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Deusdete

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CAPÍTULO V – AS PERSONAGENS DE CARANDIRU: uma análise

1. As Personagens Principais

1.2. As Personagens Principais de Carandiru

1.2.1. Deusdete

Imagem de Deusdete interpretado por Caio Blat obtida na web.

Deusdete é a mais jovem das personagens. Jovem branco, de aparência franzina e cara de menino, foi criado na periferia com a irmã Francineide e o amigo Zico, que foi adotado pela mãe de Deusdete após a sua mãe fugir de casa. Ele sempre lutou para não fazer parte do crime, mas seu destino muda na noite em que sua irmã chega em casa chorando, desesperada e se tranca no

banheiro. Deusdete a confronta e descobre que Francineide fora agredida e molestada por dois homens. Ele resolve dar parte na polícia, mas os agressores descobrem e querem matá- lo. Ele leva o problema até Zico, que já havia encontrado seu caminho no crime, mas não aceita que o amigo resolva o problema. Deusdete, então, pede a Zico que lhe arranje uma arma para se defender, acreditando que não precisará usá- la. No entanto, os agressores encontram Deusdete, ameaçando agredi-lo com barras de ferro. Antes que possam agir, ele saca a arma e mata um deles; o outro escapa, mas Deusdete o persegue e se esconde, esperando que o agressor se sinta seguro e apareça. Quando o agressor acredita estar a salvo, Deusdete surge pelas costas, chama-o e atira quando ele se vira. Preso por homicídio, é levado à Casa de Detenção de São Paulo, onde reencontra o amigo de infância. Zico lhe dá proteção e arranja para que Deusdete fique em sua cela. A maior parte do tempo, Deusdete passa lendo as cartas da irmã, sem interagir com os outros detentos nem se envolver no sistema interno por eles criado. Ele sairia de lá aos 48 anos, porém, o destino trágico encontra os amigos dentro do Carandiru: Zico, em uma alucinação devida ao consumo de crack, pega uma panela de água fervente e a despeja em Deusdete, que estava deitado, dormindo em sua cama, matando-o.

1.2.2 Zico

Imagem de Zico interpretado por Wagner Moura obtida na web.

Traficante e viciado, Zico comprava maconha em Pernambuco antes de ser preso. Foi criado pela mãe de Deusdete e Francineide depois que sua mãe foi embora de casa e não voltou mais. Zico sempre cuidou do amigo como se fosse, de fato, um irmão mais velho, inclusive salvando-o uma vez no rio, onde Deusdete quase morreu afogado. Guardava sentimentos por Francineide, de quem sempre perguntava, mas nunca chegou a se declarar. No Carandiru, reencontrou o amigo de infância, a quem deu abrigo em sua cela. Traficava dentro do presídio

também e passou a consumir crack, que lhe dava freqüentes alucinações. Comprava as drogas de Majestade para revender.

Ezequiel, um de seus “clientes”, estava em dívida com ele. Zico, então, resolveu pedir a Nego Preto autorização para matá- lo. No entanto, Zico não teve coragem de fazê-lo, alegando que só lhe restavam dois anos para sair. Isto fez com que Zico virasse motivo de chacota no presídio.

Em uma de suas alucinações, pensando estar sendo perseguido, ameaça Deusdete com uma faca. Em outra, pega uma panela com água fervente e a despeja em cima do amigo, enquanto ele dormia, ocasionando em sua morte. Após este fato, uma “comitiva” é reunida para decidir o que será feito a respeito. Em uma cilada, Zico é encurralado e encapuzado, e recebe diversas facadas de vários detentos e, conseqüentemente, morre.

1.2.3 Majestade

Imagem de Majestade interpretado por Ailton Graça obtida na web.

Josué dos Santos, um homem negro conhecido como Majestade, roubava carros importados e vendia-os no Paraguai. Foi sentenciado a 16 anos no Carandiru, mas conseguiu reduzi- los para 10 anos. No presídio, virou traficante.

Com jeito de malandro, simpático e sorridente, um dia, ao esconder drogas dentro do vaso sanitário de sua cela, foi mordido por um rato. Para conseguir que o animal largasse seu dedo, mordeu- lhe o crânio. Depois, foi à enfer maria, onde foi atendido por Lula.

