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MOCAMBOS, QUILOMBOS E REMANESCENTES DE

No documento IDENTIDADES E MEMÓRIAS: (páginas 77-85)

REPENSANDO CONCEITO

Entre os séculos XVI ao XIX na América, sociedades coloniais foram formadas com a predominância do trabalho compulsório dos indígenas e principalmente dos africanos. Muitos dos que aqui chegaram através do tráfico atlântico, experimentaram a desumanidade do sistema escravocrata amparada pelas artimanhas da legalidade. De origens múltiplas, todos eles foram transformados na visão dos Europeus – em africanos, como se houvesse homogeneidade para inúmeros povos, língua, culturas e religiões. Entre os escravizados havia reis, príncipes, rainhas, guerreiros, princesas, sacerdotes, artistas, agricultores, mercadores urbanos, conhecedores da metalurgia e do pastoreio. Ao atravessar o atlântico, entraram em contato com um ambiente de trabalho intenso, de

exploração e de produção das riquezas. O sistema colonial nas Américas se nutria cada vez mais de mão de obra escrava, para trabalhar na terra e na agricultura voltada para o mercado mundial36.

Essas pessoas foram cada vez mais exploradas pelo sistema colonial. Além das imposições do trabalho escravo, recebiam castigos, maus-tratos e foram vítimas de alto índices de mortalidade (GOMES, 2015). Porém, ao contrário do que nos ensinaram a partir do olhar dos vencedores, como afirma Walter Benjamin, houve inúmeras formas de resistência.

As sociedades escravistas conheceram várias formas de protesto.

Insurreições, rebeliões, assassinatos, fugas e morosidade na execução das tarefas se misturavam com intolerância dos senhores e a brutalidade dos feitores. Chicotadas, açoites, troncos e prisões eram rotineiros.

Assim como as notícias dos fugitivos. Talvez fugir tenha sido a forma mais comum de protesto. Mas quando? Onde se esconder? Para onde ir? Como arrumar proteção? (...) Outras experiências tiveram aqueles que escaparam (muitas vezes coletivamente) e formaram comunidades, procurando se estabelecer com base econômica e estrutura social própria. (GOMES, 2015, p.9).

De acordo com Moura (1993), milhares de negros escravizados eram enviados das costas do Golfo de Guiné, dos litorais de Angola e Moçambique para trabalhar na lavoura canavieira e em outras atividades nas terras brasileiras. Esses recém chegados passavam a fazer parte da sociedade colonial, constituída por negros escravizados e escravizadores. Dessa relação, vai emergir dois fenômenos decorrentes do sistema escravista: a fuga e a organização de quilombos.

O fenômeno quilombola vai acompanhar todo o período escravista e permanecer até os dias atuais. Para entender como se deu o processo de formação histórico e conceitual dos quilombos no Brasil, Gomes (2015), faz uma importante discussão desde a nomenclatura advinda de África e absorvida na América, até como esses conceitos são trabalhados no Brasil. De acordo com ele, nas Américas se desenvolveram pequenas, médias, grandes, improvisadas, solidificadas, temporárias ou permanentes comunidades de fugitivos que receberam diversos nomes: cumbes na Venezuela; palenques na Colômbia; maroons na Jamaica, Caribe inglês e sul dos Estados Unidos; bush negroes na Guiana holandesa e Suriname; maronage no Caribe Francês; cimanonaje no Caribe

36 GOMES, Flávio dos Santos. Mocambos e Quilombos: Uma História do Campesinato negro no Brasil. 1ª ed. – São Paulo: Claro Enigma, 2015.

espanhol, Cuba e Porto Rico entre outros. No Brasil, desde as primeiras décadas da colonização, as comunidades formadas por fugitivos ficaram conhecidas primeiramente com a denominação de mocambos e depois quilombos. Sobre isso, explica:

Eram termos da África Central usados para designar acampamentos improvisados, utilizados para guerras ou mesmo apresamento de escravizados. No século XVI, a palavra quilombo também era associada aos guerreiros imbangalas (jagas)37 e seus rituais de iniciação. Já mocambo, ou mukambu tanto em kimbundu como em kicongo (línguas de várias partes da África Central), significava pau de feira, tipo de suportes com forquilhas utilizados para erguer choupanas nos acampamentos. (GOMES, 2015, p.10).

