Convento de Nossa Senhora da Soledade Soledade

Capela da Casa Pia e Colégio dos Órfãos de São Joaquim Calçada

Igreja e Convento de Nossa Senhora da Palma Nazaré

Santuário Nossa Senhora Auxiliadora (Salesiano) Nazaré

Igreja de Nossa Senhora de Nazaré Nazaré

Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Lapinha Lapinha

Igreja do Sagrado Coração de Jesus Nazaré

Igreja Nossa Senhora dos Aflitos Largo dos Aflitos

Capela Nossa Senhora das Mercês Mercês

Capela de Nossa Senhoras das Graças - Salete Barris

TOTAL DE IGREJAS E CONVENTOS NO CAS 33 Edificios

Fonte: Secult-Ercas/Unesco.

As primeiras vilas e cidades brasileiras se organizavam em torno de capelas que, posteriormente foram denominadas paróquias, e a entendia-se que a terra era propriedade de Deus ou do Rei. Assim, a administração da vida terrena cabia a seus representantes, conciliada com o Estado, detentor do poder. Surgia, assim, a cidade cristã, tendo como base a negação do prazer, a dedicação ao trabalho, o amor ao próximo. A Igreja protegia, educava e patrocinava o lazer, a divulgação da Fé e a sociabilização.

A religião se constituiu, nesse período, em um instrumento eficaz para manter a unidade e a coesão social na colônia. “Dentro dessa perspectiva a igreja, no Brasil, assumia um cunho social significativo, havendo uma interpretação mútua entre fé e cultura lusitanas.” (AZZI, 2001, p. 22). A Igreja, protegia, educava e patrocinava o lazer, a divulgação e a sociabilidade entre os citadinos Todas as atividades culturais na colônia eram permeadas por expressões cristãs, pois toda a população era educada segundo os princípios da tradição religiosa católica. A igreja foi parte integrante e fundamental na estruturação das cidades e da sociedade, e as celebrações religiosas se constituíram, a partir do século XVII, no momento quase exclusivo para que as pessoas se reunissem e se entregassem ao “lazer”.

(32)

Por meio da igreja ocorreu também à expansão da arte, pois as primeiras manifestações artísticas na cidade de Salvador ocorreram no interior das igrejas, como meio de difusão da fé e da história da vida dos Santos. A decoração dos templos católicos quadros, esculturas, pinturas nos tetos das naves passaram a fazer parte da vida urbana. A profusão de imagens a serem adoradas e veneradas nas cidades brasileiras favoreceu a proliferação da escultura barroca e neoclássica, assim como a construção dos cenários – retábulos, nichos, altares – para dar suporte e visibilidade a estas esculturas. A igreja, sem dúvida, foi à maior propagadora da arte barroca no Brasil.

Salvador como primeira cidade fundada pelos portugueses, foi também a primeira a receber a estrutura do padroado e às primeiras ordens religiosas, vinculadas ao clero regular e permitir a construção dos primeiros conventos e colégios religiosos. De igual maneira foi sede do primeiro bispado, em 1551, o que possibilitou o crescimento e implantação de igrejas matrizes e no século XVIII a ascensão das capelas de Irmandades. A construção dos edifícios religiosos possibilitou, também, a expansão do território e a fixação do homem em diferentes lugares da cidade.

Ao longo de cinco séculos a paisagem da cidade é construída e as torres das igrejas passaram a identificam lugares e agregar sociedades de diversas classes sociais.

Como já citado, a pesquisa realizada pela Secult-Ercas/Unesco entrevistou no Centro Antigo de Salvador trinta e três edificações religiosas, todas vinculadas à religião católica, distribuídas entre estruturas conventuais de ordem primeira27 e ordem segunda28 e igrejas matrizes, capelas e capelas de irmandades. Essa amostra corresponde a parcela das instituições que responderam ao questionário, ora por estarem fechadas por motivos de conservação, ora por não ser possível localizar os responsáveis29.

Localização das Igrejas e Conventos no CAS

27 Conventos Masculinos de diferentes filosofias e princípios – franciscanos, carmelitas, beneditinos etc. 28 Conventos Femininos com vínculo teológico e filosófico a uma ordem primeira.

29

(33)

Analisando as igrejas e conventos localizados no Centro Histórico e no Entorno do CH se verifica que esses se caracterizam por ocupar, edificações construídas entre os séculos XVI e primeiras décadas do seculo XX, confirmando o constante papel do clero na construção da cidade, sendo o principal período de construção o século XVIII (33,3%), denominado por Boxer30 (2000) como o século do Ouro no Brasil, onde a economia açucareira e a descoberta das minas de ouro e diamante propiciaram a vinda de um maior número de pessoas para o Brasil e conseqüentemente a expansão e consolidação das Irmandades e Ordens Terceiras. (Ver tabela 4.1.1.1).