Majestade tinha duas mulheres, as quais conheceu antes de ser preso. A primeira, Dalva, uma jovem branca e loira, estava noiva quando o conheceu. Ela assistia à partida de futebol do noivo, quando Majestade aparece em seu carro e diz que se casará com ela e que terão um filho de cada cor. Quando o noivo aparece para saber o que ocorre, Majestade saca a arma e atira para o lado, afugentando o noivo de Dalva. Ele diz a ela que o espere em casa no dia seguinte com a

família, pois ele lhe pedirá em casamento. Na casa de Dalva, Majestade encontra o preconceito da família e o pai dela proíbe o casamento, porém, Majestade saca a arma novamente e os faz refém na sala de jantar. Ele anuncia que eles vão se casar de qualquer jeito e “rouba” Dalva.

Um dia, em um bar, com Dalva, Majestade vê a mulata Rosirene (que estava consumindo drogas) e se interessa por ela. Ele larga Dalva dançando sozinha e vai falar com Rosirene. Diz que a levará para a praia no domingo e que pegasse seu biquíni, quando Dalva chega para ver o que acontece. As duas discutem e Majestade vai embora com Dalva. Ele se dividia entre as duas durante a semana: sua casa com Dalva e um quartinho que alugou perto da antiga rodoviária para se encontrar com Rosirene, que era prostituta.

Teve três filhos com Dalva e um com Rosirene. Entretanto, a vida boa de Majestade acaba em um dia de visita, quando não consegue evitar o encontro de suas duas mulheres. Elas, então, o forçam a decidir com qual das duas ele quer ficar.

1.2.4 Sem Chance

Imagem de Sem Chance interpretado por Gero Camilo obtida na web.

Matias, mais conhecido pela frase com a qual termina a maioria de suas falas: “sem chance”, é um ladrão escolado, que se destaca por sua boa argumentação e sua fala distintamente superior à dos demais detentos. Sem Chance se torna ajudante do Médico na enfermaria, coletando sangue dos detentos para o teste de HIV. Em uma destas coletas, Sem Chance se mostra particularmente interessado em um paciente: é Lady Di, um travesti delicado e de presença marcante. Os dois iniciam um romance e Sem Chance resolve fazer o exame de HIV também. Ao receberem o resultado, apreensivos, hesitam em abrir o envelope, mas quando o fazem, descobrem que ambos não têm o vírus e resolvem se casar. No entanto, antes de se casarem, Sem Chance fica sabendo que ganhará sua liberdade e fica triste em ter que deixar Lady Di sozinho no presídio. Eles decidem se casar mesmo assim e esperam até o dia de visita para

pedir a benção dos pais de Lady Di, que não lhes concedem, pois não aceitam a vida que o filho vive. A “comunidade” interna de gays e travestis organiza o casamento dos dois, com direito a música (Ave Maria, cantada por um dos detentos), vestido de noiva e alianças.

Prestes a sair do presídio, Sem Chance sonha em montar seu próprio consultório com o que aprendeu com o Médico.

1.2.5 Lady Di

Imagem de Lady Di interpretado por Rodrigo Santoro obtida na web.

O travesti com nome de celebridade, Lady Di, entra no consultório improvisado do Médico dentro do Carandiru para descobrir se tem o vírus do HIV, confessando haver tido por volta de 2 mil parceiros sexuais. Ele também admite fumar maconha de vez em quando. Na consulta, o Médico lhe informa que o silicone que ele tem nos seios não é apropriado para aquele uso, mas Lady explica que este foi o único que seu dinheiro pôde comprar. Quem retira seu sangue para o exame é Sem Chance, com quem Lady logo inicia um romance. Os pais de Lady Di não aceitam a vida que o filho escolheu, insistindo que o nome dele é Dirceu. Dos dois, a mãe é a mais flexível, tentando, inclusive, convencer o marido de que a felicidade do filho é o mais importante. Mesmo assim, Seu Antônio continua irredutível. Lady Di vive seu conto de fadas dentro do presídio, onde se “casa” vestid o de noiva com Sem Chance.

