CAPÍTULO III – O LIVRO ESTAÇÃO CARANDIRU: suas personagens
2. Estação Carandiru : Suas Personagens
Esta abordagem da obra Estação Carandiru enfatizará o perfil de suas personagens principais e secundárias.
Massaud Moisés caracteriza a personagem do texto literário como “os seres fictícios construídos à imagem e semelhança dos seres humanos: se estes são pessoas reais, aqueles são ‘pessoas’ imaginárias; se os primeiros habitam o mundo que nos cerca, os outros movem-se no espaço arquitetado pela fantasia do prosador” (1974, p. 396).
No texto A personagem do romance, incluído no livro A personagem de ficção, de Antônio Cândido, Anatol Rosenfeld, Décio de Almeida Prado e Paulo Emílio Sales Gomes, lê-se “a personagem vive o enredo e as idéias, e os torna vivos” (1968, p. 54). Dos três elementos de uma novela: enredo, idéia e personagem, esse último se destaca. Citando: “no meio deles (os elementos da novela) avulta a personagem, que representa a possibilidade de adesão afetiva e intelectual do leitor (...)” (1968, p. 54).
O mesmo texto acima citado, enfatizando a importância da personagem no texto literário cita um texto de Gide (1968, p.54): “Tento enrolar os fios variados do enredo e a complexidade dos meus pensamentos em torno destas pequenas bobinas vivas que são cada uma das minhas personagens” (ob. cit., p. 26).
Deve se lembrar que, no caso do texto Estação Carandiru, a maioria das personagens é explicitamente baseada em pessoas reais. Citando:
(...) procuro abrir uma trilha entre os personagens da cadeia: ladrões, estelionatários, traficantes, estupradores, assassinos. (...) Por razões éticas, os casos descritos nem sempre se passaram com os personagens a que foram atribuídos. (VARELLA, 2005, p. 9-10)
Esta citação salienta a oportunidade da definição acima citada de Massaud Mo isés, porém há de ser complementada, citando Antônio Cândido (1968), devemos lembrar que “o romancista é incapaz de reproduzir a vida, seja na singularidade dos indivíduos, seja na coletividade dos grupos”.
Seguindo a classificação proposta por Cândido, podemos dizer que as personagem de
Estação Carandiru se encaixam no primeiro tipo descrito por ele, ou seja, são personagens
seja interior, seja exterior ”. Neste caso, trata-se de uma experiência direta exterior, já que o autor esteve em contato direto com as pessoas.
A seguir, será apresentado um levantamento das personagens da obra Estação Carandiru. A classificação é composta de cinco itens: o nome da personagem, uma definição elaborada a partir dos dados do livro, a primeira referência feita à personagem no livro, o capítulo e o número da página desta primeira referência.
Essa listagem apresenta a relação de todas as personagens de Estação Carandiru, totalizando 206, sendo 190 homens e 16 mulheres. Elas podem ou não ter estado em contato com Drauzio Varella, este não foi um critério de exclusão. A listagem segue a ordem de aparecimento das personagens no livro.
TABELA 3 – RELAÇÃO DE PERSONAGENS DO LIVRO
Nome Descrição 1ª Referência Capítulo Página
Narrador
Médico que foi à Casa de Detenção para fazer
um trabalho de prevenção à AIDS. “Quando eu era pequeno, assistia eletrizado àqueles filmes de cadeia em branco e preto.” Introdução 9 Dr. Getúlio Ex-aluno de Drauzio do cursinho. Cuidava dos
detentos com AIDS.
“...a figura calada do dr. Getúlio, meu ex- aluno no cursinho...”
Introdução 9
Dr. Manoel Schechtemn
Médico responsável pelo sistema prisional.
“...procurei o dr. Manoel Schechtman, responsável pelo departamento médico do sistema prisional...” Introdução 9
Paulo Garfunkel6
Escreveu “O Vira Lata” (HQ).