Sobre a discussão conceitual de mocambos e quilombos, Gomes (2015) vai afirmar que vários estudiosos brasileiros como Nina Rodrigues, Arthur Ramos, Edison Carneiro, Gilberto Freyre, Décio Freitas e Kabengele Munanga - bordaram a etimologia da palavra quilombo e seu uso no Brasil, porém, ainda é uma discussão não encerrada, se sabe pouco sobre como os fugitivos se autodenominavam e menos ainda por que os termos africanos mocambos e quilombos se difundiram no Brasil, diferente de outras áreas colonizadas que também receberam africanos centrais e tiveram comunidades de fugitivos. No entanto, no Brasil, o termo quilombo só aparece na documentação colonial no final do século XVII. Em geral, a terminologia usada antes era mesmo mocambo38

Gomes (2015), afirma que o surgimento dos primeiros grupos denominados de

“Quilombos” tem uma origem remota, abrange as mais variadas situações de ocupação territorial ensejadas por esses grupos. Para a tradição oral e os registros bibliográficos, podemos encontrar inúmeros espaços campesinos habitados por afro-brasileiros, os quais são referidos tradicionalmente como comunidades negras rurais ou popularmente reconhecida como “terras dos pretos” formadas por escravizados ou ex- escravizados, frutos de doações de terras por senhores a ex- escravizados, outras compradas por escravizados libertos, doações de terras a escravizados que haviam servido ao exército em tempo de guerra, ou ainda doações a escravizados por ordem religiosas. Embora apresentem características de formação, organização e ação diferentes, as comunidades

37 Os Jagas é uma designação genérica para os grupos étnicos nômades que invadiram o Congo e Angola durante o século XVI, mas que foram submetidos pelos locais e pelos portugueses.

38 Para melhor aprimorar nessa discussão, esse autor é uma grande referência nos estudos conceituais de quilombo. GOMES, Flávio dos Santos. Mocambos e Quilombos: Uma História do Campesinato negro no Brasil. 1ª ed. – São Paulo: Claro Enigma, 2015.

remanescentes de quilombos atuais são frutos desta diversidade, de outras tantas Ultramarino39 em 1740, definido pelo rei de Portugal como "[...] toda habitação de negros fugidos, que passem de cinco em parte despovoada; ainda que não tenham ranchos levantados e nem se achem pilões nele" (REIS, 2008, p.347). Como bem afirma (GOMES,2015, p. 16) “Quilombos eram sinônimos de transgressão à ordem escravista”.

Durante o Império, era considerado quilombo, aquele agrupamento formado por até três negros fugitivos, mesmo que esses não possuíssem ranchos permanentes.

No Brasil república, o conceito de quilombo ganha um discurso mais político, deixa de ser aquele grupo formado através de fuga e passa a ser agrupamentos em torno da resistência, não dos seus senhores, mas uma resistência que luta por políticas de afirmação no processo de construção de uma cultura negra no Brasil. O Quilombo passa a servir como base para se pensar nos feitos, frente à ordem dominante, significa para esta parcela da sociedade brasileira, sobretudo, um direito a ser reconhecido e não propriamente apenas um passado a ser rememorado.40

No Brasil, o quilombo mais conhecido e com mais expressividade foi Palmares, localizado na serra da Barriga, em Alagoas, o mais famoso mocambo do Brasil. Os primeiros núcleos se instalaram nas últimas décadas do século XVI. Segundo Moura (1993), Palmares é uma manifestação de rebeldia e um símbolo de resistência à escravidão. Durou quase cem anos e, nesse período, desestabilizou regionalmente o sistema escravocrata. Como afirma Moura (1993) sobre sua organização social e:

