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Dimensões Culturais dos Países

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1.2 QUESTÕES CULTURAIS GLOBAIS

1.2.2 Dimensões Culturais dos Países

Esta seção, a 1.2.2, é dedicada a apresentar os estudos feitos pelos pesquisadores Geert Hofstede e seu filho Gert Jan Hofstede e trata-se de uma tradução livre feita pelo autor. Original encontrado em: http://geerthofstede.nl/ dimensions-of-national-cultures (HOFSTEDE, G.; HOFSTEDE, G. J., 2010).

O trabalho desenvolvido por Hofstede desde 1965 é considerado um clássico sobre as culturas das nações e visa entender as dimensões culturais em diversos países e seus impactos nas organizações. Até 2010, Geert Hofstede e seu filho Gert Jan Hofstede já haviam estudado 76 países, incluindo a China e o Brasil, objetos particulares deste trabalho. As dimensões estudadas por eles foram: distância do poder, individualismo x coletivismo, masculinidade x feminilidade, aversão à incerteza e orientação de longo prazo x orientação de curto prazo, apresentadas a seguir.

Distância do poder: pode ser definida como a medida em que os membros

menos poderosos de organizações e instituições (como a família) aceitam e esperam que o poder seja distribuído de forma desigual. Isto representa a desigualdade (mais contra menos), mas definido pelos menos poderosos, não a partir dos poderosos. Ele

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sugere que o nível de desigualdade de uma sociedade é endossado pelos seguidores tanto quanto pelos líderes. Poder e desigualdade, é claro, são fatos extremamente fundamentais de qualquer sociedade, e qualquer pessoa com alguma experiência internacional é consciente de que "todas as sociedades são desiguais, mas algumas são mais desiguais do que as outras".

Individualismo x coletivismo: essa dimensão define o grau em que os

indivíduos são integrados em grupos. No lado individualista, encontramos sociedades em que os laços entre os indivíduos estão soltos. No lado coletivista, encontramos sociedades nas quais as pessoas, desde o nascimento, são integrantes fortes e coesos de grupos, frequentemente estendido às famílias (com tios, tias e avós) que continuam protegendo-os em troca de lealdade inquestionável. A palavra coletivismo, nesse sentido, não tem nenhum significado político, refere-se ao grupo, não ao Estado.

Segundo Huntington (1997, p. 133), “para os asiáticos orientais, seu êxito é resultado em especial da ênfase atribuída pela cultura asiática oriental à coletividade em vez de ao indivíduo”.

Masculinidade x feminilidade: refere-se à distribuição de papéis emocionais

entre os sexos, o que é outra questão fundamental para qualquer sociedade. Os estudos da IBM revelaram que: (a) os valores das mulheres diferem menos entre sociedades do que os valores dos homens; (B) os valores dos homens de um país para outro possuem fortemente a dimensão assertividade e competitividade, maximizando a diferença dos valores femininos como a modéstia e o carinho. O polo assertividade tem sido chamado masculino, e a modéstia e o carinho de polos femininos. As mulheres nos países femininos têm os mesmos valores, modéstia e carinho que os homens; nos países masculinos, elas são mais assertivas e mais competitivas, mas não tanto quanto os homens, de modo que estes países mostram uma diferença entre os valores dos homens e os valores das mulheres.

Aversão à incerteza: esta dimensão lida com a tolerância em uma sociedade

de incerteza e ambiguidade. Ela indica em que medida os membros de uma cultura se sentem desconfortáveis ou confortáveis em situações não estruturadas. Situações não estruturados são o novo, o desconhecido, o surpreendente, o diferente do habitual. As culturas de aversão à incerteza tentam minimizar as situações, com leis e regras rígidas, com medidas de proteção e segurança, e no nível filosófico e religioso

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com uma crença na verdade absoluta: "só pode haver uma verdade e nós a temos". As pessoas nos países que evitam a incerteza são mais emocionais, e também motivadas por uma energia nervosa interior. O tipo oposto, culturas que aceitam a incerteza, é mais tolerante às opiniões diferentes das delas; estas culturas tentam ter o mínimo de regras possível e, no nível filosófico e religioso, são relativistas e permitem que muitas correntes fluam lado a lado. Pessoas dentro dessas culturas são mais fleumáticas e contemplativas, e não esperam que seu ambiente expresse emoções.

Orientação de longo prazo x orientação de curto prazo: esta quinta

dimensão foi adicionada em 1991 e diz que sociedades orientadas em longo prazo fomentam virtudes pragmáticas e orientadas para recompensas futuras, em particular econômica, persistência e adaptação à evolução das circunstâncias. Sociedades orientadas em curto prazo apoiam virtudes adotivas relacionadas com o passado e o presente, como o orgulho nacional, o respeito pela tradição, a preservação da "dignidade" e o cumprimento das obrigações sociais.

Até o ano de 2014, o The Hofstede Centre já estudou mais de 100 países no tocante às dimensões de Hofstede, como o tema é conhecido na literatura. Porém, neste estudo, apropriar-se-á apenas dos dados referentes ao Brasil e à China, encontrados no site de seu instituto e de seu filho Gert Jan Hofstede (HOFSTEDE, G.; HOFSTEDE, G. J., 2014).

Tabela 2 – Escores das dimensões culturais de Hofstede

Fonte: adaptada de Hofsted, G. e Hofsted, G. J. (2014).

Como podemos verificar na Tabela 2, com relação à dimensão distância do poder (DDP), Brasil e China encontram-se no mesmo lado, considerando-se ambos distantes do poder. Também no índice individualismo (INDI) Brasil e China estão no mesmo sentido, consideram-se sociedades mais coletivistas, sendo o Brasil mais individualista que a China. Já no índice masculinidade (MASC), o Brasil coloca-se em uma posição neutra e a China em uma posição de sociedade de maior masculinidade.

País

DDP

INDI

MASC

AINC

ODLP

Brasil

69

38

49

76

44

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Quanto ao índice aversão à incerteza (AINC), o Brasil se coloca em uma posição de forte aversão à incerteza, e a China de baixa aversão, estando em lados opostos neste índice. Por fim, no índice de orientação de longo prazo (ODLP), continuam em lados opostos, sendo que o Brasil com fraca orientação de longo prazo, e a China com forte orientação de longo prazo (HOFSTEDE, 2003). Voltaremos a estas considerações, das dimensões culturais, na análise dos dados e resultados da pesquisa empírica.

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