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PROCESSO HISTÓRICO DA ESCOLA MUNICIPAL SÃO LUIZ

No documento IDENTIDADES E MEMÓRIAS: (páginas 112-124)

De acordo com o INEP (2007)65 o Estado do Rio Grande do Norte atende 17 Escolas em área remanescentes de quilombos, 1093 alunos matriculados e dispõe de 55 professores atuando nessas instituições de ensino. Ainda de acordo com as informações

65 Acessar os dados estatísticos das Educação Escolar Quilombola e as escolas em área remanescente de quilombo – dados do INEP 2007. Link: http://portal.mec.gov.br/educacao-quilombola-/escolas . Acesso: 17 maio. 2021.

presentes nos dados do portal do Ministério da Educação, um levantamento feito pela Fundação Cultural Palmares, órgão do Ministério da Cultura, aponta a existência de 1.209 comunidades remanescentes de quilombos certificadas e 143 áreas com terras já tituladas.

Existem comunidades remanescentes de quilombos em quase todos os estados, exceto no Acre, Roraima e no Distrito Federal. Os que possuem o maior número de comunidades remanescentes de quilombos são Bahia (229), Maranhão (112), Minas Gerais (89) e Pará (81). Estudos realizados sobre a situação dessas localidades demonstram que as unidades educacionais estão longe das residências dos alunos e as condições de estrutura são precárias, geralmente construídas de palha ou de pau-a-pique.

Há escassez de água potável e as instalações sanitárias são inadequadas.

De acordo com o Censo Escolar de 2007, o Brasil tem aproximadamente 151 mil alunos matriculados em 1.253 escolas localizadas em áreas remanescentes de quilombos.

Quase 75% destas matrículas estão concentradas na região Nordeste. E conclui afirmando que A maioria dos professores não são capacitados adequadamente e o número é insuficiente para atender à demanda. Em muitos casos, uma professora ministra aulas para turmas multisseriadas. Poucas comunidades têm unidade educacional com o ensino fundamental completo66 . Após o levantamento de dados, vejamos o quadro abaixo com o número de escolas em áreas quilombolas em todo Brasil.

QUADRO 2- ESCOLAS EM ÁREA REMANESCENTE DE QUILOMBOS

Unidade da Federação Matrículas Docentes Escolas

Rondônia 39 2 2

Pará 16.138 652 181

Amapá 1.078 77 12

Tocantins 880 66 18

Maranhão 34.229 1.705 423

Piauí 1.160 58 23

Ceará 2.724 84 11

Rio Grande do Norte 1.093 55 17

Paraíba 1.990 1031 18

66 Todas essas informações estão presentes na página do portal do Ministério da Educação. Para mais informações acessar o site : http://portal.mec.gov.br/educacao-quilombola-/apresentacao

Pernambuco 8.695 337 46

Alagoas 3.545 120 16

Sergipe 2.915 162 16

Bahia 57.437 1.748 246

Minas Gerais 6.845 441 81

Espírito Santo 558 35 15

Rio de Janeiro 2.570 144 9

São Paulo 1.409 120 26

Paraná 2.228 128 17

Santa Catarina 73 6 6

Rio Grande do Sul 3.230 263 30

Mato Grosso do Sul 1.228 87 6

Mato Grosso 285 13 2

Goiás 1.433 87 32

TOTAL BRASIL 151.782 6.493 1.253

Fonte: (ADAPTADO DO INEP, 2017).

Dados publicados pela revista NERA, através do artigo “A educação escolar quilombola e as escolas quilombolas no Brasil” de Campos e Gallinari (2017), afirma que o Rio Grande do Norte atualmente, dispõe de 14 escolas localizadas em Comunidade Remanescente Quilombola, todas são rurais e mantidas com recursos municipais. Porém, o Censo Escolar do RN e os dados do INEP / 2018, aponta que o Rio Grande do Norte tem 16 escolas de dependência administrativa municipal, localizadas em área quilombola.

