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DIAGNÓSTICO DOS DESAFIOS: UM PERCURSO INICIAL

No documento IDENTIDADES E MEMÓRIAS: (páginas 162-168)

Durante toda a produção da Dissertação e do desenvolvimento do produto, contamos com a participação integral da equipe pedagógica da escola, ou seja, este é um trabalho coletivo que foi lapidado por muitos agentes com interesses em comum. Essa discussão e o desejo de produzir um material que contemplasse a história e memória dessa comunidade Macambira vem nos inquietando desde a elaboração do projeto de pesquisa.

Um dos pontos relevantes desse estudo foi construir uma escrita que pudesse contribuir com o processo de formação histórica e identitária da comunidade. Buscamos também, propor ações pedagógicas voltadas para a valorização e conhecimento da trajetória desse povo negro. Além de produzir, juntamente com a comunidade escolar, ferramentas didáticas que possibilitem o conhecimento sobre as lutas negras ao longo da história, assim como a história local vivenciada e perpassada de geração em geração.

Após identificarmos que a Escola Municipal São Luiz (E.M.S.L) faz parte das estatísticas brasileiras através do censo que a caracteriza como escola de origem quilombola, a equipe pedagógica em parceria com a presente pesquisa reuniu-se para traçar as seguintes problemáticas: pensar a Educação Escolar Quilombola como modalidade a ser inserida na realidade da Escola; pensar um calendário que contemplasse os principais marcos históricos da luta do povo negro a nível nacional, estadual e local;

Propor oficinas para produção de material didático afro brasileiro e de história local, assim como a atualização do Projeto Político Pedagógico (PPP) da escola.

As metas foram traçadas e transformadas na primeira formação continuada voltada para a Educação Escolar Quilombola. Metodologicamente, foi organizada em ações e ocorreu durante seis encontros presenciais e remotos durante o mês de março de 2021.

A primeira ação e abertura da nossa proposta, foi pensar as Diretrizes Curriculares voltadas para a Educação Escolar Quilombola através da primeira formação continuada cujo tema foi: “Educação Quilombola: construção étnica e territorial da Comunidade Macambira, Lagoa Nova/, RN”. Na ocasião apresentamos o andamento da nossa

pesquisa, os pontos pertinentes da história local da comunidade Macambira e a importância de pensarmos ferramentas didáticas como nosso produto final. Esse evento aconteceu em 1º de março de 2021 e contou com a participação presencial dos professores, coordenadores e gestores da E.M.S.L, equipe das Secretarias de educação e cultura e responsáveis pelo acompanhamento nutricional do município.

Vejamos o cronograma com as datas e definições das ações:

IMAGEM 31- Cronograma com as ações realizadas durante a primeira Formação Quilombola de Lagoa Nova, RN.

Fonte: (ARQUIVO E.M.S.L. 2021).

IMAGEM 32- Apresentação dos dados da pesquisa - 2021

Fonte: (ARQUIVO PESSOAL DA AUTORA. 2021).

IMAGEM 33: Equipe pedagógica e administrativa da EMSL.

Fonte: (ARQUIVO PESSOAL DA AUTORA. 2021).

Todas as ações propostas foram realizadas, dentre as quais a elaboração do calendário escolar. A ideia, sugerida pela coordenadora pedagógica Márcia Araújo pela da equipe pedagógica tem por objetivo a produção de um almanaque inspirado no

“Almanaque do Aluá n° 2”, produzido e distribuído nas escolas públicas no ano de 2006, durante o Governo Lula . Depois de conhecermos essa proposta coletivamente, o calendário passou a ser rabiscado e em seguida recebeu o nome de “Almanaque Negridade”. Nele, está sendo registrado datas, eventos comemorativos nacionais e locais afro-brasileiros.