1.2.6 Nego Preto

Imagem de Nego Preto interpretado por Ivan de Almeida obtida na web.

Chefe da Cozinha Geral, Nego Preto, como Moacir é conhecido, é uma espécie de juiz das desavenças internas. Por ele, passa decisões como negociação de dívida e autorização para matar alguém lá dentro.

Preso por assassinato, tem ainda mais uns anos para ganhar sua liberdade. Quando solto, praticava assaltos com os comparsas Escovão e Gordo. Após um destes assaltos, a uma joalheria, que havia ocorrido bem, “sem nenhum tiro”, houve uma desavença entre os assaltantes, que culminaria na prisão de dois deles. Na hora da divisão das jóias, Nego Preto desconfia que Escovão esconde uma arma na mão sob o paletó e o mata. Imediatamente, Gordo saca a arma e aponta para Nego Preto, revelando que o plano era ele matá- lo para fazer a partilha somente com Escovão, mas Gordo não tem coragem de atirar. Eles carregam o corpo de Escovão até o córrego e o jogam lá.

A polícia chega até Gordo, que, com medo, acaba entregando o comparsa pelo assassinato. Os dois são presos e levados para a Casa de Detenção de São Paulo, onde Gordo morre a facadas ao entalar em um túnel por onde vários detentos estavam fugindo.

Tempos depois, Nego Preto é surpreendido ao ver seu filho no Carandiru, agora como um dos detentos.

1.2.7 Seu Chico

Imagem de Seu Chico interpretado por Milton Gonçalves obtida na web.

Pouco se sabe sobre Seu Chico, um senhor negro, apaixonado por balões, que há anos vive no Carandiru. Pai de 18 filhos, tem uma história comovente de como o crime pode

desestruturar uma família. Vive isolado dos demais detentos e nunca recebe visitas. Não se sabe qual ou quais crimes cometeu, somente que está na dependência do juiz para ganhar sua liberdade. Após haver falado com sua filha ao telefone, em uma conversa com Seu Pires, diretor do presídio, Seu Chico pede que lhe fosse concedida uma autorização para que sua filha caçula, que resolveu visitá- lo, pois estava esquecendo do seu rosto, pudesse ir vê - lo fora do horário de visita para que ela não tivesse contato com os outros detentos. Entretanto, Seu Pires nega o pedido, alegando que, se abrisse exceção para um, teria de abrir para todos. Mais tarde, vê -se que Seu Pires resolveu ceder: Seu Chico espera no meio do pátio, embaixo de uma tenda, com um piquenique preparado, fora do horário de visitação. Porém, a filha do velho não aparece. Desolado, ao perceber que havia um guarda vigiando, agride um dos carcereiros e é levado à solitária por 30 dias. Seu Chico parece se culpar pela situação familiar que se encontra, usando a solitária como autopunição.

A filha de Seu Chico, finalmente, vai visitá-lo. Seu Pires, como prometido, deixa que os dois se encontrem fora do horário de visitas e, inclusive, ordena que deixem-no ficar com ela além do tempo permitido para visitação.

Seu Chico ganha sua liberdade antes do famoso massacre.

1.2.8 Ezequiel

Imagem de Ezequiel interpretado por Lázaro Ramos obtida na web.

Ezequiel, um detento viciado em crack e apaixonado por surfe, vive em dívida no presídio por conta do vício, tendo já se desfeito de quase todos os seus bens. Sua última dívida, adquirida com Zico, quase resulta em sua morte. Ezequiel tenta saldar sua dívida com sua prancha de surfe e ainda pede que Zico lhe venda outra pedra de crack fiado. Zico o expulsa de sua cela, agredindo-o. No dia de visita, Ezequiel diz a Nego Preto que quer pagar sua dívida e pede autorização para que sua irmã tenha relações sexuais com outros detentos para conseguir dinheiro. Com um olhar de desaprovação, Nego Preto lhe diz que faça o que achar melhor. Como

ele não paga a dívida, Zico pede autorização a Nego Preto para matá-lo, mas acaba desistindo. Como punição, Nego Preto ordena que Ezequiel pegue suas coisas e se mude para o Amarelo (setor daqueles jurados de morte). Com a morte de Zico, Ezequiel é procurado por Majestade para que assumisse a culpa. Ezequiel não resiste à proposta de ter uma cela só para ele, com roupa lavada e drogas para consumir, mesmo tendo apenas dois anos para ganhar a sua liberdade. Com o crime, pegaria mais uns 20 anos, mas os argumentos de Majestade – que dois ou vinte anos não fariam diferença para alguém com AIDS, como Ezequiel – foram mais que suficientes para convencê- lo.

