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2.4 DEFININDO GRUPOS

2.4.2 Grupos de Pesquisa

2.4.2.4 Diretório dos Grupos de Pesquisa

O Diretório dos Grupos de Pesquisa no Brasil é uma base de dados, desenvolvida no CNPq desde 1992 e que descreve o comportamento dos grupos de pesquisa no Brasil. Seu objetivo básico é oferecer um suporte atualizado sobre as atividades de pesquisa, enfatizando periodicamente a configuração dos recursos humanos e a organização da produção científica, tecnológica e artística brasileira. Seus resultados vêm sendo colocados à disposição de instituições para planejar, implementar e acompanhar políticas e programas de desenvolvimento de C&T.

Segundo Guimarães et al. (1999), o Diretório possui três finalidades principais: (1) ser um eficiente instrumento para o intercâmbio e a troca de informações, permitindo identificar com rapidez a posição do indivíduo dentro do grupo; (2) ser uma poderosa ferramenta destinada à gestão das atividades de C&T e (3) possuir um papel importante na preservação histórica da C&T no Brasil.

O Diretório tem como unidade básica de análise o grupo de pesquisa. Todavia, a base do Diretório pode ser analisada sob vários aspectos, entre eles o próprio grupo de pesquisa, as linhas de pesquisa e os pesquisadores. Relativamente aos grupos de pesquisa, pode-se verificar as suas principais características, tais como a instituição a qual esses pertencem, a área de conhecimento à qual estão vinculados e a produção científica de seus integrantes. Cada grupo é situado no espaço e no tempo. Verifica-se também que a produção científica, tecnológica e artística de um grupo é a soma da produção existente nos currículos Lattes dos pesquisadores e estudantes que integram o grupo (GONÇALVES, 2000).

Podem participar do Diretório as seguintes categorias de instituições: universidades federais, estaduais, municipais e privadas; instituições de ensino superior que possuam pelo menos um programa de pós- graduação recomendado pela CAPES/MEC; institutos de pesquisa; empresas estatais que possuem tradição de atividade de pesquisa e desenvolvimento e organismos não- governamentais com tradição de pesquisa científica e tecnológica (CNPq, 2003).

A primeira versão do Diretório dos Grupos de Pesquisa no Brasil teve seu trabalho de campo realizado no segundo semestre de 1993, referente ao triênio 1990-93, cobrindo a produção científica de 21.541 pesquisadores. As informações para a segunda versão do Diretório foram coletadas no segundo semestre de 1995, referentes ao biênio 1993-94, englobando a produção científica de 26.799 pesquisadores. Já, a terceira versão do Diretório teve seu trabalho de campo realizado no segundo semestre de 1997, no período de 1º de Janeiro de 1995 a 30 de Junho de 1997, cobrindo a produção científica de 34.060 pesquisadores (CNPq, 2003).

A quarta versão do Diretório inclui informações referentes ao triênio 1997-99, englobando a produção científica de 48.781 pesquisadores de 11.760 grupos em 224 instituições. Essa versão do Diretório foi estruturada em três estágios: (1) captura dos dados sobre os grupos de pesquisa; (2) construção do armazém de dados e (3) apresentação dos resultados do censo na Internet (CNPq, 2003).

O CNPq concluiu em 2002 a quinta versão do Diretório. Essa versão apresenta algumas mudanças conceituais importantes em relação às versões anteriores. A primeira mudança refere-se à dissociação conceitual entre a base de dados do Diretório e a atividade censitária dos grupos que passará a ser apenas uma de suas atividades. Essa mudança conceitual expressar-se-á pela constituição de duas (e não apenas uma) bases de dados. Uma delas, denominada base operacional, será atualizada continuamente, a qualquer instante, pelos líderes de grupo devidamente autorizados pela instituição a que pertencem. Outra, que será extraída da base operacional periodicame nte, será a base censitária. Esta base será extraída sempre que o CNPq desejar realizar um novo censo da pesquisa. Antes da construção de uma base censitária, o CNPq anunciará esse acontecimento e os pesquisadores que estiverem com as informações de seus grupos desatualizadas poderão atualizá- las (CNPq, 2003).

Além disso, essa mudança conceitual obrigará a uma mudança na logística da captura das informações. A relação do Diretório com os grupos continuará a ser institucional, porém as informações não mais passarão pelo órgão central da instituição (pró-reitoria, diretorias etc.). A autoridade de pesquisa credenciará os líderes de sua instit uição da mesma maneira que se faz até hoje, com a diferença de que será o CNPq que propiciará o acesso desses líderes ao instrumento de captura de dados. Assim, o líder enviará as informações de seu(s) grupo(s) diretamente ao CNPq. A institucional terá acesso permanente a essas informações e terá a tarefa de certificar seus grupos para o CNPq, visando à inclusão na base de dados. Outra mudança ocorrida foi a de que todos os pesquisadores do grupo deverão ter, compulsoriamente, um currículo Lattes no CNPq.

De acordo com o último levantamento do Diretório dos Grupos de Pesquisa no Brasil (2002), do CNPq, 268 instituições forneceram informações sobre 15.158 grupos de pesquisa. A distribuição geográfica desses grupos de pesquisa, conforme Quadro 2.2, é fortemente concentrada na região Sudeste. São 7.855 grupos localizados nessa região, seguindo-se a região Sul com 3.630 grupos, a Nordeste com 2.274, a Centro-Oeste com 809 e a região Norte, com apenas 590. O estado de São Paulo abriga 4.338 grupos, seguido do estado do Rio de Janeiro, com 2.111. Essas duas unidades da federação, mais o Rio Grande do Sul e Minas Gerais, abrigam quase dois terços da atividade de pesquisa quando medida pelo número de grupos (CNPq, 2003).