“...O Vira Lata, um Carlos Zéfiro dos anos
90 escrito por Paulo Garfunkel...”
Introdução 10
Líbero Malavoglia6
Desenhou “O Vira Lata” (HQ).
“...escrito por Paulo Garfunkel e desenhado por Líbero Malavoglia...” Introdução 10 Seu Jesus Diretor de Vigilância, ex- lutador profissional 120 quilos. Depois, virou pastor protestante.
“Seu Jesus, diretor de Vigilância, ex- lutador profissional de luta livre...” Estação Carandiru 14 Xavier Ajudante do marceneiro-chefe.
“Só então escutei a voz empostada do ajudante: -Reeducando Xavier às
suas ordens, doutor.”
Estação Carandiru 15 - Funcionário do pavilhão Oito, atarracado, de bigode, surpreendido na
revista com um pacote de crack amarrado à face interna das coxas.
“...um funcionário do pavilhão Oito, atarracado, de bigode,
quis entrar com um pacote de crack...”
Estação
Carandiru 15
-
Malandro desdentado, com gingado, sandália de dedo e T-shirt escrito
New York University.
“Em minha direção vem um malandro desdentado, na ginga...” Estação Carandiru 16
6 Embora possam ser entendidas mais como ambientação que personagens de fato, foram consideradas como
Seu Jeremias
Um senhor negro baiano, de cabelo de carapinha branco, pai de
18 filhos com a mesma mulher, firme de caráter, cumprindo sete
anos desta vez, sobrevivente de 15
rebeliões.
“O velho Jeremias, de carapinha branca, sobrevivente de quinze
rebeliões e pai de dezoito filhos com a
mesma mulher...”
O casarão 19
Genival Paciente do DM (doente mental).
“Genival, um dos habitantes do setor, diz
que perdeu o juízo por causa da visão de um
senhor que ele matou...” Os pavilhões 25 Bigode Forte, chefe de quadrilha de piratas de Santos, cumpre 213 anos.
“Como diz Bigode, um homem de caráter forte,
antigo no pavilhão...”
Os pavilhões 26
Seu Lupércio
Viciado e traficante de maconha de 82 anos de
idade, criado num orfanato de Poá. Foi
massagista do São Paulo, se orgulha de nunca haver roubado.
“Seu Lupércio, com mais de oitenta anos e dezenas de entradas e saídas na Casa por
fumar e vender maconha...”
Os pavilhões 27
Caçapa
Ladrão que cumpre 5 anos por assalto a banco
no qual ganhou US$ 20 mil.
“Caçapa, um ladrão que cumpre cinco anos no Seis, que ganhou 20 mil dólares num assalto
a banco...”
Rolney
Ladrão que cumpriu 12 anos e voltou por matar o amigo-amante de sua
mulher.
“Rolney, um ladrão da zona sul que cumpriu doze anos no pavilhão
e foi libertado...”
Os pavilhões 33
Gersinho
Assaltante primário, de 19 anos, portador de vírus HIV, acolhido por
ladrão antigo que o viu nascer. “Gersinho, portador do vírus da AIDS, dezenove anos, assaltante primário aceito no pavilhão...” Os pavilhões 33 Majestade
Assaltante dos anos 70, cumpre pena há 20 anos no Nove. Presidente de
Esportes do Nove.
“Majestade, assaltante dos anos 70 que cumpre pena há vinte
anos sem sair do Nove...” Os pavilhões 35 Juscelino Mineiro de sorriso encantador, traficante de maconha no sertão de Pernambuco e trazia a droga na mochila. “...como explica Juscelino, um mineiro de sorriso encantador que comprava maconha
no sertão de Pernambuco...” O barraco 36 Dr. Walter Chegou a diretor-geral do presídio. Começou como carcereiro e depois se formou advogado. “Na opinião do dr. Walter, que começou
ainda menino como carcereiro, formou-se
advogado e chegou a diretor-geral do
presídio...”