Ezequiel não chega a desfrutar dos privilégios: é morto por um policial no massacre.

1.2.9 Peixeira

Imagem de Peixeira interpretado por Milhem Cortaz obtida na web.

Assassino profissional, Peixeira é confrontado por Lula, que quer acertar as contas do assassinato de seu pai, que ocorreu na sua frente e da sua mãe. Nego Preto chega para resolver a desavença. O matador de aluguel, então, explica ao jovem e inexperiente ladrão que fora sua própria mãe que encomendou o assassinato de seu pai. Lula, sofrendo e inconformado com a verdade, desiste de matar Peixeira.

Peixeira sempre foi convicto de sua posição como um assassino frio e sem remorso pelas vítimas, mas a reviravolta em sua vida chegaria dentro do Carandiru. Em um dia de visitas, observa, curioso, a pequena igreja evangélica improvisada dentro do presídio, onde o pastor prega. Envolvido na emboscada para matar Zico, em vingança pela morte de Deusdete, Peixeira é quem deveria dar a facada final, que mataria Zico de uma vez. No entanto, ao olhar em seus olhos, ele hesita e não consegue matá-lo. A partir daí, Peixeira começa a se sentir culpado pelas outras mortes que tem no histórico. Ele, inclusive, sonha que Zico volta para assombrá- lo, com as feridas das facadas em aberto e sangrando bastante, junto com Deusdete que está com o rosto coberto pela touca de meia de seda do Zico e chora muito. Quando Zico o abraça, as facadas de

seu corpo passam para o corpo de Peixeira que começa a sangrar. Depois deste sonho, ele vai até o consultório improvisado do Médico e pergunta a ele como saber se algué m está ficando demente e quer saber se existe remédio para culpa. Desorientado e confuso, sai ao pátio, na chuva. Avista novamente a pequena igreja evangélica, onde está havendo um culto. Ao perceber o desespero de Peixeira, o pastor pára o culto e chama sua atenção, questionando- lhe se quer aceitar Jesus. Peixeira, então, se ajoelha e se converte, chorando.

1.2.10 Médico

Imagem do Médico interpretado por Luiz Carlos Vasconcelos obtida na web.

O Médico chega na Casa de Detenção de São Paulo para realizar um trabalho de prevenção à AIDS, que já está em situação de pré-epidemia no presídio. Seu Pires, o diretor, o acompanha pelas instalações, lhe mostrando o lugar. Chegam a uma ala onde está tendo uma desavença, que logo é resolvida por seu futuro paciente estressado: Nego Preto, que lhe dá as boas-vindas.

O Médico começa a atender em um consultório improvisado dentro do presídio e tem Sem Chance, um dos detentos, como seu ajudante na enfermaria. Lula também faz pequenas operações lá. Aos poucos, vai conhecendo os detentos e suas histórias, e é exposto a doenças como tuberculose, sarna e AIDS.

Com o tempo, ganha a confiança daqueles que atende e circula livremente pelo presídio. Uma noite, no entanto, um guarda noturno não o reconhece e ele quase teve de passar a noite lá dentro.

É convidado para dar o chute inicial na partida da final do campeonato de futebol do presídio, acontecimento muito importante e celebrado pelos detentos.

Expostas as personagens, pode-se resumir estas informações no seguinte quadro:

TABELA 23 – PERSONAGENS PRINCIPAIS

Personagem Características físicas Características psicológicas História Deusdete Aparência de aproximadamente 20 anos, branco, magro, tem cabelos curtos e negros. Recluso e tímido, resiste em se envolver com os demais detentos e, freqüentemente, aparece lendo na cela.