De acordo com as informações repassadas pelo Censo escolar do RN, não existe uma escola somente quilombola, embora algumas escolas estejam localizadas dentro da comunidade, elas seguem o cronograma municipal. Vejamos o quadro abaixo:

IMAGEM 16- Estabelecimentos por Nível de Ensino, segundo DIREC, Município, Dependência Administrativa de Área Remanescente de Quilombos Rio Grande do Norte- 2018

Fonte: (INEP/SEEC/ATP/GAEE, 2018).

Ainda de acordo com Campos e Gallinari (2017), no Brasil, em números gerais apresentados pela Fundação Cultural Palmares dados - de 2016 – existem 2.847 CRQs (Comunidades Remanescentes de Quilombos) e 2.248 instituições de ensino localizadas em comunidades quilombolas, entretanto, a presença de escolas localizadas em áreas de quilombo, não assegura que a efetiva educação Escolar Quilombola seja baseada nas Diretrizes Curriculares e que a escola tenha um espaço físico satisfatório. É sobre essa problemática que a Escola Municipal São Luiz está inserida e ao longo desse texto, buscaremos refletir sobre essas questões, o que permanece, o que vem mudando e como essas mudanças vem sendo significativa no processo de construção do conhecimento da comunidade escolar.

A Escola Municipal São Luiz (EMSL), é uma das escolas brasileiras situadas em área remanescente de Quilombo, como assim caracteriza os dados do INEP (2007).

Localizada na comunidade Quilombola da Macambira, a EMSL está há 14 km da sede do município de Lagoa Nova, é uma das cinco escolas que compõem o Centro Municipal de Ensino e Educação do Campo Nazaré Xavier de Góis/ CMEE- Campo, órgão criado formal mente através da lei Municipal nº 653/2019 – com sede localizada na Rua Pedro Miguel, nº 8, zona Urbana de Lagoa Nova. Essa instituição tem a função de atender as

escolas Municipais da Zona Rural de Lagoa Nova, RN. Recebeu esse nome em homenagem a Nazaré Xavier de Góis – uma das primeiras professoras da Educação do Campo do município. O CMEE-Campo é composto por 5 escolas, 20 salas de aulas, 20 professores, 309 alunos, 1 (uma) coordenadora pedagógica, 1 (uma) diretora, 1 vice diretora, 2 agentes administrativos cujas funções atuam em serviços de secretaria e auxílio tecnológico e 10 auxiliares de serviços gerais. Esses são os dados do ano letivo de 2020.

A Escola Municipal São Luiz é a única escola da zona rural do município de Lagoa Nova reconhecida pelo Censo escolar como unidade localizada em área quilombola.

Além da E.M.S.L existe a Escola Municipal São Daniel, também localizada na Macambira e regida pelo município de Bodó, porém, não está cadastrada nos órgãos competentes da educação como escola localizada em área quilombola.

Mapa 3- Localização Geográfica da Escola Municipal São Luiz e a Escola Municipal São Daniel (ambas localizadas na Macambira).

Fonte: (ARAUJO, 2021)

O território que a EMSL foi construída é fruto de uma doação feita à prefeitura Municipal de Lagoa Nova, por Valdemar Pereira da Silva, um dos moradores mais antigos da Macambira. De acordo com a memória dos seus familiares, a escola recebeu esse nome para atender a um pedido do doador, que gostaria de homenagear “São Luiz”, seu santo

de devoção. Assim nos relatou Paulo Herôncio de 48 anos, neto de Seu Valdemar Pereira e morador da comunidade:

(...) Na hora que meu avô fez a doação do terreno, ele pediu ao prefeito que a Escola tinha que ser o nome São Luiz, por que era um santo da devoção dele (...) Além de solicitar o colégio, ele pediu também ao prefeito que fosse incluído algumas pessoas da família dele para trabalhar no colégio. Hoje, todas as filhas dele que trabalharam nesse colégio, estão aposentadas por tempo de serviço através da Escola São Luiz. (HERÔNCIO, 2021).67

A história da implantação dessa escola na Macambira nos remete ao fim dos anos de 1970 e está relacionada à luta dos seus moradores para garantir aos filhos, o direito à educação. Esse desejo partiu da comunidade e do interesse de um dos moradores que na época estava como vereador pela câmara municipal de Lagoa Nova. Antes mesmo de ser construída a sua sede, essa instituição iniciou suas atividades e funcionava através da portaria nº 007/79 de 16/01/1979 na residência da primeira professora, Davina Pereira da Silva.

