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Capítulo IV – Congresso Matemático

3. Dia do Congresso Matemático

O congresso matemático decorreu, tal como acordado com o Professor Cooperante, na sala 6, no dia 11 de junho durante a hora da aula.

Assim, tendo em consideração que a aula tinha como foco a realização do congresso, decidi alterar a organização do espaço para algo similar a um verdadeiro congresso (figura 33). Neste sentido, encostei as mesas em determinadas zonas da sala, de tal forma que fosse possível dispor as cadeiras em linhas e em colunas à frente do quadro.

Ainda antes dos alunos entrarem, resolvi colocar os crachás de identificação (figura 34), dos alunos, em cima de uma mesa, de maneira a evitar que se perdesse tempo, no início da aula, para a sua entrega. O objetivo destes crachás não foi, evidentemente, para tornar clara a identificação de cada um dos alunos, porque todos se conheciam, mas, essencialmente, para incitar a um sentimento de responsabilidade e reconhecimento por todo o trabalho realizado. Para distinguir os alunos que apresentaram os problemas dos alunos responsáveis pelos desafios, optei por

Figura 34: Crachás de identificação

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recorrer às seguintes designações: congressistas e colaboradores. O termo colaborador surge, porque desde o início deste projeto, realcei que os alunos que não ficassem encarregues de apresentar as tarefas teriam uma função igualmente importante que era a de apoiar em questões da organização do congresso.

Para além dos crachás, coloquei em cima de cada cadeira dos alunos, o programa do congresso, em formato de desdobrável (anexo 9) como forma de garantir organização durante a transição das apresentações. Neste sentido, este programa (em anexo 9) possibilitou que os alunos soubessem em que momento se tinham que preparar para a sua apresentação.

Após o toque, os alunos entraram de forma ordenada e faseada, tendo-lhes pedido que colocassem as mochilas do outro lado da sala, fossem procurar o seu crachá e se sentassem numa das cadeiras. Este momento demorou alguns minutos, pois alguns grupos ainda se juntaram, antes de se sentarem, para conversarem sobre a apresentação e ultimarem os últimos pormenores.

Após todos os alunos, Professor Cooperante e parceira de estágio se sentarem, cheguei-me à frente, acompanhada de uma imagem projetada alusiva ao congresso (anexo 10), para explicar o significado e funcionamento desta iniciativa. Durante estes minutos iniciais, alertei para a ordem que estava descrita no desdobrável e relembrei regras de sala de aula que deviam ser respeitadas de forma a assegurar organização durante esta dinâmica.

Todos os alunos responsáveis pelas tarefas recorreram ao quadro e ao uso de materiais manipuláveis construídos por eles, o que facilitou a compreensão face à explicação dada. Alguns destes alunos fizeram-se ainda acompanhar de uma determinada imagem projetada no quadro, que possibilitou um esclarecimento mais elucidativo do raciocínio apresentado.

Os alunos cuja função era a de expor o respetivo desafio não cumpriram com as suas responsabilidades, tendo aparecido na aula sem qualquer tipo de recurso que lhes permitissem efetuar a apresentação. Face a isto, a minha solução foi permitir-lhes que recorressem ao quadro, pois não tinha os desafios previamente preparados no computador. Evidentemente, esta solução, permitiu que estes alunos tivessem a

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oportunidade de participar no congresso, contudo não foi a ideal, pois impediu os alunos da tarefa seguinte de prepararem os seus materiais, que era exatamente aquilo que se pretendia evitar. Tendo estes aspetos em consideração, poderia suscitar a dúvida que esta falta de responsabilidade poderia ser reflexo de um eventual sentimento de desvalorização em relação aos colegas. Porém dadas as justificações destes alunos em relação ao sucedido (falta de tempo e de não conseguir arranjar materiais) e considerando os dados obtidos pelo questionário, creio que isto refletiu, apenas a falta de esforço e empenho pela disciplina. Para além disto, acrescento ainda que dois alunos optaram por não apresentar o desafio, um por não se sentir confortável em apresentar algo que não tinha preparado, tendo solicitado a realização de uma apresentação conjunta com outro aluno colaborador e no outro caso por já não se lembrar do mesmo.

No decorrer das apresentações, os congressistas revelaram um certo nervosismo inicial que se manifestou, essencialmente, na construção de frases pouco coerentes, contudo a colocação de questões e a interação com o público contribuíram para amenizar esse aspeto.

A maioria dos congressistas interveio durante a apresentação (figura 35) tendo, de uma maneira geral, aplicado os termos científicos, corretamente. É de salientar apenas que, três destes alunos (pertencentes a grupos distintos) não se manifestaram, oralmente, em nenhuma ocasião da apresentação. Isto deveu-

se, na minha perspetiva a alguma timidez e nervosismo, pois em determinados momentos foram incentivados para o fazer pelos colegas do grupo ou até mesmo por mim.

Durante o congresso, fiz algumas intervenções, umas para corrigir alguns erros nas apresentações e chamar a atenção quando os elementos do público interrompiam ou não permitiam que as apresentações se desenrolassem, e outras em que coloquei questões a fim de estimular a atenção do público e fomentar a capacidade de comunicação dos alunos. As apresentações dos congressistas, de um modo geral, foram satisfatórias, pois notou-se uma devida preparação das apresentações e organização entre os elementos do

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grupo e, em termos científicos, penso que os alunos foram ao encontro do que era pretendido. Em determinados casos, houve grupos que decidiram ir mais longe e abordar na mesma tarefa outros conceitos que foram trabalhados, o que demonstrou empenho e segurança ao nível de conhecimentos. Quanto aos alunos da plateia, estes na maioria das vezes que queriam responder a uma pergunta ou colocar uma questão levantavam o braço e esperavam que lhes fosse concedida autorização para falarem pelos alunos que estavam a apresentar. Isto garantiu que houvesse organização e todos pudessem ser ouvidos.

Os alunos colaboradores por não terem preparado, previamente, a apresentação, acabaram por não conseguir, em alguns casos, expor o enunciado do desafio, corretamente. Num outro caso, em particular, embora o colaborador tivesse reconhecido a resposta certa, não foi capaz de a explorar.

A meu ver, as apresentações que mais se sobressaíram foram a tarefa 1 e a tarefa 10 pela capacidade que os congressistas tiveram em conseguir utilizar um discurso claro que apelou a atenção e suscitou uma participação ativa por parte do público e a tarefa 8 pela apresentação coordenada entre os elementos do grupo.

Apesar de algumas interrupções e distrações por parte dos elementos do público em algumas apresentações e de haver alguns tempos de espera na transição destas que levou, consequentemente, a que o congresso matemático terminasse para além da hora prevista, a meu ver, o balanço é positivo. No decorrer deste congresso assistiram-se a apresentações bastante ricas, que desencadearam, por sua vez, discussões interessantes e a uma partilha de conhecimentos matemáticos entre os alunos. Penso que a lecionação do conteúdo das isometrias não poderia ter culminado da melhor forma, pois os alunos, no geral, foram capazes de explorar, autonomamente, os conceitos matemáticos e, em certas ocasiões, surgiu a oportunidade de levar o raciocínio dos alunos um pouco mais longe (exemplo: “Será que qualquer figura que tenha simetria de reflexão, obrigatoriamente, tem simetria de rotação?”).

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