Ainda em construção, a sua estrutura é composta por datas permanentes e datas provisórias, que fazem referência a projetos desenvolvidos durante as atividades pedagógicas, e que devem ser atualizadas no calendário a cada ano letivo. Esse instrumento servirá de orientação para o planejamento no ensino da história de luta e resistência dos africanos, afro-brasileiros e da história local. Conforme representado nas imagens que seguem:

IMAGEM 34- Almanaque Negridade

Fonte: (ARQUIVO E.M.S.L. 2021).89

IMAGEM 35- Almanaque Negridade /Agosto

Fonte: (ARQUIVO 90E.M.S.L. 2021).

89Dados retirados do Almanaque Negridade , tendo como referência a lei 10.639/03.

90 Dados retirados do Almanaque Negridade , tendo como referência a lei 10.639/03.

IMAGEM 36- Almanaque Negridade/ Setembro e Outubro

Fonte: (ARQUIVO E.M.S.L91. 2021).

IMAGEM 37- Almanaque Negridade/ Novembro.

Fonte: (ARQUIVO92 E.M.S.L. 2021).

Um dos maiores desafios enfrentados pela equipe pedagógica da E.M.S.L está sendo reconstruir o PPP que dialogue com a realidade da comunidade quilombola. Dar visibilidade nos conteúdos curriculares às lutas dos negros como também ao seu capital93 simbólico através dos aspectos culturais, econômicos, sociais e políticos, é, antes de tudo, reconhecimento da importância desses sujeitos na formação da sociedade brasileira.

91 Dados retirados do Almanaque Negridade , tendo como referência a lei 10.639/03.

92 Dados retirados do Almanaque Negridade , tendo como referência a lei 10.639/03.

93 BOURDIEU, Pierre. O poder simbólico. Tradução Fernando Tomaz. Rio de Janeiro:Bertrand Brasil, 1989. (coleção memória e sociedade).

Para isso o primeiro passo para construir esse PPP é identificar o que esse documento enfrenta de silenciamento sobre a identidade negra no currículo, no conteúdo, no material didático pedagógico e no discurso. Um PPP que venha (re)elaborar a prática docente que dialogue com a realidade da comunidade escolar.

Diante da atual realidade, em que o mundo enfrenta a pandemia da covid- 19 docentes, coordenadores e gestores da E.M.S.L têm buscado identificar quais pontos pertinentes devem ser elencados nesse documento tendo como referência o PPP da

“Escola Municipal Professora Antônia do Socorro Silva Machado94, (instituição quilombola localizada em João Pessoa/PB), a legislação voltada para a Educação Escolar Quilombola e essa dissertação após o processo de defesa.

De acordo com os protocolos estabelecidos pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB/1996) no artigo 13, parágrafos primeiro e segundo, os docentes devem:

1º Parágrafo: Participar da elaboração da proposta pedagógica do estabelecimento de ensino e,

2º parágrafo: Elaborar e cumprir planos de trabalho, segundo a proposta pedagógica do estabelecimento de ensino. (BRASIL, 1996, não paginado)

No Artigo 14/ 1996 ficam estabelecidos que os sistemas de ensino definirão as normativas e a gestão democrática do ensino público na educação básica, de acordo com suas peculiaridades e conforme os seguintes princípios:

I- Participação de toda comunidade escolar, na elaboração do Projeto Político Pedagógico (PPP);

II - Participação dos Conselhos escolar e deliberativo.(BRASIL, 1996, não paginado)

Diante do exposto, afirmamos que toda a equipe pedagógica, administrativa e diretiva da Escola, vem acompanhando esse processo de início de escrita desse PPP. É importante ressaltar que o prazo estabelecido para a conclusão é julho de 2022. Após a retomada das aulas no formato presencial, toda comunidade escolar e lideranças da

94 PPP – Projeto Político Pedagógico. Escola Municipal Professora Antônia do Socorro Silva Machado - Promovendo Igualdade. João Pessoa, 2016.

Macambira também participarão das definições e escrita desse importante documento.

Essas ações que vieram a discussão durante a primeira formação, continuam em curso, cumprindo as orientações e cronogramas estabelecidos pela gestão escolar.

No documento IDENTIDADES E MEMÓRIAS: (páginas 162-168)