A construção da referida escola só veio acontecer no ano de 1983, sendo seu funcionamento regulamentada pelo decreto municipal nº 151/ 2000 de maio do ano 2006.

Assim relata Paulo Herôncio ao ser entrevistado sobre a construção da EMSL:

(...) Meu avô conversou com seu Chicó [prefeito da época- grifos nossos] Para colocar a minha tia Davina como professora em virtude de não ter o colégio.

Ela solteira, ensinava na própria casa dela, (na casa do pai dela, meu avô Valdemar) na época, na Macambira II e depois dela casada, foi morar na Macambira III e continuou ensinando na própria casa dela. De 1975 a 1982, quando na época Erivan se candidatou a prefeito de Lagoa Nova, ganhou e fez o compromisso. Compromisso de campanha se ganhasse a campanha, meu avô com a família dele ajudasse a Erivan e ele chegasse a prefeito, ele construiria o colégio são Luiz na Macambira. E meu avô já se prontificou a doação de um terreno para a construção do colégio. (...) Quando Erivan assumiu a prefeitura em 1983, logo logo, Erivan já procurou o meu avô e começou na construção da Escola São Luiz. Minha tia, juntamente com minha mãe e Dona Fátima, foram as professoras da época que começou a Escola São Luiz, na Macambira III no município de Lagoa Nova. (HERÔNCIO, 2021).68

A construção da EMSL na década de 1980, marca também o período da divisão territorial, político e geográfico da Macambira em três partes (Macambira I, II e III). De acordo com a memória popular, o então vereador Antônio Machado, defendia a ideia dessa divisão territorial por que seria mais fácil conseguir investimentos políticos e administrativos para a região, como foi o caso da autorização e construção da EMSL no

67 Entrevista concedida a autora no dia 06.05.2021

68 Entrevista concedida a autora no dia 06.05.2021

ano de 1983, conforme ratifica (SILVA, 2012, p. 17e 18). Ao ser entrevistado no ano de 2012 Antônio Machado de 83 anos afirma em entrevista a Silva:

Eu fui até a menina da secretaria e pedi mais uma escola para Macambira uma vez que estava lotada a primeira, ela disse que não podia uma vez que na comunidade já havia uma escola, como solução foi apresentado um projeto de lei que dividia a Macambira e assim, a escola pode ir pra lá (...). (SILVA, 2012, p. 18).

Portanto, o ano de 1979 é marco de autorização legal para o funcionamento das atividades escolares que aconteciam na residência da primeira docente da instituição, a senhora Davina Pereira da Silva, de 67 anos e moradora da comunidade. Duas professoras também fazem parte do legado de primeiras docentes que atuaram na EMSL, Maria de Fátima Ferreira da Silva e Maria Aparecida Félix. As três professoras atuaram na instituição por intermédio de Seu Valdemar, que após doar o terreno à prefeitura para construir a escola, pediu que em troca ao prefeito que pudesse mantê-las trabalhando como professoras.

Durante esses 38 anos em que a estrutura física foi erguida, a EMSL percorreu uma longa trajetória histórica. Inúmeros estudantes da comunidade passaram por seus bancos escolares, como muitos professores construíram um legado em prol da educação que contribuiu para a formação educacional de diversos sujeitos da comunidade. Passou por mudanças e adaptações pedagógicas, administrativas e estruturais. Acompanhou a luta e resistência das famílias diante dos inúmeros conflitos territoriais, assim como viu nascer um novo sujeito jurídico na comunidade após o processo de certificação pela Fundação Cultural de Palmares e demarcação territorial pelo INCRA (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) como remanescentes de quilombo.