Grandes Regiões Grupos de Pesquisa %

Sudeste 7.855 51,82 Sul 3.630 23,94 Nordeste 2.274 15,00 Centro-Oeste 809 5,34 Norte 590 3,90 BRASIL 15.158 100

Quadro 2.2 – Distribuição dos grupos de pesquisa segundo as grandes regiões

Fonte: (CNPq, 2003)

Outrossim, a distribuição desses grupos de pesquisa por áreas do conhecimento permite visualizar a área de Ciências da Vida (Ciências da Saúde, Ciências Biológicas e Ciências Agrárias) possuindo o maior número de grupos com 41,5%, seguido pelas Humanidades (C iências Humanas, Ciências Sociais Aplicadas, Letras, Lingüística e Artes) e Ciências da Natureza (Engenharias e Computação, Ciências Exatas e da Terra), com 30,2% e 28,3% respectivamente (Quadro 2.3).

Grandes Áreas do Conhecimento Grupos de Pesquisa % Ciências da Vida 6.292 41,5 Ciências da Saúde 2.513 16,6 Ciências Biológicas 2.126 14,0 Ciências Agrárias 1.653 10,9 Humanidades 4.572 30,2 Ciências Humanas 2.399 15,8

Ciências Sociais Aplicadas 1.429 9,4

Letras, Lingüística e Artes 744 4,9

Ciências da Natureza 4.294 28,3

Engenharias e Computação 2.243 14,8

Ciências Exatas e da Terra 2.051 13,5

BRASIL 15.158 100

Quadro 2.3 – Distribuição dos grupos de pesquisa segundo as grandes áreas

Fonte: (CNPq, 2003)

Conforme pode ser observado a partir do Quadro 2.4, desde a sua primeira versão, o número de grupos de pesquisa mais que triplicou. Sendo inicialmente 4.241 grupos em 99 instituições (1993), esse número atingiu 7.271 grupos em 158 instituições na versão 2.0 (1995), 8.544 grupos em 181 instituições na versão 3.0, resultando num aumento de 17,5% em relação à versão anterior e, na quarta versão, registrou 11.760 grupos em 224 instituições. Comparando com a versão anterior, houve um aumento de 33,6% na quantidade de grupos cadastrados. Em 2002, o número de grupos de pesquisa subiu para 15.158, um aumento de 22,41%, considerando um total de 268 instituições (CNPq, 2003).

Versão do Diretório Grupos de Pesquisa Número de Instituições

Primeira versão (1993) 4.241 99

Segunda versão (1995) 7.271 158

Terceira versão (1997) 8.544 181

Quarta versão (2000) 11.760 224

Quinta versão (2002) 15.158 268

Quadro 2.4 – Distribuição dos grupos de pesquisa por diretório

Fonte: (CNPq, 2003)

O aumento do número de grupos de pesquisa reflete diretamente na produção científica e tecnológica do país. As informações produzidas pelo Institute for Scientific Information (ISI), reconhecida instituição no campo da bibliometria10, coloca o Brasil em posição de destaque na produção de artigos nos periódicos indexados em sua base. Em 1991, o Brasil ocupava o 28º lugar na produção de artigos científicos e técnicos publicados nesses periódicos, tendo passado para a 17º posição em 2000 (MCT, 2002).

A média de artigos originários do Brasil publicados no período de 1988-92 (3.166 ou 0,6% da produção mundial) praticamente quadruplicou quando se compara com o período

10

Bibliometria é o estudo dos aspectos quantitativos da produção, disseminação e uso da informação registrada (ROMÃO, 2002).

1996-2000 (7.836 ou 1.12% da produção mundial). Esses valores ainda são inferiores a países como Espanha (18.082), China (17.792) e Índia (14.879), mas encontram-se muito próximos aos de Israel (8.554), Coréia do Sul (8.053) e Taiwan (7.892) (ibid., 2002).

Não somente cresceu a participação da produção brasileira na produção mundial de conhecimento, como vem aumentando mais rapidamente do que o conjunto da América Latina e do mundo. Também as citações de artigos brasileiros cresceram aceleradamente nas últimas duas décadas: passaram de pouco mais de 14 mil entre 1981 e 1985, para qua se 85 mil entre 1996 e 2000 (ibid., 2002).

Para evidenciar a influência que o Diretório dos grupos de pesquisa podem exercer, no sentido de aumentar a eficácia das atividades de fomento, pela revisão de seus mecanismos e procedimentos, bastaria ressaltar três pontos, evidenciados pelos dados inventariados: (1) o caráter interdisciplinar da produção científica e tecnológica; (2) a extrema concent ração geográfica e institucional da capacidade instalada de pesquisa e (3) o perfil diferenciado das instituições de pesquisa.

Esses pontos são aspectos suficientes para justificar mudanças radicais na sistemática de fomento. Portanto, o projeto dos diretórios busca proporcionar o financiamento aos grupos de pesquisa em novos padrões, procurando garantir a estabilidade da produção científica e tecnológica do país, sob critérios ligados à qualidade e à produtividade.