Jovem da periferia, que luta para não entrar na vida de

crimes. É preso após assassinar os agressores da irmã Francineide. Na prisão, encontra o amigo de infância Zico, que acaba assassinando- o com uma panela de água

fervente. Zico Aparência de no máximo 30 anos, branco, tem cabelos curtos, geralmente ocultos por uma touca de meia de seda. Inquieto e hiperativo, devido ao constante consumo de crack. Inseguro, demonstra- se piedoso com um devedor.

Criado pela mãe de Deusdete, se envolveu com o crime cedo. Viciado em crack, que

o leva a matar o amigo de infância durante uma alucinação. É morto a facadas

Majestade Aparência de 40 e poucos anos, negro, de cabelos curtos e um pouco acima do peso. Malandro com gingado, orgulhoso

de seu poder e por desfrutar do amor de

suas duas mulheres. Carismático, sempre conta vantagem em

suas histórias.

Conhece sua primeira mulher, Dalva, numa partida de futebol, onde o noivo dela joga. Foge com ela e a pede em casamento, mas seus pais não aceitam por ele ser negro.

Casado com Dalva, conhece Rosirene, uma prostituta, com

quem também constitui família. Sem Chance Aparência de 30 e poucos anos, branco, magro, baixinho, tem cabelos curtos e encaracolado s. Uma espécie de “filósofo”, é um detento escolado, de boa argumentação e sonhador. Ajudante do Médico na enfermaria, que se encanta pelo travesti Lady Di, com quem se “casa” dentro do presídio. Sonha em abrir o próprio consultório médico quando ganhar sua liberdade.

Lady Di Aparência de 20 e poucos anos, branco, travesti, alto, de cabelos negros em estilo chanel e de presença marcante. Sonhador e delicado. Sua carência se demonstrava pelos vários relacionamentos que teve. Realizou-se quando encontrou o amor.

Travesti que teve mais de 2 mil parceiros, tinha problemas com seus pais, que

não aceitavam a vida que escolheu. No Carandiru, se

Nego Preto Aparência de 50 e poucos anos, negro, de bigodes, de cabelos curtos e negros. Um líder, assumindo papel de juiz interno. É, antes de tudo, um

pacificador, desenvolvendo, por conta disso, estresse.

Traído pelos comparsas, foi preso por assassinato e se tornou o chefe da Cozinha Geral no Carandiru. Tudo que

ocorre lá dentro deve passar por ele e deve ter sua

autorização. Seu Chico Aparência de aproximadamente 60 anos, negro, tem cabelos curtos e encaracolados, acima do peso. Calmo e reservado, era um senhor triste e

solitário pela distância da família,

que não o visitava.

Apaixonado por balões, pai de 18 filhos, mas nenhum vai

visitá-lo. Já cumpriu parte da sentença e está na dependência do juiz dar sua liberdade. Vive isolado dos

demais detentos.

Ezequiel

Aparência de 20 e poucos anos, negro, magro, tem

cabelos curtos descoloridos.

Tem AIDS.

Ingênuo e submisso, vive à mercê dos outros detentos por conta de seu vício em

crack.

Por conta de uma dívida, quase acaba morto. Sem perspectiva por conta da doença e para ganhar privilégios, acaba assumindo

a autoria de um assassinato que não cometeu.

Peixeira

Aparência de 30 e poucos anos, forte, com corpo

malhado e tatuado. Careca,

geralmente, usa touca de lã.

Assassino destemido e frio. Tem uma

reviravolta no presídio, passando a se sentir culpado pelos crimes, chegando a se converter ao evangelismo.

Matador de aluguel, encontra o filho de uma de suas vítimas que quer vingança no

presídio. Depois de não conseguir matar um detento,

começa a se sentir culpado pelas outras mortes. No fim, acaba entrando em uma igreja

evangélica dentro do Carandiru e se converte.

Médico Aparência de 40 e poucos anos, branco, de cabelos castanhos e curtos, magro. Calmo e paciente, é preocupado com o bem-estar dos pacientes independente dos crimes que haviam

cometido.

Médico que foi ao presídio para tratar os detentos e tomar providências contra a

pré-epidemia de AIDS. Ganhou a confiança dos detentos, que lhe contavam

suas histórias e lhe pediam conselhos.

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