Nos últimos dezessete anos (2003- 2020) marco temporal desse estudo, a estrutura física da Escola, apresentou deteriorações em razão da falta de manutenção e ampliação do seu espaço físico, apesar de receber pequenos reparos que não davam conta de sanar os diversos problemas em sua estrutura. Em função dessa realidade, a comunidade almejava uma reforma que trouxesse melhorias nas suas instalações e dessa forma, possibilitasse um ambiente mais propício ao desenvolvimento das atividades educativas.

Essa foi uma luta coletiva que atravessou gerações, como afirma o ex diretor da instituição, Antônio Carlos, 39 anos, ao relatar sobre as maiores dificuldades encontradas na EMSL durante seu tempo de atuação profissional (2008- 2016):

As maiores dificuldades enfrentadas naquela época era os recursos para a melhoria na infraestrutura da escola, tendo em vista que era muito difícil trabalhar, principalmente com os alunos com dificuldades especiais. A escola não oferecia infraestrutura e nem profissionais capacitados para lidar com essas questões. (CARLOS, 2020).

Ao longo da pesquisa iniciada no ano de 2019, passamos a manter contato direto e indireto com a comunidade escolar da EMSL, logo, participamos de alguns momentos de reivindicação das famílias e do trabalho da gestão em busca da tão sonhada reconstrução da referida escola. Em setembro de 2019, realizei uma visita preliminar à escola, com o objetivo de conhecer o espaço físico, a equipe pedagógica e me apresentar às famílias (pais e alunos). Na ocasião, estava acontecendo uma reunião pedagógica da qual participei, foi um momento de muito aprendizado, pois assim identifiquei quais eram os principais anseios que as famílias solicitavam no momento.

Durante a reunião, a gestão escolar apresentou projetos pedagógicos e o projeto que previa a construção do prédio da escola, luta travada entre a comunidade escolar e a prefeitura municipal de Lagoa Nova. As famílias exigiam dos órgãos públicos, a agilidade na reforma ou construção de um espaço físico adequado que pudesse atender dignamente a demanda dos estudantes, assim como exigiam melhorias no andamento do transporte escolar.

Um outro momento de discussão coletiva em prol a construção da Escola Municipal São Luiz, aconteceu no dia oito (08) de março de dois mil e vinte na sede da Associação Quilombolas de Macambira, em que esteve presente vários órgãos e instituições competentes, pessoas civis e jurídicas interessados nessa luta. A reunião teve como objetivo discutir a agenda de prazos para conclusão da Escola Municipal São Luiz e de uma Cisterna na comunidade quilombola da Macambira, ambas já demolidas pela prefeitura. De acordo com a ata dessa reunião, além dos sujeitos já citados, estiveram presentes:

(...) CMEECampo (Centro Municipal de Ensino e Educação do Campo) órgão representativo da Escola Municipal São Luiz, técnicos (arquiteta e engenheiro civil) responsáveis pela Engenharia da Prefeitura de Lagoa Nova, e Secretaria Municipal de Educação. A reunião teve como objetivo discutir a agenda de prazos para conclusão da Escola M. São Luiz e da Cisterna na comunidade quilombola Macambira. (ATA DA REUNIÃO PÚBLICA DA COMUNIDADE QUILOMBOLA DE MACAMBIRA, 2020, p. 1)

Muitas pessoas da comunidade quilombola da Macambira participaram dessa reunião, a demolição total da escola e da cisterna69 causou um descontentamento comunitário, uns se posicionaram a favor e outros contra.