Valtércio
Arrombador de carros. Num dia roubou 8 televisores no porta- malas na frente do
Fórum.
“Valtércio, um arrombador de carros que, num dia de Copa,
roubou oito televisores...”
O barraco 37
Sabiá
Ex- motorista da prefeitura que usava o
carro oficial para entregar cocaína. Apaixonou-se por uma mocinha da Repartição e foi entregue à polícia
pela esposa traída.
“Sabiá, ex- motorista da prefeitura que usava o
carro oficial para entregar cocaína no centro da cidade...”
O barraco 41
Jaquelina
Travesti lavadeira e passadeira preso por aplicar o golpe do suador. Descobriram que ele ensaboava as
roupas na água da privada.
“...Jaquelina, uma travesti lavadeira e passadeira presa por
aplicar o golpe do suador...”
O barraco 42
Sem-Chance
Ladrão escolado, mulato franzino que ganhou o apelido de tanto repetir essas palavras no final das
frases. Viciado em crack. Tinha
tuberculose.
“...como explica o Sem-Chance, um mulato franzino que ganhou o apelido de tanto repetir essas palavras no final das
frases:”
Pequeno
Rapaz de língua presa, de um metro e meio de altura, que matou quatro
PMs que, segundo ele, mataram seus pais.
“A verdadeira história pouco depois eu ouvi do Pequeno, um rapaz de língua presa...” Sol e lua 46 Waldemar Gonçalves Diretor do Departamento de Esportes, tem o hábito
de mascar cravos que ele guarda numa latinha
de pastilhas Valda. “...comandados pelo diretor do Departamento de Esportes, o funcionário Waldemar Gonçalves...” Sol e lua 47 Seu Reinaldo Drumond Funcionário da portaria, negro, forte como touro.
“Seu Reinaldo Drumond, um funcionário da portaria, negro...” Sol e lua 47 Gaúcho
Zagueiro com cara de amazonense, que tinha chegado na periferia de
São Paulo há vinte anos, como assentador de azulejo. Meteu-se em
uma briga em que perderam a vida dois contendores. Acabou sócio de um amigo
ladrão.
“Era o Gaúcho, um zagueiro com cara de amazonense, que tinha chegado na periferia de
São Paulo há vinte anos...”
-
Uma senhora do Paraná, de coque no cabelo e
pernas grossas de varizes, que viajava 600
km de ônibus a cada 15 dias para visitar o filho condenado a 120 anos, que chacinou 6 pessoas.
“Uma senhora do Paraná, de coque no cabelo e pernas grossas
de varizes, viajava seiscentos quilômetros de ônibus a cada quinze
dias, religiosamente...”
Fim de
semana 51
Pirata
Chefe de uma quadrilha que abordava navios na
barra de Santos, encarregado de prender uma corda com gancho na murada por onde
subiam com as metralhadoras.
“Num sábado, no campo do Oito, conheci
a mãe do Pirata, uma senhora ba ixa e
encorpada...”
Fim de
semana 52
Seu Mavi Diretor do pavilhão Nove.
“Uma vez, seu Mavi, diretor do pavilhão Nove, perguntou a um grupo de presos que se queixava da comida:”
Fim de
semana 53
Xanto
Ladrão do Pari que baleou seus dois primos
e seu tio bêbado, que espancava sua tia- madrinha, no peito por
não saber dar tiro nas pernas de ninguém.
“No plano Collor, no auge do congelamento,
Xanto, um ladrão que ao visitar a tia- madrinha no Pari baleou tanto o tio
bêbado...”
Fim de semana
Zilá
Mulata de sorriso franco. Tinha quatro filhas, das quais apenas a mais velha havia sido concebida com o pai em
liberdade, seis anos antes.
“Uma mulata de sorriso franco, Zilá, das primeiras na ordem de
chegada, disse que estava muito feliz...”