Em Palmares, grupos de escravizados desenvolveram uma dinâmica de troca, de trabalho e de estrutura social que revivia a organização social tradicional de antigos reinos africanos: Congo, Angola, Benguela,

39 PADILHA, Lúcia Maria de Lima; Nascimento, Maria Isabel Moura. Comunidades quilombolas brasileiras na perspectiva da história da educação: estado da arte. Disponível em:

http://www.histedbr.fe.unicamp.br/acer_histedbr/jornada/jornada11/artigos/4/artigo_simposio_4_541_lup adilha5@yahoo.com.br.pdf. Acesso em: 03 mar, 2021

40 Ver: LEITE, Ilka Boaventura. Os Quilombos no Brasil: Questões conceituais e normativas. Etnográfica,

Vol. IV (2), 2000. 333- 354. Disponível em:

http://ceas.iscte.pt/etnografica/docs/vol_04/N2/Vol_iv_N2_333-354.pdf Acesso em :03 mar. 2021.

Cabinda. Nesse processo, alianças e costumes eram restabelecidas e os chefes de grupos reuniam-se periodicamente em conselhos para decidir a vida em coletividade com a participação de todos. (MOURA, 1993, p. 78).

É preciso registrar que no Brasil, os quilombos surgiram em todo lugar em que existiu a escravidão, como forma de contestação e resistência dos povos africanos ao regime escravocrata da época. Portanto, a formação dos quilombos brasileiros tivera também origens diversificadas, não há um padrão estrutural, o que existe são múltiplas formas de construção social ao longo do tempo que vai dos quilombos rurais aos urbanos.

Por muito tempo, os quilombos foram sinônimos de transgressão à ordem escravista. Seu crescimento populacional não se dava somente pela inclusão de novos fugidos, mas pela própria produção interna, os nascidos nos próprios quilombos. De acordo com Gomes (2015) é de extrema importância entendermos quais foram as estratégias socioeconômicas, fatores geográficos, demográficos e culturais que contribuíram para montagem desses núcleos quilombolas. Segundo esse autor, não houve isolamento desses grupos, como comumente ouvimos dizer, no Brasil, ao contrário de outras áreas escravistas nas Américas, as comunidades de fugitivos se proliferaram como em nenhum outro lugar, exatamente pelas estratégias econômicas com outras regiões.

Nunca isolados, mantinham trocas econômicas com variados setores da população colonial, que incluam taberneiros, lavradores, faiscadores, garimpeiros, pescadores, roceiros, camponeses, mascates e quitandeiras, tantos escravizados como livres. Tais trocas, que nunca forma sinônimos de paz ou ausência de conflitos, sobretudo significaram experiências que conectavam toda a sociedade escravista, tanto aquela que reprimia como a que acobertava os quilombos e suas práticas. (GOMES, 2015, p.20).

A demografia dos quilombos foi diversificada, numa mesma região podiam coexistir quilombos estáveis com população de “mais de cem habitantes, muitos ali nascidos”. Formado a maior parte por homens, há raras notícias sobre a presença da mulher nos mocambos, sugerindo equivocadamente sua ausência ou menor importância”

(GOMES, 2015, p. 39). Cabe aqui refletirmos que, aqueles que documentaram a presença dos quilombos no Brasil, eram pessoas que serviam o sistema colonial e escravocrata, logo, se encarregaram de registrar dados baseados no que defendiam, atribuindo aos fugitivos, títulos de transgressores da lei, assim como silenciando a presença feminina no processo de conquista e resistência do povo negro.

Com a Abolição da escravidão, em maio de 1888, em tese, o escravizado não necessitava mais fugir, nem aquilombar-se. Ele passou ao status de livre. Mesmo com a

libertação, muitas vezes, pouco mudou na vida dos ex- escravizados relativos às condições materiais de existência, não raro parecidas ao do cativeiro. Desde então, juridicamente, os trabalhadores escravizados passaram a ter autonomia sobre sua labuta diária, não necessitando mais da fuga, para dominarem sua força de trabalho. Assim sendo, passamos a ter no Brasil, no mundo rural e urbano, comunidades negras, de diferentes origens, lutando pelo controle da terra e pela venda de sua força de trabalho.