TABELA 4.1.1.1

DATA DE CONSTRUÇÃO DAS EDIFICAÇÕES DAS IGREJAS E CONVENTOS, NO CAS. Salvador: 2008-2009.

Século/ Período de

construção Entorno do CH CH TOTAL

% XVI - 4 4 12,1 XVII 2 4 6 18,2 XVIII 8 3 11 33,3 XIX 5 2 7 21,2 XX 5 0 5 15,2 Total 20 13 33 100,0 Fonte: Secult-Ercas/Unesco.

O maior número de instituições religiosas se localiza no Entorno do CHS, com construção datada a partir do século XVII. Caracteriza-se por edifícios conventuais femininos, a exemplo do Convento do Desterro e Convento de Nossa Senhora da Conceição da Lapa; conventos masculinos, que chegou a Bahia no último quartel do século XVII, Convento da Palma, pertencente aos Agostinianos e o convento dos Capuchos, na Piedade. No entanto, se observa que o grande acervo religioso, nessa subárea é constituído por igrejas matrizes, - Igreja de São Pedro Velho na Piedade, Igreja do Santíssimo Sacramento de Sant´Anna e Igreja de Nossa Senhora de Nazaré, em Nazaré – e por inúmeras capelas de Irmandade ou capelas construídas em pagamento de promessa, a exemplo da capela de Nossa Senhora da Saúde e Gloria e Capela de Nossa Senhora dos Aflitos. Destaca-se ainda no universo

30

BOXER, Charles R. A idade de ouro do Brasil: dores de crescimento de uma sociedade colonial. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2000.

(34)

pesquisado pela PEC/CAS, no Entorno do CHS, as instituições conventuais voltadas para a educação que chegaram à cidade nos seculos XIX e XX, a exemplo do Convento das Merces, Convento da Soledade, Convento Salete, e Convento dos Salesianos. Na subárea Oeste/Norte, localizam-se importantes estruturas, que se encontra em estado avançado de degradação, a capela de Nossa Senhora da Trindade, na Jiquitaia e a Igreja Matriz de Nossa Senhora do Pilar, no Pilar31. Aí se localiza também a Casa Pia dos Órfãos de São Joaquim, estrutura conventual dos Jesuítas.

O Centro Histórico abriga um rico acervo religioso, composto na sua grande maioria por edificações do Século XVIII ou edifícios do século XVI que foram modificados no seculo XVIII32, a exemplo do Colégio e Capela dos Jesuítas, hoje Catedral Basílica de Salvador, Convento de São Francisco, localizados nos Terreiro de Jesus; Convento dos Carmelitas Calçados, situado no morro Carmelo; Basílica Menor de São Sebastião e convento dos beneditinos e o Convento de Santa Tereza, pertencente aos Carmelitas Descalços, localizados respectivamente na Ladeira de São Bento e no Sodré. Essas estruturas estão distribuídas ao longo da primeira Cumeada da cidade possibilitando aos que chegam pelo porto visualizar suas torres e a monumentalidade dos conventos.

Permeando as estruturas conventuais despontam igrejas matrizes, responsáveis pelo controle efetivo da população, da terra e da catequese. Destaque para a Basílica Menor de Nossa Senhora da Conceição da Praia – cuja primeira capela data de 1549 –, Igreja Matriz do Santíssimo Sacramento do Passo, Igreja Matriz de Santo Antônio Além do Carmo; as capelas de Irmandade e de Ordem Terceiras, localizadas na subárea Praça da Sé/Pelourinho/Taboão, que estruturaram a sociedade laica por cor, poder econômico e atividade profissional e desenvolveu importante papel no que diz respeito aos processos de sociabilização, difusão da cultura e da arte e assistência social. Merecem destaque a capela da Venerável Ordem Terceira de São Francisco, a Venerável Ordem Terceira de São Domingos Gusmão, a

31

Após a execução da pesquisa, a Igreja de Nossa Senhora do Pilar iniciou obras de restauração do telhado e das paredes. (Informações cedidas pelo Instituo do Patrimônio Artístico e Cultura da Bahia – IPAC).

32 As principais Ordens religiosas – Franciscanos, Jesuítas, Beneditinos, Carmelitas – chegaram ao Brasil no Século XVI e iniciaram a construção de pequenas “casas”, igrejas e capelas. No entanto é no seculo XVIII que irão ampliar e modernizar seus templos e “casas” dando-lhes a feição arquitetônica e artísticas que encontramos hoje na cidade.

Referências

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