Fim de semana
55
Fran
Vizinha de Zilá, magrinha, tímida, que podia ter no máximo 20
anos. Foi ao presídio para ser apresentada a
Roberval.
“...tinha chegado a Fran, uma vizinha do
Taboão da Serra, magrinha, tímida, que
podia ter no máximo vinte anos.”
Fim de
semana 55
Roberval
Um mulherengo de bigode, sócio do marido
de Zilá no negócio de assaltar carga.
“...você quer conhecer o Roberval eu te levo, mas não desejo para ninguém o cansaço da
fila...”
Fim de
semana 55
Genésio
Nordestino cicioso que fez mais de cem assaltos e esbanjou todo
dinheiro nas boates da Zona Norte.
“...Genésio, um nordestino cicioso que esbanjou nas boates da zona norte o dinheiro
roubado em mais de cem assaltos...”
Visitas íntimas
Sheila
Travesti condenado a 3 anos e 2 meses por usar
um talão de cheque roubado. Seios enormes, blusa com nó
acima do umbigo, confessava mais de mil
parceiros sexuais na Casa de Detenção no decorrer do ano anterior
à pesquisa.
“No trabalho com os travestis, encontramos o caso da Sheila, condenada a três anos e dois meses...” O baque 65 Chocolate Ladrão azarado do Jardim Bonfiglioli que
roubou, sem saber, a casa da namorada do tio
traficante e depois, assaltou uma outra sem
saber que era do filho de um delegado.
“Chocolate, um ladrão azarado do Jardim Bonfiglioli que roubou,
sem saber, a casa da namorada do tio
traficante...”
O baque 65
Chico Ladeira
Ladrão de fala mansa, marido de uma mulher bonita da qual morria de
ciúmes, fabricava seringas. Preso em um assalto a um templo da
Igreja Universal.
“...Chico Ladeira, preso por seguranças armados de metralhadora num assalto a um templo da igreja Universal...” O baque 66 Coça-Coça Recebeu o apelido do amigo, que lhe flagrou
pedindo para uma prostituta passar a unha
em suas costas.
“Acharam uma grinfa ainda com sangue dentro, deba ixo da cama do Coça-Coça.”
-
Jamaicano, negro, de rosto comprido, recém-
saído da cadeia.
“...um jamaicano negro de rosto comprido, recém-saído da cadeia, que dizia ter sido preso
injustamente...” O baque 67 - Filho de árabe, envelhecido precocemente.
“...um filho de árabes envelhecido precocemente;”
O baque 67
-
Magrelo, de dentes estragados, pai de dois
filhos. Assaltava bilheterias do metrô.
“...um magrelo de dentes estragados pai
de dois filhos, que assaltava bilheteria de
metrô;”
O baque 67
-
Nissei da máfia, que explorava lenocínio nas
boates da Liberdade.
“...um nissei da máfia que explorava lenocínio nas boates da
Liberdade, o bairro oriental de São Paulo.”
O baque 67 Roberto Funcionário da UNIP, responsável pela montagem do cinema. Apelidado de PC pelos detentos devido à semelhança física com
o personagem de Alagoas.
“O trabalho de montagem ficava por
conta de dois funcionários da UNIP, o Roberto e o Luís...” No cinema 70 Luís Funcionário da UNIP, responsável pela montagem do cinema. “O trabalho de montagem ficava por
conta de dois funcionários da UNIP,
o Roberto e o Luís...”
Gerson Coordenador do pavilhão Oito.
“...ajudados por uma equipe de detentos coordenada pelo Gerson do pavilhão Oito. ” No cinema 70 Seu Florisval Diretor de Disciplina. Começou como carcereiro e chegou a diretor. “Durante as primeiras palestras, seu Florisval, o diretor de Disciplina, postava-se no palco...” No cinema 71 Hernani Um senhor de cabelo grisalho, especialista no golpe da arara. “Hernani, um falsário ou “171”, como prefere a malandragem...” No cinema 71 Santista
Ladrão que dizia ter aproveitado a vida. Viciado em cocaína .