“Terras de pretos”, “comunidades negras rurais”, “remanescentes das comunidades de quilombolas” são denominações contemporâneas dadas aos territórios que durante o período colonial e imperial recebiam o nome de mocambos ou quilombos.

Portanto, mesmo após a abolição, as comunidades negras permaneceram invisibilizadas pelas políticas públicas de inclusão social ou pela falta delas. Diferentemente do que se propagava com o nascimento da república, a exclusão social voltou a crescer no Brasil;

os negros foram sistematicamente apartados das políticas do Estado e permaneceram invisíveis e estigmatizados durante o século XX.

O invisível passaria a ser isolado e depois estigmatizado. Populações negras rurais- isoladas pela falta de comunicação, transporte, educação, saúde e políticas públicas e outras formas de cidadania- foram estigmatizadas, a ponto de seus moradores recusarem a denominação de quilombolas ou ex-escravizados. Porém, nunca deixaram de existir lutas seculares no mundo agrário, parte das quais para defender territórios, costumes seculares e parentescos na organização social.

(GOMES, 2015, p.123).

Apesar de toda invisibilização ao longo da história, os quilombos nunca desapareceram, pelo contrário, se disseminaram pelas mais variadas regiões brasileiras.

Para as décadas posteriores da abolição, o movimento de famílias negras de libertos e também de quilombolas pode ter ajudado na emergência de centenas de comunidades negras rurais que existem no Brasil contemporâneo. De acordo com Gomes (2015) o deslocamento permanente foi um traço marcante para as várias famílias de libertos nas primeiras décadas do século XX. “Através de arranjos de moradia, trabalho e parceria, as primeiras gerações de libertos tentavam reconstruir territórios para si e suas famílias”

(GOMES, 2015, p. 126).

Existiram outras experiências de acesso as terras, em que famílias mesmo libertas permaneciam trabalhando na mesma fazenda onde seus ancestrais haviam sido escravizados, assim como havia as terras de preto, que eram muitas vezes individuais, doadas em testamento para ex- escravizados e suas famílias antes da abolição.

A história dos quilombos, do passado e do presente, se transformou em bandeira de luta. Na década de 1980, com os debates da Constituinte e a efervescência política em volta da redemocratização do país, foi criada a fundação cultural de Palmares (FCP).

Instituições públicas vinculadas ao Ministério da Cultura juntamente com a FCP, passaram a lutar pela formulação e implementação de políticas públicas que viessem a contribuir com a inserção ativa da população negra brasileira no processo de desenvolvimento do país, através das suas histórias e cultura. A partir disso, emergiram inúmeras comunidades negras que passaram a reivindicar por seus direitos à terra que ocupavam, e por políticas públicas.

A legislação vigente, considera remanescente de Quilombos, de acordo com o Decreto nº 4887/ 03.2 que regulamenta o artigo 68 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT), como grupos étnico-raciais, segundo critérios de auto-atribuição, com trajetória histórica própria, dotados de relações territoriais específicas, com presunção de ancestralidade negra relacionada com a resistência à opressão histórica sofrida41.

O ADCT também determina que aos remanescentes das comunidades dos quilombos que estejam ocupando suas terras é reconhecida a propriedade definitiva, devendo o Estado emitir-lhe os títulos respectivos, garantindo automaticamente o direito possessório das terras ocupadas e herdadas por seus antepassados; enquanto o artigo 216 da Constituição Federal de 1988 (CF/88) no seu parágrafo primeiro, afirma: O poder público, com a colaboração da comunidade, promoverá e protegerá o patrimônio cultural brasileiro, por meio de inventários, registros, vigilância, tombamento e desapropriação, e de outras formas de acautelamento e preservação42, ou seja, institui que o tombamento de documentos e sítios detentores de remanescentes de antigos quilombos, sejam reconhecidos como patrimônio cultural da nação. Assim, de modo geral Moura e Barbosa (2006), define as comunidades quilombolas a partir do que socialmente é construído:

As comunidades Quilombolas têm seu modo próprio de manutenção de sua cultura, de sua forma social e econômica de viver. Os habitantes dessas comunidades valorizam as tradições culturais dos antepassados, religiosas ou não, recriando-as no presente. Possuem uma história comum e têm normas de pertencimento explícitas, com consciência de sua identidade. São também chamadas de comunidades remanescentes de quilombos, terras de preto, terras de santo ou santíssimo. (MOURA;

BARBOSA, 2006, p. 3).

41 Ver Decreto nº 4887/03- Art. 68 da Constituição Brasileira.

42 BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Diário Oficial da União , Brasília, DF, 5 out. 1988. Disponível em: https://bit.ly/3oDIIt7 . Acesso em: 6 nov.

2020. [ Links ]

A inserção do artigo 68 da Constituição Federal, já mencionado, simboliza um grande salto no que se refere ao reconhecimento das comunidades quilombolas, pois é o início de uma nova história de valorização aos direitos humanos. Como bem reflete ARRUTI (2006) sobre a grande contribuição da Constituição cidadã de 1988 no processo de conquistas das comunidades quilombolas. Para ele, o quilombo tomou novas proporções e conseguiu maior multiplicidade, visto que, com o término do sistema escravagista eles não desaparecem, muito pelo contrário, deixaram de ser utilizados pela ordem repressiva e torna-se símbolo de resistência.

Contemporaneamente, portanto, o termo Quilombo não se refere a resíduos ou resquícios arqueológicos de ocupação temporal ou de comprovação biológica. Também não se trata de grupos isolados ou de uma população estritamente homogênea. Da mesma forma, nem sempre foram constituídos a partir de movimentos insurrecionais ou rebelados, mas sobretudo, consistem em grupos que desenvolveram práticas cotidianas de resistência na manutenção e reprodução de seus modos de vida característicos e na consolidação de um território próprio. A identidade desses grupos também não se define pelo tamanho e número de seus membros, mas pela experiência vivida e as versões compartilhadas de sua trajetória comum e da continuidade enquanto grupo. Nesse sentido, constituem grupos étnicos conceitualmente definidos pela antropologia como um tipo organizacional que confere pertencimento através de normas e meios empregados para indicar afiliação ou exclusão. [...] no que diz respeito à territorialidade desses grupos, a ocupação da terra não é feita em termos de lotes individuais, predominando seu uso comum. A utilização dessas áreas obedece a sazonização das atividades, sejam agrícolas, extrativistas ou outras, caracterizando diferentes formas de uso e ocupação dos elementos essenciais ao ecossistema, que tomam por base laços de parentesco e vizinhança, assentados em relações de solidariedade e reciprocidade.

(O’DWYER, 1995, p. 20).

O quilombo representa uma forma de resistência negra que reflete na luta atual, quando cada negro/a consciente de sua negritude incorpora a luta de seus ancestrais e passa a cobrar do Estado uma postura justa no combate ao racismo que expropria direitos básicos de cidadania. Essas pessoas, no entanto, buscam no Estado melhorias e reparação aos danos causados, e reiteram através da construção de uma nova identidade, a necessidade de valorizar as crenças, conhecimentos e sentimentos do grupo. Nessa perspectiva, pensaremos a comunidade remanescente de quilombo da Macambira, em Lagoa Nova/RN, a partir das inúmeras reivindicações sociais envolvendo sua trajetória histórica, conflitos territoriais, seu legado cultural e como se entendem atualmente do

ponto de vista socio, político, econômico e cultural diante da nova identidade quilombola conquistada no ano de 2005 a partir da certificação pela Fundação Cultural de Palmares.

3.2 TRADIÇÃO ORAL: TRONCOS VELHOS, CONFLITOS TERRITORIAIS E A

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