Ao entrevistar o Lagoanovense Wallace de 33 anos, ele nos afirmou que uma das motivações para essa reunião foi a preocupação da comunidade com a demolição da cisterna, alegavam a importância desse recurso hídrico não só para a escola, como também para a comunidade, pois era fonte de abastecimento de água para esses dois grupos, assim como estavam preocupados por que não havia sido apresentado ainda um prazo de início e entrega da obra. A reunião foi organizada para que os órgãos responsáveis pela demolição pudessem dialogar com a comunidade. “Os envolvidos estavam lá para garantir que a cisterna também fosse reconstruída, para que o acesso da água, como direito, fosse garantido”, citou. Analisando a ata da reunião, identificamos a preocupação da comunidade:

Vilmário Cândido, pai na escola, e morador da comunidade, que logo expôs o problema vivido na comunidade, informando a todos sobre a demolição da Escola São Luiz e também da Cisterna, e que a comunidade estava angustiada pois ainda não sabia sobre os prazos de início da obra, e questionou a prefeitura se ela tinha orçamento garantido para construção da obra. Vilmário, chamou atenção para que todas as mães falassem a preocupação que cada uma sente. Vanda Daniel da Silva, (mãe) iniciou sua fala se auto-reconhecendo como descendentes de quilombolas, e disse que sua preocupação vai além da escola (...). (ATA DA REUNIÃO PÚBLICA DA COMUNIDADE QUILOMBOLA DE MACAMBIRA, 2020, p. 1).

69 A cisterna em questão foi construída pelo SEAPAC (Serviço de Apoio Aos Projetos Alternativos Comunitários) atendendo as demandas de pedidos da comunidade quilombola da Macambira. Teve como direcionamento o projeto de água na escola - proposta pela política nacional de tecnologia social, que na época era mantida pelo MDS (Ministério do Desenvolvimento Social), fazendo parte assim da Política Nacional de Assistência Social. A cisterna foi avaliada no valor de R$ R$ 14.170,00 e possuía uma capacidade de 52 mil litros de água e abastecia tanto a Escola Municipal São Luiz, como a comunidade (em tempos de crise hídrica) A prefeitura Municipal de Lagoa Nova juntamente com a equipe técnica responsável pela reconstrução da Escola Municipal São Luiz alegou que não tinha como manter a antiga cisterna ao executar o projeto da nova arquitetura da Escola, logo, tiveram que demoli-la. O projeto de reconstrução da EMSL foi apresentado a comunidade escolar durante reuniões pedagógicas e administrativas, porém, não houve uma votação que permitisse a comunidade em geral, decidir a permanência ou demolição da cisterna, que teoricamente era um recurso hídrico de bastante relevância para a comunidade. Isso gerou discussão e até revolta de alguns moradores, no entanto, em substituição a cisterna, a nova estrutura será composta de duas caixas d'água com armazenamento de 30 mil litros no total.

Analisando o todo, a comunidade perdera 20 mil litros de água, uma vez que a capacidade das caixas disponíveis do novo projeto é bem inferior ao volume de água que a antiga cisterna oferecia. Durante a reunião ainda foi sugerido e questionado se seria possível instalar torneiras na parte externa da escola para que a comunidade pudesse ter o mesmo acesso a água em momentos de crise hídrica.

IMAGEM 17- Reunião Pública da Comunidade Quilombola de Macambira

Fonte: (ARQUIVO PESSOAL DA AUTORA,2020)

Ao término da reunião, as partes acordaram se comprometer em cumprir os prazos estabelecidos para o início e continuidade da construção da EMSL, assim como criar uma comissão para acompanhar sistematicamente a evolução da construção/ obra por representantes membros da Associação Quilombolas de Macambira, representante da Comunidade Escolar, entre outros órgãos de atuação no município. Dessa forma, lavraram a ata:

Por fim, foi apresentado por Procópio Lucena, representante do SEAPAC os encaminhamentos da reunião. 1º foi dito pela prefeitura que em 15 dias a obra seria iniciada; 2º em 120 dias para a obra ser entregue a partir da data de assinatura do contrato; 3º Aldery garantiu que na próxima semana entre (09 a 14 de março) seria colocada uma placa de identificação da obra, com informações de valores e prazos; 4º Os Vereadores que estavam presentes (04 vereadores e o1 vereadora) iriam ficar vigilantes e fiscalizariam a obra; 5º O município através de sua engenharia, vai fornecer um laudo técnico, (parecer técnico), explicando as razões que levaram a demolição da cisterna; 6º Ficou acordado que a prefeitura vai estudar (avaliar) a possibilidade de construir a cisterna no mesmo tamanho da que foi demolida na comunidade; 7º A prefeitura responder qual era a razão da ação civil pública do Ministério Público Estadual? Era apenas fazer adequações ou demolir toda a escola? 8º A engenharia e representantes da prefeitura, vai reunir todas as informações que seriam apresentadas em slides e vai repassar as instituições presentes; 9º Criação de uma comissão para acompanhar sistematicamente todo o processo:

Representantes membros - Associação Quilombolas de Macambira, Representante da Comunidade Escolar, CMDS, Fórum de Associações

Rurais, STTR, SINTRAF. 10º Com 15 dias úteis após esta reunião, fazer mais uma reunião de avaliação. Estes encaminhamentos foram aprovados por unanimidade. (ATA DA REUNIÃO PÚBLICA DA COMUNIDADE QUILOMBOLA DE MACAMBIRA, 2020, p. 14).

IMAGEM 18- Reunião pública da Comunidade Macambira em.

Fonte: (ARQUIVO DA PRÓPRIA AUTORA, 2020)

Atendendo as reivindicações da comunidade, o prédio que já tinha sido totalmente demolido após o término do ano letivo de 2019, em seu lugar, foi erguido uma nova estrutura, cuja conclusão se deu durante o ano letivo de 2020, infelizmente a cisterna da qual a comunidade reivindicou não foi construída, seu projeto foi substituído por duas caixas d'água com armazenamento de 30 mil litros no total.

A Escola Municipal São Luiz não é a única escola ativa localizada na Macambira, devido a extensão territorial a comunidade está compreendida entre três municípios de (Lagoa Nova, Bodó e Santana dos Matos) como já foi mencionada anteriormente, porém, é a única que é regida pelo município de Lagoa Nova e está atualizada no Censo escolar como escola localizada em área quilombola.

Temos também, a Escola Municipal São Daniel (representada no mapa- 3 já mencionado) que faz parte do quadro de Escolas Rurais do município de Bodó desde 01 de janeiro de 1997, essa data está ligada a emancipação política dessa cidade desmembrada do município de Santana dos Matos, RN. Essa unidade escolar encontra-se na zona Rural em território quilombola, contempla a Educação Infantil, Ensino

fundamental (1º ao 9º) e Educação para Jovens e Adultos - EJA. Atende estudantes da Macambira e dos municípios circunvizinhos.

De acordo com os dados do Censo Escolar do RN 2018, essa escola não entra nas estatísticas de unidades localizadas em área remanescente de quilombo. Para a memória dos seus moradores, essa escola já funcionou em outro espaço físico, um “grupo escolar

” construído por intermédio do Padre Monteiro, liderança religiosa e política da serra de Santana, que atendendo aos pedidos dos moradores e a necessidade de se ter uma unidade escolar que levasse educação para as crianças da comunidade, incentivou a construção dessa escola, anos depois, foi construído a unidade que atende até hoje os estudantes da Macambira e sítios vizinhos. Uma curiosidade sobre a antiga e primeira estrutura da Escola Municipal São Daniel, foi relatado pela Professora Rosicleide Guimarães, moradora do Sítio Cabeço dos Ferreiras, município de Bodó e vizinho ao território da Macambira:

A escola que era antiga, ela foi substituída por essa que hoje é a São

A escola que era antiga, ela foi substituída por essa que hoje é a São

No documento IDENTIDADES E MEMÓRIAS: (páginas 112-124)