Esbanjava dinheiro roubado com moças de
boates.
“...eu respondia às perguntas feitas num outro microfone com fio comp rido levado
pelo Santista...”
No cinema 72
Santão
Assaltante e receptador, nascido sem uma
orelha, mulato musculoso cumprindo
18 anos por assalto a banco, que ajudava a montar o equipamento
de som, era um dos mais revoltados.
“Santão, um mulato musculoso cumprindo dezoito anos por assalto
a banco, que ajudava a montar o equipamento
de som...”
Benê
Filho de alcoólatra que odiava bêbado e baleou dois deles numa padaria
de Parelheiros porque importunaram uma
moça. Homem de poucas palavras e moral. Apitou a decisão
do campeonato interno de futebol.
“Na semana seguinte, antes de começar a palestra, o Benê, um filho de alcoólatra...” No cinema 74 Rita Cadillac Ex-chacrete que encantava os homens diante da TV, sábado à noite. “Para abrilhantar a cerimônia, o Waldemar convidou Rita Cadillac...” Rita Cadillac 76 Dr. Mário Mustaro Chefe do serviço médico da Casa e ex- professor de bioquímica
de Drauzio na faculdade.
“...para acertar os detalhes com o dr. Mário Mustaro, o chefe
do serviço médico da Casa...” Atropelo na Divinéia 80 Edelso Primeiro enfermeiro de Drauzio. Rapaz com jeito de classe média,
preso por roubo de automóvel e exercício
ilegal da medicina.
“...conheci meu primeiro enfermeiro, Edelso, um rapaz com jeitão de classe média, preso por ro ubo de
automóvel...” Atropelo na Divinéia 80 - Um mulato, baixinho e troncudo, de camisa
aberta, que fez um carcereiro refém.
“Um mulato, baixinho e troncudo, de camisa aberta, à direita do refém, com uma das mãos segurou- lhe...”
Atropelo na
-
Branco de cabelo desgrenhado, dentes falhados na frente, que
fez um carcereiro refém.
“Do lado oposto, um branco de cabelo desgrenhado, dentes falhados na frente, mantinha posição simétrica...” Atropelo na Divinéia 81 - Fortão, musculoso de malhação, que fez um
carcereiro refém.
“O terceiro, musculoso de malhação, puxava o
refém pela gola...”
Atropelo na
Divinéia 81
-
Preso sem camisa, com cara de boxeador. Enfermeiro que cuidava
de um doente.
“Neste, sob a água que escorria em pingos grossos, um preso sem
camisa, com cara de boxeador...”
Bem-vindo 83
-
Paciente com ferida no rosto que pegava toda
região frontal direita, provocada por Herpes-
Zoster, vírus oportunista dos casos de
AIDS.
“O paciente tinha ferida cruenta no rosto, extensa, que pegava toda a região frontal direita, avançava sobre
as pálpebras...”
Bem-vindo 83
-
Ladrão de automóveis de Santo André, que estava só pele e osso e
tossia e cuspia uma secreção sanguinolenta.
“No final, entrei no quarto de um rapaz de Santo André, ladrão de
automó veis...”
Juliano
Um dos enfermeiros, fortão, de bigode, que
puxava a perna esquerda atingida numa
emboscada em que perderam a vida um irmão e outro parceiro.
Era especializado em bancos e carros-fortes.
“Um dos enfermeiros, Juliano, fortão, d e bigode, que puxava a perna esquerda...” Bem-vindo 84 Pedrinho Um tipo de barba cerrada e passado misterioso. Tinha três balas alojadas no tórax
e foi condenado a 22 anos.
“...Pedrinho, um tipo de barba cerrada e passado misterioso, com três balas alojadas no tórax...” O impacto 86 - Guarda-costas de um traficante da Rocinha,
falava com sotaque carioca arrastado e usava a camiseta do Flamengo. Tinha os braços cobertos de feridas que ele coçava
ininterruptamente.
“Um deles, guarda- costas de um traficante da Rocinha, vestido com a camiseta do Flamengo...” O impacto 87 Mil e Um
Apelidado pela falta dos quatro incisivos na arcada superior, era
HIV positivo. Traficante de crack.
“Uma vez, chegou um doente chamado Mil e Um, referência à falta dos quatro incisivos na
arcada superior...”
Biotônico
Turco
Descendente de árabes, nariz avantajado, cheio
de correntes embaraçadas nos pêlos
do peito. Anos mais tarde, fugiu por um
túnel cavado no pavilhão Sete.
“Eu nem sabia que ainda fabricavam o tal tônico revigorante e dei
a receita ao Turco...”
Biotônico
Fontoura 93
-
Ladrão do pavilhão Sete. Tinha lábios rachados de febre, conjuntiva amarela - avermelhada e dor nos músculos, causada pela leptospirose. Trabalhou no túnel feito para fuga.
“Um dia de chuva, entrou um ladrão do pavilhão Sete enrolado num cobertor, feito um beduíno do deserto,
apenas os olhos de fora.”
Leptospirose 96
Rolha
Obeso, entalou na boca do túnel disfarçada atrás
da imagem da santa.
“O Rolha, conforme ficou conhecido esse rapaz, foi transferido da
Detenção às pressas...”
Leptospirose 98
Zico Tinha fama de bandidão na Vila Guaram.
“Uma vez, Zico, com fama de bandidão na Vila Guaram, reconheceu a fisionomia de um recém-chegado...” Anjos- Demônios 101 Bolacha Encarregado-geral, negro de lábios grossos, ladrão de longa carreira.
“...um negro de lábios grossos conhecido como Bolacha, ladrão
de longa carreira:”
Anjos-
Kenedi Baptista dos Santos, conhecido como
Zé da Casa Verde
Era ladrão desde a adolescência. Negro,
assaltante de banco, casado com duas mulheres, Valda e Maria Luísa. “Zé da Casa Verde, marido de duas mulheres, na época internado na enfermaria, fez o seguinte comentário...” Anjos- Demônios 102 Abrão Nordestino atarracado, ex-proprietário de inferninho no cais de Santos, cumprindo 25 anos pela morte de um cliente que bateu em uma de suas prostitutas.
“Abrão, um nordestino atarracado, ex- proprietário de inferninho no cais de Santos...” Anjos- Demônios 103 Seu Joãozinho Um senhor baixinho que guardava o portão
de acesso à Divinéia, morreu esmagado pelo
caminhão de lixo no portão da Divinéia, em
uma tentativa de fuga.
“Um homem que não fazia mal para uma mosca, como o seu Joãozinho, morreu esmagado pelo caminhão de lixo...” Os funcionários 106 Seu Aparecido Fidélis Funcionário experiente, cadeeiro da velha guarda.
“...como disse seu Aparecido Fidélis, funcionário experiente, enquanto tomávamos um chope...” Os funcionários 107 Chico Bagana Ladrão de muitas passagens pela Casa, gozador empedernido.
“...em voz baixa o Chico Bagana, ladrão
de muitas passagens pela Casa...”
Os
Seu Reinaldo Carcereiro que trabalha na portaria.
“...a única explicação para não ocorrerem fugas espetaculares, daquelas de esvaziar pavilhão, é a dada pelo
seu Reinaldo, da portaria:” Os funcionários 111 Seu Bonilha Ex-diretor do Cinco, que uma vez pagou do
bolso um pacote de cigarro que um ladrão devia, só para evitar um
homicídio a mais em seu pavilhão.
“Como diz seu Bonilha, ex-diretor do
Cinco, que uma vez pagou do bolso um pacote de cigarro que